Liberdade e o Direito de Expressão

Neste blog praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão, próprios de Sociedades Avançadas !

sábado, 31 de julho de 2010

Fim de Semana

Catalunha proíbe tourada a partir de 2012

Decisão do Parlamento de Barcelona abre precedente e guerra à tradição, aumentando ainda mais a distância "cultuiral" entre Espanha e a província catalã.

A medida promete agitar os que estão contra, os que concordam e os países europeus com iniciativas semelhantes. O Parlamento de Barcelona aprovou a proposta da Iniciativa Legislativa Popular (ILP) para proibir as corridas de touros na Catalunha. Com 68 votos a favor e 55 contra, a lei deverá entrar em vigor a 1 de Janeiro de 2012. A região autónoma espanhola põe fim às corridas de touros nas praças catalãs. Depois de aprovada a proposta popular, abre-se assim um precedente quanto à festa taurina e aumenta o abismo que separa a província do restante território espanhol.
"É claramente uma jogada política de um governo que não é taurino, mas não respeita os gostos dos outros. É um atentado à liberdade dos que querem sentir a festa dos touros, pelos seus gostos, pela sua aficción", é a análise feita para o i on line por Rui Bento Vasques, director da Praça de Touros do Campo Pequeno. Os fãs da Monumental de Barcelona têm sensivelmente um ano e meio para aproveitarem a aficción. No final da votação, o presidente da assembleia, José Montilla, disse esperar "moderação e sentido de responsabilidade de toda a gente". A notícia foi celebrada e criticada simultaneamente. Enquanto os populares comemoravam a aprovação do diploma, a presidente do PP na Catalunha, Alicia Sánchez Camacho, assegurou tratar-se de um "dia triste". "Não se pode estar a favor ou contra uma festa dos touros", sublinhou.
"A decisão tem muito significado, mesmo numa sociedade que aparentemente possa não ter grande ligação à festa da tourada. Isto faz parte das raízes culturais de Espanha. E cá em Portugal também está muito enraizado. Basta ver que as nove corridas que fizemos esta temporada estiveram completamente lotadas", explica Rui Bento Vasques, acrescentando que a decisão "viola o direito a um espectáculo que quem quer desfruta. Liberdade é isso mesmo".
A proposta encerra um processo que durou um ano e meio no parlamento catalão. De acordo com Pere Navarro, responsável da Direcção-Geral de Trânsito, a origem é mais profunda: "Trata-se um processo natural de consciencialização cultural contra tudo o que tenha a ver com sofrimento animal, por causa de filmes infantis como o 'Bambi'", analisou ontem. "As coisas têm a sua própria evolução, vão fazendo o seu caminho." A iniciativa partiu dos Populares através da plataforma Prou!, que reuniu mais de 180 mil assinaturas contra os festejos.
Brigitte Bardot, uma das actrizes que mais têm lutado pelos direitos dos animais no mundo, considerou a decisão "uma vitória da dignidade sobre a crueldade. A tourada é de sadismo incrível. Já não estamos nos jogos circenses e é necessário pôr fim imediato a esta tortura animal". Bardot acrescentou que a aprovação da lei abre caminho à abolição europeia desta barbárie. "Recorreremos à iniciativa de cidadãos prevista pelo Tratado de Lisboa", sublinhou a actriz. Depois da aprovação na assembleia catalã, a proposta segue para novas instâncias: os que estão a favor das touradas já anunciaram que vão recorrer ao Tribunal Constitucional, com apoio do PP. Já os populares vão continuar a lutar pelos direitos dos animais, já com uma vitória no bolso.

Morreu António Feio

Funeral do actor é hoje, às 16h, saindo do Palácio das Galveias

António Feio morreu no Hospital da Luz, em Lisboa.
De acordo com a produtora de espectáculos UAU, o actor estava internado há dois dias.
António Feio, que sofria de um cancro no pâncreas, morreu às 23h40 desta quinta-feira.
O actor nasceu em Maputo a 6 de Dezembro de 1954. Estreou-se em 1966 no Teatro Experimental de Cascais, na peça Mar, de Miguel Torga. Formou mais tarde, com Fernando Gomes, o Teatro Aquarius. Passou pelos principais palcos portugueses, foi presença assídua também na televisão, no grande ecrã e na rádio.
Ao tomar conhecimento da doença de que padecia, António Feio notabilizou-se pela espantosa corágem que demonstraria ao lutar contra o irreversível desfeixo desta doença, mas também ao referir-se com sarcástico humor a ela. O corpo do actor vai estar a partir das 18h30 no Palácio Galveias, em Lisboa. O funeral realiza-se hoje, às 16h00, para o cemitério dos Olivais.


Leia todas as reacções à morte do actor António Feio

José Jorge Letria

"O teatro português perde um dos seus actores mais versáteis e também um encenador muito experiente e inspirado e com um talento especialíssimo para a comédia. Uma comédia moderna, ágil, de costumes, muito virada também para o 'nonsense' [disparate], para o jogo com a linguagem do quotidiano, coisa que aconteceu muito com a 'Conversa da Treta' [com que António Feio fez dupla com o actor e amigo José Pedro Gomes]. Ajudou muitos jovens a irem ao teatro, isso torna esta perda ainda mais pesada." [à Lusa]

Bruno Nogueira

"Um grande pai, um grande amigo, um grande encenador, um grande actor e um ser humano daqueles que se agigantam quando vemos por dentro. Sabia ver o copo meio cheio, sempre. Mesmo quando ele estava vazio. Rimos muito, trabalhámos juntos, e tudo aquilo que ainda tínhamos que fazer e que não é justo que tenha este fim. Guardo muitos momentos bons, e histórias que nunca mais esquecerei. Uma delas foi o dia em que me disse que estava doente, e que passado cinco minutos estava a rir e a gozar com isso."

Herman José

"Não consigo imaginar a dor de José Pedro Gomes neste momento, porque eles funcionavam os dois como um só organismo. Não faz sentido que tão boa pessoa morra assim." [à RTPN]

Maria Rueff

"Estou profundamente sentida com a morte do António. Vou ficar sempre com a memória de um extraordinário encenador, de um actor de comédia excepcional, que lutou sempre até ao fim contra a doença que o levou. Vou ter muitas saudades dele, mas sei que ele estará a sorrir onde quer que esteja" [ao Correio da Manhã]

Nicolau Breyner

"Vou recordar o António Feio como um amigo de longa data. Tínhamos ainda uma grande diferença de idades. Era um actor muito inteligente, com um sentido de humor excepcional. O António deu também um exemplo de coragem pela forma como lutou com toda a força esta doença. Fez uma parelha fantástica com José Pedro Gomes." [ao Correio da Manhã]

Nuno Markl

"Custa-me muito a aceitar que o António Feio se foi embora. Dita a razão que todos devíamos estar preparados para isto, mas a verdade é que raras vezes se viu alguém enfrentar um cancro com tamanha coragem e, porque não dizê-lo, sentido de humor. E isso não merecia um final feliz? Se a vida fosse como em alguns filmes, um homem que se fez a um terrível drama com a incrível alegria que o Feio foi mantendo - dentro da medida do possível, mas, por vezes, para lá disso - em tudo o que ia escrevendo no seu Facebook, no trabalho que continuava a fazer, na pequena janela de chat que se abria, de vez em quando, aqui no meu computador e onde me dizia que lá ia indo, ele teria vencido a doença. Infelizmente, a vida é, boa parte das vezes, uma valente merda. Não exagero quando digo que era um sonho trabalhar com ele: um bom homem, humilde, talentoso, adepto do trabalho em equipa, do diálogo para que tudo corresse na perfeição."

Rui Mendes

“Lembro-me muito bem da estreia dele, quando tinha 12 anos, acho eu. Era um miúdo com muita graça. Há uma coisa que fica e que jamais se esquecerá que é o trabalho que ele fez com 'O que diz Molero'. Encenou e representou com o José Pedro Gomes e foi um trabalho fantástico” [à Renascença]

Nuno Artur Silva

“O António foi cedo de mais. Era um tipo muito activo e pôs tanta gente a fazer coisas tão boas, que tenho imensa pena. É injusto que lhe tenha sido tirada a possibilidade de fazer o que ele fazia tão bem, que era, sobretudo, dirigir pessoas, encenar peças e entrar nelas e fazer isto tudo com um grande sentido de humor com grande simplicidade, sem complicar. Fiz com o António aquela que é uma das coisas de que mais gostei de ter feito, que é ‘O que diz Molero’. Por isto, e por muito mais coisas, hoje é um dia particularmente triste.” [à Lusa]

Carlos Avilez

"Perdemos um grande actor, um grande homem. Uma pessoa insubstituível. Uma pessoa com muito humor e uma grande paixão pelo teatro." [à SIC Notícias]

Gabriela Canavilhas

"Homem de grande sentido de humor e de grande simplicidade, a sua morte prematura deixa imensa saudade em todos os portugueses e em especial na cena teatral portuguesa, no género do humor, onde criou personagens cómicas de culto como o 'Tóni', das 'Conversas da Treta', onde formou uma dupla cómica com o actor e amigo José Pedro Gomes"

Ricardo Pais

“A recordação mais forte que eu tenho do António Feio, com toda a franqueza, não se refere às coisas cómicas, às tretas, a todas essas coisas, mas a momentos incríveis, como ele, muito miúdo, a fazer “O Mar”, de Miguel Torga, e depois, aqui no Teatro de São João, dirigido por mim, a fazer um papel difícil na peça “Noite de Reis”, de Shakespeare” [à Renascença]

Cavaco Silva

"É, pois, muito justo que, neste momento de luto, preste a minha homenagem a um homem de elevadas qualidades humanas e artísticas que lhe granjearam o respeito de todos os que acompanharam o seu percurso pessoal e profissional."

Ana Bola

"Ele era um tipo sem mácula, incapaz de criar uma situação mais complicada aos outros. Era um excelente colega, sem necessidade de protagonismo porque ele era um protagonista natural. Apesar da tristeza, temos que tentar dar a volta à situação e pensar que tivemos o privilégio de o conhecer. Tinha um extraordinário sentido de humor e uma capacidade rara de se entusiasmar com as coisas, principalmente neste país tão difícil. Todos nós quisemos acreditar que ele iria mesmo 'matar o bicho', como ele dizia. Infelizmente foi o bicho que o matou, e prematuramente. Tinha ainda muito para fazer." [à Lusa]

José Pedro Gomes

Ele também teve tempo para se preparar para isto e com muita força, humor e tranquilidade, acho eu. Esperava estar cá mais tempo. Começou por achar que era uma grande injustiça, como nós continuamos a achar. Vai tanta outra gente, porque é que o António não poderia ficar mais uns anos connosco? Perdemos um grande familiar, um grande amigo e um grande homem de teatro.

Ler mais em: http://www.ionline.pt/conteudo/71419-jose-pedro-gomes-perdemos-um-grande-familiar

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Governo acusa...

Passos Coelho de impreparação para proteger interesses públicos

Paulo Campos rejeita críticas de Passos Coelho ao negócio da PT com a Telefónica e acusa-o de impreparação. "Declarações de Pedro Passos Coelho são próprias de quem se "recusa a ver as evidências".

O secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, rejeitou hoje as críticas do presidente do PSD ao negócio da Portugal Telecom com a Telefónica, acusando-o, em contrapartida, de falta de preparação e de não proteger o interesse nacional.
Pedro Passos Coelho é acusado pelo secretário de Estado Adjunto, das Obras Públicas e das Comunicações, em declarações à agência Lusa, de "demonstrar falta de preparação nestas matérias, ignorar as evidências, não proteger o interesse nacional e colocar em causa perante os mercados a decisão da administração da PT". O líder do PSD afirmou hoje que o Governo mudou de posição no negócio, que o Estado não deveria intervir no processo, que a vontade prevalecente deveria ser a dos acionistas da empresa e que, no essencial, o negócio final não muda muito em relação à versão inicial.
Paulo Campos afirmou que as declarações de Pedro Passos Coelho são próprias de quem se "recusa a ver as evidências: agora há uma alternativa que permite manter a Portugal Telecom como operadora à escala global e a oferta é adicionada em algumas centenas de milhares de euros pela aquisição da Vivo". Esta "recusa", como diz, leva-o a acusar o dirigente social democrata de "manifestar uma falta de preparação clara" e a afirmar que "qualquer analista financeiro explicará ao presidente do PSD que esta oferta é financeiramente melhor em algumas centenas de milhões de euros". Estes milhões, acrescenta, "são suficientes para infraestruturar todo as zonas do Interior com fibra ótica, com Internet em alta velocidade".
O secretário de Estado recusa, por outro lado, que o Governo tenha mudado de posição. "O Governo disse que aquele cenário [inicial] de aquisição por parte da Telefónica das ações que a PT detinha na brasileira Vivo não defendia o interesse nacional, porque não deixava a empresa com escala e dimensão suficientes para permanecer como operador global, o que limitaria a sua capacidade de investimento em inovação e restringiria a sua capacidade de atuar nos mercados internacionais", avança.
E compara: "A situação que temos é completamente diferente. A PT mantém-se, e reforça-se, como operadora à escala global e com capacidade para continuar a investir em inovação. Deste ponto de vista, altera - com a criação da alternativa da tomada de posição na brasileira Oi - drasticamente o perfil do negócio que tinha sido proposto há umas semanas." Paulo Campos menciona "que foi possível ainda aumentar o preço da oferta em largas centenas de milhões de euros", para concluir: "Houve uma manifestação firme de defesa do interesse nacional e sem esta posição do Governo provavelmente não teríamos obtido estes resultados."
Ainda sobre a participação do Estado, o secretário de Estado recorda que "o quadro de participação dos diferentes acionistas é conhecido por todos desde sempre. Neste quadro existe a possibilidade de o Estado intervir quando entender adequado e quando as matérias permitirem essa intervenção. No caso concreto, foi o que aconteceu. O que era necessário era que o Estado fosse intransigente na defesa dos interesses nacionais. Foi aquilo que fez e é aquilo que fará sempre que tiver essa oportunidade", vincou.

Recorte de Imprensa

"Este é o maior fracasso da democracia portuguesa"

por Clara Ferreira Alves

Eis parte do enigma. Mário Soares, num dos momentos de lucidez que ainda vai tendo, veio chamar a atenção do Governo, na última semana, para a voz da rua.

A lucidez, uma das suas maiores qualidades durante uma longa carreira politica. A lucidez que lhe permitiu escapar à PIDE e passar um bom par de anos, num exílio dourado, em hotéis de luxo de Paris.
A lucidez que lhe permitiu conduzir da forma "brilhante" que se viu o processo de descolonização. A lucidez que lhe permitiu conseguir que os Estados Unidos financiassem o PS durante os primeiros anos da Democracia. A lucidez que o fez meter o socialismo na gaveta durante a sua experiência governativa.
A lucidez que lhe permitiu tratar da forma despudorada amigos como Jaime Serra, Salgado Zenha, Manuel Alegre e tantos outros. A lucidez que lhe permitiu governar sem ler os "dossiers". A lucidez que lhe permitiu não voltar a ser primeiro-ministro depois de tão fantástico desempenho no cargo.
A lucidez que lhe permitiu pôr-se a jeito para ser agredido na Marinha Grande e, dessa forma, vitimizar-se aos olhos da opinião pública e vencer as eleições presidenciais. A lucidez que lhe permitiu, após a vitória nessas eleições, fundar um grupo empresarial, a Emaudio, com "testas de ferro" no comando e um conjunto de negócios obscuros que envolveram grandes magnatas internacionais.
A lucidez que lhe permitiu utilizar a Emaudio para financiar a sua segunda campanha presidencial. A lucidez que lhe permitiu nomear para Governador de Macau Carlos Melancia, um dos homens da Emaudio.
A lucidez que lhe permitiu passar incólume ao caso Emaudio e ao caso Aeroporto de Macau e, ao mesmo tempo, dar os primeiros passos para uma Fundação na sua fase pós-presidencial. A lucidez que lhe permitiu ler o livro de Rui Mateus, "Contos Proibidos", que contava tudo sobre a Emaudio, e ter a sorte de esse mesmo livro, depois de esgotado, jamais voltar a ser publicado.
A lucidez que lhe permitiu passar incólume as "ligações perigosas" com Angola , ligações essas que quase lhe roubaram o filho no célebre acidente de avião na Jamba (avião esse carregado de diamantes, no dizer do Ministro da Comunicação Social de Angola). A lucidez que lhe permitiu, durante a sua passagem por Belém, visitar 57 países ("record" absoluto para a Espanha - 24 vezes - e França - 21), num total equivalente a 22 voltas ao mundo (mais de 992 mil quilómetros).
A lucidez que lhe permitiu visitar as Seychelles , esse território de grande importância estratégica para Portugal. A lucidez que lhe permitiu, no final destas viagens, levar para a Casa-Museu João Soares uma grande parte dos valiosos presentes oferecidos oficialmente ao Presidente da Republica Portuguesa.
A lucidez que lhe permitiu guardar esses presentes numa caixa-forte blindada daquela Casa, em vez de os guardar no Museu da Presidência da Republica. A lucidez que lhe permite, ainda hoje, ter 24 horas por dia de vigilância paga pelo Estado nas suas casas de Nafarros, Vau e Campo Grande.
A lucidez que lhe permitiu, abandonada a Presidência da Republica, constituir a Fundação Mário Soares. Uma fundação de Direito privado, que, vivendo à custa de subsídios do Estado, tem apenas como única função visível ser depósito de documentos valiosos de Mário Soares. Os mesmos que, se são valiosos, deviam estar na Torre do Tombo.
A lucidez que lhe permitiu construir o edifício-sede da Fundação violando o PDM de Lisboa, segundo um relatório do IGAT, que decretou a nulidade da licença de obras. A lucidez que lhe permitiu conseguir que o processo das velhas construções que ali existiam e que se encontrava no Arquivo Municipal fosse requisitado pelo filho e que acabasse por desaparecer convenientemente num incêndio dos Paços do Concelho.
A lucidez que lhe permitiu receber do Estado, ao longo dos últimos anos, donativos e subsídios superiores a um milhão de contos. A lucidez que lhe permitiu receber, entre os vários subsídios, um de quinhentos mil contos, do Governo Guterres, para a criação de um auditório, uma biblioteca e um arquivo num edifico cedido pela Câmara de Lisboa.
A lucidez que lhe permitiu receber, entre 1995 e 2005, uma subvenção anual da Câmara Municipal de Lisboa, na qual o seu filho era Vereador e Presidente. A lucidez que lhe permitiu que o Estado lhe arrendasse e lhe pagasse um gabinete, a que tinha direito como ex-presidente da República, na... Fundação Mário Soares.
A lucidez que lhe permite que, ainda hoje, a Fundação Mário Soares receba quase 4 mil euros mensais da Câmara Municipal de Leiria. A lucidez que lhe permitiu fazer obras no Colégio Moderno, propriedade da família, sem licença municipal, numa altura em que o Presidente era... João Soares.
A lucidez que lhe permitiu silenciar, através de pressões sobre o director do "Público", José Manuel Fernandes, a investigação jornalística que José António Cerejo começara a publicar sobre o tema. A lucidez que lhe permitiu candidatar-se a Presidente do Parlamento Europeu e chamar dona de casa, durante a campanha, à vencedora Nicole Fontaine.
A lucidez que lhe permitiu considerar José Sócrates "o pior do guterrismo" e ignorar hoje em dia tal frase como se nada fosse. A lucidez que lhe permitiu passar por cima de um amigo, Manuel Alegre, para concorrer às eleições presidenciais uma última vez.
A lucidez que lhe permitiu, então, fazer mais um frete ao Partido Socialista. A lucidez que lhe permitiu ler os artigos "O Polvo" de Joaquim Vieira na "Grande Reportagem", baseados no livro de Rui Mateus, e assistir, logo a seguir, ao despedimento do jornalista e ao fim da revista.
A lucidez que lhe permitiu passar incólume depois de apelar ao voto no filho, em pleno dia de eleições, nas últimas Autárquicas. No final de uma vida de lucidez, o que resta a Mário Soares? Resta um punhado de momentos em que a lucidez vem e vai. Vem e vai. Vem e vai.
Vai... e não volta mais.

Clara Ferreira Alves

in Expresso

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Consegue resistir ou larga o carro?

Calor sobe

«Temperaturas normais» só em Viana, Porto, Guarda e Faro

Distritos de Santarém, Portalegre, Évora e Beja em alerta máximo. O alerta vermelho aplica-se a casos em que «temperaturas muito elevadas podem trazer graves problemas para a saúde».

Os distritos de Santarém, Portalegre, Évora e Beja vão estar na quinta-feira, pelo segundo dia consecutivo, em alerta máximo (vermelho) da Direcção-Geral da Saúde (DGS), devido à continuação de elevadas temperaturas.
Com excepção de Viana do Castelo, Porto, Guarda e Faro, em alerta verde, o mais baixo numa escala de três avisos de calor da DGS, os restantes distritos de Portugal Continental estarão a amarelo, o segundo mais grave, informa aquela entidade no seu portal online.
Segundo a DGS, o alerta vermelho aplica-se a casos em que «temperaturas muito elevadas podem trazer graves problemas para a saúde», pelo que devem ser redobrados os cuidados.
Já o alerta amarelo ocorre em situações em que «as temperaturas elevadas» podem surtir efeitos na saúde, enquanto o verde se trata de «temperaturas normais para a época do ano».

Casamentos de conveniência

São detectados de 25 a 30 por mês

Números são considerados preocupantes na região Norte. Só os imigrantes fixados nesta região em 31 de Dezembro do ano passado eram 44.654. Por isso mesmo, os imigrantes "salvam" o crescimento da população...

O número de casamentos de conveniência destinados a facilitar a legalização de imigrantes está atingir contornos preocupantes na região Norte, disse à Lusa esta quarta-feira o novo director regional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Luís Frias. De acordo com elementos fornecidos por Luís Frias, o SEF nortenho está a detectar este ano uma média de 25 a 30 casamentos de conveniência por mês.
«São dados que nos deixam seriamente preocupados», sublinhou o responsável pelo SEF/Norte durante uma reunião com a secretária de Estado da Administração Interna, Dalila Araújo, que a agência Lusa acompanhou. Parte da reunião serviu para fornecer dados sobre a actividade do SEF/Norte em 2009, realçando-se a concretização de 112 detenções, a maioria das quais (78) por permanência ilegal no território.
Os maiores infractores são cidadãos brasileiros (23 por cento dos 1125 fiscalizados), o que se justifica por constituírem a maior comunidade estrangeira no Norte de Portugal. Os imigrantes fixados na região norte em 31 de Dezembro do ano passado eram 44.654, com predominância de brasileiros (13.917), ucranianos (6889) e chineses (2897).
Ainda de acordo com os dados do SEF/Norte relativos a 2009, os processos por expulsão administrativa instaurados foram 169, dois quais 98 visando cidadãos brasileiros. De entre as 5765 contra-ordenações instauradas, as principais reportaram-se a permanência ilegal (2177) e não renovação atempada da autorização de residência (2044). As coimas aplicadas ascenderam a 518,8 mil euros. Durante o ano passado, o SEF/Norte realizou 2038 operações de fiscalização.

Reagrupamentos familiares

Ao enumerar os números de 2009, o director regional do SEF/Norte sublinhou os reagrupamentos familiares autorizados em território nacional, beneficiando maioritariamente cidadãos chineses (82 casos) e ucranianos (51). «É um tipo de imigração que gosto de assinalar. É sinal de que quem está, está bem», disse Luís Frias. O SEF/Norte, que em 2009 concretizou 140.160 atendimentos e tem um quadro de 178 pessoas, 122 das quais da carreira de investigação, dispõe de serviços dispersos pelas cinco capitais de distrito da região, bem como nas fronteiras terrestres de Quintanilha e Tui, Aeroporto Sá Carneiro e em três portos.
A sede do SEF norte, no Porto, que actualmente funciona na rua D. João IV, vai mudar no princípio do próximo ano para novas instalações, na zona da Lapa e nas imediações da Unidade de Santo António, que acolhe imigrantes a aguardar repatriamento, explicou o director regional. Questionado sobre o envolvimento de alguns efectivos do SEF/Norte em ilegalidades sancionadas pelos tribunais, Luís Frias disse que o serviço que dirige «não adopta uma postura corporativa» e referiu que o último caso foi levado à barra judicial pela própria direcção regional. Por isso, disse, «é uma situação que não nos embaraça».

Imigrantes «salvam» crescimento da população

A população residente em Portugal registou um ligeiro crescimento em 2009 devido à contribuição do saldo migratório positivo, já que o número de mortes foi superior aos nascimentos, revelam indicadores demográficos divulgados esta quarta-feira. Em 2007, o número de mortes registadas em Portugal tinha sido superior aos nascimentos, o que aconteceu pela primeira vez em 90 anos, uma situação que se inverteu em 2008 e agora se inverteu novamente. No ano passado, as estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para um saldo negativo em 4945, mais acentuado que a diferença de 1020 de dois anos antes, recorda a Lusa.
Assim, em 2009, o número de nados vivos de mães residentes em Portugal foi de 99491, em queda face aos 104594 contabilizados em 2008, enquanto as mortes subiram para 104436 contra 104280 no ano anterior. Tendo em conta o crescimento migratório de 0,14 por cento (0,09 por cento em 2008), a taxa de crescimento efectivo foi de 0,10 por cento (0,09 por cento), para uma taxa de crescimento natural de 0,05 por cento negativo, depois da evolução praticamente nula de 2008. Em 31 de Dezembro de 2009, a população residente em Portugal foi estimada pelo INE em 10637713 indivíduos, dos quais 5489510 mulheres e 5148203 homens.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Forma original de comemorar um golo...

Reprodução de Linces em cativeiro

Linces voltaram a nascer em Silves

A coordenadora diz que "há um balanço positivo do 1º ano do centro de reprodução, com o nascimento de duas crias de linces ibéricos, em Silves".

O nascimento de duas crias de linces ibéricos logo na primeira época do novo centro nacional de reprodução em cativeiro, aberto há um ano em Silves, dá nota positiva àquela estrutura, disse à Lusa a coordenadora do projeto. "Foi um sucesso haver reprodução de linces ibéricos na primeira época em que o centro abriu, sobretudo de um animal - Azahar - que tinha tido duas tentativas sem sucesso em Espanha", disse Lurdes de Carvalho, coordenadora do plano de ação para a conservação do lince ibérico em Portugal, em entrevista à agência Lusa, a propósito do Dia da Conservação da Natureza, que se assinala na quarta feira.
Lurdes Carvalho explicou que, apesar de as duas crias terem morrido por causa de uma "infeção bacteriana" e de "problemas congénitos", o facto de terem sido concebidas e terem nascido com vida em Silves, no Algarve, só por si já é um fator positivo no primeiro ano de existência do centro nacional de reprodução do lince ibérico, representando as primeiras reproduções comprovadas em Portugal nos últimos 30 anos.
Uma das crias morreu a 11 de abril, tendo resistido com vida sete dias, e a outra no dia 18, resistindo 15 dias com vida. Os resultados das autópsias realizadas no Centro de Análises e Diagnóstico de Málaga, em Espanha - centro que realiza as autópsias dos linces que morrem em cativeiro -, indicam que as crias nasceram com problemas congénitos incompatíveis com a vida, apesar de estarem bem formadas e com as proporções corretas.
Uma das crias apresentava má formação da tiróide, responsável pela hormona do crescimento, e à segunda cria foi diagnosticada uma rutura de intestino, explica o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB). Dez meses depois de Portugal ter começado a receber linces ibéricos, felinos em vias de extinção, Lurdes Carvalho informa que o centro está a "funcionar em pleno" e que o trabalho está "rotinado para a preparação de linces para a reprodução".
"Queremos obter mais indivíduos", declarou a responsável pelo plano de conservação da espécie de felino mais ameaçada do planeta, o Lynx pardinus. O primeiro centro nacional de reprodução em cativeiro do lince ibérico em Portugal foi inaugurado em maio de 2009 na Herdade das Santinhas, em Silves, e em outubro de 2009 começou a receber os primeiros linces, de um total de 16, que hoje habitam em Silves.
A obra nasceu para compensar os impactes ambientais da barragem de Odelouca, uma imposição da União Europeia para finalizar uma obra suspensa durante três anos. No centro de reprodução trabalham dois veterinários, uma bióloga na área do comportamento e cinco tratadores. De uma população de 100 mil animais no início do século XX, o número de linces ibéricos situa-se hoje na ordem das duas centenas em estado selvagem, além daqueles que são mantidos em centros como o de Silves.

Sócrates e as calúnias

Conclusão do processo Freeport

"A verdade acaba sempre por vir ao de cima", diz José Sócrates, que acrescenta: "Ficaram evidentes as calúnias, falsidades e injustiças contra o meu nome e o da minha família".

O primeiro ministro congratulou-se ontem com o desfecho do processo Freeport, dizendo que a verdade acaba sempre por vir ao de cima e que foi vítima de uma "enormidade de calúnias". José Sócrates falava aos jornalistas em São Bento, numa declaração aos jornalistas sobre o desfecho da investigação ao caso "Freeport".
Na sua declaração, José Sócrates disse que foi sem surpresa que recebeu as conclusões do Ministério Público de que "não houve irregularidades no licenciamento ambiental" do empreendimento Freeport e que não houve qualquer acusação sobre eventual financiamento ilegal a partidos. José Sócrates negou que a sua declaração constitua "uma vitimização artificial" e referiu que ao longo de seis anos foi alvo de uma "enormidade de calúnias", mas que " verdade acaba sempre por vir ao de cima".
O primeiro ministro afirmou ainda que a conclusão do processo Freeport tornou agora evidente as "calúnias, falsidades e injustiças" contra o seu bom nome e o da sua família ao longo dos últimos seis anos. A posição de José Sócrates foi assumida através de uma declaração à comunicação social, sem direito a perguntas por parte dos jornalistas, na residência oficial do primeiro ministro, depois de o Ministério Público ter concluído pela ausência de irregularidades no licenciamento do empreendimento Freeport.
"Como sempre disse, a verdade acaba sempre por vir ao de cima e fica agora evidente para todos os portugueses de boa fé a enormidade das calúnias, das falsidades e das injustiças que sobre mim foram insistentemente repetidas ao longo destes últimos seis anos, muitas vezes com um único objetivo: de me atacarem politicamente e de me atacarem pessoalmente", declarou o primeiro ministro. Para José Sócrates, nos últimos seis anos, o seu nome, assim como o da sua família, foi abusivamente referido em relação ao caso Freeport "de forma absolutamente injusta, infundada e caluniosa, sem qualquer respeito pelos mais elementares princípios da ética, da decência e da lei".
Numa resposta a quem considerou esta declaração do primeiro ministro como um ensaio de vitimização artificial, Sócrates classificou essa tese como "extraordinária. Depois de tudo aquilo por que passei, depois de tudo o que foi dito a propósito do meu nome, é extraordinário que ainda haja quem pretenda ver nas minhas declarações sobre este caso um qualquer exercício de vitimização artificial. Na verdade, sempre que falei sobre este assunto foi para exercer o meu legítimo direito de defesa contra a calúnia - e fi-lo poucas vezes, mas sempre de forma clara e firme", sustentou.
"Faço esta declaração esperando que esta seja a última vez que me refiro ao tal assunto" do processo Freeport, acrescentou. Na sua declaração, o primeiro ministro começou por se congratular que, seis anos após o início do processo Freeport, o Ministério Público tenha dado por concluída a sua investigação, apresentando sumariamente as suas conclusões finais.
José Sócrates referiu-se depois a duas das conclusões retiradas pelo Ministério Público em relação a este processo judicial. "Com base em perícias urbanísticas e ambientais, o Ministério Público concluiu que não houve quaisquer irregularidades no licenciamento ambiental do empreendimento Freeport. Naturalmente, esta conclusão não constitui para mim qualquer surpresa, porque, como sempre afirmei, este licenciamento cumpriu todas as regras e todas as exigências previstas na lei", apontou o líder do executivo. José Sócrates disse neste contexto que, enquanto desempenhou as funções de ministro do Ambiente, "a atuação do Ministério sempre se guiou por padrões de grande exigência e rigor na avaliação dos projetos".
"Mas creio que os portugueses compreendem bem a minha satisfação de ver finalmente reconhecido, preto no branco, ainda por cima por uma instância independente, aquilo que eu próprio e todos os responsáveis do Ministério do Ambiente desde o início sempre afirmámos mas que muitos se recusaram a ouvir", disse. José Sócrates congratulou-se em seguida com a conclusão do Ministério Público de que "não havia razão para acusar quem quer que fosse, incluindo responsáveis políticos do Ministério do Ambiente, pelos tão falados crimes de corrupção, tráfico de influências ou financiamento ilegal de partidos políticos".

Cavaco sublinha que ritmo da justiça tem de ser respeitado, mas escusa-se a fazer comentários sobre processo Freeport

O Presidente da República sublinhou hoje, a propósito da lentidão das investigações, que o ritmo e as decisões da justiça têm de ser respeitados, mas escusou-se a fazer qualquer comentário sobre o processo Freeport. Interrogado sobre o problema da lentidão da justiça, a propósito do processo Freeport, o chefe de Estado disse acompanhar "a generalidade dos portugueses nessa matéria".
"Todos nós gostaríamos de muito mais celeridade na resolução dos processos de investigação e nos processos judiciais, mas a justiça tem o seu ritmo e eu respeito o ritmo da justiça", salientou, em declarações aos jornalistas, à saída de uma visita à exposição sobre os carros dos Presidentes, patente no Museu da Eletricidade. Por isso, acrescentou, "aqueles que estão no campo político" apenas "têm de respeitar as decisões das investigações que são realizadas".
Cavaco Silva escusou-se ainda a falar sobre o processo Freeport, lembrando que "normalmente" não faz "qualquer comentário em relação aos processos judiciais". Uma nota do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), hoje divulgada, revelou que o Ministério Público acusou dois dos sete arguidos do processo Freeport e determinou o arquivamento dos crimes de corrupção (ativa e passiva), tráfico de influência, branqueamento de capitais e financiamento ilegal de partidos políticos.
O processo Freeport teve na sua origem suspeitas de corrupção e tráfico de influências na alteração à Zona de Proteção Especial do Estuário do Tejo e licenciamento do espaço comercial em Alcochete quando era ministro do Ambiente José Sócrates, atual primeiro ministro. Entre os arguidos figuram os empresários Charles Smith e Manuel Pedro, João Cabral, funcionário da empresa Smith&Pedro, o arquiteto Capinha Lopes, o antigo presidente do Instituto de Conservação da Natureza Carlos Guerra e o então vice-presidente deste organismo José Manuel Marques e o ex-autarca de Alcochete José Dias Inocêncio.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Verão: Mar começa a fazer vítimas




Mergulhadores procuram jovem que desapareceu na Praia Grande

Ferry-boat acolhe contrabandistas

Contrabando de tabaco em Portimão

Quase meio milhão de cigarros foram apreendidos. O condutor da viatura em que seguia o tabaco foi detido.

A Direcção Geral das Alfândegas apreendeu 490 mil cigarros no porto de Portimão, avaliados em mais de 685 mil euros, e deteve o condutor da viatura onde o tabaco era transportado, anunciou esta segunda-feira o Ministério das Finanças. «Os cigarros apreendidos têm um valor aproximado de 685.750 euros e o valor dos impostos que seriam devidos pela sua introdução no consumo em Portugal (IT e IVA) eleva-se a cerca de 67.658,93 euros», afirma a tutela, em comunicado.
A apreensão foi realizada no domingo pela Delegação Aduaneira de Portimão, em colaboração com o sub-destacamento de controlo costeiro da GNR. Os cerca de 24.500 maços encontravam-se numa viatura de carga de matrícula espanhola que seguia num barco que faz a linha regular Portimão - Funchal - Tenerife - Las Palmas.
«O tabaco encontrava-se dissimulado na estrutura da própria viatura e dentro de frigoríficos ou arcas frigoríficas, estivadas de modo a dificultar o acesso ao seu conteúdo», lê-se no comunicado. A viatura e a carga encontram-se apreendidas em Portimão, à ordem do processo-crime entretanto aberto. O condutor foi detido para ser apresentado ao Ministério Público daquela cidade.

Duplo homicídio em Lagos

Suspeito de não queria reconhecer paternidade

Autoridades germânicas já divulgaram o que acreditam seja o móbil do crime: Gunnar Dories foi ouvido em tribunal, mas não falou.

Já foi ouvido no tribunal de Munique o alemão detido por suspeita de ter morto a amante e a filha, em Lagos, no Algarve. O homem continua em silêncio e sem dar qualquer pista sobre o que aconteceu.
No entanto, as autoridades germânicas já divulgaram o que acreditam ser o móbil do crime: Gunnar Dories planeou os homicídios porque não queria reconhecer a paternidade da criança de apenas ano e meio.
A Polícia Judiciária não adiantou mais pormenores sobre o caso.

Começaram os fogos de Verão

Calor intenso dificulta intervenção dos bombeiros

Incêndio quase obrigou a evacuação de aldeia turística. O incêndio, que deflagrou às 13h23 de ontem, nos Brejos da Carregueira, contou com o apoio aéreo de dois helicópteros pesados da Autoridade Nacional de Protecção Civil.

A GNR avisou que ia proceder à evacuação da aldeia turística do Montalvo, devido à proximidade de um incêndio que tem uma frente activa de cinco quilómetros e já destruiu uma vasta zona florestal desde o princípio da tarde.
No entanto, mais tarde, os bombeiros informaram à Lusa que a evacuação foi suspensa devido a uma mudança da direcção do vento, que fez o incêndio avançar noutra direcção. «Para já não foi necessário proceder à evacuação da Herdade do Montalvo, mas a GNR continua no local de prevenção», justificou um responsável do CDOS, esclarecendo que a possibilidade de se proceder à evacuação do local «ainda não está afastada definitivamente».
«Temos no local 34 corporações de bombeiros dos distritos de Setúbal, Évora e Beja, com um total de 179 elementos, apoiados por 56 viaturas, e já está a caminho um grupo de reforço de Lisboa», disse à Lusa fonte do CDOS (Centro Distrital de Operações de Socorro) de Setúbal. O incêndio, que deflagrou às 13h23, nos Brejos da Carregueira, contou com o apoio aéreo de dois helicópteros pesados da Autoridade Nacional de Protecção Civil durante o dia, mas o calor intenso dificultou a intervenção dos bombeiros.

Mais de 300 bombeiros combatem sete incêndios em Portugal

Havia sete incêndios activos em Portugal às 14:45, de acordo com a página na Internet da Autoridade Nacional de Protecção Civil. No terreno estavam 336 bombeiros, apoiados por oito dezenas de viaturas e uma dezena de meios aéreos.
Em São Gonçalo, concelho de Mesão Frio, distrito de Vila Real, estavam mobilizados 29 bombeiros, sete veículos de combate às chamas e um helicóptero pesado. Já no distrito do Porto, em Monte Meda, concelho de Gondomar, as chamas estavam a ser combatidas por 59 operacionais, apoiados por 17 veículos e dois aviões bombardeiros pesados. As chamas estavam também a consumir uma zona de mato em Ermida, Sever do Vouga, no distrito de Aveiro, onde estão 53 bombeiros, 12 viaturas de incêndio e um helicóptero.
No concelho de Póvoa do Lanhoso, distrito de Braga, estava um fogo activo, em Covelas. No terreno estão 20 bombeiros, apoiados por cinco viaturas e um helicóptero. No concelho de Viseu, o fogo lavra em Pascoal, onde estavam às 14:45 58 bombeiros, 14 viaturas, dois aviões e um helicóptero. Em Brejoeira, concelho de Coruche, Santarém, um incêndio mobilizava 64 homens, 13 viaturas de combate às chamas e dois aviões. No concelho de Caminha, Viana do Castelo, um incêndio ardia em Cima. No terreno estava 53 bombeiros e 15 veículos.

Sismo de 4.1 e 4

Abal0 foi sentido nos Açores e no Algarve

Um sismo ligeiro de 4.0 sentido nos concelhos de Faro e Loulé (intensidade máxima II e III na escala de Mercalli modificada) ocorreu às 21:24 de domingo, com epicentro a cerca de 90 quilómetros a sul de Olhão.

Um sismo ligeiro de magnitude 4.1 na escala de Richter foi sentido hoje de madrugada nos Açores, horas depois de um outro abalo de magnitude 4.0 ter sido sentido no Algarve, anunciou o Instituto de Meteorologia (IM).
Em ambos os casos, não foram registados danos pessoais ou materiais, segundo o IM. O abalo registado nas estações dos Açores ocorreu pelas 02:32 locais (03:32 em Lisboa), e teve epicentro próximo de Bandeira, na ilha do Pico, segundo um comunicado do IM.
Este sismo foi sentido com intensidade máxima V, na escala de Mercalli modificada, na região de Madalena, e com intensidade IV em S. Roque do Pico, na ilha do Pico. Foi igualmente sentido na ilha do Faial, nomeadamente na região da Horta (intensidade IV) e Capelo (II), bem como na ilha de S. Jorge, na região das Velas (III), refere o IM.
O sismo ligeiro de 4.0 sentido nos concelhos de Faro e Loulé (intensidade máxima II e III na escala de Mercalli modificada) ocorreu às 21:24 de domingo, com epicentro a cerca de 90 quilómetros a sul de Olhão. A escola de Mercalli modificada determina a intensidade de um sismo a partir dos efeitos e danos nas pessoas e nas estruturas construídas e naturais.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Activistas encenaram "a tortura das touradas"


Cavaco Silva defende a Lusofonia

CPLP tem que ter «imagem de coesão»

Presidente da República enaltece «família de povos que se espraia por quatro continentes e que se reconhece numa identidade». E afirma: "É preciso ir mais longe" na construção de uma cidadania comum.

O Presidente da República afirmou na abertura da cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa que "é preciso ir mais longe" em dossiers como a cidadania lusófona ou o envolvimento da sociedade civil na construção da Comunidade. "É necessário ir mais longe na resposta às expetativas dos nossos cidadãos. Nesse sentido, quero assinalar os progressos registados nas negociações sobre uma convenção quadro relativa ao estatuto do cidadão da CPLP, esperando que seja possível conclui-la em breve", disse Aníbal Cavaco Silva.
O chefe de Estado disse ainda esperar que "seja possível confirmar a realização, se possível ainda no decurso do corrente ano, do I Fórum da Sociedade Civil da CPLP", na sequência do trabalho que foi feito nos últimos anos. "A nossa comunidade tem de ser cada vez mais um projeto de cidadania, que integre e mobilize o contributo dos nossos cidadãos. A criação da Assembleia Parlamentar e da Confederação Empresarial da CPLP foram passos da maior relevância nesse sentido, que quero saudar calorosamente", disse.
Cavaco Silva realçou ainda da ação levada a cabo "peças múltiplas estruturas e fóruns em que se afirma a vida" da CPLP. A VIII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP está a decorrer hoje em Luanda, com as ausências dos Presidentes do Brasil e de Timor-Leste, Luiz Inácio Lula da Silva e José Ramos-Horta, respetivamente. Nesta cimeira, Portugal passa a presidência da organização para Angola.

O peso que a Comunidade representa na cena internacional

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem que fazer valer a sua «imagem de coesão em torno dos laços, princípios e valores presentes nos seus estatutos», contribuindo para a sua credibilidade, defende Cavaco Silva. Em declarações à Lusa, o Presidente da República exaltou o «crescente interesse» internacional pelas actividades da comunidade, «fruto do reconhecimento do peso que a CPLP já representa na cena internacional e da antevisão quanto ao que poderá representar no futuro».
«Mas deve-se ainda à nossa imagem de coesão em torno dos laços, princípios e valores presentes nos nossos estatutos, que definem a natureza e a personalidade da nossa comunidade e que se revestem da maior importância para preservar a credibilidade e o reconhecimento que conseguimos granjear no decurso destes 14 anos», sublinhou Cavaco. O Presidente fala numa «família de povos que se espraia por quatro continentes e que se reconhece numa identidade que faz com que nenhum de nós possa alguma vez sentir-se estrangeiro em qualquer um dos nossos países».
Este interesse crescente é «bem evidente no número e importância das organizações e países que já seguem ou pretendem passar a seguir» os trabalhos da organização «ou ainda nos pedidos de concessão do estatuto de observador» que têm chegado, como é o caso da Guiné-Equatorial, que tem estatuto de observador. A questão da entrada ou não deste país tem sido central na cimeira da CPLP que decorreu em Luanda. Cavaco tem preferido não pronunciar-se.

Guerra na "educação" em Alcoutim

Não dá o Bota com a perdigota...

PSD/Algarve acusa Governo e DREA de partidarizar nomeação presidente do agrupamento, mas DREA refuta.

O PSD/Algarve acusou ontem o Governo e Direcção Regional de Educação do Algarve (DREA) de estarem a partidarizar a nomeação do presidente do agrupamento de escolas de Alcoutim e exige à ministra da Educação uma intervenção. "O Governo do Partido Socialista, através da Direcção Regional de Educação do Algarve, predispôs-se a cometer todo o tipo de atropelos no processo de nomeação do presidente da Comissão Administrativa Provisória (CAP) do Agrupamento de Escolas do município de Alcoutim, sedeado em Martinlongo" acusa o líder do PSD/Algarve, Mendes Bota.
Em comunicado de imprensa enviado hoje à comunicação social, o PSD/Algarve exige a "intervenção da ministra da Educação, para colocar termo à inadmissível manipulação partidária da Direcção Regional de Educação". Segundo Mendes Botas, Alcoutim foi o único município do Algarve onde "não houve nomeação direta da Comissão Administrativa Provisória". Para Alcoutim, o diretor regional entendeu "por bem abrir um concurso para apresentação de candidaturas, com critérios feitos à medida para beneficiar o tal apaniguado do Partido Socialista - o diretor da Escola de Alcoutim", acusa o PSD/Algarve.
Mendes Bota recorda que em todos os outros municípios do Algarve foi escolhido para presidente das respetivas CAP, o diretor ou diretora da Escola Sede do Agrupamento, ou, da maior Escola do Agrupamento, que no caso de Alcoutim, é precisamente a Escola de Martinlongo, todavia, a DREA quer "favorecer diretor da Escola de Alcoutim". O PSD/Algarve classifica a manobra de um "escândalo de manipulação da coisa pública ao serviço dos interesses partidários, utilizando os critérios sem critério". O diretor da DREA, Luís Correia, refutou completamente as acusações do PSD/Algarve e classifica de "muito infeliz esse tipo de acusações. Os critérios de escolha não foram partidarizados, advêm sim da experiência e formação profissional dos candidatos", disse Luís Correia, em declarações à Agência Lusa.
Luís Correia confirma que o agrupamento escolar de Alcoutim foi realmente o único do Algarve, porque foi onde "não houve acordo entre os dois presidentes dos órgãos de gestão para a designação do CAP" e, por esse motivo, "foi aberto um concurso, limitado, onde os critérios foram definidos por uma comissão criada para o efeito". A comissão foi constituída pelo presidente da Escola de Alcoutim, presidente da Escola de Martinlongo e um elemento da DREA.

The Gold Helis!

Helisul apresenta fatura de 1,3 milhões de euros ao Governo

Só no último trimestre, cada hora de voo dos helicópteros do INEM custou 5,600 euros ao Ministério da Saúde.

Cada hora de voo assegurada pelos três helicópteros ao serviço do INEM em Macedo de Cavaleiros, Santa Comba Dão e Loulé custou, no último trimestre, mais de 5600 euros ao Ministério da Saúde, segundo a empresa que aluga estes meios. Segundo Luís Tavares, diretor comercial da Helisul, empresa que aluga os três helicópteros em actividade ao serviço do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), desde 01 de abril deste ano, a fatura apresentada ao Ministério da Saúde pelo serviço prestado em abril, maio e junho foi de 1,3 milhões de euros.
Destes três meses de actividade, o MS já pagou os dois primeiros, revelou o responsável. Neste período, adiantou a mesma fonte, estes três meios aéreos voaram 230 horas, o que representa 5652 euros por hora. Em média, e nestes três meses, cada helicóptero custou - voando ou não - 433 333 euros, 4761,90 euros por dia e 198,41 euros por hora. O contrato firmado entre o Ministério da Saúde e a Helisul prevê um pagamento fixo pela disponibilidade dos meios e um outro que depende da actividade, por horas de voo. A empresa disponibiliza os meios, bem como uma escala assegurada por dois pilotos e técnicos de assistência.
Inicialmente, o Governo destinou uma verba de 20 milhões de euros para a prestação destes meios e serviços, entre 01 de julho de 2009 e 31 de dezembro de 2011. No entanto, a disponibilidade destes meios aéreos foi sendo sucessivamente adiada, só iniciando o serviço a 01 de abril deste ano. Para este período - que termina a 31 de dezembro de 2011 - a verba a atribuir (como teto máximo) é de 16 milhões de euros. Segundo Luís Tavares, os helicópteros estacionados em Macedo de Cavaleiros e Santa Comba Dão são os que mais voam, tendo registado "muitas saídas".
A mesma fonte garantiu que não tem conhecimento de impedimentos de voo destes meios por falta de pessoal médico. Cada voo é assegurado por um médico e um enfermeiro e dispõe de tecnologia de Suporte Avançado de Vida (SAV). Estes três helicópteros foram prometidos em 2007 pelo então ministro da Saúde, Correia de Campos, como contrapartida para o fecho de serviços de atendimento permanente nos centros de saúde e urgências hospitalares. Além destes três meios aéreos, o INEM tem dois helicópteros, em Lisboa e Porto, de maior dimensão.

O segredo da (in)Justiça

Na festa do Chão da Lagoa

Justiça não funciona porque anda entretida com "queixinhas", diz Alberto João Jardim, que acrescentou: “É preciso limpar a classe política que governa o país!”

O presidente do PSD-M, Alberto João Jardim, disse ontem que a justiça em Portugal não funciona porque anda atrás das "queixinhas" que cada um resolve apresentar ao Ministério Público. Alberto João Jardim reagia assim às notícias de que o Ministério Público está a investigar a Fundação Social Democrata nomeadamente a aquisição de um terreno no Chão da Lagoa, onde decorreu a festa anual dos social-democratas madeirenses.
"O senhor Coelho (deputado do PND-M) apresentou uma queixa contra a Fundação Social Democrata por ter esta propriedade e o Ministério Público o que faz em relação a todas as queixas é investigar", disse. "A justiça não funciona neste país porque andam todos a perder tempo a brincar às queixinhas do senhor Coelho e eu lamento que o Ministério Público ande atrás dessas coisas", acrescentou.
Alberto João Jardim, a meio do périplo pelas tasquinhas instaladas no recinto da Herdade do Chão da Lagoa, manifestou a esperança que a festa "seja o sucesso do costume" e explicou que esta ano não estão presentes dirigentes nacionais do partido devido à inauguração do recinto da Herdade: "decidimos que éramos nós que inaugurávamos isto". Questionado se só faltava regionalizar o PSD-M, o líder do partido respondeu com um sorriso: "calma". As intervenções políticas da festa deverão acontecer pelas 14:30 horas perante cerca de 40 mil pessoas.
Alberto João Jardim discursou então na festa do Chão da Lagoa, no já histórico comício de Verão da Madeira, o líder do Governo Regional da Madeira apelou ao «inconformismo» dos portugueses para «limpar a classe política que governa o país». E para mudar Portugal, Jardim sugere que se «vá para a rua» e podem contar «com a Madeira para isso».

Portas diz que é preciso ajudar PSD a "retificar o tiro que deu nos pés" com o projeto da revisão constitucional

O líder do CDS-PP, Paulo Portas, defendeu ontem a necessidade de ajudar o PSD a "retificar o tiro que deu nos pés" no projeto apresentado sobre a revisão constitucional, citando os exemplos da liberalização dos despedimentos e as questões da saúde. "É preciso ajudar o PSD a retificar o tiro na revisão constitucional", afirmou hoje Paulo Portas, considerando que "em tempo de crise não é justo falar em liberalizar o despedimento", mas sim "flexibilizar a contratação. Não se deve assustar as pessoas, sobretudo as mais pobres, com o acesso à saúde", disse também Portas, defendendo que "o que é preciso é que o Estado, que não consegue fazer tudo, contratualize com o sector social e o sector privado mais cirurgias, mais consultas, a mais doentes e mais depressa". Em Caldas da Rainha, onde decorreu o Conselho Nacional do CDS-PP, o líder do partido referiu-se ainda "à novela das SCUT", para acusar o PS e o PSD de "andarem entretidos com toma lá desconto, toma lá isenção, dá cá uma dedução, dá cá uma exceção", quando, sublinha, "o país está neste grau de endividamento". "É bom que os portugueses saibam o aumento de impostos que está previsto para o próximo ano, o segundo aumento do IRS de quem trabalha, metade é para pagar estas deduções e estas isenções das SCUT", concluiu o líder do PP.

Crónica de Domingo

Este é o nosso hino

"A letra do nosso Hino Nacional talvez nem seja pior que a média das letras dos hinos de outros países, em geral obcecadas por sangue, morte, tiranias e outros horrores. Só o apelo ‘às armas’ está um pouco fora de uso... já que os portugueses dele se alhearam!"

Durante o recente Campeonato do Mundo de Futebol disputado na África do Sul, ocorreu-me uma vez mais a velha questão (tobi or not tobi) do “ser ou não ser” patriota. Normalmente em ocasiões muito especiais nas provas desportivas, ou mais regularmente dos desafios internacionais de futebol, milhões de pessoas pelo planeta fora têm a oportunidade de entrar em contato com uma das músicas mais representativas de cada país, no caso – o Hino Nacional, tocado e transmitido globalmente antes do começo de cada jogo. É sempre um momento de sucesso garantido junto ao público. A equipe, no campo, pode jogar melhor ou pior, mas o hino não falha nunca. No caso do Hino Português, os seus primeiros acordes já deixam claro para a plateia presente nos estádios que ela vai ouvir, nos instantes que se seguem, música de primeira qualidade patriótica; e dali para a frente as coisas só melhoram musicalmente. Ao se executar a última nota, todos os que prestarem atenção ao que estão a ouvir ficam com a impressão de ter recebido uma mensagem inesperada antes do jogo: em vez da monotonia habitual dos hinos nacionais, em geral áridas arrumações de movimentos marciais que têm como característica mais notável o fato de parecerem todas iguais umas às outras, o que se ouve no Hino português é uma das mensagen mais vibrantes para “contra os canhões, marchar”, calorosa e inspirada sim, mas possivelmente ultrapassada para os tempos de hoje, naquilo que se pode escutar numa cerimónia oficial. Não quero entrar em polémicas nem considerandos desnecessários: esta é só uma minha opinião.
Não há um momento sequer de tédio no Hino Nacional; tudo ali é energia, emoção e vigor. "A Portuguesa" foi composta em 1890, com letra de Henrique Lopes de Mendonça e música de Alfredo Keil, e foi utilizada desde cedo como símbolo patriótico mas também republicano. Aliás, em 31 de Janeiro de 1891, numa tentativa falhada de golpe de Estado que pretendia implantar a república em Portugal, esta canção já aparecia como a opção dos republicanos para hino nacional, o que aconteceu, efetivamente, quando, após a instauração da República a 5 de Outubro de 1910, a Assembleia Nacional Constituinte a consagrou como símbolo nacional em 19 de Junho de 1911.
Com mais de 100 anos de vida, a peça mantém intactas até hoje todas as qualidades que fizeram dela uma das composições mais bem-sucedidas na história da música portuguesa. É bom de notar, também, que nas provas desportivas o nosso Hino Nacional costuma ter competidores de primeiríssima linha, como agora aconteceu agora – a começar, por exemplo, pelo extraordinário Deutschland Über Alles, o hino nacional da Alemanha, composto por ninguém menos que Joseph Haydn. Concorrem, também nestas ocasiões, os grandes clássicos como o God Save the Queen, o hino não oficial da Inglaterra, e outros sucessos habituais como os hinos da Itália e dos Estados Unidos – isso sem falar na Marselhesa, da França, provavelmente o hino nacional mais conhecido do mundo. Não é fácil brilhar nessa companhia de competição com tal panóplia “patriotesca”.
Mas, e as letras? O que dizem essas canções de ardor patriótico? Já se falou mal o suficiente da letra do nosso Hino Nacional (até lhe chamaram de fascista) para que se ganhe alguma coisa insistindo neste assunto. A sua linguagem, provavelmente, já era antiquada na época em que foi escrita, 119 anos atrás; de facto, com uma ou outra estrofe absurda, e porque muito pouca gente entende o que está a cantar (e só cantam o primeiro verso!...). Particularmente aí. Canta porque aprendeu e é já “institucional”. Mas isso não afeta a melodia de Alfredo Keil nem embaça o génio patriótico de Henrique Lopes de Mendonça. Além do mais, a letra do Hino Nacional nunca causou prejuízo a ninguém (apesar do apelo “às armas” – do qual os portugueses se alhearam, e “contra os canhões marchar, marchar"... nem pensar!) – e, francamente, talvez nem seja pior que a média das letras presentes em hinos de outros países, em geral obcecadas por sangue, morte, tiranias e outros horrores. O mais prático, portanto, é deixar tudo como está, antes que venha alguém com nova ideia de (a par da revisão constitucional) adotar uma nova letra através de concurso público. Com certeza que teríamos muita saudade, do “nobre povo, Nação valente e imortal”.
O que seria do desporto, principalmente em momentos do Mundial de Futebol, se fosse proibido falar mal do técnico? Ou dos jogadores em geral? E dos árbitros? Ou dos jogadores-vedeta, então? O técnico Queiroz acha injusto o tratamento que ele e a sua equipe receberam da imprensa em geral; julga que tem sido visado porque acabou com entrevistas exclusivas, favoritismos em relação a este ou aquele veículo, "panelinhas" etc. Pode haver muito de verdadeiro nisso tudo, mas o problema é outro. O futebol é paixão, e a imprensa reflete a paixão dos adéptos, da “torcida” – se ela aplica vaias selvagens às suas próprias equipes, por que seria diferente com a seleção e o seu técnico? Torcidas não pensam antes de vaiar, sai natural, são imparciais, e não esperam imparcialidade da cobertura desportiva. Não será(?) justo, mas é no mínimo, o preço que a Seleção Portuguesa e os seus jogadores têm de pagar pela remuneração que recebem. Se vencem, levam ou ouro; se perdem, não levam. Mas ainda ganham uns milhões valentes chutando na bola, enquanto outros rebentaram os neurónios no banco da escola e hoje ganham ordenados miseráveis, ou estão sem trabalho. É a vida. Ao que parece, eles (os desportistas) querem levar o ouro mesmo no caso de perda, por achar que têm "raça" e são "guerreiros". Aí, já se torna difícil encontrar uma razão, e o melhor mesmo, é aconselhá-los a cantarem mais vezes o Hino Nacional.

Carlos Ferreira


domingo, 25 de julho de 2010

Fim de Semana

Entrevista de Santos Silva ao"i on line"



Santos Silva e a "insustentável leveza do dr. Passos Coelho" - vídeo

A "sofreguidão da direita" suscita um conselho de Santos Silva. "Eu pensaria mil vezes antes de usar o poder de derrubar o governo"

Passou os primeiros meses do governo submerso nos consensos militares que o afastaram da primeira linha. A idiossincrasia do ministro de Defesa vai ao ponto de não aceitar confundir os planos: numa entrevista como secretário nacional do PS não aceita qualquer pergunta sobre a NATO. Há muito tempo que não "malhava" na direita. No fim vai à estante buscar o dicionário e lembra às pessoas "menos informadas sobre a polissemia da língua" que "malhar" também significa "zombar e troçar".

Regressou recentemente à primeira linha do combate político. Quanto mais a luta aquece mais Santos Silva faz falta ao PS?

Não. Faço pouca falta ao PS e a falta que faço faço em qualquer circunstância.

Reapareceu nas Jornadas Parlamentares apresentando o guião para o combate político ao PSD.

Tive apenas o gosto de ter sido convidado para participar nas jornadas, coisa que tem explicação no facto de ser dirigente nacional e de ter sido ministro dos Assuntos Parlamentares do PS, o que me levou a estabelecer alguma cumplicidade com os deputados. E, como militante disciplinado que sou, limitei-me a seguir o tema que me foi proposto, que era o futuro da esquerda democrática.

Há quem ache que faz falta na primeira linha. A vida de ministro da Defesa é incompatível com malhar na direita?

A primeira linha de acção política é o governo. O que acontece é que, enquanto ministro da Defesa, devo ter em conta que, felizmente, a política de defesa acolhe um acordo que vai muito além do PS. Aliás, com a excepção muito traumática da guerra no Iraque, desde a integração europeia que os dois maiores partidos, PS e PSD, têm posições comuns e um discurso muito próximo nessas matérias. Tenho a acrescida responsabilidade de saber distinguir os dois planos. Enquanto membro da direcção do PS estou na linha da frente de um combate político que também é partidário e enquanto ministro da Defesa conduzo uma política que tem um apoio parlamentar muito amplo e em que as competências do governo são partilhadas.

Reconhece razão a António Costa, que diz que o governo não acompanha a iniciativa do primeiro-ministro?

Desde 2005 tornou-se claro para o governo, para o PS e sobretudo para a opinião pública, que esta orquestra só tem um maestro. Essa é uma das virtualidades deste ciclo político. O maestro é o primeiro-ministro e acho que esta orquestra tem sido muito afinada.

É de esperar alguma remodelação, com o desgaste precoce de um governo que não tem um ano?

Na minha opinião, o desgaste que se verifica nos últimos dias é o desgaste precoce da actual liderança do PSD. Essa revelou-se ao país nos últimos dias.

A pauta que o governo está a tocar ainda tem alguma coisa a ver com o programa que foi a eleições em 2009?

Sim. Com uma diferença: a aposta essencial, ou se quiser a harmonia essencial dessa pauta que é a integração no processo europeu, implicou desde Fevereiro uma declinação. E essa declinação é a necessidade de acompanharmos o esforço europeu de acelerar o processo de consolidação orçamental. As decisões que o Conselho Europeu tomou foram no sentido de responder a um ataque à moeda única e às dívidas soberanas dos países. A aceleração da consolidação orçamental surge para garantir condições de financiamento para a economia europeia e para as famílias europeias. Essa decisão tem consequências ao nível interno. Por isso é que aprovámos um Programa de Estabilidade e Crescimento que acrescentou novas exigências do ponto de vista orçamental ao OE que a Assembleia da República tinha aprovado. Nesse sentido há uma mudança.

É público que o governo não se revê na agenda económica de Bruxelas.

Vivemos uma situação muito sui generis: ao mesmo tempo que conduzimos uma agenda nossa, temos de conduzir uma agenda europeia na qual nós, socialistas, não nos revemos por inteiro. Revemo- -nos mais, por exemplo, na agenda da actual administração norte-americana, segundo a qual o tempo é ainda de estímulo à economia para superar a crise económica. Mas ao mesmo tempo sabemos que a nossa opção básica é a opção de estar na Europa, a favor do projecto europeu e a favor da moeda única. Faremos tudo o que seja necessário para manter essa opção básica. Acompanhamos a decisão europeia e o consenso europeu a que se chegou, de modo que a posição da Alemanha ficasse confortável, e a consequência que daí resulta é a necessidade de acelerar a consolidação orçamental. E porquê? Porque precisamos de condições de financiamento da economia e de condições de sustentabilidade do Estado social. Se tivermos uma dívida pública e um endividamento externo demasiado altos, perdemos liberdade e não queremos perdê-la.

Então temos de facto um PS a governar com um programa que não é o seu.

Não, não estou de acordo. Isto obriga o PS a governar com o essencial do seu programa: estar com a Europa, favorecer o investimento, favorecer a modernização e defender e aprofundar o Estado social.

Mas subiram impostos, adiaram as grandes obras públicas...

Não. No caso das obras públicas o que fizemos foi recalendarizar os investimentos. Mas mantivemos as opções essenciais: o investimento no parque escolar, na saúde e nas energias renováveis.

E como vão explicar nas eleições a governação centrada na ditadura do défice?

Com toda a simplicidade. Estamos a fazer algo que os portugueses se habituaram a associar ao PS: nos momentos difíceis, pôr sempre o interesse nacional acima dos seus interesses de partido. E fazemos tudo isto sem descaracterização programática ou ideológica.

Como vão atingir-se em 2011 os objectivos de redução do défice?

Com as medidas que propusemos e que se encontram validadas pelas instituições que têm como missão avaliá-las. Temos o objectivo de reduzir o défice dois pontos percentuais, com um conjunto de medidas que são consideradas corajosas e suficientes pela Comissão Europeia, que chama a atenção para a necessidade de manter este esforço em 2011, ano no qual praticamente queremos tirar mais três pontos percentuais ao défice. Isso implicará medidas que constarão no Orçamento do Estado de 2011, mas que já estão previstas no PEC. Uma das mais importantes é estabelecer tectos nas deduções fiscais com despesas na educação e na saúde.

O PSD já disse que não aceita isso.

Pois não. Sabemos que o PSD preferia que impuséssemos cortes profundíssimos nos salários dos funcionários públicos. Actualmente o que acontece é que os contribuintes dos escalões mais altos deduzem cinco vezes mais que os contribuintes do terceiro escalão, os que têm rendimentos médios. Ou seja, quanto mais rendimento tenho mais deduzo, menos impostos pago e mais beneficio de despesa fiscal, assumida pelo Estado. Nós achamos que essa regressividade é contraditória com o princípio da progressividade fiscal. Não queremos acabar com as deduções, queremos é estabelecer tectos para as deduções da saúde e da educação, de forma que 3 milhões dos 4,5 milhões de declarações fiscais fiquem de fora destes tectos. Quem ficará prejudicado são os rendimentos mais altos, que beneficiam desproporcionadamente de deduções. Ora o PSD não quer que as pessoas que recorrem aos serviços privados de saúde e educação também paguem, como contribuintes, para os serviços públicos. Essa é uma diferença essencial e que põe o PSD fora do Estado social.

O PSD diz que ninguém deixará de ter acesso à saúde por não ter rendimentos.

Claro, é a teoria do Estado mínimo. É a teoria de converter o serviço público de saúde e de educação - e também a segurança social, não tenhamos dúvida - em serviços para os pobres. Ora o que caracteriza o Estado social europeu é construir sistemas públicos de natureza social que integram todos e não são apenas dirigidos para os pobres.

A diabolização do PSD por querer atacar o Estado social é a grande bandeira política do PS nos próximos meses...

A coisa é muito mais séria do que isso. Ninguém está a diabolizar. O que o PSD fez nos últimos dias foi apresentar um projecto de revisão constitucional que não tem pernas para andar. Nunca haverá uma revisão constitucional com base neste projecto e o PSD sabe-o muito bem. O que o dr. Passos Coelho fez foi apresentar ao país o seu manifesto político e ideológico. Disse claramente aos portugueses "eis ao que venho e eis o que quero: o que quero é substituir o chamado Estado-providência pelo Estado-garantia". Isto está nos antípodas daquilo que tem sido não só a posição do PS mas a prática de anteriores lideranças do PSD, designadamente quando tiveram responsabilidades de governo. O que é hoje claro é que o PSD substituiu uma liderança do "não se pode fazer nada", com a dr.a Ferreira Leite, por uma liderança que se revela imatura. O que está hoje à vista dos portugueses é a insustentável leveza do dr. Passos Coelho.

O PS agradece esta proposta por permitir marcar uma clivagem ideológica depois dos acordos de bloco central?

Não. Estamos perante um problema muito delicado. A insustentável leveza da actual liderança do PSD vê-se em primeiro lugar por revelar não ter consciência das dificuldades que o país atravessa. Não vivemos tempos de fazer um debate ideológico sobre uma nova Constituição, mas sim de combater a crise económica. Depois, a leveza e imaturidade da actual liderança vê-se pelo facto de não ter noção do sentido das prioridades. E depois por não ter um sentido do tempo político. Vamos discutir os poderes presidenciais em plena campanha para as presidenciais? Isto faz algum sentido? E depois, finalmente, parece que o dr. Passos Coelho está a revelar-se mais um porta-voz de interesses do que um líder político.

Quais interesses?

Eu uso a palavra "interesse" não no sentido pejorativo. Mas com a proposta gravíssima de alteração do artigo da Constituição sobre despedimentos, o PSD assume-se como porta-voz de uma reivindicação antiga das entidades patronais. Aliás, não é por acaso que, no mesmo movimento em que faz isto, o PSD propõe a desconstitucionalização do princípio da concertação social. A resposta da UGT, que é uma central sindical com forte influência do PSD, não podia ter sido mais clara. O que está aqui em causa na proposta de substituir a expressão "justa causa" pela expressão "razão atendível"? O que está em causa é a liberalização pura e dura do despedimento individual. Tirar o adjectivo "justo" da Constituição quando se trata de despedimento individual é dizer "despeçam à vontade: já não é preciso que a causa seja justa para que o trabalhador perca o emprego". Isto é próprio de um partido que tem no nome "social-democrata"? Não me parece.

Houve satisfação no PS quando Passos Coelho foi eleito. Várias pessoas pensaram encontrar nele um parceiro....

Nós acolhemos um novo sentido de disponibilidade, porque o PSD recusava-se a falar com o PS. Não houve nenhuma oportunidade de conversa ou acordo por decisão unilateral da dr.a Manuela Ferreira Leite. O dr. Passos Coelho trouxe uma outra disponibilidade e disse que iria acompanhar o governo nestas novas exigências de consolidação orçamental. E viabilizou o PEC. Por isso é que também é altamente contraditório que o PSD use agora expedientes para não aprovar algumas medidas constantes no PEC a que deu acordo.

Acha que vai ser possível um acordo no próximo Orçamento do Estado?

Eu acho que o sentido de responsabilidade vai acabar por imperar pela força das coisas. Portugal não pode dar-se ao luxo de acrescentar à crise económica uma crise política. Essa é uma alternativa que não está disponível e todos compreendemos que o OE é um instrumento base de governação. Estou certo de que haverá da parte do governo abertura de espírito para negociar e dialogar e estou certo que haverá dos partidos igual sentido de abertura, em particular do maior partido da oposição, que comunga com o PS a mesma vinculação ao projecto europeu e às decisões europeias.

O governo não vive sob o estigma de eleições antecipadas?

Eu compreendo que há, e nota-se bem porque estão com dificuldades em disfarçá-lo, uma sofreguidão política à direita. O facto de as sondagens darem o PSD em crescendo e até à frente do PS em intenções de voto despertou uma sofreguidão que é indisfarçável. Mas espero que essa sofreguidão não leve a direita política a uma precipitação. Espero, porque seria mau para o país. E até acho que isso seria mau para os interesses eleitorais da direita. Mas o que me preocupa é o país, e a estabilidade política é uma condição essencial para a recuperação económica. Por isso é que a proposta de revisão do PSD em matéria de Constituição é também de um aventureirismo irresponsável.

Em que áreas?

Falo da área política. O que caracteriza o projecto do PSD é o aventureirismo, como aliás o dr. Santana Lopes, o dr. Paulo Rangel ou o dr. António Capucho já têm alertado. Não se compreende como é que no mesmo projecto aparece um reforço claríssimo dos poderes do Presidente, que fica com um poder quase de tutela sobre o governo, e ao mesmo tempo o enfraquecimento da capacidade do Presidente de arbitrar crises políticas se o parlamento votar uma moção de censura destrutiva. Ninguém compreende isto.

É só um projecto.

Pois, mas nós não estamos num clube de ideias. Estamos num país, num momento crítico, a seis meses de eleições presidenciais, e onde, à falta de melhor ideia, uma nova liderança quer fazer mergulhar o país num debate ideológico marcado por um enunciado extremista. As propostas de desconstitucionalizar a concertação social e retirar a expressão "justa causa" ao despedimento são absolutamente extremistas, contra aquilo que fundou a relação salarial em Portugal.

A clivagem ideológica vai aprofundar-se com o debate para as presidenciais?

Não deveria, porque a eleição presidencial é muito específica. Naturalmente que os partidos terão os seus candidatos e toda a gente sabe que se o actual PR se recandidatar o PSD o apoiará.

A "cooperação estratégica" entre o governo e Presidente pode sair prejudicada desta campanha ou já não existe?

A cooperação institucional entre o governo e o Presidente da República tem sido sem mácula desde Março de 2005. Primeiro com o presidente Jorge Sampaio, depois com o presidente Cavaco Silva. E assim será.

Houve desentendimentos.

Mas isso é natural. Toda a gente sabe que o actual Presidente não partilha da agenda dos direitos civis e da igualdade que é própria da actual direcção do PS. Há divergências nesse aspecto como noutros. Se o eleitorado tivesse querido uma harmonia política institucional teria escolhido do dr. Mário Soares em 2006.

Cavaco Silva disse que o país estava numa situação insustentável.

O que o governo diz é que a situação tornar-se-ia insustentável se à crise económica acrescentássemos uma crise política. Aí estamos totalmente de acordo com o senhor Presidente da República, que tem tido sempre um papel presente e muito importante de chamada de todos os actores políticos e sociais para a responsabilidade e necessidade de estabilidade no acompanhamento do projecto europeu.

Não teme que mude o ciclo se o presidente Cavaco for reeleito?

Se houver uma reeleição do presidente Cavaco não haverá mudança de ciclo. Se for eleito Manuel Alegre, aí sim, haverá uma mudança profunda, até porque será a primeira vez que o Presidente em funções não consegue a reeleição.

Acha que Alegre pode mesmo ganhar?

Eu não sou analista político. Apoio a candidatura de Manuel Alegre e a única coisa que posso dizer é que, pessoalmente, desejo que essa vitória suceda. Mas não creio que do ponto de vista do governo e do parlamento haja uma implicação de qualquer que seja o resultado da eleição presidencial.

Mas o PSD já fez saber que o acordo para o PEC tem a vigência de um ano. Um cenário cada vez mais complicado.

Mas cada um assumirá as suas responsabilidades. A responsabilidade do PS é governar. É esse o nosso compromisso e assim chegaremos a 2013. Quem, tendo o poder de não o permitir, quiser usar esse poder, assumirá as suas responsabilidades. E para usar esse poder é preciso que partidos políticos em que tudo os separa, se unam com o propósito de fazer cair o governo. O governo só é derrubável se houver uma aliança espúria, contranatura, entre partidos que tudo distingue. Se esses partidos me permitem um conselho - sem paternalismos, é uma modestíssima opinião -, eu pensaria mil vezes antes de usar esse poder.

Mas tendo em conta os indicadores económicos, a subida do desemprego e até as sondagens, o PS não está condenado a perder as próximas eleições?

Se alguém estivesse condenado a ganhar ou perder eleições elas não se realizariam. O PS está à vontade porque já ganhou e já perdeu eleições. A alternância democrática é isso. Nós estamos num ciclo político desde 1995 em que o PS tem sido governo, com três anos de excepção. E esse ciclo há-de terminar, mais dia ou menos dia. O que é próprio da democracia é ele poder terminar. Devemos encarar isso com serenidade. Mas Portugal não deve regressar à sucessão de governos fracos, sem consistência, dependendo até de algum experimentalismo da parte do Presidente da República em funções. Nós trabalhamos neste cenário até 2013 e depois o povo escolherá quem quer a governar no próximo ciclo. Se alguém quiser impedir que o governo do PS desempenhe o seu trabalho, assumirá as responsabilidades e explicará ao povo as suas razões. Agora eu devo também dizer que os números da economia não estão a piorar. E os números do desemprego dos últimos três meses não estão a piorar.

Não há um excesso de optimismo na análise dos números e até em função da crescente tensão social?

Não, não há um excesso de optimismo. Em relação à tensão social, o que temos é uma tensão política muito mais viva do que a tensão social. Desse ponto de vista, o que caracteriza Portugal é até uma paz social. As centrais sindicais na prática demonstram um elevado nível de responsabilidade. A tensão social em Portugal está muito longe da Grécia. E o governo só pode registar a compreensão dos portugueses, porque nós estamos a pedir esforços muito grandes. O congelamento nominal dos salários, o aumento do IVA e os adicionais no IRS e IRC, são medidas difíceis que obrigam a um esforço de austeridade. Por isso, uma crise política promovida apenas pela sofreguidão seria artificial e rapidamente se viraria contra os seus autores. Eu quase pareço um consultor político dos meus adversários...

A ideia que passa é que o PS ainda não arrancou para as presidenciais.

O PS não tem de arrancar para a campanha, porque a campanha presidencial é conduzida pelo candidato. Nós não temos nenhuma razão para antecipar o calendário político das presidenciais. Haverá uma altura decisiva, quando o dr. Cavaco Silva disser qual é a sua opção: se se recandidata ou não. Isso provavelmente acontecerá no Outono, como o próprio já disse. E esse momento marcará o início da campanha presidencial. E isso implicará, naturalmente, que os motores todos acelerem. Até lá, faz algum sentido da parte de um partido com responsabilidades de governo antecipar essa questão? Não faz. Isso não quer dizer que os candidatos não façam o seu caminho.

Portanto o PS arranca para a campanha quando Cavaco disser que é candidato?

O que eu digo é que a campanha começará no momento em que o actual presidente disser que se candidata ou que não se candidata.

Ler mais em: http://www.ionline.pt/conteudo/70388-santos-silva-e-insustentavel-leveza-do-dr-passos-coelho---video

sexta-feira, 23 de julho de 2010

História real de fidelidade e amor, ou... verdadeira amizade!


Novo mistério no Algarve

PJ investiga desaparecimento de menina

Mãe da menina foi encontrada morta numa praia de Lagos a 10 de Julho. Suspeito é um cidadão alemão.

A Polícia Judiciária está a investigar no Algarve o desaparecimento de uma menina com cerca de um ano de idade, cuja mãe foi encontrada morta na praia do Canavial, Lagos, a dia 10 de Julho. Fonte da Directoria do Sul da PJ confirmou à Lusa que «as investigações estão a correr», mas que de momento «não podem ser dadas mais informações adicionais», até porque temem que o caso ganhe o mediatismo do desaparecimento de «Maddie» na praia da Luz.
A 10 de Julho, numa das últimas vezes em que a menina foi vista, duas pessoas contactaram o 112, relatando que um homem estava a arrastar uma mulher para o mar na Praia do Canavial, numa zona não vigiada e de difícil acesso, explica fonte da Autoridade Marítima. Os dois homens que deram o alerta ainda conseguiram ver e falar o homem que arrastou a mulher para o mar. O suspeito, de 43 anos de idade, trouxe o corpo da mulher para a areia e com a bebé ao colo disse que ia buscar «comprimidos», acabando por não regressar.
Três dias depois, Gunnar Dories viajou para a Alemanha e no dia 15 foi detido, na sequência de um mandado de detenção europeu emitido pelas autoridades portuguesas. Quando chegaram à praia do Canavial, as autoridades «encontraram a mulher já sem vida», disse o comandante Cruz Martins, responsável pelas capitanias de Lagos e Portimão. Georgina Zito, 30 anos, de origem angolana, estava em Lagos desde 6 de Julho com a sua filha Alexandra e um homem, de origem alemã, que é o principal suspeito do homicídio. O alegado suspeito da morte de Georgina Zito é agora também suspeito de ter morto a menina de cerca de um ano de idade, que se encontra desaparecida.