A perda de confiança face aos órgãos governativos nacionais afecta toda a Europa, uma quebra motivada em grande parte pela crise económica. Gregos e espanhóis, depois dos portugueses, são os que mais perderam a confiança nos governos nacionais, com quebras de 78% e de 77% respectivamente.
Os portugueses foram os europeus que mais perderam a confiança nos órgãos governativos nos últimos dois anos, com uma queda de 84%, revela um estudo da Burson-Marsteller, empresa especializada em relações públicas e comunicação. Os gregos e os espanhóis, depois dos portugueses, foram os que mais perderam a confiança nos governos nacionais, com quebras de 78% e de 77% respectivamente. Aparentemente, o europeus confiam mais nas instituições europeias que no próprio governo. O estudo concluiu que a perda de confiança em relação aos órgãos governativos nacionais afecta toda a Europa, com uma queda média de 51%, acima da queda face ao Parlamento Europeu e à Comissão Europeia. O inquérito “Trust & Purpose”, citado na Lusa, mostra ainda que a crise económica e os excessos bancários tiveram também um impacto muito significativo nos índices de confiança dos negócios e dos presidentes executivos das empresas. Jeremy Galbraith, presidente executivo da Burson-Marsteller, considera que “a crise financeira transformou a forma como as pessoas vêem as empresas e a liderança corporativa”. Tecnologia informática, serviços online, distribuição alimentar, bebidas e automóvel são os sectores em que os consumidores europeus têm mais confiança. Por outro lado, os serviços de fornecimento de energia, as redes sociais e os serviços financeiros são os que geram mais desconfiança.
Há cerca de 30 mil inquilinos em incumprimento
Associação de proprietários já foi “obrigada” a fazer um seguro para precaver estas situações. Valor por cobrar é superior a 170 milhões de euros. São cada vez mais aqueles que não pagam as rendas de casa. Segundo a Associação dos Proprietários, 4% dos inquilinos não pagam as rendas em Portugal. António Frias Marques, presidente da associação, diz que são cerca de 30 mil inquilinos que estão em incumprimento, o que representa cerca de 4% do total. "Isto significa que deixam de se cobrar qualquer coisa como 172 milhões de euros ao ano”, diz. A situação é tão grave que já existe um seguro para precaver estas situações. Quanto às acções de despejo, tudo demora. São “milhares as acções em tribunal”, que podem levar anos a serem de facto realizadas, lembra António Frias Marques. A associação de proprietários criou, entretanto, uma “lista negra” dos incumpridores.
População portuguesa está a diminuir
Os resultados definitivos só vão ser conhecidos no final do ano. Para já, confirmam a tendência de redução da população portuguesa. O Instituto Nacional de Estatística (INE) apresenta hoje os resultados preliminares dos Censos 2011, considerada a maior operação estatística realizada junto da população do território português. Os primeiros dados, provisórios, sublinham a tendência das últimas décadas: a população portuguesa está a diminuir. Em Abril, estavam recenseados 10,202 milhões de portugueses, menos do que tinha sido previsto no final do ano passado. O XV Recenseamento Geral da População e o V Recenseamento Geral da Habitação decorreu de 7 de Março a 24 de Abril e permitiu reunir dados sobre onde vivem os cidadãos, onde trabalham, quantos são e que estudos têm. Este ano, pela primeira vez, o recenseamento foi também realizado através da Internet, modalidade à qual aderiram 5,3 milhões de pessoas, residentes em 1,9 milhões de alojamentos.
No total, foram recenseados 5,639 milhões de alojamentos, segundo o INE. Armando Vieira, presidente da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), considera que, para “o êxito do Censos 2011” foi fundamental o trabalho das juntas de freguesia. Autarquias foram "vitais para êxito do Censos 2011", diz Armando Vieira. “É vital o trabalho das juntas de freguesia, dos seus coordenadores, para o êxito do Censos 2011. Todos nós sabemos, os que estamos no terreno, que sem esta preciosa ajuda de colaboração e apoio não seria possível o êxito que se conseguiu”, defende, em declarações à Renascença. Quanto ao pagamento devido a quem participou na recolha de dados, Armando Vieira acredita que tudo está a correr dentro da normalidade, mas deixa um desejo: “Que no futuro, se houver iniciativas deste tipo, as verbas sejam directamente entregues às juntas de freguesia, para melhor operacionalizar o pagamento aos cidadãos que se envolveram”. Durante o processo de recenseamento, a linha de apoio telefónico recebeu quase 45 mil chamadas até 11 de Abril e muitos dos utentes queixaram-se do serviço. Também algumas perguntas do questionário levantaram dúvidas e lançaram alguma polémica. Os resultados definitivos do Censos 2011 só serão conhecidos no final do ano.
Patrões admitem subida do IVA para 25%
Presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) considera que é uma forma de compensar a redução da taxa social única. O presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), António Saraiva, considera possível a subida da taxa máxima do IVA para 24% ou 25%, de modo a compensar a perda de receita com a taxa social única. “Não podemos ir outra vez às taxas reduzida e intermédia para obter receita, de forma a compensar a redução significativa da taxa social única, porque, comparativamente com Espanha, as empresas perderiam competitividade”, afirma António Saraiva, lembrando que “o IVA é mais barato em Espanha”. “Não tendo possibilidade de voltar a mexer nestas taxas para obtenção de receita, só vejo um caminho, que é aumentar a taxa máxima em um ou dois pontos percentuais. Vamos ver”, conclui. Hoje, o primeiro-ministro deve anunciar no Parlamento, na apresentação do programa do Governo, a antecipação das medidas de austeridade previstas no memorando de entendimento com a “troika”. Deve ainda avançar com um novo pacote de propostas para intensificar o combate ao défice.
Governo deve apresentar hoje novas medidas de austeridade
Primeiro-ministro vai ao Parlamento dizer que "terá a preocupação de garantir que o objectivo para o défice será cumprido" e "isso implica a antecipação de algumas medidas previstas" no memorando da "troika". O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, pode anunciar hoje, no debate do programa do Governo no Parlamento, "medidas de carácter extraordinário", disse fonte do gabinete do primeiro-ministro. O objectivo do novo plano de austeridade é cumprir a meta do défice definida para este ano, que é de 5,9%. Na semana passada, em Bruxelas, o chefe de Governo já tinha referido que iria, durante esta semana, apresentar mais medidas e antecipar algumas das propostas acordadas com a "troika". Fonte do gabinete do primeiro-ministro remete os detalhes para o discurso que Pedro Passos Coelho vai fazer na Assembleia da República na quinta-feira, na abertura do debate sobre o programa de Governo. Do lado da oposição, PCP e Bloco de Esquerda não abrem o jogo sobre a hipótese de apresentarem uma moção de rejeição ao documento, que consideram ainda pior que o acordo assinado com a "troika". Se assim for, encostam o PS, que assinou o acordo e que, no actual vazio de liderança, terá de escolher entre votar com a esquerda ou com a direita que suporta o Executivo. Na opinião do economista Ricardo Rio, é de esperar a aplicação de um imposto extraordinário. O economista sublinha que perante o compromisso de baixar o défice das contas públicas, o Governo terá de promover o aumento da receita. Em declarações à Renascença, Ricardo Rio antecipa eventuais cortes de subsídios ou a aplicação de taxas adicionais sobre instituições financeiras.
PSD formaliza proposta de comissão de acompanhamento de plano da “troika"
A ideia tinha sido divulgada na sexta-feira (dia 24) e o PS mostrou-se disponível para liderar a nova comissão. Foi confirmada a intenção do PSD de propor a criação de uma comissão de acompanhamento das medidas previstas no acordo com a “troika” para o financiamento do país. Luís Montenegro, eleito ontem líder da bancada parlamentar social-democrata, anunciou que vai entregar a proposta formal. Luís Montenegro adiantou que a nova comissão – intitulada Comissão Eventual de Acompanhamento do Programa de Assistência Financeira a Portugal – será presidida por um deputado do Partido Socialista, de acordo com a distribuição proporcional das presidências das comissões parlamentares. A líder parlamentar interina do PS, Maria de Belém Roseira, reagiu com optimismo. “Se o PSD considerar que ela [comissão] seja presidida pelo PS, eu acho bem”, afirmou. Luís Montenegro foi eleito na quarta-feira líder parlamentar do PSD, com 92 votos favoráveis, onze votos em branco e quatro nulos, em eleições às quais a sua lista foi a única concorrente e nas quais participaram 107 dos 108 deputados da bancada social-democrata.
PS admite liderar comissão de acompanhamento do plano da “troika”
A proposta poderá ser endereçada aos socialistas na próxima semana, pelo líder da bancada parlamentar social-democrata, Luís Montenegro. O PS mostra-se disponível para liderar a comissão de acompanhamento das medidas do acordo com a “troika”. A sugestão terá sido avançada pelo líder da bancada do PSD, Luís Montenegro, e a sua homóloga socialista, Maria de Belém Roseira, considera que o seu partido irá reagir de modo positivo. “Ainda não tenho qualquer contacto, não me posso pronunciar antes de consultar a bancada, mas a minha sensibilidade vai no sentido de que o grupo parlamentar ache essa proposta interessante. Há uma tradição de entendimento entre os principais partidos, no sentido de, em função dos resultados eleitorais, se determinarem as presidências das comissões da Assembleia da República. Esta, especificamente, se o PSD considerar que ela seja presidida pelo PS, eu acho bem”, afirma a líder interina da bancada socialista. Segundo a edição desta manhã do semanário “Sol”, o PSD quer uma comissão de acompanhamento do acordo com a “troika” e que seja o PS a liderar essa comissão. No início da próxima semana, Luís Montenegro deverá fazer a proposta ao Partido Socialista. O objectivo da comissão parlamentar em causa é seguir de perto o estado das finanças públicas.
Seguro recusa revisão constitucional do PSD se for eleito
António José Seguro aposta numa reforma profunda no PS e, por conseguinte, na alteração dos seus estatutos. O candidato a secretário-geral do PS, António José Seguro, disse esta noite, em Torres Vedras, que se for eleito não vai apoiar a revisão constitucional defendida pelo governo do social-democrata Pedro Passos Coelho. "O PSD não contará com o PS para fazer a revisão constitucional", afirmou o candidato na apresentação da sua moção aos militantes da Federação Regional do Oeste. A recusa do apoio à revisão constitucional é uma das ideias defendidas pela sua candidatura que, segundo explicou, aposta numa reforma profunda no partido e, por conseguinte, na alteração dos seus estatutos. Ao defender a modernização do PS e uma maior liberdade de participação das bases do partido, António José Seguro afirmou que pretende que "os órgãos nacionais do partido se reúnam por todo o País, para que os seus dirigentes tenham uma maior contacto com a realidade".
O socialista defendeu que, se for secretário-geral do PS, vai querer uma "oposição construtiva, positiva e cooperante" com o governo de Passos Coelho. "Os portugueses não aceitariam que nós fossemos uma oposição do bota-abaixo sobretudo neste momento de emergência nacional", sustentou o socialista, que reiterou também que o PS vai cumprir com o memorando da “troika”. Falando das questões europeias, António José Seguro destacou como prioridade, logo após a sua eventual eleição, "escrever uma carta aos líderes dos partidos da família socialista para que se possa fazer um debate sério sobre as propostas comuns para o projecto europeu". O candidato socialista defendeu que a Europa deixou de ter um projecto europeu e que os partidos da esquerda não se têm constituído como alternativa à maioria de direita no plano europeu.
“Esquerda Socialista” apoia Seguro
As eleições directas do PS estão marcadas para os dias 22 e 23 de Julho e o congresso extraordinário para os dias 9, 10 e 11 de Setembro. A corrente de opinião “Esquerda Socialista”, liderada por Fonseca Ferreira, decidiu “por ampla maioria” apoiar a candidatura de António José Seguro ao cargo de secretário-geral do PS. Esta corrente, que pretende representar a ala esquerda do PS, tem neste momento 23 dos 251 membros da Comissão Nacional (o órgão máximo entre congressos) e oito dos 71 membros da Comissão Política chefiada pelo secretário-geral cessante, José Sócrates. Em declarações à Lusa, Fonseca Ferreira, ex-presidente da Comissão de Coordenação Regional de Lisboa e Vale do Tejo e líder da corrente “Esquerda Socialista”, disse que a sua tendência deu “um apoio esmagador a António José Seguro”.
“Numa primeira votação, 80% dos nossos elementos pronunciaram-se no sentido de a corrente apoiar um dos candidatos à liderança, António José Seguro ou Francisco Assis. Na segunda votação, apenas dois elementos votaram em Assis, quatro contra os dois candidatos e o resto, mais de 40, em António José Seguro”, afirmou Fonseca Ferreira. Fonseca Ferreira adiantou que a sua corrente acredita que António José Seguro “é o candidato a secretário-geral do PS que dá maiores garantias de lutar pela modernização e democratização do partido”. “A nossa corrente vai entregar a António José Seguro um contributo com 14 propostas, sete delas visando a modernização do PS, das quais destaco a defesa de eleições primárias para a escolha de candidatos a deputados e de candidatos autárquicos, entre outros lugares”, referiu o dirigente socialista. As eleições directas do PS estão marcadas para os dias 22 e 23 de Julho e o congresso extraordinário para os dias 9, 10 e 11 de Setembro.
Paulo Mendo defende mais fiscalização na Saúde
Sobre a proposta de privatização de centros de saúde, antigo ministro considera que a prestação do serviço público não pode estar em causa. O antigo ministro da Saúde, Paulo Mendo, defende o reforço da regulação no quadro de uma eventual privatização dos centros de saúde, uma solução prevista no programa de Governo. O ex-ministro dos governos de Cavaco Silva considera o programa racional, mas lembra a necessidade de se garantir que os privados cumprem um serviço público. “Um serviço de saúde público é constantemente escrutinado, mensalmente, e se fizer um contrato com um serviço que seja privado, ele é obrigado a fornecer rigorosamente os mesmos elementos”, afirma Paulo Mendo. A fiscalização deve ser “muito mais rigorosa do que é actualmente”, defende o antigo ministro da Saúde. “Quando se diz que um centro de saúde pode ser privado, não é ser privado e não exercer um serviço público. Não, é para exercer um serviço público”, sublinha Paulo Mendo.
Sindicato espera que “haja capacidade para gerir as pessoas” do Estado
O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) é um dos que mostra preocupação face aos planos do Governo para a administração pública. Por sua vez, a Fesap alerta para as carências já sentidas em alguns sectores. É com preocupação que os sindicatos reagem às intenções do Executivo de Passos Coelho para a administração pública. Bettencourt Picanço, do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), pede que não sejam cometidos erros do passado. Bettencourt Picanço espera que "haja capacidade" para motivar as pessoas. “Nós preocupamo-nos quanto àquilo que ali se diz relativamente à reestruturação da administração pública, muito em especial quando se faz apelo àquilo que foi o PRACE aplicado em 2006, e que tão maus resultados deu”, começa por dizer à Renascença Bettencourt Picanço. “Aquilo que esperamos, portanto, é que haja uma capacidade para gerir as pessoas que estão ao serviço da administração pública, motivando-as para os objectivos, e não penalizar as pessoas por colocações em serviços de que elas não foram obviamente responsáveis”, apela. Rescisões amigáveis, incentivo da mobilidade e forte limite à contratação na função pública são algumas das medidas constantes no programa do Governo entregue ontem na Assembleia da República.
"Que ninguém se iluda nem bata palmas", pede Carvalho da Silva. Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, mostra-se céptico e diz que "tudo o que implica a destruição de emprego é mau". “Por favor, ninguém se iluda e ninguém bata palmas, porque estamos a colocar mais pessoas em dificuldade e na pobreza e estamos a impedir o país de se desenvolver, seja emprego no privado, seja na administração pública”, defende Carvalho da Silva. O Governo anunciou ainda que vai avançar com um novo programa de reestruturação da administração central do Estado. Nos próximos meses, ficará definida a lista dos serviços a fechar, privatizar ou reintegrar. Os sindicatos do sector pedem uma negociação efectiva sobre a mobilidade e rescisões amigáveis. Nobre dos Santos, da Frente Sindical da Administração Pública (Fesap), lembra que não se pode aplicar, às cegas, as restrições na entrada de novos funcionários públicos.
"Esta política é perigosa", avisa Fesap. “A política é perigosa, porque o problema que se levanta neste momento é que contratar pessoas em número reduzido para as carências graves que temos nos sectores terminais da administração pública pode pôr em causa o funcionamento, como já acontece na segurança social e nas escolas, para não falar da saúde”, afirma. O programa do Governo vai ser discutido no Parlamento na quinta-feira à tarde. Do lado da oposição, o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda admitem apresentar moções de rejeição. O Partido Socialista não fez ainda qualquer comentário.
Sindicatos pouco sossegados com Programa do Governo para a Educação
A FNE quer discutir melhor algumas medidas e a Fenprof critica a pretendida prova de acesso à profissão para os professores. Os principais sindicatos de professores receberam com surpresa a proposta do Executivo de introduzir uma prova para os docentes poderem ingressar na profissão. A medida, que está no Programa do Governo, recupera uma ideia do PS, do tempo em que Maria de Lurdes Rodrigues era ministra. João Dias da Silva, da Federação Nacional da Educação (FNE), defende que este e outros assuntos precisam ser mais negociados e conversados. Assim, a FNE pede diálogo e negociação sobre algumas medidas. “Não vai ao encontro daquilo que são as nossas perspectivas e desejaríamos vir a trabalhar sobre essa matéria e sobre outras que estão pouco claras no Programa do Governo no espaço do diálogo e de negociação, com vista a que as soluções a encontrar sejam consensuais”, afirma. “Desde logo há a urgência da revisão da substituição do regime de avaliação de desempenho, há a questão da suspensão do regime de fusões de agrupamentos e determinação de critérios claros e há outras relativas à organização do próximo ano lectivo, no sentido de muito rapidamente desburocratizar o conjunto de tarefas que são pedidas aos professores, libertando-os para aquilo que é o essencial da sua actividade, que é a relação com os alunos”, aponta o secretário-geral da FNE, que já pediu uma audiência ao novo ministro da Educação, Nuno Crato. Da parte da Fenprof, Mário Nogueira considera que instituir a prova de acesso à profissão significa desconfiar da qualidade da formação de professores, certificada pelo próprio Ministério da Educação.
"É, no mínimo, estranho, mas não é surpresa", afirma Mário Nogueira. “O Governo anterior assumia isso, numa profunda desconfiança sobre a qualidade da formação de professores, o que é estranho, porque essa desconfiança surge por parte de quem certifica, acredita, financia e promove essa formação. É, no mínimo, estranho, mas não é surpresa”, diz à Renascença. O secretário-geral da Fenprof refere ainda que o Programa do Governo para a área da Educação não rompe com as medidas dos executivos do PS e que é vago em muitas áreas, como a que toca à avaliação de professores. Fenprof chama a atenção para a urgência de um novo modelo de avaliação, e alerta: “Termina agora o ciclo avaliativo 2009/2011 e, portanto, se em Setembro não entrar em vigor um novo modelo, entra um novo ciclo do mesmo modelo e prolonga-se por mais dois anos e isso está longe de corresponder à tal urgência que tínhamos lido no programa eleitoral”. A Fenprof também já pediu uma reunião com a equipa ministerial da 5 de Outubro, a quem espera levar as suas preocupações.
TGV Lisboa-Madrid não avança
Esta é uma das certezas deixadas pelo Governo no seu programa apresentado esta tarde no Parlamento. O programa de Governo reafirma o intuito de privatização da TAP e contempla a travagem do TGV Lisboa-Madrid. O documento foi apresentado hoje na Assembleia da República. Começando com a alta velocidade, o programa do Governo não poderia ser mais claro: "suspender o projecto de alta velocidade entre Lisboa-Madrid". É o que se lê e sublinha o que já era uma promessa eleitoral. Um ponto forte na área dos transportes tem que ver com a concessão a privados de algumas linhas da Carris e dos STCP, mas também do Metro de Lisboa. Diz ainda o programa que o Governo vai reduzir a dívida das empresas públicas de transportes através da venda de activos destas empresas, mas também através da venda de algumas participadas. A TAP é mesmo para vender, mas existem pelo menos duas condições para a venda: manter a imagem de companhia de bandeira e manter Lisboa como base operacional. O fim das SCUT é uma prioridade. Lê-se no programa de Governo que será reforçado o princípio do "utilizador-pagador". Quanto às polémicas parcerias público-privadas, algumas vão ser reavaliadas.
Governo espanhol critica suspensão do TGV em Portugal
Ministro José Blanco disse aos jornalistas, no Parlamento de Madrid, que o Governo espanhol irá pedir explicações formais a Portugal. O ministro do Fomento do Governo espanhol considera uma “má decisão” que o Executivo português tenha decidido suspender o TGV. José Blanco disse aos jornalistas, no Parlamento de Madrid, que o Governo espanhol irá pedir explicações formais a Portugal. O ministro de Jose Luis Rodriguez Zapatero defendeu que a decisão afectará “inquestionavelmente” os investimentos do lado espanhol, porque a linha que deveria unir Lisboa a Madrid é prioritária na União Europeia, ou seja, conta com verbas europeias que poderão agora ser reduzidas para Espanha. Em declarações, citadas pela agência noticiosa Europa Press, José Blanco confirmou que serão pedidas explicações ao governo português para saber “porquê e para quê” se suspende o projecto de TGV de Lisboa a Madrid. Ainda assim, o titular da pasta do Fomento no governo socialista espanhol, reconheceu ser prematuro avaliar a decisão com profundidade, porque não sabe se é apenas um adiamento ou é uma desistência em definitivo do projecto. Nesse caso de uma renúncia definitiva, José Blanco, diz que constituiria um “sério problema” para as comunicações entre as duas capitais ibéricas.
Preço dos genéricos desce esta semana
Baixa acontece devido à revisão trimestral. A partir de sexta-feira, alguns medicamentos genéricos mais vendidos vão ficar entre 40% a 60% mais baratos. O "omeprazol" (para o estômago), por exemplo, que até aqui tinha como preço de referência 14,66 euros, baixa para 5,92 euros, escreve o “Diário Económico”. Esta descida acontece devido à revisão trimestral. Como o Estado só comparticipa os cinco medicamentos mais baratos de cada substância, os laboratórios revêem os preços dos remédios todos os trimestres para conseguirem figurar nessa lista. Os genéricos têm sofrido baixas acentuadas de preço ao longo do último ano. Comparando os preços que entram em vigor na sexta-feira com os praticados no terceiro trimestre de 2010, existem medicamentos que viram o preço de referência cair mais de 80%.
Um em cada três fontanários tem água imprópria para beber
Deco alerta para perigos para a saúde. Um em cada três fontanários tem água imprópria para consumo e bebê-la é «arriscar a saúde», porque não têm ligação à rede pública, nem tratamento ou controlo, segundo um estudo divulgado pela associação de defesa do consumidor Deco. Nos meses de Abril e Maio, a Deco recolheu amostras de água de 35 fontanários, de norte a sul do país, tendo escolhido os concelhos com base no elevado número de fontes públicas, incluindo os 18 fontanários que em 2004, no último estudo da associação, acusavam água imprópria para consumo. A amostra incidiu em fontes não abastecidas por água da rede pública de distribuição e que não são origem exclusiva de água para a população local, tendo o estudo avaliado as condições de higiene do fontanário e da área envolvente. Segundo o estudo «Água de fontanários de má qualidade», que será publicado na revista PROTESTE Julho/Agosto, referido pela Lusa, a água de 12 dos 35 fontanários está imprópria para beber.
Em Caneças, Odivelas, a água excede o limite máximo de chumbo e alumínio. Em Abrantes, foram detectados valores elevados de manganês, metal pesado perigoso por acumular-se no organismo. Nos restantes 10 fontanários (Almeida, Baião, Beja, Elvas, Loulé, Nisa, Santarém, Santiago do Cacém, Vale de Cambra e Santa Maria de Viseu), a principal razão deve-se a contaminação bacteriológica por E. coli, Enterococus, Clostridium Perfringens ou coliformes fecais. «Geralmente, estes microrganismos habitam nos intestinos de animais de sangue quente como o homem. Febre, diarreia e vómitos são sintomas comuns, típicos de gastroenterite e intoxicação alimentar. Infecções urinárias e, mais raramente, endocardite bacteriana, são também efeitos», explica o estudo, alertando que as crianças, idosos e indivíduos debilitados podem ser os mais afectados. Depois de analisados os fontanários, a Deco alertou as autarquias, juntas de freguesia e autoridades regionais de saúde. Segundo a associação de defesa do consumidor, «são evidentes as falhas dos municípios e juntas de freguesia em garantir a qualidade da água fornecida por fontes não ligadas à rede pública (esta abrange 98% da população)». «Autoridades de saúde, câmaras municipais e juntas de freguesia atribuem responsabilidades entre si e este jogo permite que água imprópria esteja acessível à população, crente das suas boas propriedades. Se a má qualidade representar risco para a saúde pública, as autoridades de saúde devem ordenar a interrupção do fornecimento», acrescenta. A Deco lembra que, desde que a fonte não seja origem exclusiva de água para a população, a lei permite a sua não inclusão no Plano de Controlo da Qualidade da Água, bem como que os municípios ou freguesias, em geral responsáveis pelos fontanários, descartem responsabilidades, desde que no local esteja afixado um aviso de «água não controlada». «Mas estes avisos são, muitas vezes, removidos ou vandalizados e não demovem a romaria de populações a estes locais com água a custo zero, mas com risco elevado para a saúde de quem a ingere», salienta a Deco.