Liberdade e o Direito de Expressão
Neste blog praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão, próprios de Sociedades Avançadas !
domingo, 29 de abril de 2012
Crónica do KL@NDESTINO
O último Rey da Ibéria
Quando a Goldman Sachs falir, na forma incarnada do seu banco, o Mundo acaba.Ora, nada disto teria qualquer relevância, se não fosse já para junho, e se nós pudéssemos continuar a assobiar para o ar, com os infortúnios do Fábio Coentrão, que o Real Madrid quer recambiar para a barraca, de onde nunca deveria ter saído.O Goldman Sachs, enquanto banco, é uma instituição criminosa, que transformou o Dinheiro num holograma onanista, e que está para os Estados Unidos como o BPN está para Portugal, com algumas pequenas ressalvas, que passo a enumerar: aparentemente, tinham o vício de ir buscar os melhores, enquanto o BPN, à portuguesa, se contentava com os piores; os diplomas de ouro tinham sempre nele assento, enquanto as quartas classes da chico espertalhonice profileravam na Sociedade Lusa de Negócios, com exceção de Rui Machete, que já era mau antes de o ser. O outro "je ne sais pas quoi" é que o BPN era uma saloice à escala dos presépios da Cavaca Velha, enquanto o Goldman Sachs opera à escala global, pelo que, através de uma regra de três simples, mais ou menos manhosa, se o BPN, do Cavaco e do Dias Loureiro foi suficiente para afundar Portugal, a falência, de aqui a dois meses, do Goldman Sachs arrastará o Mundo para a Bancarrota.Até aqui, nada de mal, dirão as Portuguesas, dos programas da tarde, das generalistas, com os seus célebres, "é assim, temos que nos acostumar...", ou o "eles é que sabem, eles é que mandam, a gente só tem de cumprir".Todavia, desta vez não vai ser assim, porque, ao colapsar o Sistema Financeiro, a nível mundial, a Globalização, que consistiu no ir explorar chinesinhas e vietnamitas, para vender coisas no Ocidente a preços ligeiramente mais baixos, e com margens de lucro, de intermediários, infinitamente astronómicas, destruindo empregos e toda a estrutura do Estado Social, a Globalização, dizia eu, vai para o caralho, e como tudo isto está colado com cuspo, países como o nosso, que se tornou residual, importador bruto, e bandeira de conveniência de drogas, e outras coisas que não servem para a alimentação, um belo dia vai acordar, e, ao contrário do que se pensa, o problema não vai estar em meter o multibanco na ranhura, e não haver notas, mas em ir à prateleira das sucursais da Jerónimo Martins, e nada haver para comer.É certo que o canibalismo resta, como solução, mas com o conselho -- avisado, diga-se de passagem --, dos sicários de Passos Coelho, para "emigrarmos", o que sucederá será que não vamos poder comer sequer, frango, mas só galinha velha, daquela que se arrasta para Fátima, para ver o solzinho dançar, e eu odeio alimentação fora de prazo, pelo que não me apetece acabar os meus dias a ratar uma artrose de uma crente da Beata Lúcia.Afora o humor, esta merda está-se a desintegrar, por algumas razões que são evidentes, posto que algumas medidas previstas pela "Troika", dado o poder de não previsão de quem assinou aquele compromisso, tinham, como efeitos colaterais, a prisão de meia classe política, e ir mexer nos vespeiros que movem, na sombra, a nossa bandeira de conveniência.Era evidente que não se ia mexer nos salários mais elevados dos gestores, porque isso era ir mexer nos salários dos gajos que tinham ido para esses lugares de gestão, depois de terem fielmente cumprido o papel político de desintegradores da Coisa Pública. Também não se podia mexer nas parcerias público privadas, porque a própria designação é aberrante: uma coisa ou é pública, ou privada, exceto os eventos sexuais de quem nos governa, e, à Portuguesa, resolvemos bem a questão: era tudo pago pelo Estado, só que umas tinham o nome de "Estado" e as outras não tinham. Também não se podia desmantelar o cancro das autarquias, porque as metástases eram famílias inteiras, caciquismo partidário generalizado, a provocar rombos fabulosos nas contas públicas, de maneira que só havia duas saídas: ou se deixava tudo na mesma, como aconteceu, e se preferiu ir para umas medidas cosméticas, para intimidarem os cafres, como roubar nas reformas, e pôr as velhinhas de oitenta anos a calcetar as ruas, ou se tentava meter parceiros duvidosos no baralho, como países onde a prática democrática deixa muito a desejar, como Venezuela, Angola e a China.Quanto a Angola, é certo que tínhamos, e temos, porque ainda não foi pelos ares, com uma bomba de um anarquista, o célebre Miguel Relvas, que, depois de beijar o cu ao bode, na sua Loja Maçónica, também foi lamber o cu à Isabel dos Santos. Ora quem lambe o cu a um bode e à Isabel dos Santos, depois disso, lambe qualquer cu, em qualquer circunstância e a qualquer preço.Acontece que o procedimento de Miguel Relvas, por alegoria, se poderia entender como a postura de todo o bando de marginais, que enturmou, com Passos Coelho, sob a designação de "Governo".Na realidade, não há Governo, há só um grupo de pessoas, aterrorizado, a tentar, de três em três meses, com a chico espertice típica deste povo desolado e desolador, tentar enganar a "Troika", que vem ver, se de facto, estamos a cumprir. É já mais do que claro que não estamos, exceto nos tais pormenores que não custam nada e que mantiveram a população em estado catalético, durante os escassos meses que esta tortura tem durado.Subitamente, as coisas começaram a parecer estar a mudar, porque, para esta gente, que não reage a nada, começaram a tocar nos árbitros, nas maternidades e na escolinha das suas crias, ou seja, no património intra uterino, que se conjuga entre a homofilia dos estádios e a ditadura das mulheres de bigode.Para Stephen Hawking, Portugal terá entrado numa singularidade espácio temporal, e, numa terra habituada a queimar gatos e a deitar azeite a ferver nas crianças, deu-se um evento inusitado, que foi a tentativa de um "desperado" se imolar pelo fogo, frente à Câmara Municipal do Porto, onde reside um dos maiores mafiosos de Portugal.Ora, a onda de choque disto é imprevisível, e vamos ver para que lado encosta, se para os cravos de abril, se para os cravas de maio, ou se para mais uma gigantesca procissão do adeus, em Fátima. Pessoalmente, inclino-me mais para esta última, mas isso faz parte do solipsismo nacional já que, na realidade, por mais horas que passem a fazer grandes planos, televisivos, do focinho da santa com cara de saloia, o que está em cena é uma enorme ampulheta, que já está a escorrer para o lado oposto, sobretudo em España, onde o último dos Bourbons já está num estado de degenerescência neurológica só comparável com a de Cavaco Silva, já que, todos nós aprendemos, desde pequeninos, que ninguém mata elefantes por equívocos, embora, por equívocos desses, possam cair Monarquias, como já caíram com os brioches da Joana Josefa de Lorena, arquiduquesa de Áustria, e rainha de França, e em outras tantas circunstâncias. Quando a Monarquia cair, a España transforma-se nos Balcãs peninsulares, com a Cataluña e os Bascos centrífugos, e, enfim, malhas que o Império tece, a Galiza a querer "ajuntar-se" ao Norte, para que Lisboa deixe de ser a capital do Porto, e seja finalmente substituída, nessa função, por Vigo.Já nessa altura terá falido o Goldman Sachs, não haverá comida, e o escarumba que os "soixant- huitardes" tanto aplaudiram, sem perceber que era a mais espantosa ratoeira que a América neo fascista lhes tinha aprontado, não só terá conseguido dar cabo do Euro como terá destruído o Dólar.Eu sei que tudo isto é uma chatice, mas como é inevitável, aconselho-vos a entreterem-se, nesta trégua de dois meses, antes do Apocalipse, com as vitórias do Sporting, ou como eu, que, metido numa interminável forma de sufoco e tédio, dei hoje comigo, estupefacto, a olhar para as mamas da Joana Amaral Dias.
Fonte: http://kldt.blogspot.pt/
quinta-feira, 26 de abril de 2012
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Sonhos que se vão esbatendo
Hoje falar do 25 de Abril quase se torna irrelevante. O estado de miséria a que chegou este País, coloca-nos num beco sem saída, sem vontade de comemorar seja o que for. Fomos trágica e traiçoeiramente enganados, por gente sem escrúpulos de uma classe política oportunista e impreparada.
À medida que vai envelhecendo há tendência para olhar para as coisas e dizer que isto está pior. Na realidade, no que diz respeito a Portugal e ao Mundo, nunca esteve tão mau. Mas apesar de tudo continuo a ter uma visão razoavelmente optimista das coisas, e acho que se vive melhor hoje, apesar das muitas dificuldades que existem, do que se vivia há cinquenta anos. Creio que na história da humanidade nunca houve tantas condições para resolver as questões básicas de uma forma tão fácil e com tão pouco esforço físico e intelectual. O esforço que hoje é preciso fazer para dar provimento às necessidades básicas essenciais – que têm que ver com o agasalho, com a habitação, com a alimentação, com a saúde, com a educação – o esforço que hoje é preciso fazer para isso é mínimo, comparado com o que se tinha de fazer há cinquenta e tal anos. Por alguma razão o Bill Gates, hoje, é o homem mais rico do mundo. A acumulação primitiva do Bill Gates desmente todas as teorias marxistas! O Bill Gates vende sistemas de inteligência, e começou numa garagem de Los Angeles, na Califórnia. Nenhum de nós, hoje, comunica sem passar por ele, porque temos que ir ao Windows. Isso é o símbolo da facilidade com que hoje se produzem as coisas de que precisamos. O problema está na forma da repartição das riquezas, e de desequilíbrio entre as riquezas…
Por isso, o fosso entre ricos e pobres é maior, mas porque não tem havido coragem nem vontade para abrir, para acabar com as "fronteiras ideológicas". A Europa é um bom exemplo, porque tem sido talvez o mais sólido e mais consolidado espaço de bem-estar, liberdade e respeito pelos direitos fundamentais que existe no mundo – e eu conheço o mundo razoavelmente. Mas a Europa não pode fechar-se egoisticamente atrás de uma muralha que constrói para impedir o acesso dos outros. O que se passa no Estreito de Gibraltar é o exemplo do pior dos símbolos a esse nível: são as pessoas que vêm do Magreb e da Africa subsariana e que se fazem ao mar em barcos fragilíssimos, arriscando a vida e morrendo às dezenas, para tentarem chegar clandestinamente a este espaço de bem-estar onde nós vivíamos, e onde continuam a verificar-se movimentos chauvinistas, e alguns até racistas, que recusam a emigração, nomeadamente a que vem do Leste. É preciso que as pessoas tenham a coragem de ser audaciosas. Reparem no que se passou com a moeda europeia: cinco anos antes da criação do euro toda a gente dizia que era impossível, que era insensato, e que se tiravam aos governos nacionais instrumentos vitais de afirmação da nacionalidade. Mas depois quem beneficiava desses instrumentos era o senhor [George] Soros – que aliás é um tipo simpatiquíssimo e que escreveu um livro muito interessante [A Crise do Capitalismo Global, edição Temas e Debates, 1999] – que nas Ilhas Caimão, fazia ataques à libra inglesa, à peseta espanhola, e às vezes subsidiariamente ao escudo. E no entanto graças à coragem política da liderança europeia do [Jacques] Dellors criou-se uma moeda - o Euro - que acabou com isso tudo, e que conseguiu chegar em determinado momento a colocar em causa a supremacia dos mercados americanos através do dólar, que era o instrumento de financiamento do défice americano e a moeda de referência no mundo. O resultado disso, está hoje à vista.
Eu não sei se, de alguma maneira, não foi o facto de o Saddam Hussein ter sido o primeiro a cotar o petróleo em euros e não em dólares que deu origem à intervenção americana. Porque tipos como o Saddam Hussein há muitos naquela região do mundo, e eles só quiseram derrubar aquele – quando, por acaso, o Iraque até era das sociedades mais laicas. Não é que eu tenha a menor simpatia por um torcionário como o Saddam Hussein, mas torcionários ali - e por esse Mundo fora, há-os aos montões, e vão lá continuar. Portanto, eu acho que essa revolução que se fez com a criação do euro foi um símbolo muito importante. Porque às vezes são pequenas coisas que podem ser decididas ao nível das várias instâncias de concertação e de gestão internacional, como as Nações Unidas e a União Europeia. Por exemplo: acabar com o papel perverso dos off-shores, com esta lógica de economia de casino em que os mercados se transformaram e que é uma coisa que não tem nada a ver com a real criação de riqueza. Se acabarmos com os off-shores e se impuserem regras simples – e que são relativamente fáceis de impor como a taxa Tobin e outras – sobre as operações de especulação financeira, daríamos um salto tão grande como se deu com a criação da moeda única europeia.
Falta coragem, faltam lideranças capazes, falta audácia. Nós estamos todos muito cinzentões e muito conservadores. Ao nível da esquerda portuguesa, ao nível da esquerda europeia, há falta de gente irreverente e com vontade de dar um salto em frente. E, depois, há o papel perverso que têm os media. A verdade é que, com as televisões e também agora um pouco com a internet, nós vivemos no espectáculo permanente. Os tipos do Maio de 68, o Guy Débord e os situacionistas, que fizeram aquela análise da sociedade do espectáculo, estavam a milhões de anos-luz de prever que isto se transformava, de facto, num espectáculo permanente. Nós temos consciência de tudo o que se passou nos últimos vinte, trinta anos. Hoje, recordando o «processo revolucionário em curso», o famoso PREC, nessa altura houve três ou quatro momentos altos que passaram por um grande debate televisivo que ainda há pouco tempo foi transmitido na RTP Memória. O que era um debate televisivo nessa altura num país onde só havia dois canais de televisão? O que foi o impacto da primeira telenovela brasileira, que ainda passou a preto e branco, a Gabriela? E o que é isto hoje? No fundo, o dia-a-dia transformou-se numa sucessão de coisas efémeras que têm efeito mediático nesta sociedade de espectáculo tipo "Big Brother", mas que não passam disso mesmo, tornando o Povo alienado, apático, amorfo, acobardado, numa incapacidade tolerante de tornar a data que hoje passa, numa jornada de luta e raiva, enchendo as ruas do Pais como há 38 anos, porque pensam não haver solução pacífica nem democrática para a "demissão dessa cafila de gatunos" que nos atacaram.
A sucessão do efémero acabou por tornar-se uma coisa duradoura. O que é que resiste afinal? Com o que podemos contar? Nós estamos confrontados com um quotidiano onde o acessório se tornou de tal maneira omnipresente que acaba por tornar-se no essencial. E aí o tal papel perverso dos media, e nomeadamente da televisão que se faz a todas as horas em directo: hoje é inconcebível uma guerra sem que a televisão nos dê imediatamente as imagens do sangue. E quando não há uma câmara profissional, estamos logo nesse dia a receber as imagens dos amadores, como aconteceu no tsunami no Oriente, as cheias de New Orleans ou a Ponte de Entre Rios! A comunicação entre as pessoas, graças aos telemóveis – de que nós não abdicamos, mas que são «instrumentos de tortura» – tornou-se uma coisa inacreditável!
É essa a sociedade em que vivemos. Por isso, hoje falar do 25 de Abril quase se torna irrelevante. O estado de miséria a que chegou este País, coloca-nos num beco sem saída, sem vontade de comemorar seja o que for. Fomos trágica e traiçoeiramente enganados, sistemáticamente, por gente sem escrúpulos e por uma classe política impreparada, egocêntrica e desonesta. Por isso, esta data neste ano é vivida com luto e não merece ser comemorada, pelas diatribes cometidas pela politicagem reinante, enquanto não devolverem ao Povo a Paz, a Saúde, o Trabalho e o bem estar Social que os políticos desonestos lhe roubaram. Hoje, devia ser sim dia de Luta e Revolta contra a tirania do capitalismo selvagem que nos estão a impor.
Carlos Ferreira
- LUTO PELO 25 DE ABRIL EM 2012 !
O 25 DE ABRIL de 2012 NÃO MERECE COMEMORAÇÃO... ENQUANTO NÃO DEVOLVEREM AO POVO A PAZ E O BEM ESTAR QUE OS POLÍTICOS LHE ROUBARAM - DEVE SER DIA DE LUTO E REVOLUÇÃO CONTRA A TIRANIA DO CAPITALISMO SELVAGEM!
domingo, 22 de abril de 2012
sábado, 21 de abril de 2012
MAIS UMA SEMANA NEGRA !
Mário Soares avaliou o trabalho de Passos Coelho como "péssimo" e a UGT ameaçou rasgar o acordo de Concertação Social que assinou com o governo. A escola da Fontinha, no Porto, foi despejada, gerando uma forte onda de contestação e confrontos. Esta foi também a semana em que Breivik, responsável pelos atentados na Noruega, começou a ser julgado pela morte de 77 pessoas. Paulo Portas pediu, no Conselho de Segurança da ONU, que fosse enviada uma força de intervenção para a Guiné-Bissau. No desporto, o Sporting venceu o Ath. Bilbau por 2-1 em jogo das meias-finais da Liga Europa.
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Turismo interno em queda no Algarve
Portugueses deixam o Algarve e os que podem vão para Cabo Verde
Austeridade mudou os hábitos das férias da Páscoa e foram os mercados internacionais que vieram salvar o turismo.... Subsídios de férias e Natal podem acabar de vez... Novas regras de subsídio de desemprego pode levar a despedimentos nos "Recibos Verdes"!
Com a crise os portugueses estão a viajar menos, mesmo dentro de Portugal. Nesta Páscoa, quem saiu foi mesmo para fora de portas. No Algarve, a Páscoa superou as expectativas, mas não pela procura interna. “As ocupações estão acima do que estava inicialmente previsto, atendendo à situação económica que o país atravessa e às medidas de austeridade. Por um lado, assiste-se a uma descida por parte do mercado interno e espanhol e, por outro lado, uma subida do nosso principal mercado fornecedor, que é o Reino Unido, o que, de alguma forma ajuda a compensar a descida que se verifica no mercado interno e espanhol”, afirma à Renascença o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, Elidérico Viegas. O mesmo sentem os responsáveis pelo turismo na Madeira: os portugueses foram para outro lado e deram lugar aos estrangeiros. “Esta época da Páscoa ficou abaixo dos anos anteriores. As ocupações são satisfatórias, mas aquém daquilo que é normal numa época como esta. O mercado que teve um resultado menos bom foi o nacional, que diminuiu significativamente as reservas para a Madeira nesta época do ano. E foi compensado pelos mercados internacionais, que cresceram”, indica João Welch, da Associação das Agências de Viagens. Ao que tudo indica, os portugueses preferiram sair para fora do país. O destino mais procurado foi Cabo Verde, para onde os voos “charter” esgotaram. “Foi um destino que se vendeu muitíssimo bem, teve bastante procura”, refere Nuno Anjos, do operador Soltrópico, adiantando que os Açores também tiveram “um aumento da procura” esta Páscoa. A crise fez-se, assim, sentir nos principais destinos turísticos portugueses, mas os mercados internacionais vieram compensar um pouco a perda.
"Troika" admite que subsídios de férias e Natal acabem de vez
"Teremos que ver isso. Por agora, por razões constitucionais, a duração é de dois anos. Teremos que ver se isto se tornará uma medida permanente ou não, mas isso agora não foi discutido", refere o chefe adjunto da missão da "troika", Peter Weiss. A “troika” não exclui que o corte dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos portugueses venha a ter carácter permanente. O fim do 13º e do 14º mês deverá durar até 2013, enquanto durar o programa de ajustamento, mas, na apresentação da mais recente avaliação da implementação deste programa por Portugal, Peter Weiss, o chefe adjunto da missão da “troika”, não descartou a possibilidade de tal medida vir a assumir carácter permanente. “Teremos que ver isso. Por agora, por razões constitucionais, a duração é de dois anos. Teremos que ver se isto se tornará uma medida permanente ou não, mas isso agora não foi discutido”, afirmou. Na apresentação do relatório, Weiss destacou ainda o aumento do desemprego e os seus custos orçamentais como a principal preocupação dos credores internacionais. Por isso, a “troika” defende que Portugal reduza ainda mais a duração do subsídio de desemprego prevista para os trabalhadores com mais de 20 anos de serviço. Quanto ao aumento do desemprego, que atingiu os 15% e superou as previsões da própria “troika”, a explicação deste responsável europeu é, no mínimo, peculiar: “Pode até acontecer a pedido dos trabalhadores, que é claro que estão interessados em ter uma maior duração do subsídio de desemprego, que pedem ‘em vez de me despedir em Abril, despeça-me em Março’ - pode ser isso. Isto está sempre a acontecer: quando se aumenta os impostos sobre o tabaco, as pessoas começam a comprar cigarros. Isto é um comportamento normal. Não temos quaisquer provas disso, mas avancei isso como uma das razões, porque, como eu disse ,nós não entendemos completamente os números”. No cômputo geral, a “troika” consdiera que o desempenho de Portugal está a ser assinalável e dá luz verde ao pagamento dos 15 mil milhões de euros da quarta tranche do programa de ajuda, o que poderá acontecer no final de Maio ou início de Junho. A Comissão Europeia apresentou o seu relatório sobre a terceira avaliação do programa de ajuda externa. O documento é globalmente positivo para Portugal, mas inclui alguns alertas, nomeadamente sobre o desemprego e o custo excessivo das rendas de energia.
Empresas e Estado vão aproveitar novas regras de subsídio de desemprego para despedir "Recibos Verdes"
Em clima de crise, e com os recibos verdes integrados no subsídio, paradoxalmente haverá despedimentos em massa... A prestação vai durar também menos tempo mas os direitos adquiridos até Março ficam salvaguardados na primeira perda de emprego. Se vai pedir o subsídio de desemprego, saiba que há novas regras desde ontem. O valor e a duração da prestação são algumas das novidades mais relevantes. Os prazos da prestação vão ser reduzidos, mas os direitos adquiridos até 31 de Março dos actuais trabalhadores ficam salvaguardados na primeira perda de emprego. As novas regras de atribuição do subsídio de desemprego para trabalhadores dependentes, que foram aprovadas pelo Governo em Conselho de Ministros a 19 de Janeiro, entraram em vigor a 1 de Abril e implicam alterações para a atribuição desta prestação social. Desde logo, a redução da duração do subsídio de desemprego para 18 meses, embora se admita o alargamento até aos 26 meses para quem tenha mais de 50 anos. Também o período mínimo de concessão do subsídio de desemprego vai passar de nove para cinco meses. É ainda criado um regime "transitório e excepcional de apoio aos desempregados com filhos" com uma majoração de 10% do montante do subsídio de desemprego para casais e famílias monoparentais com filhos a cargo.
Austeridade mudou os hábitos das férias da Páscoa e foram os mercados internacionais que vieram salvar o turismo.... Subsídios de férias e Natal podem acabar de vez... Novas regras de subsídio de desemprego pode levar a despedimentos nos "Recibos Verdes"!
Com a crise os portugueses estão a viajar menos, mesmo dentro de Portugal. Nesta Páscoa, quem saiu foi mesmo para fora de portas. No Algarve, a Páscoa superou as expectativas, mas não pela procura interna. “As ocupações estão acima do que estava inicialmente previsto, atendendo à situação económica que o país atravessa e às medidas de austeridade. Por um lado, assiste-se a uma descida por parte do mercado interno e espanhol e, por outro lado, uma subida do nosso principal mercado fornecedor, que é o Reino Unido, o que, de alguma forma ajuda a compensar a descida que se verifica no mercado interno e espanhol”, afirma à Renascença o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, Elidérico Viegas. O mesmo sentem os responsáveis pelo turismo na Madeira: os portugueses foram para outro lado e deram lugar aos estrangeiros. “Esta época da Páscoa ficou abaixo dos anos anteriores. As ocupações são satisfatórias, mas aquém daquilo que é normal numa época como esta. O mercado que teve um resultado menos bom foi o nacional, que diminuiu significativamente as reservas para a Madeira nesta época do ano. E foi compensado pelos mercados internacionais, que cresceram”, indica João Welch, da Associação das Agências de Viagens. Ao que tudo indica, os portugueses preferiram sair para fora do país. O destino mais procurado foi Cabo Verde, para onde os voos “charter” esgotaram. “Foi um destino que se vendeu muitíssimo bem, teve bastante procura”, refere Nuno Anjos, do operador Soltrópico, adiantando que os Açores também tiveram “um aumento da procura” esta Páscoa. A crise fez-se, assim, sentir nos principais destinos turísticos portugueses, mas os mercados internacionais vieram compensar um pouco a perda.
"Troika" admite que subsídios de férias e Natal acabem de vez
"Teremos que ver isso. Por agora, por razões constitucionais, a duração é de dois anos. Teremos que ver se isto se tornará uma medida permanente ou não, mas isso agora não foi discutido", refere o chefe adjunto da missão da "troika", Peter Weiss. A “troika” não exclui que o corte dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos portugueses venha a ter carácter permanente. O fim do 13º e do 14º mês deverá durar até 2013, enquanto durar o programa de ajustamento, mas, na apresentação da mais recente avaliação da implementação deste programa por Portugal, Peter Weiss, o chefe adjunto da missão da “troika”, não descartou a possibilidade de tal medida vir a assumir carácter permanente. “Teremos que ver isso. Por agora, por razões constitucionais, a duração é de dois anos. Teremos que ver se isto se tornará uma medida permanente ou não, mas isso agora não foi discutido”, afirmou. Na apresentação do relatório, Weiss destacou ainda o aumento do desemprego e os seus custos orçamentais como a principal preocupação dos credores internacionais. Por isso, a “troika” defende que Portugal reduza ainda mais a duração do subsídio de desemprego prevista para os trabalhadores com mais de 20 anos de serviço. Quanto ao aumento do desemprego, que atingiu os 15% e superou as previsões da própria “troika”, a explicação deste responsável europeu é, no mínimo, peculiar: “Pode até acontecer a pedido dos trabalhadores, que é claro que estão interessados em ter uma maior duração do subsídio de desemprego, que pedem ‘em vez de me despedir em Abril, despeça-me em Março’ - pode ser isso. Isto está sempre a acontecer: quando se aumenta os impostos sobre o tabaco, as pessoas começam a comprar cigarros. Isto é um comportamento normal. Não temos quaisquer provas disso, mas avancei isso como uma das razões, porque, como eu disse ,nós não entendemos completamente os números”. No cômputo geral, a “troika” consdiera que o desempenho de Portugal está a ser assinalável e dá luz verde ao pagamento dos 15 mil milhões de euros da quarta tranche do programa de ajuda, o que poderá acontecer no final de Maio ou início de Junho. A Comissão Europeia apresentou o seu relatório sobre a terceira avaliação do programa de ajuda externa. O documento é globalmente positivo para Portugal, mas inclui alguns alertas, nomeadamente sobre o desemprego e o custo excessivo das rendas de energia.
Empresas e Estado vão aproveitar novas regras de subsídio de desemprego para despedir "Recibos Verdes"
Em clima de crise, e com os recibos verdes integrados no subsídio, paradoxalmente haverá despedimentos em massa... A prestação vai durar também menos tempo mas os direitos adquiridos até Março ficam salvaguardados na primeira perda de emprego. Se vai pedir o subsídio de desemprego, saiba que há novas regras desde ontem. O valor e a duração da prestação são algumas das novidades mais relevantes. Os prazos da prestação vão ser reduzidos, mas os direitos adquiridos até 31 de Março dos actuais trabalhadores ficam salvaguardados na primeira perda de emprego. As novas regras de atribuição do subsídio de desemprego para trabalhadores dependentes, que foram aprovadas pelo Governo em Conselho de Ministros a 19 de Janeiro, entraram em vigor a 1 de Abril e implicam alterações para a atribuição desta prestação social. Desde logo, a redução da duração do subsídio de desemprego para 18 meses, embora se admita o alargamento até aos 26 meses para quem tenha mais de 50 anos. Também o período mínimo de concessão do subsídio de desemprego vai passar de nove para cinco meses. É ainda criado um regime "transitório e excepcional de apoio aos desempregados com filhos" com uma majoração de 10% do montante do subsídio de desemprego para casais e famílias monoparentais com filhos a cargo.
Opinião
“Ich liebe mich, liegen”
O que nos preocupa é o processo pelo qual se conseguiu boicotar uma governação e interromper uma legislatura. Quem o fez voltará a fazê-lo, até porque desta vez correu na perfeição. Assim, perceber, entender e compreender este período da nossa história recentíssima para além da versão dominante e manipuladora é do nosso maior interesse.
Para agradar ao seu eleitorado, mas também por convicção diocesana muito alemã, Angela Merkel envia mensagens aos países do Sul para que sejam austeros e competitivos, como eles, e para que reduzam a dívida a todo o custo. Eu só gostava de saber o seguinte:
1) Sendo a Irlanda considerada, há uns anos, um país altamente competitivo, apelidado até de «o tigre celta» e estando agora em sérios e intermináveis apuros devido à crise bancária, que a austeridade não resolve;
2) Sendo a Espanha um país competitivo e economicamente agressivo até há pouco tempo, com uma dívida bastante reduzida, inferior até à da Alemanha, tendo sido vítima da crise na América Latina há uns anos e de uma enorme bolha imobiliária subsequente, que rebentou após a crise do subprime nos Estados Unidos, nada tendo a dita austeridade resolvido, muito pelo contrário, os juros aumentam na proporção das machadadas na economia;
3) Sendo a Grécia, em termos turísticos, um dos países mais competitivos do mundo, com bons setores de mercado como o do azeite ou da construção naval, mas tendo cometido o grave delito de aldrabar as contas para entrar no euro, com a compreensão e a cumplicidade de altos funcionários da UE e de políticos importantes, estando a sua morte económica à vista;
4) Sendo a Itália um país com fabulosos trunfos em termos de oferta artística e cultural, indústria da moda, indústria automóvel, produtos alimentares, turismo, ciência, etc., onde a austeridade não está a convencer mercado nenhum, muito pelo contrário;
5) Sendo Portugal um país relativamente pouco produtivo, característica que a adesão à UE só agravou, mas que estava a fazer um esforço nos últimos anos por formar a sua população, relançar a sua indústria e tecido produtivo noutros moldes, vá lá, mais competitivos, apostando na investigação e inovação, em produtos de qualidade, nichos de mercado e internacionalização das suas empresas, sabendo que nunca, por mais que nos escravizem em termos salariais, poderemos concorrer com a China ou a Índia;
que história é esta da austeridade com vista à “competitividade” destas economias como solução para a crise da Zona Euro? Nada tendo contra a introdução de reformas e melhorias na vida económica e laboral de uma nação, porque o mundo não pára, não vejo por que razão tem de ser como os alemães querem e sem qualquer protesto. O resultado é que está tudo de orelha murcha a definhar. Como se resolve a crise da Europa assim? Os alemães tomam-nos a todos por parvos. E o pior é que há parvos que assumem o papel de alemães.
A decadência da direita portuguesa levou a que o combate político, de 2007 a 2011, deixasse de ser feito na disputa por modelos económicos e sociais concorrentes, conferindo-se com honestidade intelectual e paixão ideológica as vantagens e desvantagens respectivas, e se deslocasse a atenção do País para campanhas de assassinato de carácter, exploração do populismo e golpadas judicial-mediáticas. Há factores culturais que explicam a facilidade e apetência da direita na adopção dessas soluções ancestrais, incluindo o facto de dominarem a comunicação social, mas o sucesso eleitoral da estratégia muito deve à cumplicidade da extrema-esquerda, a qual acreditou que da destruição do PS viriam ganhos inevitáveis. Por isso vimos BE e PCP a participarem com fervor no ataque a Sócrates e a pouparem Cavaco mesmo quando este atentou contra o seu juramento de posse e conspurcou a Presidência da República e o nome de Portugal. A decadente direita, pois, não teria conquistado o poder absoluto sem o apoio frontal e lateral da esquerda decadente.
O artifício principal usado contra Sócrates consistiu em repetir que era mentiroso. As suas mentiras tanto podiam ter origem na tentativa de apresentar resultados positivos, como na de esconder resultados negativos, como num optimismo enganador ou irrealista, como na sua natureza maligna e criminosa. E se Sócrates mentia, então quem estava com ele igualmente mentia, e mentiam todas as entidades sobre quem estes mentirosos tivessem alguma responsabilidade ou contacto. Por contraposição, PSD e Belém capturavam a “verdade” e reclamavam a sua posse monopolista. A política deixava de ser a arte dos possíveis, essa decisão legítima e livre nascida das diferentes interpretações do real e sua diferente valoração, para se reduzir a um moralismo venenoso e grotesco. A verdade era definida por alguns em nome de todos, a génese de qualquer totalitarismo. Sócrates mentia porque não fazia a vontade nem à oligarquia nem aos revolucionários, deixava-se ler no subtexto da situação. Era uma mensagem simples e eficaz, deu no que deu. Também no PS há cúmplices entusiasmados da direita e da esquerda decadentes. A 12 de Abril de 2012, Carrilho, o director na clandestinidade do Laboratório de Ideias criado por Seguro, escreve o seguinte:
"Como se Passos Coelho começasse a revelar-se encurralado na sua própria lenda da crise e, incapaz de furar o cerco, tivesse optado por reforçar mais o fosso em torno das suas posições e dos seus trunfos. E estes eram fundamentalmente dois: a herança de um país à beira da bancarrota, claro, mas sobretudo o de uma relação tranquila com a verdade, que – apoiada numa natural afabilidade – foi fazendo os portugueses pensar num exercício diferente do poder. A diferença estava [em mostrar?]* sem entorses a realidade, em não embarcar em ilusões, em evitar a mentira. Diferença que resistiu bem aos primeiros embates que a podiam ter abalado, sempre habilmente endossados às surpresas do passivo e aos imprevistos do contexto global."*
O que Carrilho aqui faz só é possível a um fanático. Ele ignora a contradição radical entre as promessas eleitorais de Passos e a sua prática governativa e apresenta-o como um político que, afinal, “fala verdade aos portugueses”, cujo exercício é indubitavelmente o da “política de verdade”. E Carrilho compara-o com o Governo de Sócrates, o qual era precisamente o oposto, garante sem uma hesitação. Ora, não importa entrar pela enésima vez no bestunto deste ser corroído pelo ódio, importa é aproveitar a sua síntese porque ela poderia ser assinada pelos mais sectário dos agentes laranja. Aliás, o que Carrilho diz é exactamente o mesmo que a legião de políticos, comentadores e jornalistas do costume, e dos costumes, insistem em repetir numa implacável perseguição que não dá sinais de abrandar.
O que nos preocupa é o processo pelo qual se conseguiu boicotar uma governação e interromper uma legislatura. Quem o fez voltará a fazê-lo, até porque desta vez correu na perfeição. Assim, perceber, entender e compreender este período da nossa história recentíssima para além da versão dominante e manipuladora é do nosso maior interesse. Especialmente quando aqueles que mais espalharam difamações e calúnias à volta do tema da verdade e da mentira, aqueles que mais chamaram de mentirosos os outros, são aqueles que mais mentem. A quantidade de mentiras de PSD, CDS e Cavaco que podemos listar de cabeça é torrencial. Pior: a opacidade do Executivo e o tratamento senhorial dos cidadãos é algo igualmente nunca visto, como o episódio das reformas revelou para pasmo geral.
Vou, então, pedir aos anti-socráticos ferrenhos que passam por aqui para listarem as mentiras de Sócrates e da sua gatunagem. Venham elas e vamos dissecá-las e comparar com as actuais. Podem recorrer abundantemente ao Correio da Manhã ou a outra sarjeta da vossa preferência. São 6 anos contra 9 meses.
Bute lá ao encontro da verdade da mentira.
* Faltam palavras no texto original, em: http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2414475&seccao=Manuel%20Maria%20Carrilho&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco&page=-1
O que nos preocupa é o processo pelo qual se conseguiu boicotar uma governação e interromper uma legislatura. Quem o fez voltará a fazê-lo, até porque desta vez correu na perfeição. Assim, perceber, entender e compreender este período da nossa história recentíssima para além da versão dominante e manipuladora é do nosso maior interesse.
Para agradar ao seu eleitorado, mas também por convicção diocesana muito alemã, Angela Merkel envia mensagens aos países do Sul para que sejam austeros e competitivos, como eles, e para que reduzam a dívida a todo o custo. Eu só gostava de saber o seguinte:
1) Sendo a Irlanda considerada, há uns anos, um país altamente competitivo, apelidado até de «o tigre celta» e estando agora em sérios e intermináveis apuros devido à crise bancária, que a austeridade não resolve;
2) Sendo a Espanha um país competitivo e economicamente agressivo até há pouco tempo, com uma dívida bastante reduzida, inferior até à da Alemanha, tendo sido vítima da crise na América Latina há uns anos e de uma enorme bolha imobiliária subsequente, que rebentou após a crise do subprime nos Estados Unidos, nada tendo a dita austeridade resolvido, muito pelo contrário, os juros aumentam na proporção das machadadas na economia;
3) Sendo a Grécia, em termos turísticos, um dos países mais competitivos do mundo, com bons setores de mercado como o do azeite ou da construção naval, mas tendo cometido o grave delito de aldrabar as contas para entrar no euro, com a compreensão e a cumplicidade de altos funcionários da UE e de políticos importantes, estando a sua morte económica à vista;
4) Sendo a Itália um país com fabulosos trunfos em termos de oferta artística e cultural, indústria da moda, indústria automóvel, produtos alimentares, turismo, ciência, etc., onde a austeridade não está a convencer mercado nenhum, muito pelo contrário;
5) Sendo Portugal um país relativamente pouco produtivo, característica que a adesão à UE só agravou, mas que estava a fazer um esforço nos últimos anos por formar a sua população, relançar a sua indústria e tecido produtivo noutros moldes, vá lá, mais competitivos, apostando na investigação e inovação, em produtos de qualidade, nichos de mercado e internacionalização das suas empresas, sabendo que nunca, por mais que nos escravizem em termos salariais, poderemos concorrer com a China ou a Índia;
que história é esta da austeridade com vista à “competitividade” destas economias como solução para a crise da Zona Euro? Nada tendo contra a introdução de reformas e melhorias na vida económica e laboral de uma nação, porque o mundo não pára, não vejo por que razão tem de ser como os alemães querem e sem qualquer protesto. O resultado é que está tudo de orelha murcha a definhar. Como se resolve a crise da Europa assim? Os alemães tomam-nos a todos por parvos. E o pior é que há parvos que assumem o papel de alemães.
A decadência da direita portuguesa levou a que o combate político, de 2007 a 2011, deixasse de ser feito na disputa por modelos económicos e sociais concorrentes, conferindo-se com honestidade intelectual e paixão ideológica as vantagens e desvantagens respectivas, e se deslocasse a atenção do País para campanhas de assassinato de carácter, exploração do populismo e golpadas judicial-mediáticas. Há factores culturais que explicam a facilidade e apetência da direita na adopção dessas soluções ancestrais, incluindo o facto de dominarem a comunicação social, mas o sucesso eleitoral da estratégia muito deve à cumplicidade da extrema-esquerda, a qual acreditou que da destruição do PS viriam ganhos inevitáveis. Por isso vimos BE e PCP a participarem com fervor no ataque a Sócrates e a pouparem Cavaco mesmo quando este atentou contra o seu juramento de posse e conspurcou a Presidência da República e o nome de Portugal. A decadente direita, pois, não teria conquistado o poder absoluto sem o apoio frontal e lateral da esquerda decadente.
O artifício principal usado contra Sócrates consistiu em repetir que era mentiroso. As suas mentiras tanto podiam ter origem na tentativa de apresentar resultados positivos, como na de esconder resultados negativos, como num optimismo enganador ou irrealista, como na sua natureza maligna e criminosa. E se Sócrates mentia, então quem estava com ele igualmente mentia, e mentiam todas as entidades sobre quem estes mentirosos tivessem alguma responsabilidade ou contacto. Por contraposição, PSD e Belém capturavam a “verdade” e reclamavam a sua posse monopolista. A política deixava de ser a arte dos possíveis, essa decisão legítima e livre nascida das diferentes interpretações do real e sua diferente valoração, para se reduzir a um moralismo venenoso e grotesco. A verdade era definida por alguns em nome de todos, a génese de qualquer totalitarismo. Sócrates mentia porque não fazia a vontade nem à oligarquia nem aos revolucionários, deixava-se ler no subtexto da situação. Era uma mensagem simples e eficaz, deu no que deu. Também no PS há cúmplices entusiasmados da direita e da esquerda decadentes. A 12 de Abril de 2012, Carrilho, o director na clandestinidade do Laboratório de Ideias criado por Seguro, escreve o seguinte:
"Como se Passos Coelho começasse a revelar-se encurralado na sua própria lenda da crise e, incapaz de furar o cerco, tivesse optado por reforçar mais o fosso em torno das suas posições e dos seus trunfos. E estes eram fundamentalmente dois: a herança de um país à beira da bancarrota, claro, mas sobretudo o de uma relação tranquila com a verdade, que – apoiada numa natural afabilidade – foi fazendo os portugueses pensar num exercício diferente do poder. A diferença estava [em mostrar?]* sem entorses a realidade, em não embarcar em ilusões, em evitar a mentira. Diferença que resistiu bem aos primeiros embates que a podiam ter abalado, sempre habilmente endossados às surpresas do passivo e aos imprevistos do contexto global."*
O que Carrilho aqui faz só é possível a um fanático. Ele ignora a contradição radical entre as promessas eleitorais de Passos e a sua prática governativa e apresenta-o como um político que, afinal, “fala verdade aos portugueses”, cujo exercício é indubitavelmente o da “política de verdade”. E Carrilho compara-o com o Governo de Sócrates, o qual era precisamente o oposto, garante sem uma hesitação. Ora, não importa entrar pela enésima vez no bestunto deste ser corroído pelo ódio, importa é aproveitar a sua síntese porque ela poderia ser assinada pelos mais sectário dos agentes laranja. Aliás, o que Carrilho diz é exactamente o mesmo que a legião de políticos, comentadores e jornalistas do costume, e dos costumes, insistem em repetir numa implacável perseguição que não dá sinais de abrandar.
O que nos preocupa é o processo pelo qual se conseguiu boicotar uma governação e interromper uma legislatura. Quem o fez voltará a fazê-lo, até porque desta vez correu na perfeição. Assim, perceber, entender e compreender este período da nossa história recentíssima para além da versão dominante e manipuladora é do nosso maior interesse. Especialmente quando aqueles que mais espalharam difamações e calúnias à volta do tema da verdade e da mentira, aqueles que mais chamaram de mentirosos os outros, são aqueles que mais mentem. A quantidade de mentiras de PSD, CDS e Cavaco que podemos listar de cabeça é torrencial. Pior: a opacidade do Executivo e o tratamento senhorial dos cidadãos é algo igualmente nunca visto, como o episódio das reformas revelou para pasmo geral.
Vou, então, pedir aos anti-socráticos ferrenhos que passam por aqui para listarem as mentiras de Sócrates e da sua gatunagem. Venham elas e vamos dissecá-las e comparar com as actuais. Podem recorrer abundantemente ao Correio da Manhã ou a outra sarjeta da vossa preferência. São 6 anos contra 9 meses.
Bute lá ao encontro da verdade da mentira.
Alberto Nogueira
* Faltam palavras no texto original, em: http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2414475&seccao=Manuel%20Maria%20Carrilho&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco&page=-1
Recorte de Imprensa
A mentira e a força política de Passos
Uma das razões que explicam a conquista do poder por Passos Coelho foi, no período de campanha eleitoral, o tipo de discurso feito ao eleitorado que enaltecia o valor da honestidade das suas palavras, suportadas numa mensagem política segundo a qual os anos seguintes seriam de inevitável austeridade, pois, dados os erros do Governo precedente, nada a poderia evitar. Deu frutos.
O pressuposto do contrato que Passos assinou com os portugueses era não mentir, era falar verdade mesmo quando tivesse de tomar medidas difíceis. Acredito que o contraste desta promessa eleitoral face à prática dos Governos de Sócrates tenha sido fundamental para decidir o voto de muitos eleitores que ainda acreditam só existirem duas opções úteis nas urnas eleitorais: o PS ou o PSD.
Esse contrato parecia estar a ser cumprido. Passos Coelho e Vítor Gaspar começaram por dar, à vez, a cara pelas medidas mais violentas que a receita da troika impunha sobre os rendimentos da chamada classe média, explicando o seu alcance e garantindo a universalidade dos sacrifícios.
Mesmo nos momentos confusos, com uma evidente falta de explicação séria para a aceitação de uma lista cada vez maior de exceções a cortes, reduções ou outros sacrifícios, tem prevalecido, eficaz, esse tom do "nós falamos verdade aos portugueses", "não vale a pena enganarmo-nos com ilusões" ou "só estamos a fazer o estritamente necessário para vencer a crise".
Dois incidentes deram um rombo neste couraçado de aparente sinceridade: uma decisão "secreta" que proíbe as reformas antecipadas e o "lapso" sobre o ano em que os subsídios de férias e de Natal voltam aos salários da função pública. Quer Passos Coelho quer Vítor Gaspar perceberam que os portugueses se sentem enganados.
Houve um momento em que sobre José Sócrates a opinião pública dava tanta importância às suas políticas como aos seus supostos problemas de carácter. Passos Coelho, apanhado nas redes da falsidade do seu discurso, violou o contrato que celebrou com o eleitorado e está, pela primeira vez, a ser julgado pelo seu carácter.
É natural que desta vez os portugueses lhe perdoem, aceitando as circunstâncias políticas que determinaram estes episódios. No entanto, cansados de todos os dias acordarem ao som de mais uma má notícia, mais um corte de rendimentos, mais um aumento de preços, mais uma subida de impostos, outra redução no apoio social do Estado ou de alguém que, sem explicação, escapa aos sacrifícios, é natural que a próxima mentira de Passos Coelho seja o início do seu ocaso político.
Ler em: http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2423720&seccao=Pedro%20Tadeu&tag=Opini%C3%A3o%20-%20Em%20Foco
por PEDRO TADEU
Uma das razões que explicam a conquista do poder por Passos Coelho foi, no período de campanha eleitoral, o tipo de discurso feito ao eleitorado que enaltecia o valor da honestidade das suas palavras, suportadas numa mensagem política segundo a qual os anos seguintes seriam de inevitável austeridade, pois, dados os erros do Governo precedente, nada a poderia evitar. Deu frutos.
O pressuposto do contrato que Passos assinou com os portugueses era não mentir, era falar verdade mesmo quando tivesse de tomar medidas difíceis. Acredito que o contraste desta promessa eleitoral face à prática dos Governos de Sócrates tenha sido fundamental para decidir o voto de muitos eleitores que ainda acreditam só existirem duas opções úteis nas urnas eleitorais: o PS ou o PSD.
Esse contrato parecia estar a ser cumprido. Passos Coelho e Vítor Gaspar começaram por dar, à vez, a cara pelas medidas mais violentas que a receita da troika impunha sobre os rendimentos da chamada classe média, explicando o seu alcance e garantindo a universalidade dos sacrifícios.
Mesmo nos momentos confusos, com uma evidente falta de explicação séria para a aceitação de uma lista cada vez maior de exceções a cortes, reduções ou outros sacrifícios, tem prevalecido, eficaz, esse tom do "nós falamos verdade aos portugueses", "não vale a pena enganarmo-nos com ilusões" ou "só estamos a fazer o estritamente necessário para vencer a crise".
Dois incidentes deram um rombo neste couraçado de aparente sinceridade: uma decisão "secreta" que proíbe as reformas antecipadas e o "lapso" sobre o ano em que os subsídios de férias e de Natal voltam aos salários da função pública. Quer Passos Coelho quer Vítor Gaspar perceberam que os portugueses se sentem enganados.
Houve um momento em que sobre José Sócrates a opinião pública dava tanta importância às suas políticas como aos seus supostos problemas de carácter. Passos Coelho, apanhado nas redes da falsidade do seu discurso, violou o contrato que celebrou com o eleitorado e está, pela primeira vez, a ser julgado pelo seu carácter.
É natural que desta vez os portugueses lhe perdoem, aceitando as circunstâncias políticas que determinaram estes episódios. No entanto, cansados de todos os dias acordarem ao som de mais uma má notícia, mais um corte de rendimentos, mais um aumento de preços, mais uma subida de impostos, outra redução no apoio social do Estado ou de alguém que, sem explicação, escapa aos sacrifícios, é natural que a próxima mentira de Passos Coelho seja o início do seu ocaso político.
Ler em: http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2423720&seccao=Pedro%20Tadeu&tag=Opini%C3%A3o%20-%20Em%20Foco
terça-feira, 17 de abril de 2012
DESEMPREGO SOBE, SOBE, SOBE!
SUBIDA DE DESEMPREGO PARA NÍVEIS RECORDE ASSEMELHA-SE MAIS AO CASO DA GRÉCIA
A tragédia social portuguesa está bastante mais perto da tragédia grega do que muitos pensam... Passos Coelho é o típico político frio, calculista, economicista, indiferente ao sofrimento dos mais pobres e diz-se católico...
Taxa do desemprego em Fevereiro atingiu 15%. Desde que a ‘troika’ foi chamada, o ritmo de subida aproxima-se mais da Grécia do que da Irlanda. Portugal está a copiar o caminho grego em matéria de desemprego. Em Fevereiro, dez meses volvidos desde o pedido de ajuda internacional, a taxa de desemprego atingiu os 15% da população activa - um resultado bem mais próximo do panorama grego, do que do irlandês. Os números foram revelados ontem pelo Eurostat. Em menos de um ano, desde que as medidas de austeridade da ‘troika' começaram a chegar ao terreno, a taxa de desemprego em Portugal saltou dos 12,6% para 15%. Um valor que, em números redondos, aponta para mais de 800 mil desempregados no País, assumindo o valor da população activa apurado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no final do ano passado. O ritmo de degradação do mercado de trabalho aproxima mais a economia nacional do trajecto dos gregos, do que dos irlandeses, olhando para os outros dois países da zona euro que estão sob um programa de ajustamento assinado pela Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu. Desde o pedido de ajuda português, a taxa agravou-se 2,4 pontos percentuais (cerca de 130 mil desempregados a mais). No caso grego, dez meses de programa da ‘troika' resultaram numa subida de 3,2 pontos, de 11,7% para 14,9%. Já na Irlanda, a subida foi mais ligeira, tendo aumentado 0,8 pontos desde Novembro de 2010 (quando o resgate foi oficializado) em Setembro de 2011 (dez meses depois).
MÁRIO SOARES: "GOVERNO ESTÁ CADA VEZ A ISOLAR-SE MAIS DO POVO"
Passos Coelho é o típico político frio, calculista, economicista, indiferente ao sofrimento dos mais pobres e diz-se católico... Mário Soares alerta para o perigo do caminho seguido pelo Governo de “não dialogar nem explicar as medidas difíceis” aos portugueses. O ex-presidente da República defende que o Executivo, liderado por Pedro Passos Coelho, está a "isolar-se cada vez mais do povo". Mário Soares diz que a culpa não é apenas das medidas "impopularíssimas que tem vindo a tomar", mas também do facto de não dialogar e explicar aos portugueses essas medidas. O histórico socialista conclui assim que "as pessoas não compreendem qual a estratégia do Governo para combater a crise". "O nosso Governo, legítimo, porque resultou do voto popular, está a isolar-se cada vez mais do povo. Não só por causa da crise e das medidas impopularíssimas que tem vindo a tomar - dos cortes que quase só atingem os trabalhadores mais pobres, os desempregados, os precários e boa parte da classe média -, mas porque não dialoga com os portugueses, não explica as medidas que toma, avança e recua em silêncio sobre medidas tomadas, e as pessoas não compreendem, por mais que o desejem, qual é a estratégia do Governo para vencer a crise.
A austeridade, por si só, não leva com certeza a nenhum lugar", defende Mário Soares num artigo de opinião publicado hoje no Diário de Notícias. Mário Soares dá o exemplo da manifestação das freguesias para ilustrar o facto de o Governo estar de costas voltadas para os portugueses. "No sábado passado, a "leizinha", como lhe chamou António José Seguro, quando foi anunciada pelo ministro Relvas, sem ouvir, como seria natural, os principais interessados, teve uma reacção unânime das freguesias portuguesas. De norte a sul, desfilaram, em sinal de protesto, pelo centro de Lisboa". "Como é que o Governo não compreendeu a impopularidade da lei que anunciou, depois de ter recuado, por razões políticas que estavam à vista, da ideia peregrina de unir os municípios, para que as Finanças reunissem mais fundos?", questiona o histórico socialista. Soares acusa mesmo o Governo de não defender a identidade e coesão do país. "É caso para dizer que a obsessão dos cortes ordenados pela troika faz esquecer ao Governo a necessidade de defender a nossa identidade nacional e a coesão entre os portugueses. Num momento de crise - em que o desemprego e a criminalidade crescem -, é particularmente importante evitar o mal-estar e o pessimismo profundo que invadem os portugueses: assim não vamos longe, infelizmente". No mesmo artigo de opinião o ex-presidente da República acrescenta que os portugueses "começam a ter a sensação de que quem manda é a troika e que Portugal". "É um verdadeiro protectorado comandado, não pelo Governo legítimo mas pelo exterior. Não há patriotismo que resista a uma tal situação".
A tragédia social portuguesa está bastante mais perto da tragédia grega do que muitos pensam... Passos Coelho é o típico político frio, calculista, economicista, indiferente ao sofrimento dos mais pobres e diz-se católico...
Taxa do desemprego em Fevereiro atingiu 15%. Desde que a ‘troika’ foi chamada, o ritmo de subida aproxima-se mais da Grécia do que da Irlanda. Portugal está a copiar o caminho grego em matéria de desemprego. Em Fevereiro, dez meses volvidos desde o pedido de ajuda internacional, a taxa de desemprego atingiu os 15% da população activa - um resultado bem mais próximo do panorama grego, do que do irlandês. Os números foram revelados ontem pelo Eurostat. Em menos de um ano, desde que as medidas de austeridade da ‘troika' começaram a chegar ao terreno, a taxa de desemprego em Portugal saltou dos 12,6% para 15%. Um valor que, em números redondos, aponta para mais de 800 mil desempregados no País, assumindo o valor da população activa apurado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no final do ano passado. O ritmo de degradação do mercado de trabalho aproxima mais a economia nacional do trajecto dos gregos, do que dos irlandeses, olhando para os outros dois países da zona euro que estão sob um programa de ajustamento assinado pela Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu. Desde o pedido de ajuda português, a taxa agravou-se 2,4 pontos percentuais (cerca de 130 mil desempregados a mais). No caso grego, dez meses de programa da ‘troika' resultaram numa subida de 3,2 pontos, de 11,7% para 14,9%. Já na Irlanda, a subida foi mais ligeira, tendo aumentado 0,8 pontos desde Novembro de 2010 (quando o resgate foi oficializado) em Setembro de 2011 (dez meses depois).
MÁRIO SOARES: "GOVERNO ESTÁ CADA VEZ A ISOLAR-SE MAIS DO POVO"
Passos Coelho é o típico político frio, calculista, economicista, indiferente ao sofrimento dos mais pobres e diz-se católico... Mário Soares alerta para o perigo do caminho seguido pelo Governo de “não dialogar nem explicar as medidas difíceis” aos portugueses. O ex-presidente da República defende que o Executivo, liderado por Pedro Passos Coelho, está a "isolar-se cada vez mais do povo". Mário Soares diz que a culpa não é apenas das medidas "impopularíssimas que tem vindo a tomar", mas também do facto de não dialogar e explicar aos portugueses essas medidas. O histórico socialista conclui assim que "as pessoas não compreendem qual a estratégia do Governo para combater a crise". "O nosso Governo, legítimo, porque resultou do voto popular, está a isolar-se cada vez mais do povo. Não só por causa da crise e das medidas impopularíssimas que tem vindo a tomar - dos cortes que quase só atingem os trabalhadores mais pobres, os desempregados, os precários e boa parte da classe média -, mas porque não dialoga com os portugueses, não explica as medidas que toma, avança e recua em silêncio sobre medidas tomadas, e as pessoas não compreendem, por mais que o desejem, qual é a estratégia do Governo para vencer a crise.
A austeridade, por si só, não leva com certeza a nenhum lugar", defende Mário Soares num artigo de opinião publicado hoje no Diário de Notícias. Mário Soares dá o exemplo da manifestação das freguesias para ilustrar o facto de o Governo estar de costas voltadas para os portugueses. "No sábado passado, a "leizinha", como lhe chamou António José Seguro, quando foi anunciada pelo ministro Relvas, sem ouvir, como seria natural, os principais interessados, teve uma reacção unânime das freguesias portuguesas. De norte a sul, desfilaram, em sinal de protesto, pelo centro de Lisboa". "Como é que o Governo não compreendeu a impopularidade da lei que anunciou, depois de ter recuado, por razões políticas que estavam à vista, da ideia peregrina de unir os municípios, para que as Finanças reunissem mais fundos?", questiona o histórico socialista. Soares acusa mesmo o Governo de não defender a identidade e coesão do país. "É caso para dizer que a obsessão dos cortes ordenados pela troika faz esquecer ao Governo a necessidade de defender a nossa identidade nacional e a coesão entre os portugueses. Num momento de crise - em que o desemprego e a criminalidade crescem -, é particularmente importante evitar o mal-estar e o pessimismo profundo que invadem os portugueses: assim não vamos longe, infelizmente". No mesmo artigo de opinião o ex-presidente da República acrescenta que os portugueses "começam a ter a sensação de que quem manda é a troika e que Portugal". "É um verdadeiro protectorado comandado, não pelo Governo legítimo mas pelo exterior. Não há patriotismo que resista a uma tal situação".
domingo, 15 de abril de 2012
Perguntar, não ofende!
A revisão constitucional que este país merece: Tendo em conta que nem o Presidente da República, nem a Ministra da Justiça, nem os partidos da gente séria, nem os partidos da esquerda pura e verdadeira (que dizem existir) conhecem a Constituição, que tal juntarem-se todos para a adaptar à ignorância respectiva?
Como é que ainda ninguém se tinha lembrado disto? Claro que as medidas que têm sido anunciadas não são de austeridade. O primeiro-ministro disse recentemente que não via motivos para mais austeridade e viu muito bem. A verdade é que, apesar de sermos brindados com novas medidas quase diariamente, a palavra ‘austeridade’ praticamente desapareceu da comunicação social e não tem aparecido colada às mesmas. Mas, hoje, pela boca do primeiro-ministro, ficámos a perceber melhor porquê: são medidas correctivas! E é óbvio que as medidas correctivas não têm nada a ver com as medidas de austeridade, o Governo nem precisa de explicar. As de austeridade não servem para corrigir nada, destinam-se antes a castigar-nos pelos maus hábitos que adquirimos no passado. Castigo por termos andado a viver acima das nossas possibilidades. E só voltam, se voltarem, quando o Governo avisar. Até lá, felizmente, só teremos medidas correctivas. Que bem pensado. Deve ter sido por isso que a taxa de saúde e segurança alimentar anunciada pela ministra da agricultura, aparentemente, não foi discutida no Conselho de Ministros de ontem, como tinha sido noticiado, e percebe-se, é daquelas medidas que poderia lançar a confusão entre as correctivas e as de austeridade e lá se ia o brilharete do primeiro-ministro no debate quinzenal.
Agora digam lá que nós somos a Grécia. Os gregos não percebem nada disto, só falam de austeridade. Pior ainda, em pacotes de austeridade. Depois admiram-se. Por cá, nem austeridade quanto mais em pacotes. E ainda dizem que este Governo não é criativo.
Como é que ainda ninguém se tinha lembrado disto? Claro que as medidas que têm sido anunciadas não são de austeridade. O primeiro-ministro disse recentemente que não via motivos para mais austeridade e viu muito bem. A verdade é que, apesar de sermos brindados com novas medidas quase diariamente, a palavra ‘austeridade’ praticamente desapareceu da comunicação social e não tem aparecido colada às mesmas. Mas, hoje, pela boca do primeiro-ministro, ficámos a perceber melhor porquê: são medidas correctivas! E é óbvio que as medidas correctivas não têm nada a ver com as medidas de austeridade, o Governo nem precisa de explicar. As de austeridade não servem para corrigir nada, destinam-se antes a castigar-nos pelos maus hábitos que adquirimos no passado. Castigo por termos andado a viver acima das nossas possibilidades. E só voltam, se voltarem, quando o Governo avisar. Até lá, felizmente, só teremos medidas correctivas. Que bem pensado. Deve ter sido por isso que a taxa de saúde e segurança alimentar anunciada pela ministra da agricultura, aparentemente, não foi discutida no Conselho de Ministros de ontem, como tinha sido noticiado, e percebe-se, é daquelas medidas que poderia lançar a confusão entre as correctivas e as de austeridade e lá se ia o brilharete do primeiro-ministro no debate quinzenal.
Agora digam lá que nós somos a Grécia. Os gregos não percebem nada disto, só falam de austeridade. Pior ainda, em pacotes de austeridade. Depois admiram-se. Por cá, nem austeridade quanto mais em pacotes. E ainda dizem que este Governo não é criativo.
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Opinião
EM PORTUGAL TODOS OS DIAS SÃO... SEXTA FEIRA, 13
Sem pretender a vocação de profeta da desgraça creio, infelizmente, que o resultado que se desenha no escuro horizonte, mais ano menos ano, será o do desmoronamento de tudo isto e, oxalá me engane, duma forma não muito pacifica, o que gostaria - sinceramente, de não estar cá para assistir.
Um post categoria all-of-the-above de Luis M. Jorge no "Vida Breve" coloca algumas hipóteses válidas para uma pergunta que vejo muito repetida, com espanto, e por cada vez mais pessoas: o que se passa afinal com os Portugueses? Perante a destruição radical do nível de vida, onde está a revolta? Perante as óbvias e descaradas mentiras de quem já nem se preocupa muito em disfarçar, como é que não está tudo na rua, aos berros ou até de armas nas mãos a disparar em direcção que que quer que mexa? Como é que as sondagens ainda se atrevem a dar (?) dizer o PSD/CDS na frente?
Afinal, por bastante menos, por medidas muito mais suaves tomadas pelo anterior governo, por promessas não cumpridas e objectivos não alcançados, por desditos e mudanças de direcção muito mais compreensíveis face à evolução internacional da crise, por tudo isso, houve uma agitação bastante maior nas ruas. E parece-me que será essa uma das chaves para compreender a actual passividade os cidadãos. Os portugueses não lutam porque já lutaram, e lutaram muito, muito recentemente. Greves em que os sindicatos berravam “recorde” sem que ninguém se risse, manifestações impressionantes de professores, de jovens precários, de enfermeiros, todo o mandato anterior foi marcado por uma enorme onda de contestação, nas ruas, nos jornais, nos cafés, nos locais de trabalho, nos blogues. Foi, para todos os efeitos, uma enorme demonstração de cidadania, no sentido das pessoas se envolverem no que percepcionavam serem os seus problemas. E no fim dessa luta, dessa autêntica bacanal política contra um primeiro-ministro e um governo que eram, justa ou injustamente, a face de uma crise que nos assustava a todos, o que resultou de todo esse esforço foi isto: Passos & Portas, Ilimitados.
Vão-me perdoar se compreendo, agora, um certo torpor, um baixar de braços e um abraçar da inevitabilidade. A escolha foi nossa, como sociedade. E a questão fulcral é esta: mesmo mentindo descaradamente, como fizeram esses senhores do PSD e do CDS com as suas falácias eleitoralistas, a direita apresentava uma alternativa baseada numa narrativa que conseguiram passar com sucesso. O embuste compensa!. O das pessoas competentes contra os incompetentes, a dos “gastos supérfluos do estado” contra o “forróbodó” dos “projectos faraónicos” enquanto se iam cortando despesas, da culpa do governo por não se ter precavido contra uma crise financeira de consequências imprevisíveis. Não era verdade, como é mais do que evidente agora para quem tenha meio dedo de testa, mas a mensagem passou e os eleitores comeram-na, engoliram-na, e não há meio (ainda?) de a vomitarem. Havia outra maneira, uma alternativa. E agora, o que é que existe? Existe este (in)Seguro e nem formoso, que anda de fonte em fonte, como "Leanor leva a verdura"!
Na realidade, a passividade existente, sinceramente, não me espanta muito. Sem ajuda objectivas, reais, certas digestões levam o seu tempo.
Lembrando o tratado orçamental de que se fala pela UE, estou certo de que ele acaba com o consenso social europeu; institucionaliza o diretório; normativiza a política alemã e não uma política europeia; é assinado por Estados, não é um produto da União; é impraticável; ameaça a possibilidade de políticas de crescimento, de combate ao desemprego; em caso de incumprimento TUDO passa a ser definido e executado por burocratas não eleitos; viola princípios básicos como o princípio democrático e o p. da soberania popular; foi agendado sem discussão nacional; fomos os primeiros a abdicar de defender um caso de Regime.
Tudo pode acontecer. Pode o tratado entrar em vigor sem a ratificação da Alemanha, por exemplo, que continuará a mandar sem consequências convencionais, que chegam a recursos contra um incumpridor junto do Tribunal de Justiça por parte de qualquer outro Estado.
De chantagem em chantagem, de austeridade em austeridade, já posta dogmaticamente em tratado para casos futuros, terá de chegar a hora de a esquerda dizer basta. Sem medo. Aqui e na Europa em decomposição. À inércia vai agarrada a culpa.
E, assim, de cedência em cedência ao diktat germanico/francófono, se vai desfazendo o “espirito” e a praxis dum certo ideal de União Europeia. Isto já não tem nada a ver com o projecto inicial dos países fundadores. Não passa de uma forma, nem sequer discreta, de a Alemanha (quase em exclusivo) impôr o seu hegemónico "diktatus" a todos os restantes paises europeus, sem sequer precisar dos métodos de Hitler. O que não foi conseguido através de meios militares está, agora, a ser feito através dum processo burocrático/financeiro. Onde é que anda a consciência nacional dos diversos povos europeus? Eu também sou partidário duma União de Estados e de Povos da Europa; mas criada num principio de igualdade entre todos os Estados, sem a subserviência de uns perante outros, como está a acontecer.
Sem pretender a vocação de profeta da desgraça, creio, infelizmente, que o resultado que se desenha no escuro horizonte, mais ano menos ano, será o do desmoronamento de tudo isto e, oxalá me engane, duma forma não muito pacifica, o que gostaria - sinceramente, de não estar cá para assistir.
Acho que agora já dá para dizer isto: que o programa de Ferreira Leite, sintetizado no “pára tudo”, o qual não passava da demagogia mais básica à volta das despesas ainda por fazer no TGV e novo aeroporto, teria sido indiferente para a lógica rapace dos mercados prestes a eclodir, e que, mesmo que tal fúria imobilista fosse concretizada no espírito quebra-bilhas do actual Governo, tal desvairo à grega só teria conseguido antecipar num ano e meio o desmantelamento do Estado social e o enterro da economia.
Sem pretender a vocação de profeta da desgraça creio, infelizmente, que o resultado que se desenha no escuro horizonte, mais ano menos ano, será o do desmoronamento de tudo isto e, oxalá me engane, duma forma não muito pacifica, o que gostaria - sinceramente, de não estar cá para assistir.
Um post categoria all-of-the-above de Luis M. Jorge no "Vida Breve" coloca algumas hipóteses válidas para uma pergunta que vejo muito repetida, com espanto, e por cada vez mais pessoas: o que se passa afinal com os Portugueses? Perante a destruição radical do nível de vida, onde está a revolta? Perante as óbvias e descaradas mentiras de quem já nem se preocupa muito em disfarçar, como é que não está tudo na rua, aos berros ou até de armas nas mãos a disparar em direcção que que quer que mexa? Como é que as sondagens ainda se atrevem a dar (?) dizer o PSD/CDS na frente?
Afinal, por bastante menos, por medidas muito mais suaves tomadas pelo anterior governo, por promessas não cumpridas e objectivos não alcançados, por desditos e mudanças de direcção muito mais compreensíveis face à evolução internacional da crise, por tudo isso, houve uma agitação bastante maior nas ruas. E parece-me que será essa uma das chaves para compreender a actual passividade os cidadãos. Os portugueses não lutam porque já lutaram, e lutaram muito, muito recentemente. Greves em que os sindicatos berravam “recorde” sem que ninguém se risse, manifestações impressionantes de professores, de jovens precários, de enfermeiros, todo o mandato anterior foi marcado por uma enorme onda de contestação, nas ruas, nos jornais, nos cafés, nos locais de trabalho, nos blogues. Foi, para todos os efeitos, uma enorme demonstração de cidadania, no sentido das pessoas se envolverem no que percepcionavam serem os seus problemas. E no fim dessa luta, dessa autêntica bacanal política contra um primeiro-ministro e um governo que eram, justa ou injustamente, a face de uma crise que nos assustava a todos, o que resultou de todo esse esforço foi isto: Passos & Portas, Ilimitados.
Vão-me perdoar se compreendo, agora, um certo torpor, um baixar de braços e um abraçar da inevitabilidade. A escolha foi nossa, como sociedade. E a questão fulcral é esta: mesmo mentindo descaradamente, como fizeram esses senhores do PSD e do CDS com as suas falácias eleitoralistas, a direita apresentava uma alternativa baseada numa narrativa que conseguiram passar com sucesso. O embuste compensa!. O das pessoas competentes contra os incompetentes, a dos “gastos supérfluos do estado” contra o “forróbodó” dos “projectos faraónicos” enquanto se iam cortando despesas, da culpa do governo por não se ter precavido contra uma crise financeira de consequências imprevisíveis. Não era verdade, como é mais do que evidente agora para quem tenha meio dedo de testa, mas a mensagem passou e os eleitores comeram-na, engoliram-na, e não há meio (ainda?) de a vomitarem. Havia outra maneira, uma alternativa. E agora, o que é que existe? Existe este (in)Seguro e nem formoso, que anda de fonte em fonte, como "Leanor leva a verdura"!
Na realidade, a passividade existente, sinceramente, não me espanta muito. Sem ajuda objectivas, reais, certas digestões levam o seu tempo.
Lembrando o tratado orçamental de que se fala pela UE, estou certo de que ele acaba com o consenso social europeu; institucionaliza o diretório; normativiza a política alemã e não uma política europeia; é assinado por Estados, não é um produto da União; é impraticável; ameaça a possibilidade de políticas de crescimento, de combate ao desemprego; em caso de incumprimento TUDO passa a ser definido e executado por burocratas não eleitos; viola princípios básicos como o princípio democrático e o p. da soberania popular; foi agendado sem discussão nacional; fomos os primeiros a abdicar de defender um caso de Regime.
Tudo pode acontecer. Pode o tratado entrar em vigor sem a ratificação da Alemanha, por exemplo, que continuará a mandar sem consequências convencionais, que chegam a recursos contra um incumpridor junto do Tribunal de Justiça por parte de qualquer outro Estado.
De chantagem em chantagem, de austeridade em austeridade, já posta dogmaticamente em tratado para casos futuros, terá de chegar a hora de a esquerda dizer basta. Sem medo. Aqui e na Europa em decomposição. À inércia vai agarrada a culpa.
E, assim, de cedência em cedência ao diktat germanico/francófono, se vai desfazendo o “espirito” e a praxis dum certo ideal de União Europeia. Isto já não tem nada a ver com o projecto inicial dos países fundadores. Não passa de uma forma, nem sequer discreta, de a Alemanha (quase em exclusivo) impôr o seu hegemónico "diktatus" a todos os restantes paises europeus, sem sequer precisar dos métodos de Hitler. O que não foi conseguido através de meios militares está, agora, a ser feito através dum processo burocrático/financeiro. Onde é que anda a consciência nacional dos diversos povos europeus? Eu também sou partidário duma União de Estados e de Povos da Europa; mas criada num principio de igualdade entre todos os Estados, sem a subserviência de uns perante outros, como está a acontecer.
Sem pretender a vocação de profeta da desgraça, creio, infelizmente, que o resultado que se desenha no escuro horizonte, mais ano menos ano, será o do desmoronamento de tudo isto e, oxalá me engane, duma forma não muito pacifica, o que gostaria - sinceramente, de não estar cá para assistir.
Acho que agora já dá para dizer isto: que o programa de Ferreira Leite, sintetizado no “pára tudo”, o qual não passava da demagogia mais básica à volta das despesas ainda por fazer no TGV e novo aeroporto, teria sido indiferente para a lógica rapace dos mercados prestes a eclodir, e que, mesmo que tal fúria imobilista fosse concretizada no espírito quebra-bilhas do actual Governo, tal desvairo à grega só teria conseguido antecipar num ano e meio o desmantelamento do Estado social e o enterro da economia.
Carlos Ferreira
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Opinião
OBRIGADO, SR. MINISTRO!
- Há dias um pobre pediu-me esmola. Depois, encorajado pela minha
generosidade e esperançoso na minha gravata, perguntou se eu fazia o
favor de entregar uma carta ao senhor ministro. Perguntei-lhe qual
ministro e ele, depois de pensar um pouco, acabou por dizer que era ao
ministro que o andava a ajudar. O texto é este:
- "Senhor ministro, queria pedir-lhe uma grande ajuda: veja lá se deixa
de me ajudar. Não me conhece, mas tenho 72 anos, fui pobre e trabalhei
toda a vida. Vivia até há uns meses num lar com a minha magra reforma.
Tudo ia quase bem, até o senhor me querer ajudar.
- Há dois anos vierem uns inspectores ao lar. Disseram que eram de uma
coisa chamada Azai. Não sei o que seja. O que sei é que destruíram a
marmelada oferecida pelos vizinhos e levaram frangos e doces dados como
esmola. Até os pastelinhos da senhora Francisca, de que eu gostava
tanto, foram deitados fora. Falei com um deles, e ele disse-me que tudo
era para nosso bem, porque aqueles produtos, que não estavam
devidamente embalados, etiquetados e refrigerados, podiam criar graves
problemas sanitários e alimentares. Não percebi nada e perguntei-lhe
se achava bem roubar a comida dos pobres. Ele ficou calado e acabou por
dizer que seguia ordens.
- Fiquei então a saber que a culpa era sua e decidi escrever-lhe. Nessa
noite todos nós ali passámos fome, felizmente sem problemas
sanitários e alimentares graves.
- Ah! É verdade. Os tais fiscais exigiram obras caras na cozinha e
noutros locais. O senhor director falou em fechar tudo e pôr-nos na
rua, mas lá conseguiu uns dinheiritos e tudo voltou ao normal. Como os
inspectores não regressaram e os vizinhos continuaram a dar-nos
marmelada, frangos e até, de vez em quando, os belos pastéis da tia
Francisca, esqueci-me de lhe escrever. Até há seis meses, quando
destruíram tudo.
- Estes não eram da Asae. Como lhe queria escrever, procurei saber tudo
certinho. Disseram-me que vinham do Instituto da Segurança Social.
Descobriram que estava tudo mal no lar. O gabinete da direcção tinha
menos de 12 m2 e na instalação sanitária do refeitório faltava a
bancada com dois lavatórios apoiados sobre poleias e sanita com apoios
laterais. Os homens andaram com fitas métricas em todas as janelas e
portas e abanaram a cabeça muitas vezes. Havia também um problema
qualquer com o sabonete, que devia ser líquido.
- Enfureceram-se por existirem quartos com três camas, várias casas de
banho sem bidé e na área destinada ao duche de pavimento (ligeiramente
inferior a 1,5 m x 1,5 m) não estivesse um sistema que permita tanto o
posicionamento como o rebatimento de banco para banho de ajuda (uma
coisa que nem sei o que seja). Em resumo, o lar era uma desgraça e
tinha de fechar.
- Ultimamente pensei pedir aos senhores fiscais para virem à barraca
onde vivo desde então, medir as janelas e ver as instalações
sanitárias (que não há!). Mas tenho medo que ma fechem, e então é
que fico mesmo a dormir na rua.
- Mas há esperança. Fui ontem, depois da missa, visitar o lar novo que
o senhor prior aqui da freguesia está a inaugurar, e onde talvez tenha
lugar. Fiquei espantado com as instalações. Não sei o que é um hotel
de luxo, porque nunca vi nenhum, mas é assim que o imagino. Perguntei
ao padre por que razão era tudo tão grande e tão caro. Afinal, se
fosse um bocadinho mais apertado, podia ajudar mais gente. Ele respondeu
que tinha apenas cumprido as exigências da lei (mais uma vez tem a ver
consigo, senhor ministro). Aliás o prior confessou que não tinha
conseguido fazer mesmo tudo, porque não havia dinheiro, e contava com a
distracção ou benevolência dos inspectores para lhe aprovarem o lar.
Se não, lá ficamos nós mais uns tempos nas barracas.
- Senhor ministro, acredito que tenha excelentes intenções e faça isto
por bem. Como não sabe o que é a pobreza, julga que as exigências
melhoram as coisas. Mas a única coisa que estas leis e fiscalizações
conseguem é criar desigualdades dentro da miséria. Porque não se
preocupam com as casas dos pobres, só com as que ajudam os pobres."
- TRISTE PAÍS QUE PROCEDE ASSIM COM OS POBRES....
por JOÃO CÉSAR DAS NEVES
- Há dias um pobre pediu-me esmola. Depois, encorajado pela minha
generosidade e esperançoso na minha gravata, perguntou se eu fazia o
favor de entregar uma carta ao senhor ministro. Perguntei-lhe qual
ministro e ele, depois de pensar um pouco, acabou por dizer que era ao
ministro que o andava a ajudar. O texto é este:
- "Senhor ministro, queria pedir-lhe uma grande ajuda: veja lá se deixa
de me ajudar. Não me conhece, mas tenho 72 anos, fui pobre e trabalhei
toda a vida. Vivia até há uns meses num lar com a minha magra reforma.
Tudo ia quase bem, até o senhor me querer ajudar.
- Há dois anos vierem uns inspectores ao lar. Disseram que eram de uma
coisa chamada Azai. Não sei o que seja. O que sei é que destruíram a
marmelada oferecida pelos vizinhos e levaram frangos e doces dados como
esmola. Até os pastelinhos da senhora Francisca, de que eu gostava
tanto, foram deitados fora. Falei com um deles, e ele disse-me que tudo
era para nosso bem, porque aqueles produtos, que não estavam
devidamente embalados, etiquetados e refrigerados, podiam criar graves
problemas sanitários e alimentares. Não percebi nada e perguntei-lhe
se achava bem roubar a comida dos pobres. Ele ficou calado e acabou por
dizer que seguia ordens.
- Fiquei então a saber que a culpa era sua e decidi escrever-lhe. Nessa
noite todos nós ali passámos fome, felizmente sem problemas
sanitários e alimentares graves.
- Ah! É verdade. Os tais fiscais exigiram obras caras na cozinha e
noutros locais. O senhor director falou em fechar tudo e pôr-nos na
rua, mas lá conseguiu uns dinheiritos e tudo voltou ao normal. Como os
inspectores não regressaram e os vizinhos continuaram a dar-nos
marmelada, frangos e até, de vez em quando, os belos pastéis da tia
Francisca, esqueci-me de lhe escrever. Até há seis meses, quando
destruíram tudo.
- Estes não eram da Asae. Como lhe queria escrever, procurei saber tudo
certinho. Disseram-me que vinham do Instituto da Segurança Social.
Descobriram que estava tudo mal no lar. O gabinete da direcção tinha
menos de 12 m2 e na instalação sanitária do refeitório faltava a
bancada com dois lavatórios apoiados sobre poleias e sanita com apoios
laterais. Os homens andaram com fitas métricas em todas as janelas e
portas e abanaram a cabeça muitas vezes. Havia também um problema
qualquer com o sabonete, que devia ser líquido.
- Enfureceram-se por existirem quartos com três camas, várias casas de
banho sem bidé e na área destinada ao duche de pavimento (ligeiramente
inferior a 1,5 m x 1,5 m) não estivesse um sistema que permita tanto o
posicionamento como o rebatimento de banco para banho de ajuda (uma
coisa que nem sei o que seja). Em resumo, o lar era uma desgraça e
tinha de fechar.
- Ultimamente pensei pedir aos senhores fiscais para virem à barraca
onde vivo desde então, medir as janelas e ver as instalações
sanitárias (que não há!). Mas tenho medo que ma fechem, e então é
que fico mesmo a dormir na rua.
- Mas há esperança. Fui ontem, depois da missa, visitar o lar novo que
o senhor prior aqui da freguesia está a inaugurar, e onde talvez tenha
lugar. Fiquei espantado com as instalações. Não sei o que é um hotel
de luxo, porque nunca vi nenhum, mas é assim que o imagino. Perguntei
ao padre por que razão era tudo tão grande e tão caro. Afinal, se
fosse um bocadinho mais apertado, podia ajudar mais gente. Ele respondeu
que tinha apenas cumprido as exigências da lei (mais uma vez tem a ver
consigo, senhor ministro). Aliás o prior confessou que não tinha
conseguido fazer mesmo tudo, porque não havia dinheiro, e contava com a
distracção ou benevolência dos inspectores para lhe aprovarem o lar.
Se não, lá ficamos nós mais uns tempos nas barracas.
- Senhor ministro, acredito que tenha excelentes intenções e faça isto
por bem. Como não sabe o que é a pobreza, julga que as exigências
melhoram as coisas. Mas a única coisa que estas leis e fiscalizações
conseguem é criar desigualdades dentro da miséria. Porque não se
preocupam com as casas dos pobres, só com as que ajudam os pobres."
- TRISTE PAÍS QUE PROCEDE ASSIM COM OS POBRES....
A Revolta Está Instalada!
Exijo respeito e equidade na distribuição dos sacrifícios!
PRIMEIRO, FORAM ESTES: PS's
Prometeram o paraíso, mas deixaram um purgatório.
Através de uma máquina de propaganda bem oleada (paga com os nossos impostos), iniciaram a campanha de desacreditação e estigmatização dos funcionários públicos, criando a clivagem social que hoje se verifica.
Durante vários anos, com a preciosa ajuda dos media, comentadores e economistas neoliberais, manipularam dados oficiais e bombardearam os trabalhadores do Estado com mentiras e calúnias, reduzindo a escombros a imagem e a autoestima desses trabalhadores.
Em simultâneo, congelaram salários e carreiras, reduziram as comparticipações da ADSE, retiraram direitos constantes dos contratos de trabalho e impuseram um absurdo sistema de avaliação (SIADAP) que impede as progressões durante 10 anos - Atualmente, na função pública, só é possível atingir o topo da carreira após 100 anos de serviço.
Para além disso, aumentaram os descontos para a ADSE e CGA - transformando os trabalhadores do Estado nos cidadãos que mais descontam em Portugal -, e atiraram com muitos deles para a mobilidade especial (um sistema de desemprego encapotado).
Com tanta perseguição, em poucos anos, empobreceram os funcionários públicos e reduziram o poder de compra respetivo (estima-se que, durante a vigência destes governantes, a função pública tenha perdido cerca de 17% do poder de compra).
Terminaram a campanha, cortando os salários 3,5% a 10% (média 5%), sem se importarem com a falta de equidade, com a injustiça e com a inconstitucionalidade dessa medida.
Apesar de tantos sacrifícios não resolveram os problemas do país e, POR IMPOSIÇÃO DOS BANQUEIROS,acabaram por pedir um empréstimo (resgate) de milhões de euros.
Resultado: PORTUGAL LEVOU COM A TROIKA!
E, no fim, com o país totalmente à deriva, demitiram-se.
Ou seja, os sacrifícios não serviram para nada!
DEPOIS, VIERAM ESTES: PSD's & CDS-PP's
Derrubaram os anteriores, prometeram mundos e fundos e, em poucos meses, transformaram a função pública num inferno.
Durante a campanha eleitoral, prometeram que não cortariam os salários dos funcionários públicos, e Passos Coelho declarou mesmo, de forma perentória, que a ideia de cortar os subsídios de férias ou de Natal era um DISPARATE.
Lembram-se?
Porém, assim que tomaram posse, anunciaram o corte de metade do subsídio de Natal (14.º mês) de todos os trabalhadores portugueses, provocando, por arrasto, mais uma redução nos vencimentos da função pública.
Passado pouco tempo, comeram mais queijo e decidiram manter o corte médio de 5% nos salários, acrescentado o tal DISPARATE aos sacrifícios já impostos. Ou seja, para além dos cortes nos salários...
DECIDIRAM ROUBAR OS SUBSÍDIOS DE FÉRIAS E DE NATAL (13.º e 14.º MESES) AOS TRABALHADORES DO ESTADO E AOS PENSIONISTAS.
Resultado: devido à crescente perda do poder de compra, aos congelamentos, ao aumento dos descontos e à redução dos salários, os funcionários públicos, em dois anos, perderam cerca de 30% dos seus rendimentos, e agora vão perder mais dois salários (mais14%).
Também estes, inebriados pelas suas ideias neoliberais e sempre apoiados por grupos oligarcas, não se importaram com a injustiça, com a falta de equidade e com a inconstitucionalidade das suas medidas.
Até se esqueceram que "os subsídios de Natal e de férias são inaliáveis e impenhoráveis" (redação do art.º 17.º do Decreto-Lei n.º 496/80, de 20 de Outubro, aprovado e publicado pelo Governo de Francisco Sá Carneiro).
Para se justificar, Passos Coelho veio mesmo afirmar que os funcionários públicos ganham mais do que os privados, o que, como provam estudos e dados oficiais, é mais uma mentira ostensiva e um insulto aos trabalhadores do Estado (estudos credíveis e bem fundamentados concluem precisamente o contrário).
Mais...
Miguel Relvas declarou publicamente que os 13.º e 14.º meses dos trabalhadores das câmaras municipais vão servir para pagar as dívidas das autarquias, como se agora os trabalhadores fossem obrigados a pagar do seu bolso os gastos dos municípios.
Ou seja, para este, os funcionários das autarquias vão ter de pagar, por exemplo, a construção e manutenção de escolas, a construção de vias, passeios e demais infraestruturas, os serviços de abastecimento de água ou a recolha do lixo que os outros fazem. GENIAL!
ATÉ CUSTA A ACREDITAR, MAS É VERDADE!
E ainda gozam com a nossa cara! Aprovaram recentemente o Orçamento do Estado às gargalhadas!
Em suma, tal como os anteriores, estes também decidiram alimentar a clivagem social e esmagar os funcionários públicos, mostrando sem rodeios e com total descaramento, que os direitos descritos na Constituição Portuguesa (a lei fundamental do país) só são válidos para os portugueses que trabalham no setor privado.
E não ficarão por aqui!... Brevemente vão alegar mais buracos e derrapagens para reduzir novamente os salários e eliminar quaisquer subsídios que ainda subsistam. Só vão descansar quando os funcionários públicos estiverem a viver no osso e nos limites da sobrevivência.
NO MEIO, APARECEM ESTES: Iluminados e sabichões, que dão para os "2 lados"
Têm receitas e soluções para tudo, mas não resolvem nada.
Com uma retórica enfadonha, cheia de números e percentagens, passam a vida a defender mais cortes nos salários e mais redução no poder de compra da função pública, como se os cortes já efetuados ou anunciados não fossem suficientes.
PARA ESTES, OS TRABALHADORES DO ESTADO SÃO APENAS UMA DESPESA E UM PESO PARA O PAÍS.
Esquecem-se de que estão a falar de cidadãos e trabalhadores portugueses que ganham salários em troca do seu trabalho, que pagam os impostos respetivos (os únicos que, de certeza, não fogem ao fisco), e que, tal como os outros, têm famílias e o direito de viver em Portugal.
Medina Carreira, para além de comparar os direitos constitucionais a uma refeição indigesta, trata os funcionários públicos por "essa gente", mostrando um autentico desprezo por estes cidadãos.
Mira Amaral e Eduardo Catroga, enfim!... Esses não se cansam de pedir mais sacrifícios e todos sabemos como eles se sacrificam.
Ferraz da Costa, um trabalhador incansável, está sempre a insistir que a função pública tem de trabalhar mais, mesmo com cortes nos salários e sem os subsídios de férias e de Natal.
Mas, será que estas criaturas não sabem que a escravatura foi abolida, no Século XVIII, em Portugal e na Europa?
Há muitos outros que podiam figurar neste grupo, mas estes já são suficientes para justificar a indignação e a revolta que atualmente dominam os funcionários públicos, os pensionistas e as suas famílias.
E AINDA HÁ ESTES: Os "xicos-espertos"
São egoístas, covardes e chicos espertos.
São cidadãos anónimos que se escondem atrás dos computadores e andam pelos fóruns online dos jornais e redes sociais da internet, emitindo opiniões depreciativas e discriminatórias sobre os funcionários públicos.
Inebriados pelo seu egoísmo e estupidez natural, estão convencidos que irão viver melhor à custa dos sacrifícios dos outros.
Designam os trabalhadores do Estado por "gentalha", "cambada", "escumalha", etc., e aplaudem entusiasticamente todas as medidas dos governantes, desde que, é claro, as medidas não os afetem.
Estes energúmenos egoístas são o fruto da campanha de estigmatização iniciada por José Sócrates e agora fortemente alimentada por Passos Coelho e por muitos comentadores dos media.
Esquecem-se que foram os funcionários públicos que lhes deram assistência quando nasceram, que lhes deram instrução primária, secundária e universitária, que os socorrem, tratam e operam quando adoecem, que zelam pela segurança deles, que lhes asseguram os direitos legais e judiciais, que constroem e mantêm as infraestruturas públicas que lhes dão conforto, que lhes darão de comer se tiverem fome, que recolhem o lixo que fazem e que os protegerão ou socorrerão em caso de sinistro ou catástrofe, com risco da própria vida.
É por causa de tudo isto que estamos fartos...
É PRECISO GRITAR
"BASTA"!
Os funcionários públicos são portugueses como os outros e merecem respeito.
São pessoas e cidadãos. Não são escravos de ninguém, nem estão a mais neste país.
Estes governantes estão a tirar a qualidade de vida, a dignidade, a honra e o bom nome dos funcionários públicos. Estão a destruir os serviços públicos e atirar com os seus trabalhadores para o desespero, para a fome e para a pobreza.
Por causa destes governantes, os trabalhadores do Estado até já DEIXARAM DE TER DIREITOS CONSTITUCIONAIS .
AGORA, A CONSTITUIÇÃO PORTUGUESA - A LEI FUNDAMENTAL DO PAÍS - SÓ SE APLICA AOS PRIVADOS.
O ÚNICO GOVERNANTE QUE, ANTES DESTES, CORTOU OS SALÁRIOS DA FUNÇÃO PÚBLICA FOI OLIVEIRA SALAZAR E NÃO CHEGOU A TANTO!
Exijo respeito, justiça e equidade na distribuição dos sacrifícios!
Subscrever:
Mensagens (Atom)