Liberdade e o Direito de Expressão

Neste blog praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão, próprios de Sociedades Avançadas !

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Crónica de Domingo

Educação ao nível do terceiro mundo

Por que nos contentarmos com o pior, o medíocre, se podemos ter o melhor porque não nos faltam recursos humanos para isso?

No meio das tragédias que assolam o mundo, que comovem até mesmo os mais calejados repórteres de guerra, levámos um choque nacional: a tragédia da Madeira. Mas em Portugal, temos outros dramas. Não são horrores como os de lá, mas não deixa de ser um drama moral. As tomadas de posição pela Fenprof e os relatórios sobre Educação, que nos colocam num ranking de desenvolvimento educacional paupérrimo. Estamos atrás dos países mais pobres da Europa. Parece que em alfabetizar somos até bons, mas depois a coisa enrola-se e fica por um patamar cada vez mais perigoso para o futuro do País.
No clima de ufanismo que anda a reinar por aí, talvez seja bom acalmarem-se e parar para reflectir. Pois, se a nossa economia já ficou completamente arruinada, a verdade é que muitas das nossas crianças continuam a brincar na lama dos bairros periféricos, as nossas famílias são soterradas em casas cuja segurança ninguém controla, os nossos jovens são assaltados e violentados nas esquinas de ruas mal iluminadas, e em condomínios de luxo somos reféns da bandidagem geral. Os velhos morrem nos corredores dos hospitais públicos, enquanto os nossos políticos continuam de braço caído de caneta ao canto da boca no remanso de relatórios, audições parlamentares e perícias para ver quem é o mais impune dos corruptos. Depois, vem a linguagem e a postura de candidatos para as campanhas eleitorais que se prevêem pouco ou nada esclarecedoras e dialogantes, e agora até está provado o que a gente já imaginava: somos péssimos em Educação.
Pergunta básica: quanto do nosso orçamento nacional (OGE) vai para educação e cultura? Quanto interesse temos num povo educado, isto é, consciente e bem informado - não só dos seus deveres e direitos cívicos, mas dos deveres dos homens públicos e do que poderia facilmente ser muito melhor neste país, que não é só dos três F's (Fátima, Fado e Futebol), mas de esforço, luta, amargura, sofrimento e desilusão?
Precisamos muito de crianças que saibam ler e escrever no fim do 1º. ciclo elementar; jovens que consigam raciocinar e tenham o hábito de ler pelo menos um jornal no 2º grau; universitários que possam expressar-se falando e escrevendo correcto, em lugar de, às vezes com o beneplácito dos professores, copiarem os trabalhos da internet.
Qualidade e liberdade de expressão também são pilares da democracia. Só com empenho dos governos, com exigência e o rigor razoáveis dos pais e das escolas - o que significa respeito ao estudante, à família e ao professor - teremos profissionais de primeira linha em todas as áreas, de técnicos, pesquisadores, jornalistas e médicos a operários. Por que nos contentarmos com o pior, o medíocre, se podemos ter o melhor porque não nos faltam recursos humanos para isso? Quando empregarmos na Educação uma boa parte dos nossos recursos, com professores valorizados, os alunos vendo que as suas acções têm consequências, como a reprovação - palavra que assusta alguns moderníssimos pedagogos, palavra que em algumas escolas nem deve ser usada, quando o que prejudica não é o termo, mas a negligência. Tantos são os jeitos e os recursos favorecendo o aluno preguiçoso que nalguns casos chegam a ser bizarros: reprovação, só com muito esforço. Trabalho ou relaxamento têm o mesmo valor e recompensa.
Sou de uma família de modestos recursos. Para completar a minha preparação académica trabalhei e dei explicações a jovens estudantes em areas tão distintas como o Portugês, História ou Matemática. Exerci o duro ofício durante dez anos, nos quais me apaixonei por lidar com alunos, mas já questionava o nível de exigência que lhes podia fazer. Isso já faz algumas décadas passadas: quando éramos ingénuos, vivendo em ditadura e não antecipávamos ter em democracia o nosso país entre os piores na Educação. Quando os alunos ainda não usavam telemóvel nem iPhone nas salas de aula, quando não conversavam e gargalhavam como se estivessem no bar, nem copiavam os seus trabalhos da internet - o que hoje começa a ser considerado normal. Em suma, quando a escola e a universidade eram lugares de compostura, trabalho e aprendizagem. O relaxamento actual não é geral, mas preocupa quem deseja o melhor para esta terra.
Há gente por aí que acha que está tudo óptimo, como está: todos os que reclamam é que estão fora de moda ou da realidade moderna. Preparar com realismo e exigência para as lides da vida real seria incutir nos jovens uma resignação de negativismo para o futuro. Ou melhor, devemos deixar a juventude "aproveitar a vida": alguém me pode explicar para que serviria isso?

Carlos Ferreira


FMI quer reforçar poder

Supervisão e intervenção na economia mundial

FMI necessita de um mandato bastante claro para detetar os riscos que pesam sobre a estabilidade económica e sobre o sistema financeiro mundial.

O diretor geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Srauss-Kahn, anunciou hoje que a instituição pediu aos estados membros para que estes lhe concedam um papel de supervisão e intervenção mundial alargada, de modo a detetar riscos potenciais.
O FMI "necessita de um mandato bastante claro para detetar os riscos que pesam sobre a estabilidade económica e, sublinho, sobre o sistema financeiro mundial", afirmou Strauss-Kahn, no discurso que fez perante o comité de Bretton Woods, em Washington.
"Em particular, lançamos a ideia de um novo procedimento de supervisão multilateral. Este irá permitir que o fundo avalie os efeitos alargados e sistémicos das políticas nacionais e os riscos associados de uma forma diferente", acrescentou o diretor geral do FMI.
Atualmente, o FMI é responsável pela supervisão do risco-país dos países e dos desenvolvimentos relativos à economia mundial, mas na "prática, o essencial do nosso papel é aplicado a um nível nacional", salientou Strauss-Kahn.

Droga em praia de Portimão

32 Kg de haxixe no areal da praia

Uma pessoa que passava no local achou estranho ver quatro homens a empurrarem um fardo na praia.

A Polícia Marítima apreendeu, na quinta-feira, um fardo com 32 quilos de haxixe que se encontrava no areal da Praia dos Careanos, Portimão. A notícia é avançada pela Lusa, que cita uma fonte da capitania local.
De acordo com a mesma fonte, o alerta foi dado às autoridades por uma pessoa que considerou suspeito o facto de estarem quatro homens a empurrar uma embalagem no areal daquela praia, situada junto à praia da Rocha.
Quando a Polícia Marítima chegou ao local, os homens já lá não estavam, tendo os agentes desenterrado o fardo de haxixe, que deverá ter sido arrastado pela ondulação até àquela praia. A droga foi encaminhada para a Polícia Judiciária.

Operações stop no Algarve

Cinco detidos em operação da GNR

30 guardas republicanos estiveram envolvidos nas acções de fiscalização.

Cinco pessoas foram detidas, sexta-feira, pela Guarda Nacional Republicana (GNR), na sequência de várias operações de fiscalização. Os condutores presos conduziam sob o efeito de álcool, tendo ainda sido notificado um outro por condução sem habilitação legal, informou este sábado a GNR.
A operação decorreu nos concelhos de Faro, Olhão, São Brás de Alportel, Albufeira e Silves, e visou além da fiscalização de trânsito, a prevenção da criminalidade, a detecção de estrangeiros em situação ilegal e o combate ao tráfico de droga, noticia a Lusa.
De acordo com a GNR, durante a operação foram detidos quatro condutores com taxas de alcoolemia entre 1,81 e 2,34 gramas de álcool por litro de sangue, tendo ainda sido capturado um jovem, de 19 anos, a conduzir sem carta de condução e três indivíduos por posse e consumo de estupefacientes.
Nas operações estiveram envolvidos cerca de 30 militares da GNR, apoiados por forças de intervenção rápida, e cães polícia para a detecção de droga.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Crónica

Carta demolidora ao Papa

O autor da carta, Henri Boulad, 78 anos, é um jesuíta egípcio de rito melquita. Não é um jesuíta qualquer: há treze anos que é reitor do colégio dos jesuítas no Cairo, depois de ter sido superior dos jesuítas em Alexandria, superior regional, professor de Teologia no Cairo. Conhece bem a hierarquia católica do Egipto e da Europa. Visitou quarenta países nos vários continentes, dando conferências, e publicou trinta livros em quinze línguas. A sua carta, inspirada na "liberdade dos filhos de Deus" e a partir de "um coração que sangra ao ver o abismo no qual a nossa Igreja está a precipitar-se", funda-se, pois, num "conhecimento real da Igreja universal e da sua situação actual".
A carta tem três partes: a presente situação, a reacção da Igreja, propostas.Há constatações que não podem ser ignoradas. 1. Assiste-se à queda constante da prática religiosa. Quem frequenta as igrejas na Europa e no Canadá são pessoas da terceira idade, de tal modo que, por este andar, será necessário fechar igrejas e transformá-las em museus, mesquitas ou bibliotecas. 2. Os seminários e os noviciados também continuam a esvaziar-se. 3. São muitos os sacerdotes que abandonam, e os que ficam - a sua média etária ultrapassa frequentemente a da reforma - têm a seu cargo várias paróquias. "Muitos deles, tanto na Europa como no Terceiro Mundo, vivem em concubinato à vista dos fiéis, que normalmente os aceitam, e do seu bispo, que não aceita, mas vai fechando os olhos por causa da escassez de clero." 4. A linguagem da Igreja é "obsoleta, anacrónica, aborrecida, repetitiva, moralizante, completamente inadaptada ao nosso tempo". 5. Impõe-se uma "nova evangelização", inventando uma linguagem nova. "Temos de constatar que a nossa fé é muito cerebral, abstracta, dogmática, e se dirige muito pouco ao coração e ao corpo." 6. Não é, pois, de estranhar que muitos cristãos se voltem para as religiões da Ásia, as seitas, a New Age, o ocultismo. A fé cristã aparece-lhes hoje como "um enigma, restos de um passado acabado". 7. No plano moral, "as declarações do Magistério, repetidas à saciedade, sobre o casamento, a contracepção, o aborto, a eutanásia, a homossexualidade, o casamento dos padres, os divorciados que voltam a casar, etc., já não dizem nada a ninguém e apenas provocam indiferença". 8. A Igreja católica, que foi a grande educadora da Europa, "parece esquecer que esta Europa chegou à maturidade" e "não quer ser tratada como menor de idade". 9. Paradoxalmente, são as nações mais católicas do passado que agora caem no ateísmo, no agnosticismo, na indiferença. Quanto mais dominado e protegido pela Igreja foi um povo no passado, "mais forte é a reacção contra ela". 10. O diálogo com as outras Igrejas e religiões está hoje em "preocupante retrocesso".
A reacção da Igreja é a de minimizar a gravidade da situação, apelar à confiança no Senhor, apoiar-se na ala mais conservadora ou nos países do Terceiro Mundo. Esquece-se que "a modernidade é irreversível" e que também "as novas Igrejas do Terceiro Mundo atravessarão, mais cedo ou mais tarde, as mesmas crises que a velha cristandade europeia conheceu".
Que fazer? "A Igreja tem hoje uma necessidade imperiosa e urgente de uma tríplice reforma." 1. Uma reforma teológica e catequética, para repensar a fé e "reformulá-la de modo coerente para os nossos contemporâneos". 2. Uma reforma pastoral, "para repensar de cabo a rabo as estruturas herdadas do passado". 3. Uma reforma espiritual, para revitalizar a mística e repensar os sacramentos. "A Igreja de hoje é demasiado formal, demasiado formalista", como se o importante fosse "uma estabilidade puramente exterior, uma honestidade superficial, certa fachada".
Que sugere então o padre H. Boulad? "A convocatória de um sínodo geral a nível da Igreja universal, no qual participassem todos os cristãos - católicos e outros - para examinar com toda a franqueza e clareza estes e outros pontos. Esse sínodo, que duraria três anos, terminaria com uma assembleia geral que sintetizasse os resultados desta investigação e tirasse daí as conclusões."
por Anselmo Borges

Fonte: http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1488043&seccao

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Educação na mira da Fenprof

Fenprof quer alterar o modelo gestão escolar

Manuela Mendonça, do secretariado nacional da Federação Nacional dos Professores, acha que o actual sistema está condenado ao fracasso.

A Fenprof vai pedir ao Governo a abertura de um processo negocial tendo em vista a introdução de alterações ao regime de gestão escolar, entre as quais a possibilidade de as escolas optarem entre um director ou um conselho executivo. Em conferência de imprensa, Manuela Mendonça, do secretariado nacional da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) defendeu hoje que «no imediato» são necessárias seis alterações ao actual decreto-lei, mas acrescentou que a médio prazo é necessário «um modelo alternativo».
«Qualquer modelo de avaliação aplicado ao mesmo tempo que o actual regime de gestão escolar está condenado ao fracasso. Será sempre um processo viciado devido à concentração de poderes no director da escola", afirmou a dirigente sindical. Por isso, a Fenprof defende a possibilidade de as escolas voltarem a poder optar entre um órgão de gestão unipessoal (director) ou colegial (conselho executivo), o reforço das competências e autonomia do Conselho Pedagógico (actualmente presidido automaticamente pelo director), a eleição dos coordenadores de departamento pelos docentes (agora nomeados pelo director) e a flexibilização na definição das estruturas intermédias. "Não aceitamos que tenham desaparecido um conjunto de processos eleitorais a favor de nomeações. Nenhum estudo garante que a imposição de um órgão de gestão unipessoal garante uma melhor direcção", acrescentou, lembrando que, no anterior modelo, 98 por cento das escolas e agrupamentos optaram por um conselho executivo.
Para o secretário geral da Fenprof existe uma «contradição» entre o discurso da autonomia e o decreto-lei 75/2008, que instituiu o actual modelo de gestão, autonomia e administração escolar. Mário Nogueira exortou a actual equipa ministerial, liderada por Isabel Alçada, a ter «coragem política» para resolver um dos mais graves problemas com que as escolas se debatem: «Falta de democracia no seu funcionamento». Mário Nogueira acrescentou que numa das primeiras reuniões com a nova equipa Ministério da Educação, a Fenprof entregou um dossier sobre matérias prioritárias, entre as quais a gestão escolar.
«O Ministério disse que estava disponível para fazer esta discussão e realizar este debate», acrescentou, indicando que o pedido de negociação parlamentar será realizado em Março, juntamente com a entrega de propostas de alteração. A Fenprof vai entregar ao ME e aos grupos parlamentares um «manifesto em defesa da gestão democrática», a ser subscrito pelos professores, e um encontro nacional de balanço de um ano de aplicação deste diploma, no final do ano lectivo. Caso o ME não aceda à realização de um processo negocial para a revisão do regime de gestão escolar, a estrutura sindical admite recorrer à Assembleia da República, onde PCP e Bloco de Esquerda já manifestaram a intenção de alterar o diploma.

Tragédia na Madeira

Dois anos chegam para reconstruir a Madeira?

Alberto João Jardim fala em prejuízos superiores a mil milhões de euros. Mas as feridas são bem mais profundas. Por toda a zona sul da ilha há retratos de dor que serão difíceis de sarar. Mas o presidente do Governo Regional da Madeira confessa que nas relações entre o Funchal e Lisboa «foi enterrado o machado de guerra»

A destruição não atingiu só a Baixa do Funchal, as zonas altas da cidade ou a Ribeira Brava. Em vários pontos do sul da Madeira existem derrocadas, deslizamento de terras, vidas perdidas, negócios estragados, estradas desaparecidas e casas despedaçadas. Alberto João Jardim já definiu um prazo («recuperar a ilha em dois anos»), mas será possível?
Maria da Conceição nunca viu nada assim. A habitante do Jardim da Serra, no Estreito de Câmara de Lobos, foi umas das muitas centenas de pessoas que escaparam por um triz, não sendo arrastada para a morte no último sábado. Viu a terra passar-lhe à frente dos olhos, fazendo desaparecer a estrada: «Sempre vivi aqui, nunca tinha visto nada assim. Já houve derrocadas e muita chuva, mas nada assim». Tem mais de setenta anos de vida e anda sempre a pé, por veredas e caminhos esconsos. Agora nem isso existe.
Um pouco mais acima, a destruição total. Precipícios imensos, carros em cima das árvores, estradas esburacadas, desniveladas, como se pertencessem a um cenário de terramoto. O esforço das autoridades concentra-se no desimpedimento das vias rodoviárias, para evitar o isolamento das populações. Em muitos locais só se pode circular num sentido, mas os autocarros não passam.
Em Boca da Corrida, mais uma história trágica. Maria Lídia Jesus, 40 anos, tinha ido buscar pão para a mãe. Já não regressou. Foi arrastada pela lama e faleceu. É um dos 41 corpos recolhidos pelo Instituto de Medicina Legal. A mãe tentou salvá-la, mas não conseguiu e foi parar ao hospital. «Ainda não sabe que a filha morreu», confessam os vizinhos.


Caminhos quase impossíveis

Alberto João Jardim, em entrevista à RTP, apontou os dois anos como prazo para recuperar a ilha. Um ano e meio que lhe resta do mandato e algo mais, que será concluído por quem lhe suceder. Os prejuízos totais ascendem a «cerca de mil milhões e meio. É mais um orçamento anual».
Convencido de que a tragédia foi causada apenas pela existência de «um fenómeno meteorológico sem precedentes», defende a sua obra. «Quero construir de novo o que era do tempo anterior à autonomia, porque o que foi feito por mim está tudo em pé», confessou, aproveitando para defender as estruturas que canalizam as ribeiras. «Nada do tempo da autonomia foi abaixo e só o que era do tempo de Salazar e do rei D. Carlos foi abaixo. É isso que vai ser feito de novo, à minha maneira», assegurou o Presidente do Governo Regional.
Um dos maiores sinais da fiabilidade as estruturas de Jardim são os túneis. Nenhum cedeu e todos estão operacionais. A caminho do Curral das Freiras, a estrada está agora minimamente transitável, mas tem trajectos quase impossíveis. Bocados foram levados montanha abaixo e muitas pedras vão surgindo pelo caminho (para já não falar das que ameaçam cair).
O Curral é, apesar de tudo, um local tranquilo. Excluindo os problemas nas acessibilidades, quase tudo está normalizado. Os cafés e restaurantes reabriram, os primeiros turistas começaram a chegar e até o jornal já pode ser lido. «Aqui, estamos habituados a derrocadas e quedas de terra. Não é um problema de hoje», revela António, proprietário de um dos supermercados da localidade.
Lá no interior da ilha, onde ninguém conseguiu comunicar com o mundo durante mais de um dia, ainda não reabriram as escolas. Os meninos aguardam, vão brincando nas estradas, fazendo de conta que ajudam na recuperação da ilha. Na Seara Velha, depois de Curral das Freiras, a unidade de ensino especial escapou ilesa à fúrias das águas da ribeira, que passam a escassos metros. Na segunda-feira, as aulas devem regressar.
Ainda assim, o Sindicato dos Professores vai avisando: «O valor do regresso às rotinas, logo após uma catástrofe incomum, não deve sobrepor-se ao valor primeiro da segurança». Ritmos de recuperação que continuarão a marcar a vida de olha por muitos e muitos meses.

Jardim elogia: «Sócrates é uma surpresa para mim»

A tragédia serviu para enterrar o machado de guerra. A Madeira já não se queixa do continente e Alberto João Jardim tornou-se próximo de José Sócrates. A união de esforços para recuperar a ilha parece ter também colocado um marco na cronologia de relações entre os Governos da República e da região.
No programa «Grande Entrevista», da RTP, o presidente do Governo Regional da Madeira assumiu esse novo tempo. «Ainda hoje estive a conversar com ele. Sócrates é uma boa surpresa para mim, depois do que eu pensava dele. Temo-nos entendido muito bem», frisou. Centrado na necessidade de recuperação da ilha, Jardim fala em apoios, diz que entende as dificuldades existentes em Portugal, na União Europeia e no mundo inteiro, mas está na altura de reclamar apoios: «Há mecanismos financeiros até para em 20 anos se pagar esta reconstrução» disse, considerando que «o machado de guerra entre Lisboa e o Funchal está enterrado».
«Há momentos na vida em que todos temos de ir ao encontro uns dos outros e às vezes há males que vêm por bem. Se perante uma situação de emergência como esta é possível enterrar o diferendo que havia entre Funchal e Lisboa, penso que este país pode enterrar uma série de machados que não têm importância e em que andamos a gastar as nossas energias», acrescentou. Nesta entrevista, o líder madeirense, que também é o presidente do PSD-Madeira, falou do seu partido, apelando a um entendimento entre Paulo Rangel e José Pedro Aguiar-Branco. Quanto a Passos Coelho, nem vê-lo, pois considera que o traiu no passado. Recorda que há dois anos e meio o seu projecto foi recusado pelos sociais-democratas, por isso espera apenas que haja «juízo». Para já, não diz em quem vai votar, mas vai avisando que não se calará se o impasse continuar. Na semana que anteceder o congresso vai reunir com as estruturas locais e informar o seu sentido de voto. Aí, poderá fazer a diferença.

Dividir para reinar

Manuel Alegre lança aviso

Num discurso em Coimbra, Alegre foi claro: "É tempo de saber quem quer unir e quem quer dividir", e disse mais: "Nunca confundi política com negócios".

"O ressentimento nunca foi um motor para a vitória". Sem nunca nomear expressamente o fundador do PS, Manuel Alegre lançou ontem em Coimbra um ataque violento ao seu antigo amigo Mário Soares, que acusa de patrocinar a candidatura de Fernando Nobre a Belém.
Admitindo que "o combate é difícil", mas "a vitória é possível", Alegre enumerou o que impedirá essa vitória, atacando indirectamente o avanço de Nobre. Não haverá vitória "se confundirmos questões pessoais com políticas" nem "se houver quem está mais interessado em patrocinar candidatos contra a minha candidatura do que em derrotar o candidato da direita".
Para Alegre, "é tempo de saber quem quer unir e quem quer dividir", "é tempo de saber quem quer ganhar, ou quem quer apenas ajustar contas e atrapalhar". As indirectas aos soaristas que nunca se conformaram com a sua candidatura são imensas. "Nós não nos enganamos de combate, nós não nos enganamos de adversário, nós não estamos aqui por azedume ou por interesse pessoal". "Estamos aqui por ideal democrático, estamos aqui pela esquerda dos valores, estamos aqui por fidelidade ao combate de toda a vida".
Manuel Alegre tem fugido a comentar o caso "Face Oculta", questão profundamente incómoda para o candidato porque no olho do furacão está o governo PS e José Sócrates, cujo apoio pretende. Mas, no jantar de Coimbra, não pôde continuar a manter o silêncio e foi dando uma no cravo e outra na ferradura: "Portugal está a viver um clima de insinuação, crispação e suspeição que contamina a saúde da República. Há que repor rapidamente a normalidade democrática, a cooperação institucional, o primado do interesse nacional sobre o excesso de tacticismo, de cálculo e de intriga política".
O candidato presidencial, no entanto, deixou meia dúzia de mensagens sobre a forma como encara a coisa pública: "A estabilidade é hoje um factor estratégico para o país enfrentar a grave crise económica e financeira. Tal só é possível restabelecendo a confiança, a serenidade, a transparência e a ética pública como fundamento da democracia". Para Manuel Alegre, "passados quatro meses sobre a realização de eleições, os portugueses não compreendem que se esteja a viver uma crise política, que é sobretudo de credibilidade e de confiança, em vez de se procurar resolver as dificuldades que enfrentam no dia-a-dia: o desemprego, as falências, a precariedade, a falta de meios para pagar a casa, a escola e a alimentação dos filhos". Alegre diz que "é preciso mudar" e invoca António Sérgio: "Mudar o conteúdo da democracia para criar em Portugal, como defendia o grande António Sérgio, as condições concretas da liberdade".
Mas a mensagem subliminar de Alegre sobre o caso "Face Oculta" tenta separar as águas entre si e "os outros": "Nunca confundi política com negócios nem nunca pus os interesses pessoais ou de partido acima dos superiores interesses do país e da democracia". "Nunca sacrifiquei os valores essenciais que sempre pautaram a minha conduta: o sentido da honra, da integridade, do serviço desinteressado à causa pública". Garantindo que em Portugal "felizmente há liberdade de expressão", o candidato Manuel Alegre invocou os princípios constitucionais e os pilares do Estado de direito para criticou especialmente a "promiscuidade entre política, justiça e comunicação social". Foi particularmente crítico para com "o justicialismo", acusando-o de subverter o Estado de direito: "Quando a justiça não funciona, cai-se no justicialismo. E o justicialismo substitui os tribunais pela praça pública. Sempre que isso acontece é a própria justiça que está em causa. E com ela o Estado de direito".
Manuel Alegre lançou os seus avisos em Coimbra, a cidade do centro do país onde estudou Direito e iniciou o seu percurso como dirigente estudantil.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Segurança em causa

Menos criminalidade, mas mais violenta

Secretário-geral do Sistema de Segurança Interna atribui maior «carga de violência» à «degradação social» de algumas zonas das grandes cidade.


A criminalidade em Portugal baixou para níveis de «2003 ou 2004», mas a «carga de violência» e o seu impacto social são maiores, devendo-se fundamentalmente à «degradação social» de algumas zonas das grandes cidades. A consideração é feita por Mário Mendes, secretário-geral do Sistema de Segurança Interna.

«Neste momento a tendência é para um abaixamento da criminalidade. Agora há uma criminalidade com mais impacto social, menos crimes, mas um aumento qualitativo da criminalidade», disse Mário Mendes, esta terça-feira, em Madrid. Questionado pela agência Lusa sobre a situação da criminalidade em Portugal, o responsável aludiu aos novos «fenómenos criminais» que disse «causam evidente choque na opinião pública».

«Fundamentalmente o roubo, o assalto à mão armada, com mais violência. A carga de violência é maior. Hoje sucedem coisas como esta: um miúdo de 16, 17 anos fazer um assalto com uma arma de fogo para levar de um café uma caixa de chiclas e dois maços de tabaco», sublinhou. Mário Mendes assinou, em Madrid, um acordo de cooperação policial entre Portugal e Espanha.


Até Óbidos, nunca houve indícios da ETA em Portugal


As autoridades portuguesas e espanholas nunca tiveram, até à descoberta da casa de Óbidos, qualquer indício de que a ETA estivesse instalada em Portugal, apesar de indicações de uso do território como «ponto de passagem». Quem o diz é Mário Mendes, secretário-geral da Sistema de Segurança Interna.

«Havia indícios de que a ETA utilizava Portugal como ponto de passagem, não há dúvida nenhuma. Isso é patente no aluguer de viaturas, na passagem de um ou outro cidadão que podia utilizar o território como passagem no sentido norte-sul», afirmou em Madrid.

Analisando as consequências da descoberta da base da ETA em Óbidos, Mário Mendes afirmou que até esse momento «as próprias autoridades espanholas» nunca «tiveram esse reconhecimento» sobre a presença de uma qualquer estrutura em Portugal. «Mas agora apareceu e não há dúvida nenhuma de que a partir de agora nada é igual», disse.

Considerando exagerado usar a expressão «comando Portugal» para definir a operação encontrada em Óbidos, Mário Mendes prefere o termo estrutura «logística, com alguma vertente laboratorial». «Logística porque não há elementos que levem a concluir que essas duas pessoas são verdadeiramente dois operacionais, no sentido operacional de quem coloca os explosivos», afirmou.

O responsável referiu que, na casa de Óbidos, apenas foram encontradas impressões digitais dessas duas pessoas, cujas identidades correspondem a Andoni Zengotitabengoa Fernández e Oier Gómez Mielgo, actualmente a monte.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Tragédia na Madeira

Governo decreta três dias de luto nacional

Executivo vai reunir-se hoje, segunda-feira de manhã, num Conselho de Ministros extraordinário. O Primeiro-ministro prometeu «ajuda» e visitou as zonas mais afectadas. Balanço actual: 42 mortos, 68 feridos.


O Governo vai reunir segunda-feira de manhã num Conselho de Ministros extraordinário, no qual irá decretar três dias luto nacional devido ao mau tempo na Madeira e analisar novas medidas de apoio, disse à Lusa fonte oficial do Executivo.
«O Conselho de Ministros vai reunir de forma extraordinária amanhã às 09:30 para aprovação de três dias de luto nacional pelas calamidades e intempéries ocorridas na Madeira e para analisar novas medidas de apoio» à região, revelou à Lusa uma fonte oficial da Presidência do Conselho de Ministros.
A tradicional conferência de imprensa será feita pela hora de almoço, acrescentou a mesma fonte.


Sócrates reuniu-se com Jardim

O primeiro-ministro, José Sócrates, e o ministro da Administração Interna foram recebidos pelo presidente do Governo regional, Alberto João Jardim, e pelo representante da República, Monteiro Diniz, visitando em seguida as zonas mais afectadas pelo mau tempo. À chegada ao aeroporto do Funchal, o chefe do Governo manifestou toda a solidariedade do Executivo da República e admitiu «recorrer a todos os meios que sejam necessárias para ajudar a Madeira».
Uma das primeiras visitas que Sócrates fez foi à rotunda do Dolce Vita, que ruiu devido à força das águas da ribeira de São João. O primeiro ministro José Sócrates reuniu-se depois com o governo regional da Madeira e a Protecção Civil, escreve a Lusa.
«Temos diferentes serviços em prontidão disponíveis para ajudar. Vamos primeiro ver o que é necessário em função da avaliação que o Governo Regional faz e a Protecção Civil regional faz para depois mobilizarmos os meios nacionais do Governo da República», sublinhou.
José Sócrates manifestou ainda solidariedade com «o povo da Madeira» e com o Governo Regional da Madeira e deixou «uma palavra de conforto e coragem» àqueles que perderam familiares. «Este é o momento para trabalharmos em conjunto e eu vim assegurar-me de que tudo está a ser feito por parte do Governo da República para ajudar o Governo Regional a responder a esta situação de emergência», referiu.
Questionado sobre verbas a disponibilizar pelo governo para auxiliar o Governo regional da Madeira, José Sócrates respondeu que «este não é momento para falarmos, mesquinhamente, de verbas». O primeiro-ministro regressou ainda no sábado à noite a Lisboa, indicou à Lusa fonte oficial do gabinete de José Sócrates.

Tragédia chegou à Madeira

Morte e destruição arrasou Funchal


Ainda existem locais de onde não há imagens nem informação. Armazém da Câmara de Santa Cruz ruiu e há muitas derrocadas, cassas e estradas, e carros que foram arrastados para o mar. Sites de jornais e televisões acompanham a evolução da situação.

A tempestade mortal que se abateu sobre a ilha da Madeira este sábado fez, segundo o último balanço oficial, 42 mortos, mais de 70 feridos e muitos, muitos desaparecidos. Centenas de pessoas ficaram incontactáveis e isoladas, nomeadamente, no Curral das Freiras, onde cerca de quatro mil cidadãos estiveram à sua sorte, mais de 24 horas depois das enxurradas, sem ajuda das autoridades e sem que o mundo soubesse o caos em que água os mergulhara.
A dimensão da catástrofe só pode ser calculada, por quem não a sentiu na pele, pelas fotografias e vídeos que chegam da ilha, não só dos repórteres de imagens, mas também dos sobreviventes que incansavelmente enviam às redacções os retratos do que para muitos parece ainda inacreditável.

Carros foram arrastados para o mar


Parte do armazém do município de Santa Cruz (Madeira) ruiu e duas viaturas da autarquia foram arrastadas para o mar devido ao mau tempo que se faz sentir na ilha, revelou o presidente da Câmara local.
O presidente do município de Santa Cruz disse à Lusa que «o próprio armazém da Câmara, que fica junto a uma ribeira, sofreu danos irreparáveis, já que parte do edifício ruiu». O armazém «sofreu uma derrocada. Houve uma parte que ruiu», afirmou José Alberto Gonçalves, explicando que o espaço era utilizado para guardar materiais e viaturas do município.
De acordo com o autarca, duas viaturas propriedade da autarquia, um autotanque e um ligeiro, «foram arrastadas por uma ribeira e estão neste momento no mar», sendo que outros veículos da Câmara Municipal tiveram que ser colocados em local seguro.
José Alberto Gonçalves indicou ainda que o concelho de Santa Cruz regista, «sobretudo, problemas ao nível das estradas e também derrocadas em algumas casas desabitadas».
«Há muitas estradas intransitáveis, havendo zonas onde o alcatrão está praticamente todo levantado», contou, referido que não tem conhecimento de danos pessoais no seu concelho.


Media internacionais destacam tragédia


A atenção sobre a tragédia na Madeira ultrapassou fronteiras. À medida que o número de vítimas da intempérie vai sendo actualizado são cada vez mais os meios de comunicação internacionais que destacam o tema. De forma especial na Internet.
As grandes cadeias televisivas internacionais, como a CNN, a Sky News, a BBC News ou a Al Jazeera, têm feito eco do temporal que lançou o caos no Funchal. Este último canal, sedeado no Qatar, realizou mesmo um contacto telefónico em directo com uma jornalista local.
Os sites dos principais jornais espanhóis estão a dar destaque a este tema, que tem subido no alinhamento das edições electrónicas das publicações, como é o caso do «El País», do «El Mundo» ou do «ABC».
Na França, os sites dos jornais «Le Monde» e Le Figaro assim com o da revista «Paris Match» também noticiam a tragédia.
Já em Itália, o tema surge na edição digital do «Corriere della Sera» e na página da estação pública de televisão, a RAI.
A Madeira aparece ainda em destaque no Brasil, onde é uma das notícias em destaque no site G1, da Globo, que tem acompanhado a actualização do número de vítimas do temporal.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Crónica de Domingo

Contra factos não há argumentos

Claro que os defensores de José Sócrates continuarão a dizer que não há nenhuns sinais de interferência nos órgãos de informação. Mas sabemos por experiência que isso não é verdade, que essa tentação existe tal como aconteceu no tempo de Cavaco Silva e mais remotamente no de Mário Soares.

Se analizar-mos com rigor a Comunicação Social escrita ou televisiva em Portugal, desde que o PS ganhou as 1ªas eleições, e já antes disso, começaram os ataques cerrados e subterrâneos de uma oposição camuflada, comentarios, jornais, blogues, todos os que não gostaram da vitória do PS e de José Sócrates, desdobravam-se em lançar intrigas, comentários e suspeitas. E deste afâ, se aproveitaram e bem, quase todos os partidos políticos. Por esse motivo, e graças a essas demarches, e fustigando o Primeiro Ministro todos os dias com o caso Freeport, o PS não teve maioria absoluta. Após essa "curta vitória" a oposição deixa o Freeport e aproveita a Face Oculta para atrás "dela" aparecer com a já famosa "tomada da Comunicação Social". Sabemos por experiência no passado que, quando esta não der mais frutos, por certo outra história já vem a caminho. Mas o pior, é que não está só o País politico dividido. Estão também em risco algumas relações de amizade. Posso testemunhar a forma como "agridem" com emails, palavras duras e criticas ofensivas, qualquer um que apoie o Primeiro Ministro, como que todas as críticas tenham de ser obrigatóriamente negativas. Contra factos não há argumentos.
Mas também existem outros factos curiosos, que surgem numa sequência demasiado concertada para serem puras coincidências. E analisemos: Há perto de dois anos, a Ongoing comprou o grupo Económica (proprietário do Diário Económico) por uma quantia exorbitante, substituiu o director do jornal e pensou em transformá-lo num ‘órgão oficioso’, através do qual o Governo faria passar algumas das mensagens mais importantes. O caso da TVI é conhecido e não vale a pena insistir nele: a Ongoing (sempre ela) “retirou” Moniz da direcção-geral da estação e a Prisa (grupo espanhol ligado ao PSOE) fez o resto, removendo a Manuela Moura Guedes da antena – cuja jornalista nem sequer morro de amores pela sua filosofia laboral em matéria de jornalismo. O director do Público, outro dos inimigos apontados por Sócrates, foi substituído na direcção do jornal. Também é conhecido que o SOL, jornal à beira de uma hipotética falência e tido por persona non grata, foi alvo de uma tentativa de estrangulamento (capitaneada por Armando Vara) por parte do BCP – banco que era accionista mas aceitou transformar-se num Cavalo de Tróia. O Diário de Notícias foi o pivô da duvidosa campanha que envolveu o assessor de imprensa do Presidente da República, Fernando Lima. O Jornal de Notícias recusou publicar um artigo de Mário Crespo incómodo para Sócrates, pela responsabilidade discutível ou não do seu director. Além disso, parece claro que a PT tentou montar um grupo de media afecto ao Governo – facto que Henrique Granadeiro começou por negar, mas acabou por reconhecer, dizendo-se enganado por dois dos seus administradores (o termo foi outro e mais explícito). Um desses administradores é um jovem do PS que organizou o site da recandidatura de Sócrates à chefia do Governo e foi posto na cúpula da PT com um ordenado faraónico. Também é conhecido que para organizar esse grupo de media, a PT fez diligências junto da Prisa e da Ongoing com vista à aquisição da TVI, e manteve contactos com o grupo Cofina, de Paulo Fernandes, e com o grupo Controlinveste, de Joaquim Oliveira. A agência Lusa, de que o Estado é accionista, foi alvo de diversas mudanças de direcção – e em certas matérias (como o processo “Face Oculta”) houve orientações no sentido de proteger o Governo. A RTP só se referiu às escutas divulgadas pelo SOL mais de 12 horas depois de a notícia ser pública, facto que causou mal-estar e atritos naquela redacção.
Para além disto, curiosamente, a RTP “dispensou” Marcelo Rebelo de Sousa, com a justificação de que deixava de ter o “contrapeso” de António Vitorino – o que é um argumento discutível, visto que o programa de Marcelo era anterior ao de Vitorino e sempre teve existência autónoma, embora seja de duvidosa imparcialidade política. Também sabemos que, paralelamente, foram aliciados antigos jornalistas ou pessoas com ligações aos media, como o bastonário dos advogados, Marinho Pinto, o ex-director da SIC Emídio Rangel ou o ex-presidente da RTP João Carlos Silva. Neste aspecto, o caso de Marinho Pinto é o mais chocante, pois passou de acérrimo defensor do 4.º poder, quando era jornalista, a cão de fila do poder político. Para se proteger, o Governo contratou ainda prestigiados advogados, como Proença de Carvalho e José Miguel Júdice, que em diferentes ocasiões têm saído em defesa do primeiro-ministro. A juntar a isto, criou-se na comunicação social um ambiente de medo, decorrente de três factores: ameaças às empresas de media de cortes no financiamento bancário, distribuição desigual de publicidade por parte do Estado e pressão política sobre os accionistas. Em ambiente de crise económica e financeira, estes três factores fabricaram um cocktail explosivo. Primeiro, os Bancos próximos do Governo ameaçaram dificultar o acesso ao crédito a empresas proprietárias de órgãos de comunicação que se mostrassem rebeldes em relação ao poder; depois, divulgou-se a ideia de que o Governo (e empresas públicas dele dependentes) discriminariam negativamente, em termos de publicidade, os órgãos de comunicação que o criticassem; Mais tarde, houve chantagens sobre accionistas de meios de comunicação social, ameaçando-os com dificuldades na sua vida empresarial (mesmo fora da área dos media) caso os meios dos quais eram sócios se “portassem mal”. Em muitos casos, poderia tratar-se de ameaças vãs. Mas as pessoas nunca sabem – e em época de crise é preferível jogar pelo seguro… O simples medo da existência de problemas funcionou como forma de coacção, levando a cautelas editoriais. Depois disto ainda haverá dúvidas sobre todas estas coincidências?
O que espanta, aqui, é a enorme quantidade de casos a nível de Imprensa que têm vindo a verificar-se sem que nada aconteça. Dir-se-ia que o país está anestesiado, já não reage, de tal forma graves são os indícios. E alguns militantes do PS, que se bateram no passado pela liberdade de imprensa, fingem agora que não vêem, para não serem obrigados a tomar uma posição objectiva. Claro que os defensores de José Sócrates continuarão a dizer que não há nenhuns sinais de interferência nos órgãos de informação. Mas sabemos por experiência que isso não é verdade, que essa tentação existe tal como já aconteceu antes no tempo de Cavaco Silva e mais remotamente no de Mário Soares. É uma situação cíclica no poder. Mas isso é normal: também os adeptos do Benfica ou do FC Porto nunca acham justo um penálti a favor do adversário, por mais evidente que ele seja. Por isso mesmo é que existe o velho ditado: «O pior cego é aquele que não quer ver», ou outro ainda mais qualificado para a ocasião: «Contra factos não há argumentos».

Carlos Ferreira

algarve-reporter@live.com.pt

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Candidato presidencial 1

Manuel Alegre deixa recados à esquerda

Candidato critica ainda a «promiscuidade» entre justiça, política e comunicação social. Diz que «a nossa República padece de excesso de tacticismo» e que «não há segredo de justiça quando a justiça não funciona».

Sem nunca citar nomes, Manuel Alegre criticou esta sexta-feira num jantar de apoiantes, aqueles que estão mais empenhados em «patrocinar candidatos contra a minha candidatura do que em derrotar o candidato da direita». O candidato presidencial falava pouco tempo depois de Fernando Nobre ter apresentado a sua candidatura presidencial que garantiu ser «apartidária».
«O ressentimento nunca foi um motor para a vitória», disparou o candidato, que acredita na vitória, mas «não com base na desunião ou numa falsa unidade de propósitos», segundo informa a Lusa. «É tempo de saber quem quer unir e quem quer dividir. É tempo de saber quem quer ganhar e quem quer apenas ajustar contas e atrapalhar», disse ainda Manuel Alegre, arrancando uma ruidosa salva de palmas aos cerca de meio milhar de apoiantes.
Manuel Alegre criticou ainda o actual clima que se vive em Portugal, nomeadamente, a «promiscuidade» entre a justiça, a política e a comunicação social e afirmou que Portugal precisa de repor «rapidamente» a normalidade democrática. O histórico dirigente socialista disse que há «que repor rapidamente a normalidade democrática, a cooperação institucional, o primado do interesse nacional sobre o excesso de tacticismo, de cálculo e de intriga política».
«A nossa República padece de excesso de tacticismo. Não é um bom exemplo, nem uma forma sã de liderança», referiu Alegre, dizendo que há cargos que «não podem ser um refúgio de silêncios pendentes, nem de cálculo pessoal». Portugueses não compreendem crise
Para o escritor e poeta de Coimbra, os portugueses não compreendem que, passados menos de quatro meses sobre a realização de eleições, «se esteja a viver uma crise política, que é sobretudo de credibilidade e confiança, em vez de se procurar resolver as dificuldades que enfrentam no dia-a-dia: o desemprego, as falências, a precariedade, a falta de meios para pagar a casa, a escola e a alimentação dos filhos». Manuel Alegre manifestou-se contra aquilo que considera ser, actualmente, a «promiscuidade entre a justiça, a política e a comunicação social», considerando que quando a justiça não funciona «cai-se no justicialismo», que substitui os tribunais na praça pública.
«Não há segredo de justiça quando a justiça não funciona ou quando alguns dos agentes fundamentais do sistema judicial se convencem de que a justiça não funciona e decidem passar, eles próprios, à acção, arvorados em justiceiros», salientou. Numa intervenção em que enviou diversas mensagens políticas, o candidato a Presidente da República criticou também aqueles que dizem não existir liberdade de imprensa em Portugal.
«Há liberdade, felizmente há liberdade. É uma conquista que deve ser protegida, consolidada e acarinhada, com abertura, tolerância, respeito pela diferença e intransigência perante qualquer tentativa de abuso, condicionamento ou controlo da comunicação social», frisou. No entanto, ressalvou, «a liberdade de informar não pode ser sinónimo de devassa». «A lealdade de qualquer jornalista que se preze deve ser para com a verdade dos factos», acrescentou.

Candidato presidencial 2

Fernando Nobre:
«Sou apartidário, mas não sou apolítico»

Candidato propõe-se lutar «contra o sufoco partidário». Presidente da AMI justifica candidatura com «imperativo moral, de consciência e de cidadania».

«Candidato-me por um imperativo moral, de consciência e de cidadania». Foi com estas palavras que Fernando Nobre iniciou o discurso de apresentação da sua candidatura às eleições presidenciais.
Faltavam dois minutos para as 20h00, quando o presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), entrou no pequeno auditório do Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, que foi realmente pequeno para acolher apoiantes e jornalistas.
Na assistência muitos rostos conhecidos do público. Rui Veloso, Vitorino, Luís Represas, Carlos Mendes, Fernando Pereira, o juiz Rui Rangel e Rui Moreira, presidente Associação Comercial do Porto, são alguns exemplos. «Portugal precisa de um Presidente que venha verdadeiramente da sociedade civil, que seja independente, que nada precise da política e que conheça bem o país e o mundo», continuou Fernando Nobre no seu discurso. Não contra os partidos, mas «contra o sufoco partidário da vida pública» foi outra das ideias defendidas por Fernando Nobre que se definiu como «apartidário, mas não apolítico».
E é por acreditar que «um homem livre e independente pode servir e melhorar o país nesta altura difícil» que resolveu entrar na corrida a Belém. Mas Fernando Nobre disse ainda que não via a vida política como «um saco de gatos» e que «não pediu, nem pedirá nenhum apoio que não seja o dos cidadãos que se identifiquem com o seu projecto».
Considerou mesmo a sua candidatura servirá os que se «desiludiram com a política, acreditam que esta não se esgota nos políticos» e «não tiveram voz até agora». Mais do que «direita, esquerda ou centro», o presidente da AMI defendeu que o seu espaço político é o «da liberdade, justiça, ética, solidariedade e transparência».
Da visão que tem do mandato presidencial, Fernando Nobre, propõe-se na defesa de quatro pontos: Lutar, promover e incentivar a regeneração ética da vida política do país; apoiar e incentivar todos os esforços do Governo e sociedade civil no caminho da justiça social; defender a soberania nacional num sentido amplo e concreto e, por fim, não pactuar com a situação trágica da justiça e Portugal».
E a escolha do local para apresentar a sua candidatura, o Padrão dos Descobrimentos, enquadrou-se nas suas palavras quando lembrou «as enormes potencialidades» do país e descreveu os portugueses como «um povo ímpar, que foi dos poucos que marcou indelevelmente a História da humanidade».

«Posição da sociedade civil»

O candidato disse estar consciente que «esta será uma batalha difícil, talvez até invencível, mas não será inútil: a marca contra a indiferença sempre foi e será a sua marca individual». Em seguida convidou os presentes no pequeno auditório do monumento a «olhar para o futuro, destemidos e a trabalhar com perseverança e afinco para vencer os novos adamastores» (...) e «transformar os actuais "cabos das tormentas" em novos "cabos da boa esperança"».
No final da apresentação, Rui Veloso considerou que a candidatura de Fernando Nobre era «uma posição da sociedade civil ou, pelo menos, de uma parte» e que «já é hora» desta tomar posições. Para Catalina Pestana, ex-provedora da Casa Pia são a «vida, a forma de lidar com situações altamente complexas, muito mais comlexas do que gerir um país à beira mar plantado, e a sua experiência de vida» que a levam a apoiar o presidente da AMI e «se ele quiser» a trabalhar a tempo inteiro na campanha.
A ex-provedora lembrou ainda a elevada taxa de abstenção nas eleições em Portugal e considerou que se quem não vota perceber «que alguma coisa de de novo está a passar por aqui, ele tem todas as condições de chegar a uma segunda volta». Já o presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira justificou a sua presença de forma simples: «Quando quero dizer aos meus filhos quem é o melhor português que conheço, normalmente, digo que é o Fernando Nobre».

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sócrates falou ao País

Existência de plano é "ideia delirante"

Foram pouco mais de 4 minutos e sem direito a perguntas. O primeiro ministro refutou todas as acusações de que tem sido alvo, acusando os críticos de "não saberem viver com o julgamento democrático".

Invulgarmente sereno, o primeiro-ministro declarou ontem à noite que é uma "mentira pura e simples" a existência de um plano do governo para controlar a comunicação social. "Nem eu, nem qualquer outro membro do governo demos instruções para comprar a TVI ou qualquer outro órgão de comunicação social", garantiu. Sócrates adiantou ainda que não foi sequer informado pela Portugal Telecom da intenção de comprar parte da TVI e considerou que a ideia da existência de um plano do governo para controlar os media "é infundada e delirante".
Na comunicação social portuguesa "todos se exprimem livremente", considerou o chefe de governo, acrescentando no entanto que "condena e repudia a violação do segredo de justiça" por ser "um atentado contra as pessoas", garantindo "nada ter a temer" pessoalmente.Sem nunca fazer alusão directa ao jornal Sol ou às escutas do processo Face Oculta divulgadas nas duas últimas semanas, Sócrates condenou os que usaram a informação proveniente de documentos em segredo de justiça para "lançar ataques" ao governo, considerando que pertencem aos que "não sabem conviver com o julgamento democrático", para quem "o insulto é uma arma".
"Não será agora que me fará desviar da responsabilidade", garantiu o primeiro-ministro dizendo que cumprirá o programa sufragado pelos portugueses e definindo como prioridades a aprovação do Orçamento do Estado e a apresentação do Plano de Estabilidade e Crescimento, definindo-o como um instrumento que recupere a "confiança", contribua para o "equlíbrio das contas públicas" e para o crescimento da economia e do emprego.

Sócrates avisa que não está de saída da liderança do PS

O secretário geral do PS, José Sócrates, avisou ontem que não está de saída da liderança do seu partido e afirmou-se preparado para dar combate a todos os ataques de que está a ser alvo. As posições de José Sócrates foram assumidas na reunião do grupo parlamentar na Assembleia da República, que se iniciou minutos depois de ter feito uma declaração aos jornalistas em São Bento, na qual reiterou nada ter a ver com a tentativa de compra da TVI pela PT.
Perante os deputados do PS, José Sócrates respondeu aos setores políticos que gostariam que houvesse uma mudança de liderança no seu partido. "Eles podem querer um novo líder, mas têm azar. O líder do PS sou eu", afirmou, citado por deputados presentes na reunião. Na sua intervenção, José Sócrates falou sobre a sua perspetiva em relação ao processo de aprovação do Orçamento do Estado para 2010, mas concentrou parte do seu discurso nas críticas a alguns setores da direita.
Sócrates disse que está "preparado para dar combate a todos os ataques" de que tem sido alvo e referiu que "há em Portugal uma direita que se especializou nos ataques de cariz pessoal". "Nunca houve ataques feitos com tanto ódio", comentou o secretário geral do PS. Da parte de alguns deputados, como foi o caso de Defensor de Moura (Viana do Castelo), Sócrates ouviu reparos à necessidade de, enquanto primeiro ministro, se reunir mais vezes com a bancada socialista.
Tribunal mantém proibido livro de Gonçalo Amaral

A juíza da 7.ª Vara do Tribunal Cível de Lisboa decidiu hoje manter a proibição do livro "Maddie - A Verdade da Mentira", do ex-inspector da Polícia Judiciária (PJ) Gonçalo Amaral.

Na leitura da sentença, realizada ontem no Palácio da Justiça, a juíza Gabriela Cunha Rodrigues tornou definitiva a providência cautelar de retirada do livro, que tinha sido decretada em 09 de Setembro de 2009.
No livro, Gonçalo Amaral defende a tese de envolvimento de Kate e Gerry McCann no desaparecimento da filha, em maio de 2007, num apartamento turístico da Praia da Luz, no Algarve.
Os advogados de Gonçalo Amaral e das também visadas Guerra & Paz, editora do livro, TVI, que exibiu documentário baseado no livro, e Valentim de Carvalho, que comercializou o vídeo, comunicaram que vão recorrer da sentença.

E tudo o vento levou...

"Há dois dias havia areia, mas o vento levou o resto"

Ondas fortes e marés vivas ameaçam casas na Praia de Faro. Na Fuseta em dois dias, mais 11 habitações foram destruídas.

A forte ondulação das marés e a força do vento na praia de Faro têm deixado os moradores em sobressalto. Em cima das dunas, no lado poente da praia, algumas casas continuam a resistir à força das águas, que não param de roubar chão às frágeis habitações.
A água levou a areia que sustenta parte do pátio da casa de Vasco Silva e à vista ficaram as estacas. "Há dois dias havia aqui areia. Agora veio o vento de sudoeste e levou o resto. Não podemos lutar contra o ar", explica
Ana Maria Cruz também tem a casa em perigo. "O meu marido, eu e o meu filho ficamos toda a noite aqui, não dormimos nadinha", conta. "Tenho muito medo mesmo, até pensei que esta noite levasse o passeiozinho que a gente aqui fez, mas não. Levantei-me às três da manhã e o mar estava mais calmo", remata.
Pequenas escavadoras da câmara vão tentando limpar a estrada que ficou submersa de areia e por todo o lado há uma imensa nuvem de pó no ar, devido ao forte vento que se faz sentir.
Quase todos os estabelecimentos estão fechados, mas há quem vá tentando resistir: "Está sempre tudo cheio de areia. A estrada cheia de areia, a esplanada cheia de areia e não se faz mais nada que é limpar a areia, todos os dias", comenta João Rosa, que tem um café-quiosque junto à praia. Na ilha poucos se lembram de um inverno tão rigoroso como este nos últimos 10 anos.
Também na Fuseta, o mar continua a romper a ilha até à ria Formosa. Em apenas dois dias, mais onze casas ficaram completamente destruídas. Mas, desde o início do Inverno, já cerca de 30 as casas vieram abaixo na Fuseta. Muitas pessoas têm ido até à ilha ver os estragos e o que sobrou depois da passagem do mar revolto. A ilha foi rasgada de uma ponta à outra pela água e abriu-se uma nova barra de passagem.
Ninguém mora na ilha todo o ano, mas algumas pessoas vão tentando tirar os pertences que têm nas casas de férias com receio que o mar acabe por chegar às habitações que ainda vão resistindo. Para o fim-de-semana esperam-se novas vagas e tempestades no mar, mas as marés vivas mais fortes do ano estão previstas para Março.
Sebastião Teixeira, geólogo da Administração Hidrográfica do Algarve, tem acompanhado de perto a evolução e os estragos causados pelas marés, tanto em Faro como na ilha da Fuseta.
O geólogo considera que esta é a evolução esperada, mas relembra que o pior pode ainda estar para vir. " O período de tempestades ainda não acabou e está prevista uma para o fim-de-semana", alerta o especialista. "Em Março vem a maior maré do ano. O final do mês [de Fevereiro] vai ser um período crítico para a ilha", remata Sebastião Teixeira.

Amnésia tropical

Matou a mulher à facada e não se lembra

Alex Santana apresentou-se voluntariamente com um advogado na PJ dois dias após a morte da mulher, Sara Marlene 25 anos, ajudante de cozinheira, o que lhe permitiu ficar a aguardar o julgamento em liberdade.

O homem, de 24 anos, acusado de ter assassinado a mulher com mais de dez facadas, a 9 de Março do ano passado, Dia Internacional Mulher, após uma discussão na casa onde viviam na localidade da Mexilhoeira-Grande, no concelho de Portimão, garante que não se lembra do que aconteceu. "Desde que entrei em casa até dois dias depois, não me lembro de nada", disse, ontem, Alex Santana, de nacionalidade brasileira durante a primeira sessão do julgamento no Tribunal de Portimão, onde responde por homicídio qualificado.
A audiência acabou por ser interrompida a meio da manhã, estando marcada nova sessão para o dia 17 de Março, pelo facto de o tribunal aguardar um relatório psiquiátrico do arguido. Alex Santana apresentou-se voluntariamente com um advogado na PJ dois dias após a morte da mulher, Sara Marlene 25 anos, ajudante de cozinheira, o que lhe permitiu ficar a aguardar o julgamento em liberdade, uma vez que, com a atitude tomada, não existia o perigo de fuga. Agora, reconheceu que só se entregou porque viu a notícia sobre a morte da mulher na comunicação social. A família da vítima, representada pelo advogado João Grade, exige uma indemnização superior a 500 mil euros. Sara Marlene deixou uma filha, de dez anos.

Começa a novela das presidenciais

"Mão" de Soares empurra Nobre contra Alegre

O soarista Vítor Ramalho não apoia formalmente Nobre, mas diz que "esta é uma candidatura muito necessária".

Fernando Nobre avança para a candidatura à Presidência da República pela mão de Mário Soares. O incentivo do ex-Presidente foi confirmado pelo presidente da AMI ao Bloco de Esquerda quando, há duas semanas, informou o partido - do qual foi mandatário nas eleições europeias -, de que ia avançar para Belém. Nobre junta-se assim a Manuel Alegre na corrida à Presidência e cria um problema à esquerda (leia-se PS e Bloco).
Fernando Nobre anuncia a candidatura hoje, sexta-feira, às 20 horas, no Padrão dos Descobrimentos, precisamente à mesma hora em que Manuel Alegre estará em Coimbra para um megajantar com apoiantes.
O presidente da AMI não tem experiência política, mas toca vários quadrantes: apoiou Mário Soares nas presidenciais de 2006, foi mandatário de António Costa em Lisboa e deu o seu apoio ao social-democrata António Capucho nas últimas autárquicas, para além do Bloco nas europeias. Há muito que a ala soarista do PS procurava um candidato alternativo a Alegre: Jorge Sampaio, Jaime Gama, Artur Santos Silva, Vera Jardim, Carvalho da Silva, Guilherme d'Oliveira Martins e Gomes Canotilho foram nomes sondados para Belém e todos recusaram. Alegre avançou sozinho, mas a falta de consenso foi o calcanhar de Aquiles que António Vitorino lhe apontou: "Se ele aspira a ter o apoio do PS não poderá aparecer como um candidato oriundo da área do BE", disse na RTP. Alegre respondeu dizendo que não se candidata "em nome de nenhum partido". "Serei candidato por Portugal", afirmou.
Sem nunca dar o apoio a Fernando Nobre, Vítor Ramalho, líder do PS de Setúbal e próximo de Mário Soares, sublinhou que esta é "uma candidatura muito necessária". Mas fica-se pelos elogios a um candidato que é, nas suas palavras, "transversal" . Não vai à apresentação da campanha, avisa. Já sobre o facto de esta ser uma candidatura com o selo de confiança da ala soarista - com a qual é conotado -, Vítor Ramalho demarca-se. A ideia que paira é de que Fernando Nobre seria a escolha ideal para todos os que não queriam Manuel Alegre como candidato socialista a Belém: um ajuste de contas com a candidatura de Alegre nas presidenciais de 2006. "Isso é de tal maneira falso e especulativo que os portugueses vão ver que não é assim", defende. Também Alfredo Barroso, antigo chefe da Casa Civil de Mário Soares, elogia Fernando Nobre, mas não dá o seu apoio ao médico da AMI. "Não tenho nenhuma objecção [à candidatura de Nobre]. É uma pessoa que admiro e estimo", confessa. Até porque considera que é prematuro fazer comentários: "Ainda não sabemos se a candidatura tem pernas para andar e eu não sou oráculo", defende Alfredo Barroso, lembrando que Nobre precisa de 7500 assinaturas para formalizar a candidatura. Quanto a aparecer na apresentação, Alfredo Barroso também se distancia: "Não fui convidado e não costumo ir a casamentos e baptizados para as quais não fui convidado".
E o PS? Para já, reina o silêncio. Não prestou apoio formal ao histórico do partido e ontem o líder da bancada socialista, Francisco Assis, recusou-se a comentar a novidade. "O PS, na altura própria, tomará uma posição sobre as eleições presidenciais." Para depois da aprovação do Orçamento do Estado, acrescentou. Março, portanto.

Eleições Presidenciais

Candidatura de Fernando Nobre é sinal de "dinamismo da sociedade civil", diz Oikos

"A esperança é que traga para o debate político causas humanitárias que nos são queridas e sobre as quais achamos que em Portugal há pouco debate".

O presidente da ONG Oikos em Portugal diz que a candidatura do presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), Fernando Nobre, à Presidência da República é um "sinal interessante de dinamismo da sociedade civil portuguesa".
João Fernandes referiu, em declarações à agência Lusa, que candidaturas políticas de dirigentes de ONG "já sucederam frequentemente" em anos passados em diversos países, considerando que são algo "perfeitamente natural".
"Independentemente daquilo que venha a ser o resultado final da candidatura [de Fernando Nobre], a esperança é que traga para o debate político causas humanitárias que nos são queridas e sobre as quais achamos que em Portugal há pouco debate", frisou o responsável da Oikos.
Ressalvando que enquanto membro da Oikos não se pode pronunciar politicamente por "A, B ou C", João Fernandes reconheceu, todavia, que uma candidatura de "um destacado dirigente de uma ONG" trará "novos elementos para o debate" e será "uma oportunidade para contribuir para um debate mais aprofundado das questões humanitárias e da erradicação da pobreza". A Oikos, fundada em Portugal em 1988, é uma associação sem fins lucrativos, reconhecida internacionalmente como Organização Não Governamental (ONG) para o Desenvolvimento.
A Lusa contactou também a Amnistia Internacional em Portugal, mas o diretor executivo da ONG, Pedro Krupenski, preferiu não comentar a candidatura presidencial de Fernando Nobre devido a uma princípio da organização de não abordar temas da esfera política.
O presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), Fernando Nobre, vai candidatar-se à Presidência da República, confirmou hoje à Lusa fonte ligada à candidatura. O anúncio será feito hoje, sexta feira, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, às 20:00.

António Guterres recusa comentar disponibilidade de Manuel Alegre

O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, escusou-se em Bruxelas, a comentar a disponibilidade de Manuel Alegre para se apresentar à Presidência da República.
"Como sabe, estou numa função que não me permite ter qualquer intervenção de natureza política, mas a única coisa que lhe posso dizer é que eu não manifesto a minha disponibilidade para coisas desse género", disse Guterres.

Vera Jardim congratula-se com disponibilidade de Manuel Alegre

O deputado socialista Vera Jardim congratulou-se hoje com a disponibilidade de Manuel Alegre para se candidatar à Presidência da República, considerando tratar-se de uma figura política com "perfil" e "ambição".
"Encaro com satisfação o anúncio de Manuel Alegre. É um candidato com perfil e ambição, o que é muito importante especialmente nesta época difícil" que o país atravessa, afirmou hoje à Lusa o ex-ministro Vera Jardim. Vera Jardim considerou ainda a disponibilidade de Manuel Alegre para se candidatar constitui um "acto de coragem civica".
Num jantar em Portimão, promovido pelo Movimento Intervenção e Cidadania (MIC), Manuel Alegre anunciou estar disponível para se candidatar à Presidência da República "para vencer pela República e por Portugal", um país que considera estar a viver "uma hora difícil".
"Nunca baixei os braços, nunca fugi a nenhum combate nem antes nem durante nem depois do 25 de Abril e também não ficarei neutro agora", afirmou Manuel Alegre naquele jantar.

Narciso Miranda apoia candidatura de Manuel Alegre

O ex-presidente da Câmara de Matosinhos, Narciso Miranda, anunciou hoje publicamente o seu apoio à candidatura de Manuel Alegre à presidência da República. "Apoio Manuel Alegre. Chegou a altura de Portugal ter, nas funções de Presidente da República, um homem da Cultura", escreveu o Narciso no seu site oficial e na sua conta de Twitter.Para além de dar o apoio à candidatura de Alegre, o vereador da Câmara de Matosinhos, fez ainda publicidade ao almoço que o candidato tem agendado para este domingo, no Porto. Até ao momento, o PS (ao qual Narciso Miranda e Manuel Alegre pertencem), ainda não avançou uma posição oficial quanto à disponibilidade do histórico socialista de concorrer às presidenciais de 2011.Para já, Alegre conta com o apoio do Bloco de Esquerda.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Última Hora

Sócrates faz declaração ao país às 20h

O gabinete de imprensa do primeiro-ministro anunciou, sem mais detalhes que José Sócrates faz esta noite uma declaração ao país.

"O primeiro-ministro faz hoje, às 20h, na Residência Oficial, uma declaração à comunicação social", lê-se no curto comunicado enviado às redacções.
Nos últimos 15 dias, o Sócrates tem estado sob forte pressão, na sequência da divulgação das escutas do caso Face Oculta pelo jornal Sol.
O semanário divulgou ainda o despacho do juiz de Aveiro que considerava existirem indícios de um plano do governo para controlar vários meios de comunicação social. O procurador responsável pedia mesmo uma investigação.
O Procurador Geral da República concluiu no entanto não existirem indícios de crime contra o Estado de Direito. Hoje mesmo o Jornal de Notícias dá conta do teor do despacho de Pinto Monteiro sobre a matéria. Promover a alteração da linha editorial de um meio de comunicação para ser menos hostil em relação ao governo não é crime de atentado ao Estado de Direito - este, de acordo com o JN, terá sido o principal argumento utilizado pelo procurador-geral da República Pinto Monteiro para justificar o arquivamento do caso envolvendo José Sócrates.

Assalto em Lagos

Empresário agredido ao impedir assalto à mulher

Empresário foi agredido com arma na cabeça ao impedir assalto de madrugada à mulher à porta de casa em Lagos.

Alberto Costa, de 58 anos, teve de ser suturado com sete pontos no Hospital de Lagos. Autor da tentativa de assalto estava encapuzado e acabou por fugir num carro com um cúmplice, que o aguardava.
Um homem, de 58 anos, foi violentamente agredido no crânio com a coronha de uma pistola, cerca das 5.30 horas da madrugada, ao resistir a um assalto à sua mulher que estava posse de uma carteira com dinheiro à porta da residência, na zona da Ameijeira, em Lagos, quando o casal saiu para ir trabalhar como é habitual. Segundo apurou o Diário de Notícias, Alberto Costa, proprietário do café «A Cantina», situado naquela cidade, teve de ser suturado com sete pontos no Hospital de Lagos, para onde foi transportado numa ambulância do Instituto Nacional de Emergência Médica, em consequência de duas feridas na cabeça.
«O assaltante estava encapuzado e disse à minha mulher para fazer pouco barulho e lhe entregar a carteira, sob ameaça de morte, numa altura em que eu já me dirigia para o carro. Consegui resistir ao assalto, mesmo sendo agredido com a arma na cabeça, pelo que ele acabou por fugir para um carro que o aguardava na zona com um cúmplice», contou ao DN, Alberto Costa. O empresário, que foi pela primeira vez vítima de tentativa de assalto à mão armada, avisou que passará a «andar armado com uma caçadeira» e não deixará de sair cedo de casa para ir para trabalhar.

Fernando Nobre avança com candidatura a Belém

Candidato em nome da cidadania

Presidente da AMI é candidato a Presidente da República. PS diz que só comenta, depois do OE.

Fernando de La Vieter Nobre, presidente da organização não governamental AMI, Assistência Médica Internacional, confirmou no seu blogue que vai ser candidato à Presidência da República, uma decisão que será anunciada oficialmente na sexta-feira à tarde, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa.
«Decidi escrever estas linhas, no sentido de vos comunicar pessoalmente uma decisão de fundo que tomei enquanto cidadão independente e em nome dum imperativo moral e de consciência para Portugal, uma vez que tenho, por quem acompanha este blogue, a maior consideração e respeito», lê-se na página «Contra a Indiferença», assinada pelo médico.
Em seguida, Fernando Nobre adianta: «Resolvi assumir um compromisso com o meu país, Portugal. Serei candidato independente, apartidário e em nome da cidadania, a Presidente da República, nas próximas eleições de 2011.» O presidente da AMI sublinha que esta se tratou de uma «decisão estritamente pessoal». «Sinto que o País atravessa um período em que constantemente se põem em causa os valores e as pessoas, as promessas e os projectos», refere. «Acredito nos portugueses e nas suas capacidades. Somos, no mínimo, tão bons como qualquer outro povo do Mundo. E é isso que pretendo provar, candidatando-me a um lugar no qual penso poder fazer a diferença e dar o exemplo», escreve.
Fernando Nobre frisa ainda que «a AMI, enquanto instituição absoluta e rigorosamente apolítica, não se imiscuirá neste assunto, estando completamente à margem deste processo.» O clínico diz que irá tornar pública a candidatura «sexta-feira ao fim da tarde, no Padrão dos Descobrimentos».
Fernando Nobre encontra-se actualmente no Senegal. Segundo escreve o «Expresso», o reputado clínico reúne vários apoios no PS, Bloco e PCP e poderá ser a resposta para um consenso à esquerda na candidatura a Belém. Pai de quatro filhos, Fernando Nobre participou na Convenção do PSD, em 2002. Quatro anos depois, foi membro da Comissão de Honra e da Comissão Política da candidatura de Mário Soares à Presidência da República, em 2006. Nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, em Junho de 2009, foi mandatário nacional para a campanha do Bloco de Esquerda. Ainda em 2009, foi membro da Comissão de Honra da candidatura de António d`Orey Capucho à presidência da Autarquia de Cascais, em 2009.
Fernando José de La Vieter Ribeiro Nobre nasceu em Luanda em 1951, mudando-se para o Congo com 13 anos. Três anos depois foi para Bruxelas, onde estudou e residiu até 1985, partindo depois para Portugal. Doutor em Medicina pela Universidade Livre de Bruxelas, onde foi Assistente (Anatomia e Embriologia) e Especialista em Cirurgia Geral e Urologia, Fernando Nobre foi administrador dos Médicos Sem Fronteiras - Bélgica e fundou, em Portugal, a AMI - Assistência Médica Internacional, à qual ainda preside. Como cirurgião participou em mais de 250 missões de estudo, coordenação e assistência médica humanitária em mais de 70 países de todos os continentes.

«PS fala depois do OE», diz Assis

Francisco Assis, líder parlamentar do PS, reagiu esta quarta-feira à notícia de uma candidatura de Fernando Nobre, presidente da AMI, à Presidência da República, adiantando que o PS falará das presidenciais depois da discussão do Orçamento do Estado.
«É uma pessoa por quem tenho muito respeito, mas o PS na altura própria tomara uma posição sobre as presidenciais. Essa altura será depois da discussão do Orçamento do Estado, o que não quer dizer que seja logo no dia a seguir», declarou Assis.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Para esconder milhões, fiscalizam-se tostões

Os culpados do subdesenvolvimento do País são os políticos que tornaram Portugal numa coutada de espertos, corruptos, incompetentes, que no conjunto dos 27 da União Europeia tem as maiores desigualdades, onde os ricos são cada vez mais ricos e os pobres vergonhosamente mais pobres.

A única coisa que lhes faz confusão é a atribuição do “Rendimento Minimo” que o Governo do Eng. António Guterres criou para auxiliar os mais necessitados, mas não se preocupam com os Rendimentos Máximos que os Deputados do CDS e de todos os Partidos representados na Assembleia da Republica que custam aos portugueses, biliões de euros por cada legislatura de 4 anos, sem que daí resulte qualquer beneficio para o País. O deputado Paulo Portas é um oportunista demagogo de primeira água e entra permanentemente em contradição ao defender os privilégios dos ricos e poderosos a troco de esmolas que pretende dar aos reformados somente com o objectivo de lhes caçar os votos como o fez com o regime das finanças das Regiões Autónomas da Madeira e Açores e à viabilização do Orçamento Geral do Estado, do Partido do Governo que atribui os tais subsídios do Rendimento Minimo. Também não ouvimos o CDS insurgir-se contra a atribuição do subsidio de reintegração dos Deputados que o deixam de ser, porque não foram reeleitos, ou não se voltaram a candidatar, com as reformas vitalicias dos mesmos Deputados com 8 anos de mandato muito bem pagos e que auferem mordomias escandalosas. Esta classe política parasita é que rapina e delapida o Orçamento Geral do Estado sem nenhuma contrapartida positiva para além da demagogia barata pois deveriam ser obrigados a viver com o Ordenado Minimo Nacional, ou o subsidio de Desemprego que obriga os desempregados a apresentações periodicais de 15 em 15 dias como se estivessem em liberdade condicional pelo cometimento de um grave crime de desemprego.
Todos estamos de acordo que deve haver fiscalização para quem aufere rendimentos saídos do Orçamento Geral do Estado, mas há que separar o trigo do joio, não se entendendo que os beneficiários do Rendimento Minimo sejam fiscalizados de 6 em 6 meses e os do Subsidio de Desemprego, quinzenalmente, quando aquilo que recebem é o fruto dos descontos que fizeram para a Segurança Social enquanto mantiveram os seus empregos e que se não fosse a ganancia de muitos empresários e as injustiça dos governantes que tão mal tratam os funcionários públicos, os numeros do desemprego não estariam nos 11% e andariam na casa dos 6%, com um encaixe de milhões nos descontos para a Segurança Social rebaixando substancialmente os gastos com os desempregados, e subsídios do rendimento minimo garantido que deve ser mantido aperfeiçoado e aumentado, mas, somente atribuído a pessoas completamente necessitadas sobretudo os grandes deficientes e incapazes de angariar o seu sustento e não a famílias jovens, sadias e com bom porte físico para trabalhar nas mais diversas actividades profissionais e prestação de serviços à comunidade.
Basta ir aos Centros de Emprego e verificar como os desempregados ali são tratados quando se têm de apresentar, e as obrigações a que estão sujeitos para demonstrar que estão à procura de emprego, que falaram com não sei quantas empresas, apresentando os comprovativos escritos, que por vezes para obter um simples carimbo dessas empresas lhes é exigido um pagamento nuns casos simbólico outras vezes oneroso, num farsa colossal que as leis que regulam esta matéria obrigam e estimulam. Ora, isto está mal, porque a seriedade das pessoas não pode ser confirmada com mentiras num jogo de faz de conta onde os Centros de Emprego fingem que fiscalizam e os desempregados fazem que cumprem com rigor a legislação que está completamente desajustada da realidade e nisto a Assembleia da Republica tem grandes responsabilidades, porque o agendamento privilegia os sonoros temas políticos e não as questões que no dia a dia afectam a vida dos portugueses, havendo um total divorcio do que é o país real e o mundo dos políticos demagógicos que auferem salários milionários, e não têm de passar pela constante humilhação das apresentações periódicas constantes por que passam os desempregados que em nada contribuem para a desgraça nacional, cujos reflexos o Deputado europeu Paulo Rangel denunciou em Bruxelas/Estrasburgo.
Os culpados do subdesenvolvimento do País são os políticos que tornaram Portugal numa coutada de espertos, corruptos, incompetentes, que no conjunto dos 27 da União Europeia tem as maiores desigualdades, onde os ricos são cada vez mais ricos e os pobres vergonhosamente mais pobres e não são só os desempregados, são igualmente aqueles que trabalham mas que auferem salários de miséria que não chegam para viver com dignidade. Com um sistema de Justiça completamente minado pelas nomeações dos altos cargos como o PGR e um Presidente do Supremo Tribunal de Justiça que perdeu a confiança dos cidadãos ao mandar destruir meios de prova que podiam aclarar certos actos criminosos cometidos por políticos e apaniguados, imita o CDS que pede a fiscalização serrada do Rendimento Minimo e dos Centros de Emprego ao subsidio de desemprego que representam migalhas no Orçamento Geral do Estado e se omite os roubos, da alta finança, os ordenados escandalosos dos políticos, a especulação bolsista, as monumentais transferência de biliões de euros para salvar os Bancos BCP, BPN e BPP. Não é possível levar a sério tão distintas personagens que não estão sujeitas a nenhum controle nem escrutino popular.

Manuel Aires