«Temos um par de filmes a serem rodados, um deles chamado Femina, com Sónia Braga, que começará já no próximo mês», afirmou o empresário português que trabalha em Hollywood e é também consultor da Picture Portugal
«Femina» é realizado por Matt Cimber e será rodado em vários locais de Portugal, mas também em França, numa fase em que os estúdios da «Cine-Cidade» do Algarve, em Portimão, estão ainda em construção. Carlos Mattos afirmou que este «é só o princípio de vários grandes projetos» que a Picture Portugal pretende atrair para o país e que será ao mesmo tempo «um teste para alguns fornecedores de equipamento e profissionais na região». Dono da CDM Interactive, empresa fornecedora de equipamentos para filmagens e espectáculos, que já recebeu dois Óscares («E.T.» de Steven Spielberg, em 1989, e «Cotton Club, de Francis Ford Coppola, em 1991), Carlos Mattos revelou que neste está a «contactar grandes estúdios para ver se querem investir» na Picture Portugal referindo a Lusa os estúdios norte-americanos da Fox, Paramount e Warner Brothers.
«Um dos problemas que Portugal teve no passado era o tipo de equipamento que era preciso. Não havia laboratórios e estúdios de edição e era preciso ir a Londres, Paris ou Berlim para fazer isso. E por isso acabava-se por se filmar lá também», disse o empresário português salientando que «a gora a tecnologia mudou imenso, com a alta definição e 3D, e esta é a oportunidade certa para algo como o que se está a fazer em Portimão. Além de estar a tentar captar fundos da comunidade portuguesa nos Estados Unidos para investir na promoção de Portugal como destino cinematográfico internacional, o empresário português pretende ver criados dois tipos de fundos - para a pós-produção e para a promoção («print and advertising»). «Um filme pode custar cinco milhões de dólares a fazer, mas é preciso gastar mais cinco milhões de dólares a promovê-lo e esse fundo é muito importante para o sucesso de qualquer projecto», afirmou.
Carlos Mattos teve nos Estados Unidos um encontro com o secretário de Estado das Comunidades, António Braga, defendendo que os estúdios devem ter condições semelhantes às de outros destinos, como o estado norte-americano do Louisiana e o Canadá referindo-se a deduções fiscais e subsídios, bem como licenças para utilizar nas filmagens os palácios, castelos e cenários naturais. «Portugal é a Califórnia do Sul da Europa e, tendo algumas instalações e a capacidade de disponibilizar os equipamentos mais recentes, esperamos atrair a produção», afirmou sem deixar de lembrar que os norte-americanos «como empresários, são materialistas» e que «todos gostam de Portugal e adoram ir lá jogar golfe, mas no final de contas dois mais dois têm de ser cinco e eles têm de ver incentivos para ir filmar lá.
O Governo mostrou disponibilidade para encontrar formas de apoiar o projecto, como o secretário de Estado das Comunidades, António Braga disse à Lusa: «É um projecto que nos aparece de forma eficaz do ponto de vista da mensagem. Pode ser considerado prioritário, uma vez que ele próprio tem um arranjo financeiro muito significativo já praticamente consolidado.» Para António Braga, o projecto «parece ter as condições de viabilizar um investimento de grande significado». «Não apenas no imediato do que resulta da construção daqueles equipamentos para a elaboração de cinema, mas sobretudo porque a realização de alguns desses produtos em Portugal podem acrescentar um valor muito relevante à marca Portugal, à marca Algarve», disse o secretário de Estado.