Liberdade e o Direito de Expressão

Neste blog praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão, próprios de Sociedades Avançadas !

domingo, 31 de outubro de 2010

Crónica de Domingo

Bem prega Frei Tomaz




Depois da "saga orçamental", ornada com um Conselho de Estado "para impor mais respeito", é bom reflectir-mos nalguns pontos quando se ouve falar de todos os quadrantes que é "preciso poupar"... poupar... poupar!!!
Refiro-me aos famosos "ajustes directos" feitos aos milhões, e que constam no site do Governo: Nove empresas públicas e três entidades reguladoras gastaram mais de 15 milhões de euros em contratos de ajuste directo para publicidade, automóveis, eventos, aniversários ou viagens. Superficialidades no mínimo consideradas obscenas e curiosas.

A lêr...

Metropolitano de Lisboa - 13.600 € (em 2 mil pen com o logo gravado a quente) + 86.567 € (em 3 almoços de Aniversário); ANA - 767.302 € (na ciclovia de Chelas ao Parque das Nações); Parque Expo - 1.482 milhões de euros (Expo de Xangai) + 59.941 € (em iluminação eléctrica de bandeiras); ANACOM - 74.063 € (no Aniversário dos 20 Anos) + 8.000 € (em vídeo humorístico sobre o aniversário)...

Mas há mais:

Banco de Portugal - 168.000 5 (na ornamentação de jardins) + 5.116 € (em equipamento de golfe); CP - 11.337 € (em câmaras digitais e de vídeo) + 6.010 € (em pins de ouro e prata); CMVM - 8.285 € (em 210 chávenas da Vista Alegre); RTP - 52.720 € (em agendas e brindes promocionais); EPAL - 7.800 € (em peças de cristal) + 123.430 € (em Cabazes de Natal)...

Este é um pequeno exemplo de como este País é gerido, sem moralidade nem seriedade!
E quem paga a crise... quem é?
E ainda querem que se acredite em gente sem vergonha?
Carlos Ferreira
algarve.reporter@live.com.pt




Dia das Bruxas

Hoje, se acredita... comemore
                                                                                              
Domingo à noite toda a gente acredita em bruxas. Porque as há... Na rua, em casa, com ou sem disfarce, não queremos que lhe falte nada. Pegue na abóbora e siga o nosso roteiro das festas. Vai ver que terá uma noite dos diabos...
                                              
ONDE IR
                                        
Halloween é sinónimo de animação. As bruxas vão invadir o país e prometem animar a noite com muitas festas temáticas. Celebre a data, numa festa de arrepiar.
                                
Lisboa
Dance or Die!!! - Santiago Alquimista; preço: 10€
I''ve Got The Power - Sala Mirandela, Lx Factory; preço: 16€
Halloween Cabaret (com concerto de Os irmãos Catita) - Maxime : preço: 10€
                                                             
Porto
Noite dos Malditos - Plano B; preço: 5 € (em guest list)
Halloween no Teatro: Psycho Edition - Teatro Sá da Bandeira; preço: 10€
The Haunted Mansion - Alfândega do Porto; preço: 15€
                                                                               
Resto do país
Halloween 2010 Premium - Hotel Flora, Monte Real, Leiria (jantar, festa e dormida: 40€ por pessoa)
Halloween night - Noites Longas, Coimbra; preço: 2,5€
                                                             
O QUE VESTIR 
                                                        
A ideia de comprar um chapéu de bruxa com uma cabeleira cinzenta e roxa incorporada ou uns corninhos de diabo já deu o que tinha a dar. O Halloween não é um costume nosso, é certo, mas já que aceitou fazer parte da festa, não pode descurar o disfarce Os mais comuns são as bruxas, claro, os Frankensteins, os monstros e os diabos. Mas a bem dizer, vale tudo, desde que seja assustador.
faça você mesmo Se estiver em modo poupança, faça uma incursão pelo armário e seleccione as peças que possam ser transformadas em disfarce. Depois é juntar um ou outro acessório (as lojas chinesas são de visita obrigatória) e apostar na maquilhagem. Não percebe nada de pincéis? Aprenda aqui: www.odiariodeumafashionista.blogs.sapo.pt
Profissional Para quem leva as bruxas a sério, nada como ajuda especializada. A loja Mascarilha tem tudo para a festa. Literalmente.
Lisboa: Rua do Telhal, 67
Porto: Rua do Bonjardim, 594
http://www.mascarilha.pt/

                                                           
O QUE OUVIR
                                                                                    
Se for o caso de alinhar numa das centenas de festas a acontecer em todo o país, que remédio, vai ter de se sujeitar à playlist do DJ residente. Nos espaços públicos, a música é muito pouco democrática, mas se for uma daquelas pessoas corajosas que quando a música começa a morrer se põem a caminho da cabina de som na esperança de conseguir arrancar um daqueles hits “que se conhece a letra e coreografia de cor”, não se esqueça de adequar os pedidos à temática da noite.
                                                                                                   
“Thriller” – Michael Jackson
“Nightmares”— Dana Dane “Frankenstein” — New York Dolls “Stairway to Heaven” – Led Zeppelin
“Goo Goo Muck”—The Cramps “Mr. Jaws”— Dickie Goodman
“I Walked With A Zombie”— Roky Erikson and the Aliens
“Halloween” — The Dream Syndicate
“Jack The Ripper” — Screaming Lord Sutch
“Monster Mash” – Bobby Pickett
“Where the Wolfbane Blooms” — The Nomads
                                                           
SE FICAR POR CASA                                       
                                                                          
Neste caso, à semelhança do que acontece no Natal, o repasto e a decoração fazem a festa. A grande vantagem de ficar em casa é que pode programar a animação a seu bel-prazer. Já lhe oferecemos sugestões de banda-sonora e disfarce. Resta agora a mesa e o ambiente.
                                                                        
Decoração de meter medo
As propostas servem para todos os gostos. Pegue na tesoura, no tubo de cola e na cartolina e relembre os tempos da escola, com abóboras malvadas, morcegos esfomeados e fantasmas iluminados. Tudo aqui: http://familyfun.go.com/ (pesquise “halloween” no site e encontrará várias sugestões de decoração).
                                                         
A mesa dos horrores
Já que os cupcakes estão na moda, impressione os convidados com uma apresentação original em forma de teia de aranha. Se é para assombrar, que seja a sério.
Cupcakes aqui:
http://wp.clicrbs.com.br/ (faça a busca “halloween” e encontrará a receita cupcake mal-assombrado)
                                                                                                                  
Bruxas, videntes, tarot e mães de santo chegaram ao norte
                                                                                          
Bruxas e magos, videntes e mães de santo, cartas de tarot, búzios e candomblé, velas, incenso e magia são alguns dos ingredientes da Feira Mística e de Halloween a decorrer até dia 01 no Cais de Gaia.
"Senti um chamamento", conta Joana Valadares, 23 anos, taróloga, médium e vidente. Numa pequena sala improvisada e devidamente ornamentada de panos coloridos, velas e crucifixos, vai lançando, uma a uma sobre a mesa, as cartas de tarot da vovó cigana, como lhes chama.
Cada carta, conta, "tem um significado" e é através da leitura que vai fazendo das mesas, e da forma como se vão sequenciando, que esclarece as dúvidas de presente e futuro dos curiosos, e crentes que lhe solicitam uma consulta.
As perguntas mais colocadas? "De tudo um pouco", vai dizendo, destacando, "talvez", as questões sobre dramas de amor e dinheiro.
Mais à frente, e numa outra banca, está, de branco, Branca Pereira, 58 anos. Mãe de santo, pratica candomblé há 10, altura em que abandonou totalmente uma carreira numa "empresa multinacional" para se dedicar à sua "espiritualidade e medicinas alternativas".
O candomblé, explica, é "uma religião com origem na Nigéria" e assenta nos orixás, que "representam as energias da natureza" e que lhe permitem ajudar quem a procura.
Atrás dela está, de azul, Iemanjá, o orixá do mar de quem diz ser filha. Foi Iemanjá quem quis que se dedicasse ao seu espírito "de corpo e alma".
Esta é a primeira Feira Mística e de Halloween a decorrer em Gaia e conta com a presença de mais de participantes, demonstrações de medicinas alternativas e actividades na chamada noite das bruxas.
Crenças e simpatias à parte, tudo é permitido para contrariar a roda da fortuna e encontrar a felicidade em áreas distintas como amor, trabalho, negócios e saúde.
                                                                                           
Crianças proibidas de brincar ao Halloween
                                                                                   
Com a aproximação do carnaval americano, uma cidade dos Estados Unidos está a proibir crianças com mais de 12 anos de se mascararem. As crianças de Belleville, em St. Louis (no Estado do Missouri), vão passar um Halloween triste este ano: o autarca desta cidade norte-americana baniu esta semana a participação de crianças com mais de 12 anos no Halloween, que se comemora no próximo dia 31 de Outubro em todo o país.
As tradições da festa da folia americana, que corresponde ao Carnaval português, consistem em máscaras e o típico "trick or treat", em que as crianças mascaradas vão de porta em porta pedir doces, castigando com travessuras quem não lhes enche os sacos. A proibição em Belleville surge depois de muitas mães solteiras e idosos terem admitido que têm medo quando adolescentes de 1,80 metros de altura lhes pedem doces à porta. A polícia da cidade já divulgou a proibição e os catigos para quem não a respeitar: multa de até 70 euros ou mesmo prisão. Ainda assim, as autoridades dizem acreditar que não terão de fazer nenhuma detenção no final do mês.
                                                                                              
Obama comemora Halloween com 2 mil crianças
                                                                                            
A Casa Branca recebe esta noite a visita de duas mil crianças que vão celebrar a noite de Halloween com Barack Obama e a sua família. O presidente norte-americano será o anfitrião da noite das abóboras, das bruxas, dos monstros e das aranhas, não fugindo à tradição comemorada pela maioria dos cidadãos do país. Obama, Michelle e as filhas - Malia de 11 anos, e Sasha, de oito - vão abrir as portas da casa presidencial a duas mil crianças, acompanhadas das respectivas famílias, oriundas de várias escolas de Washington e dos estados vizinhos de Maryland e Virginia. A entrada da festa é feita pela porta norte da Casa Branca.
                                                                                   
A não perder, na noite do Halloween: 5 filmes para ver na noite das bruxas
                                                                                                     
Nosferatu, F. W. Murnau
O melhor é começar pelo princípio - o que, em matéria de terror, obviamente é "Nosferatu". Amaldiçoado do tema à distribuição passando pela rodagem, continua a ser, 87 anos depois, uma lição. Mudo, causa mais arrepios que a gritaria histérica do filme de terror teen, hoje tão em voga.
                                                                                                    
Halloween, John Carpenter
No clube de vídeo vai encontrar pelo menos dez. O clássico de 1978 é um dos mais rentáveis e influentes de sempre. O vilão, Michael Myers, começou em criança, matando a irmã na noite de Halloween.
                                                                                                       
A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, Tim Burton
Se Carpenter é o mestre do terror, Burton é o do conto negro. Neste filme perfeito, um elenco notável com Christopher Walk -  Ele ven à cabeça - ou sem cabeça.
                                                                                   
Circo dos Horrores - O Assistente do Vampiro, Paul Weitz
Se preferir assombrações no esplendor do grande ecrã, vale a pena esperar por 12 de Novembro. A luta pela sobrevivência num circo ambulante entre vampiros, mortos-vivos e afins. Mais atractivos? Os fabulosos John C. Reilly e Willem Dafoe. E Salma Hayek (ainda que a fazer de mulher-barbuda).
                                                                                     
Pássaros, Alfred Hitchcock
É impossível fazer uma lista de filmes, seja qual for o assunto, sem Hitchcock. Podia ser "Psycho", mas "Pássaros" é mais que uma mera forma de terror, é o mal puro. Guião do grande Evan Hunter, a maravilhosa Tippi Hedren e pássaros que atacam seres humanos sem qualquer razão.
                                                                                    
As piores sequelas dos melhores filmes
                                                                                                              
É a melhor maneira de estragar um bom filme, e Hollywood não se farta de tentar acertar. As sequelas são, regra geral, piores que a fita que lhe deu origem. A revista "Paste" escolhe as piores das piores.
Já viu "Babe: Pig in The City"? Ainda bem que não. O primeiro filme, "O Porquinho Babe", foi um sucesso de bilheteira, mas as aventuras do suíno bebé podiam ter ficado por aí. O mesmo se passa com "Jurassic Park", épico que dispensava uma segunda e terceira continuação. A revista "Paste" compilou as piores sequelas feitas a partir dos melhores filmes, para que não tenha de sofrer mais em frente à TV.
                                                                                            
Deixamos aqui o top 10.
                                                                                          
1. O Padrinho III
2. Star Wars, Episódios I, II e III (prequelas)
3. Blues Brothers 2000
4. Matrix Reloaded e Matrix Revolutions
5. S. Darko (sequela a "Donnie Darko")
6. Batman Forever
7. Jurassic Park III
8. Caddyshack 2
9. Blair Witch Project 2
10. Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal
                                                                                                                                                             
Ler mais em: http://www.ionline.pt/conteudo/29936-as-piores-sequelas-dos-melhores-filmes

sábado, 30 de outubro de 2010

A extinção do Lince Ibérico


Algarve

A saga do lince ibérico
                                                                                                                                 
Monchique sem condições para o lince ibérico... Para sobreviver em liberdade, o carnívoro mais ameaçado da Europa deve estar longe de estradas e pessoas. E da barragem de Odelouca, em construção.
                                       
A vista oferece quilómetros de montes pelados e cinzentos, preenchidos com estevas e arbustos pouco desenvolvidos. Ao fundo, a barragem em construção da ribeira do Odelouca, uma cavidade que está a ser preenchida com milhares de toneladas de betão e que vai abastecer municípios do Barlavento Algarvio (o investimento ronda os 76 milhões de euros). Estamos em plena Serra de Monchique, não muito longe do local escolhido para instalar o primeiro Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico (CRNRLI), inaugurado à pressa na semana passada pelo ministro do Ambiente, Nunes Correia. O complexo custou cerca de seis milhões de euros - a União Europeia pagou 75%, a Águas do Algarve os restantes 25% - e nesta fase ainda está vazio, desprovido de zonas verdes e rodeado de casas, estradas de terra e uma manta de retalhos feita de eucaliptos, e azinheiras e sobreiros. "Aqui o lince nunca poderia viver. Não tem nada para comer e esta zona está hiperdegradada, não resta nada do ecossistema original", explica a espanhola Astrid Vargas, directora do programa ex-situ (em cativeiro) do felino mais ameaçado do planeta. Astrid é a pessoa que melhor conhece os esforços realizados pelo país vizinho para recuperar este felino (Lynx pardinus) e supervisionou a construção do centro recém-inaugurado em Silves, "muito bem construído, mas sobretudo gerido por uma equipa excelente".
Com as instalações operacionais, albergaram dois veterinários, uma bióloga, quatro tratadores e um administrativo. Muitos deles, incluindo o director, Rodrigo Serra, trabalharam antes nos dois centros de cria que existem em Espanha: La Olivilla e El Acebuche, ambos na Andaluzia (há outro, em Jerez, mas não exclusivo para linces-ibéricos, e está a ser construído mais um, na Extremadura). Em Silves, "faltam pequenos detalhes, como o enriquecimento natural dos cercados, para os animais se sentirem em casa", reconhece Rodrigo Serra. A obra portuguesa é uma evolução das espanholas, e beneficiou dos ensinamentos acumulados desde 2004. É a maior e a mais moderna da Península Ibérica e dispõe de áreas diferenciadas para campeio, cria e quarentena, além de um circuito de video-vigilância com 73 câmaras móveis e fixas.
Actualmente vivem em liberdade cerca de 200 linces ibéricos em três zonas da Andaluzia e Castela. O objectivo final deste esforço conjunto hispano-luso é a reintrodução do animal nas zonas que outrora dominou, em vez de "termos um morto-vivo atrás das grades" - nas palavras de Astrid Vargas. O centro de cria foi uma das mais de 70 medidas de compensação e minimização pelo impacte ambiental da barragem de Odelouca, que contempla também a construção de uma estação ecológica e a implementação de um projecto de gestão florestal. O Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICBN), responsável pela gestão do centro de cria, garante que haverá linces em Monchique: "Vai haver condições aqui como noutros sítios. Não posso é dizer quais porque depende da população de coelhos", admite o director do ICBN, Tito Rosa.
O coelho bravo constitui 80% da alimentação do lince, que sem esta presa não pode sobreviver. "Primeiro há que fazer um estudo de adequabilidade dos habitats, mas estamos a trabalhar já em duas herdades do Sítio Monchique", avança Lurdes Carvalho, do ICBN. "Portugal tem de escolher uma área já", salienta Vargas. Para que o lince sobreviva é preciso um trabalho prévio de pelo menos três anos e 10 mil hectares sem estradas e sem habitantes. "Há poucos assim na Península", diz Vargas. Monchique, para já, não é um deles.
                                                                                                                                                     
Desempregados em agosto coloca Algarve na pior situação de desemprego no verão
                                                                                                                                      
O Algarve registou em agosto deste ano 21.370 desempregados, uma situação que coloca a região no pior registo oficial de sempre de desempregados no mês de agosto, indicou a Comissão Executiva da União dos Sindicatos do Algarve. "São preocupantes os dados disponibilizados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (...) e que indicam que existiam 21.370 desempregados em agosto, o que corresponde ao pior registo oficial de sempre de desempregados no mês de agosto no Algarve", lê-se num comunicado da União de Sindicatos do Algarve.
A União dos Sindicatos do Algarve classifica a situação económica e social algarvia como estando em "degradação acelerada" e avisa que vai pedir reuniões com várias entidades regionais, partidos políticos e com o bispo do Algarve, com o objetivo de procurar "caminhos que permitam obrigar o Governo a uma intervenção urgente".
Em agosto de 2009 existiam 18 199 desempregados registados, mas chegou aos 30 mil no primeiro trimestre de 2010. "É absolutamente plausível a previsão de que no próximo inverno se assista a um agravamento da crise e que o número de desempregados venha a ser ainda superior ao verificado no último inverno. O que poderá significar uma taxa de desemprego bem superior à então registada - a mais elevada do país nesse trimestre - e que foi de 13,6 por cento", referem os sindicalistas.
                                                                                                                                    
Algarve é a região mais penalizada no setor da construção
                                                                                                                           
A construção continua a ser afetada pela crise, registando quebras no número de fogos licenciados e no valor das adjudicações dos concursos, sendo a região do Algarve a mais penalizada, segundo dados divulgados hoje por uma associação do setor. "A evolução do setor [da construção] continua a não apresentar sinais animadores" e a "forte e prolongada crise que o setor da construção atravessa tem vindo a afetar todo o país", lê-se na Análise de Conjuntura de agosto da Associação de Empresas de Construção, Obras Públicas e Serviços (AECOPS). De acordo com o documento, "os dados disponíveis continuam a demonstrar que as regiões mais a sul são aquelas onde as consequências dessa crise se têm feito sentir com mais acuidade", sendo o Algarve a região "mais penalizada".
"De entre as regiões de influência da AECOPS [Algarve, Alentejo, Lisboa e Centro], o Algarve é a que apresenta a estrutura empresarial mais débil, isto é, do total de entidades autorizadas a exercer actividade de construção, apenas 33 por cento é detentora de alvará", refere a AECOPS. O aumento do número de desempregados do setor da construção "continua a assumir maior expressão na zona do Algarve, apresentando um crescimento de 48 por cento em finais de junho", face a uma subida de 22 por cento em termos nacionais. O número de desempregados da construção aumentou 15,2 por cento no Alentejo, 15,4 por cento em Lisboa e 12,9 por cento no Centro, em termos homólogos, segundo os dados da AECOPS. Em termos nacionais, refere a associação, "a evolução do setor continua a não apresentar sinais animadores, com quebras acentuadas nos indicadores geralmente utilizados para aferir do desempenho dos diversos segmentos de actividade", como o número de fogos licenciados ou o valor das adjudicações de concursos públicos.
De acordo com a AECOPS, o número de fogos licenciados caiu 13 por cento até maio e o valor das adjudicações de concursos públicos recuou 67 por cento até ao final de junho. No Algarve, a quebra do número de fogos licenciados ascendeu a 40,5 por cento, em termos homólogos, no Alentejo a 27,7 por cento e em Lisboa a 1,9 por cento. Na região Centro, o número de novos fogos licenciados aumentou 11,5 por cento em termos homólogos.
No que respeita ao valor das adjudicações de concursos públicos, o Algarve registou uma quebra homóloga de 71,7 por cento, o Alentejo de 67 por cento, Lisboa de 67,6 por cento e o Centro de 38,5 por cento. A associação aponta como "gerador de expetativas mais favoráveis" para a evolução do setor a médio prazo "o crescimento acentuado do valor das obras públicas lançadas a concurso (mais 128 por cento, em termos homólogos, até junho), com especial relevância para o Alentejo". Nesta região a AECOPS destaca as obras a desenvolver "quer no âmbito do projeto do Alqueva, quer ligadas ao Porto de Sines".
                                                                                                                                     
Procura de comida mais barata aumenta no Norte e no Algarve
                                                                                                                                     
Os consumidores portugueses estão a comprar produtos de alimentação mais baratos. É um efeito já conhecido da crise, mas que não se distribui igualmente em todo o país. O Norte e o Algarve são as regiões onde se está a sentir mais esta mudança no padrão de consumo. Quem o diz é o presidente da Jerónimo Martins. Alexandre Soares dos Santos tira a conclusão a partir dos dados de venda das cadeias Pingo Doce, Feira Nova e Recheio.
"Não sei se os portugueses estão a comer pior. Mas estão a comer diferente, com certeza. E a prova disso é o aumento de vendas de frango, salsichas, ovos e produtos deste género mais baratos." O presidente do Grupo Jerónimo Martins realça que este fenómeno "se está a notar mais no Norte, em particular no Minho, e a começar no Algarve". A mudança de hábitos de consumo é atribuída por Soares dos Santos "As dificuldades económicas e ao desemprego, que é mais alto, nessas áreas". Nas cidades e no centro, a procura por produtos mais baratos não se nota tanto.
A Jerónimo Martins apresentou ontem os resultados do primeiro trimestre de 2009, que revelam um crescimento, ainda que moderado, das vendas no mercado nacional. Apesar deste comportamento positivo, que ainda não reflecte a procura da Páscoa, Soares dos Santos recusa a ideia de que a crise é boa para o sector da distribuição e refuta a tese de que as pessoas estarão a comprar mais alimentos nos supermercados em vez de comerem refeições fora de casa. "Isso é mentira", diz. "Os consumidores estão a substituir artigos de maior valor acrescentado por produtos mais baratos e as lojas chegam ao fim do dia com menos dinheiro."
O presidente não executivo do grupo explica o aumento das vendas em Portugal com o crescimento do número de clientes. E realça: "A crise veio infelizmente reduzir o aumento das vendas que se vinha a registar de ano para ano na nossa cadeia. Não conheço nenhuma crise que seja boa." Outra tendência do mercado nacional é a maior procura das chamadas marcas brancas, designação que Soares dos Santos corrige por "marcas próprias" das empresas de distribuição. A marca própria Pingo Doce, também vendida no Feira Nova, já representa cerca de 40% a 42% das vendas do grupo. A percentagem sobe de forma expressiva se se incluírem os produtos frescos (carne, peixe e vegetais).
                                                                                                                                           
GNR reforça patrulhamento nas estradas
                                                                                                                                              
As ordens são claras e responsabilizam as estruturas de comando: a partir de 1 de Novembro a GNR tem de reforçar o patrulhamento rodoviário, estar mais visível na estrada e reforçar a fiscalização das infracções que mais causam acidentes. As instruções são dadas numa norma interna que constitui um misto de mea culpa e de puxão de orelhas aos militares que estão no terreno. Admitindo que o balanço de vítimas de acidentes está "aquém dos objectivos quantitativos definidos pela Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária (ENSR)", o documento lembra que a guarda tem a seu cargo 90% da rede viária fundamental. Logo, cabe-lhe "um papel fulcral na redução" da sinistralidade. Assinada pelo comandante operacional, tenente-general Meireles Carvalho, a norma a que o i teve acesso aponta objectivos de intensificação da fiscalização, particularmente da condução sob efeito de álcool e do excesso de velocidade. Mas não se fica pela vigilância, lembrando ser essencial um papel "dinâmico e proactivo", com patrulhas caracterizadas e visíveis. Quando estiverem parados, os elementos das patrulhas devem permanecer "obrigatoriamente" no exterior da viatura e "é expressamente proibido" ausentarem-se dos giros previamente definidos.
Além de acentuar a necessidade de libertar pessoal de tarefas administrativas, a norma lembra que as operações stop devem ser acompanhadas pelos comandantes das unidades. Em caso de infracção, os condutores devem ser parados no local, evitando-se o envio de multas pelo correio, "combatendo desta forma o sentimento de impunidade". Há dois anos a lutar contra a desmotivação e a guerra surda causada pela extinção da Brigada de Trânsito, o comando da GNR lança também ordens para reforçar o controlo dos militares do terreno. Para isso deverá ser nomeada "uma ronda por turno de serviço". O papel da ronda tem uma dupla vertente: "O apoio permanente aos militares que constituem as patrulhas, esclarecendo-os e exortando-os ao cumprimento da missão, bem como o controlo operacional das tarefas que superiormente lhes foram determinadas."
Mais uma vez os comandantes são chamados a ter um papel próximo dos meios que dirigem, fazendo directamente esse controlo. Para os comandantes de postos, subdestacamentos e destacamentos define-se que "deverão rondar as patrulhas com uma periodicidade diária", enquanto nos comandos das unidades se prevê uma ronda por semana. Até 21 de Outubro, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária contabiliza 586 mortos, um número que depois será actualizado com as estatísticas a 30 dias. Este valor, que inclui as vítimas que acabam por morrer no hospital, implicou nos primeiros três meses um acréscimo na ordem dos 30%. Para 2011, a meta da ENSR é de 780 vítimas (78 por milhão de habitantes), o que apenas será conseguido com uma melhoria dos resultados.
                                                                                                                                             
Sanções mais pesadas para condutores alcoolizados
                                                                                                                                             
O presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP), Carlos Barbosa, considerou ontem que o ensino da condução em Portugal é desastroso, defendendo exames mais rigorosos e sanções mais gravosas para quem conduzir alcoolizado. "Hoje em dia os exames de condução são muito permissivos e os conteúdos estão desadequados do mundo real. As pessoas vão para a escola de condução não para aprender a conduzir, mas para tirar a carta, fazendo depois a sua aprendizagem nas estradas", criticou Carlos Barbosa, defendendo exames mais rigorosos e maior fiscalização às escolas de condução. Carlos Barbosa falava à agência Lusa à margem da conferência "Jovens 18-24 anos e sinistralidade rodoviária", que decorreu durante dois dias, em Lisboa.
                                                                                                                                                        
Portimão pode vir a ser a Hollywood portuguesa
                                                                                                                                           
A Câmara de Portimão e a Algarve Film Commission estão a negociar a construção de um parque de diversões e de um complexo cinematográfico com a Universal Studios e CBS Paramount, cujo investimento ultrapassa o do Autódromo Internacional do Algarve. Os projectos estão a ser dinamizados pela empresa municipal Portimão Turis e pelo actor Joaquim de Almeida, que esteve em Cannes (França) para apresentar aquelas entidades a produtores, realizadores e administradores de companhias norte-americanas e europeias de cinema. Segundo o presidente da Portimão Turis, Luís Carito, os dois equipamentos representam no total um investimento de 750 milhões de euros, 550 milhões para erguer o parque de diversões e 200 milhões para o complexo de produção cinematográfica.
O parque de diversões é assim uma das maiores componentes do projecto, tendo como temática "a história do cinema e o mundo automóvel", acrescentou ainda o vice-presidente da autarquia. Um terreno com cerca de 150 hectares, junto ao Autódromo do Algarve, localizado no Sítio do Escampadinho, vai receber o denominado "Media Park", que, revelou, "está a ser negociado com a companhia norte-americana Universal Studios", que já dispõe de parques temáticos em Hollywood, Orlando e Japão. A CBS Paramount está, por seu lado, interessado nos estúdios de cinema, a tal ponto que a vice-presidente da companhia vai acompanhar a apresentação do projecto, hoje, em Portimão.
Para Luís Carito, o projecto, denominado "Picture Portugal", "pretende criar uma nova visão na produção de cinema em Portugal", não só por criar equipamentos que não existem actualmente no país, como por disponibilizar ferramentas para dinamizar a indústria. Embora o projecto contemple 11 estúdios vão ser construídos apenas dois até 2010. "Estamos a estudar a melhor localização para os estúdios, sabendo que temos duas possibilidades plausíveis em terrenos da autarquia e que ambas permitem o desenvolvimento de novos equipamentos", explicou. A primeira fase de desenvolvimento contempla também a criação de zonas de pós-produção áudio e vídeo, uma área de cenários exteriores e um "watertank", uma piscina do tamanho de um campo de futebol equipada com um ecrã de grandes dimensões para a realização de filmagens aquáticas e subaquáticas.
A ideia da autarquia é fazer com que cada equipamento do complexo de cinema tenha a sua própria sociedade gestora especializada, estando inclusivamente a ser criado um fundo de financiamento de produções cinematográficas rodadas em Portugal. No topo da hierarquia ficará uma «holding» que, segundo o autarca, já está a ser preparada. "Será uma holding internacional, com parceiros portugueses e estrangeiros que já manifestaram interesse, onde o município irá surgir como sócio minoritário", disse. O projecto já foi candidatado aos apoios da segunda fase do PROVERE (Programa de Valorização Económica dos Recursos Endógenos), mas, segundo Luís Carito, "depende essencialmente da iniciativa privada". As intenções, referiu o autarca, existem mas ainda assim "estão a ser negociadas linhas de financiamento e de incentivo fiscal". O objectivo para já, disse ainda Luís Carito, "é captar produtores e realizadores para o Algarve".
                                                                                                                                                                 
Crise não afecta indústria cinematográfica
                                                                                                                                            
Um dos principais rostos do complexo de produção cinematográfica "Picture Portugal" sediado no Algarve, o actor Joaquim de Almeida, reconhece que o projecto "é ambicioso", mas fez notar que "a crise não está a afectar os grandes estúdios". Em declarações à Agência Lusa, o mais internacional dos actores portugueses referiu que "o cinema está a fazer mais dinheiro do que em anos anteriores" e que "tem capacidade de investimento". Procura, ainda assim, "produções com menos custos", o que, para Joaquim de Almeida, é um trunfo para Portugal. "Temos uma Lei do Cinema favorável, temos salários competitivos, temos uma variedade de paisagens enorme num país pequeno e um clima excelente, só precisamos de criar as condições", disse.
Pelos contactos que tem feito nos Estados Unidos, o actor disse acreditar que o projecto está em condições de seguir em frente, até porque - defendeu - está provada a apetência dos estúdios pela mudança. "Nos Estados Unidos, as grandes produções têm vindo a sair de Hollywood para os Estados de Louisiana e Oregon, porque encontram aí facilidades. Têm ido também para Espanha, Marrocos e países do Leste Europeu, porque encontram aí condições fiscais atractivas", descreveu, sublinhando que também já há contactos com o governo português para criar esse tipo de incentivo.
Paralelamente, está a ser criado um Fundo de Investimento em Produções Cinematográficas, que, até 2011, vai disponibilizar 250 milhões de dólares (180 milhões de euros) para produções próprias e co-produções cinematográficas rodadas em Portugal. O actor Joaquim de Almeida referiu que se está perante um projecto que "promete revolucionar a indústria do cinema em Portugal". "Temos tudo, falta apenas um estúdio grande e de qualidade, para que o Algarve consiga atrair grandes produções", rematou.
Conselho de Estado - A declaração do Presidente da República

Conselho de Estado

Reunião teve "orçamento" como agenda principal
                                                                                                                              
Conselho de Estado: Reunião terminou pouco depois das 21:00, quase quatro horas depois do seu início. Começou cerca da 17:20 com 18 dos 19 conselheiros presentes. No final, Cavaco diz que situação financeira é "muito grave" e não se compadece com atitudes que levem a crise política.
                                                
O Presidente da República classificou ontem como "muito grave" a atual situação financeira do país, que não se "compadece com atitudes que levem a uma crise política" e requer um "esforço adicional" para um entendimento sobre o Orçamento. "Enquanto Presidente da República tenho obrigação de dizer que a atual situação financeira do país é muito grave e não se compadece com atitudes que levem a uma crise política", afirmou Cavaco Silva, numa declaração no final do Conselho de Estado, que esteve esta tarde reunido.
A reunião do Conselho de Estado terminou hoje poucos minutos depois das 21:00, quase quatro horas depois do seu início. Nenhum dos conselheiros de Estado prestou qualquer declaração aos jornalistas. A reunião do Conselho de Estado, que começou cerca das 17:20 e foi presidida pelo Presidente da República, teve dois únicos pontos na ordem de trabalhos: Orçamento do Estado para 2011 e situação política. O Presidente da República fará ainda hoje uma declaração sobre "a questão orçamental".
A reunião do Conselho de Estado começou no Palácio de Belém, com 18 dos 19 conselheiros de Estado presentes para debater o Orçamento do Estado para 2011 e a situação política. O único ausente é o presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, que ficou retido em Estrasburgo, onde participou em reuniões da União Europeia, devido às greves em França. O último conselheiro de Estado a entrar no Palácio de Belém, já com cerca de 10 minutos de atraso em relação à hora marcada, foi o primeiro-ministro, José Sócrates.
O primeiro a chegar foi o antigo Presidente da República Jorge Sampaio, com quase meia hora de antecedência. Depois, um a um, os restantes conselheiros de Estado foram chegando ao Pátio dos Bichos, entrando depois no Palácio de Belém acompanhados por elementos da Casa Civil do Presidente da República. À entrada do Palácio de Belém, junto aos portões, estavam os humoristas "Os Homens da Luta", que gritam "viva o Presidente da crise, viva o primeiro-ministro da crise, viva crise". A ordem de trabalho da reunião do órgão político de consulta do Presidente da República tem dois únicos pontos: Orçamento do Estado para 2011 e situação política.
O Conselho de Estado foi convocado quarta-feira por Cavaco Silva para debater a situação política e o Orçamento do Estado (OE) para 2011, menos de uma hora depois do Governo e do PSD terem rompido as negociações sobre o OE. Entretanto, já esta tarde, cerca das 16:00, o secretário-geral do PSD, Miguel Relvas, disse à Lusa que o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, e Eduardo Catroga vão retomar ainda hoje os contactos bilaterais para analisar uma proposta do Governo com vista à viabilização do Orçamento. Integram o Conselho de Estado o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, o primeiro-ministro, José Sócrates, o presidente do Tribunal Constitucional, juiz Conselheiro Rui Moura Ramos, o Provedor de Justiça, juiz Conselheiro Alfredo José de Sousa, os presidentes dos Governos Regionais dos Açores e da Madeira, Carlos César e Alberto João Jardim, e os ex-Presidentes da República, Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio.
Fazem ainda parte do Conselho de Estado, João Lobo Antunes, Marcelo Rebelo de Sousa, Anacoreta Correia, Leonor Beleza, Vítor Bento, Almeida Santos, Pinto Balsemão, Manuel Alegre, António Capucho e Gomes Canotilho. A maioria dos conselheiros de Estado já se pronunciou a favor da viabilização do Orçamento do Estado para 2011, dada a situação do país económica e financeira do país. A reunião de hoje do Conselho de Estado será a sexta do mandato do chefe de Estado e irá realizar-se quase nove meses desde a última reunião do seu órgão político de consulta, que se prolongou por quase cinco horas.
                                                                                                                                      
Conselheiros de Estado entre o silêncio e defesa da viabilização do Orçamento face a situação do país
                                                                                                                                        
Os membros do Conselho de Estado, que o Presidente da República ouviu ontem em Belém, oscilam entre o silêncio e a opinião de que o Orçamento deve ser viabilizado face à situação do país. O Conselho de Estado foi convocado quarta-feira por Cavaco Silva para debater a situação política e o Orçamento do Estado (OE) para 2011, menos de uma hora depois do Governo e do PSD terem rompido as negociações sobre o OE. Entre os conselheiros de Estado, contenção é a palavra de ordem, tendo os membros do órgão político de consulta do Presidente da República contactados pela Agência Lusa declinado elaborar sobre o impasse orçamental ou a situação política.
À mesa do Conselho de Estado vão estar cinco personalidades sociais-democratas - nenhuma das quais membro da atual direção do partido -, a maioria favoráveis à viabilização pelo PSD das contas do Estado, apesar de criticarem o Orçamento e o que consideram ser a inflexibilidade do executivo liderado por José Sócrates. Em nome do "interesse nacional", António Capucho defendeu já a viabilização do Orçamento do Estado, criticando o Governo por não ter evidenciado "o mínimo de flexibilidade exigível para que as partes pudessem chegar a acordo".
Opinião análoga foi expressa pelo antigo líder social-democrata Marcelo Rebelo de Sousa, para quem seria desejável um acordo "rápido" sobre a viabilização do OE, que pressupõe "cedências recíprocas" por parte do Governo e do PSD. O antigo primeiro-ministro social-democrata Francisco Pinto Balsemão defendeu, por seu turno, que o país precisa de "um orçamento que seja aprovado rapidamente", mas que não o seja "por imposição ou teimosia" do Governo. A única voz dissonante é a do presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, que se manifestou contra a viabilização do OE e desafiou o PSD definir se é "partido situacionista" ou de liderança do "ressurgimento nacional".
Entre os antecessores de Cavaco Silva, o antigo Presidente da República Mário Soares foi o que de forma mais explícita defendeu a necessidade de o Orçamento - que qualificou como "muito mau" - ser aprovado para que o acesso do país ao crédito não seja cortado. Jorge Sampaio sublinhou, por seu turno, a necessidade de serem estabelecidos "os compromissos políticos que a situação exige", enquanto Ramalho Eanes considerou existir "ruído desnecessário" e "desadequado" em torno das principais questões que preocupam o país. O presidente do PS e antigo presidente da Assembleia da República Almeida Santos defendeu também a aprovação do Orçamento e considerou que o Governo deve demitir-se, "mas não imediatamente", caso a proposta seja chumbada no Parlamento.
Na corrida para suceder a Cavaco Silva em Belém, o também conselheiro do Estado Manuel Alegre afirmou que a aprovação do Orçamento "é da competência exclusiva da AR" e criticou o atual Chefe de Estado por não ter exercido mais a sua magistratura "no centro da crise". O presidente socialista do Governo Regional dos Açores, Carlos César, desafiou o PSD a votar contra a proposta de Orçamento do Estado para 2011 e a acabar com a "hipocrisia" de criticar o documento apesar de admitir viabilizá-lo. Em defesa do Orçamento, o primeiro-ministro, José Sócrates, defendeu já que a proposta do executivo "defende" e "abriga" o país da "turbulência" e das "tempestades financeiras".
Cavaco Silva mostrou-se já convencido de que será possível alcançar na Assembleia da República um compromisso entre o Governo e os partidos que leve à aprovação do OE "no devido tempo", comentando que a não aprovação do OE não lhe "passa pela cabeça". Integram ainda o Conselho de Estado o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, o presidente do Tribunal Constitucional, juiz Conselheiro Rui Moura Ramos, o Provedor de Justiça, juiz Conselheiro Alfredo José de Sousa, o neurocirugião João Lobo Antunes, o ex-dirigente do CDS Anacoreta Correia, a presidente da Fundação Champalimaud Leonor Beleza, o economista Vítor Bento e o constitucionalista Gomes Canotilho.
                                                                                                                                               
Teixeira dos Santos e Eduardo Catroga assinam entendimento no sábado
                                                                                                                                   
O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, e Eduardo Catroga, vão assinar um documento de entendimento sobre o Orçamento do Estado no sábado às 11:00 horas, no Parlamento, disseram à Lusa fontes oficiais do PSD e do Governo. As mesmas fontes oficiais adiantaram que, a seguir à assinatura do documento, Teixeira dos Santos e Eduardo Catroga farão declarações separadas à comunicação social. O Governo, representado por Teixeira dos Santos, e o PSD, representado pelo antigo ministro das Finanças Eduardo Catroga, estiveram hoje em conversações na procura de um acordo para a viabilização do Orçamento com a abstenção dos sociais democratas.
As negociações entre Governo e PSD, com equipas de ambas as partes reunidas no Parlamento, começaram no sábado e terminaram na quarta feira, sem sucesso. Entretanto, foram reatadas, tendo decorrido ao longo do dia de hoje num formato bilateral e longe da comunicação social. A votação do Orçamento do Estado para 2011 na generalidade está marcada para a próxima quarta feira, dia 3 de novembro.
                                                                                                                                        
José Sócrates nega que tenha sido pressionado ou que tenha pressionado parceiros europeus por causa do défice
                                                                                                                             
José Sócrates negou hoje em Bruxelas que Portugal tenha sido pressionado pelos parceiros europeus para corrigir rapidamente a sua situação orçamental ou que tenha exercido pressão sobre outros países com défice excessivo, como a Alemanha ou a França. "Não. Não só não senti como isso não foi sequer discutido", disse o primeiro-ministro no final de uma reunião dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia. José Sócrates recordou que "mais de metade dos países que estão à volta daquela mesa e que são da Zona Euro estão, [assim como Portugal], em défice excessivo".
"Se se refere ao facto de eu ter feito um reparo por a Alemanha estar em défice excessivo não, não fiz. Nem relativamente à França", afirmou. Para o primeiro-ministro "há muitos portugueses que têm complexos de culpa. Encaram tudo o que se passa em Bruxelas e na Europa como algo superior" a Portugal. "Não, isso não é a nossa Europa e as nossas posições não estão enfraquecidas", insistiu. Por outro lado, José Sócrates explicou que os 27 tinham decidido reforçar as sanções previstas no Pacto de Estabilidade e Crescimento porque a decisão é importante para a estabilidade da Zona Euro. "Essas sanções são agora mais exigentes, mas suficientes", afirmou.
O primeiro-ministro José Sócrates afirmou na altura, em Bruxelas que "persistem tentativas negociais" com o PSD com vista a um acordo que permita a viabilização do Orçamento do Estado para 2011, no qual acredita que "houve boa vontade". Falando no final de uma cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, Sócrates escusou-se a pronunciar-se sobre as negociações, para não as "prejudicar", mas reafirmou que "o Governo fez um último esforço" que permita um acordo considerado vital para o país, sem precisar de que esforço se trata. Confrontado com as declarações de hoje do líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que indicou não ter sido ainda contactado pelo governo desde a rutura das negociações na quarta feira, Sócrates disse não comentar "matérias de método, que não têm interesse nem relevância", mas indicou que o passo para a reaproximação já foi dado.
"Eu disse que o Governo ia fazer um último esforço para chegar a um entendimento, e o governo fê-lo", disse. O primeiro-ministro sublinhou repetidamente a importância de um acordo e de um orçamento, "num momento em que Portugal não pode falhar". "O Governo não deixará de fazer tudo o que estiver ao seu alcance. A única limitação que tem (nas negociações) é não comprometer a credibilidade do orçamento, um orçamento que mostre que Portugal é capaz de resolver os seus problemas, porque eu não aceito que ninguém os venha resolver por nós", declarou.
                                                                                                                                             
Passos Coelho diz ter "plano B" em caso de chumbo do Orçamento e demissão do Governo
                                                                                                                                          
O presidente do PSD disse ontem ter "um plano B" para o caso de o Orçamento do Estado para 2011 chumbar e o Governo se demitir, mas escusou-se a revelar qual é essa solução. Durante uma conferência promovida pelo Diário Económico, num hotel de Lisboa, Pedro Passos Coelho considerou que a viabilização do Orçamento "impedirá um colapso do nosso financiamento externo" e será "um pequeníssimo primeiro degrau de toda a escalada que vamos ter de fazer para evitar problemas maiores".
No seu entender, "a não aprovação deste Orçamento exigiria muito rapidamente um exercício que conduzisse à apresentação de um novo Orçamento". No entanto, questionado sobre um cenário de chumbo do Orçamento e tendo em conta a promessa do Governo de que se demitiria nessas circunstâncias, o presidente do PSD respondeu ao diretor do Diário Económico, António Costa: "Eu tenho um plano B, com certeza. Imaginou que eu não tivesse um plano B? Acha que o país acabava? Acha que os portugueses iam ficar sem soluções?".
"Com certeza que tem de haver um plano B. Agora, antes de ser claro se o Orçamento passa ou não passa, há um caminho que tem de ser percorrido, o Governo tem de dizer o que é quer fazer. Isso é indispensável para a nossa tomada de decisão também", completou. Mais tarde, Pedro Passos Coelho voltou a falar deste cenário, e defendeu que, em caso de chumbo do Orçamento e de demissão do Governo, a melhor solução seria que a Constituição não impedisse o Presidente da República de convocar eleições antecipadas, mesmo estando nos últimos seis meses do seu mandato.
"Mas há outras saídas. Essa não há, mas há outras", observou, depois. "Claro que a ideal seria sempre a das eleições. Essa é a ideal, porque é a que dá mais verdade e mais força política às soluções, mais durabilidade políticas às soluções", argumentou. Passos Coelho reforçou a ideia de que "os países têm sempre soluções, não tenham dúvidas sobre isso", sustentando que "não é preciso uma criatividade excessiva para perceber que pode e deve haver outras soluções". Instado a revelar qual é a sua solução, o presidente do PSD respondeu: "Terá de esperar o seu tempo. As coisas têm o seu tempo".