Esta semana ficou marcada por vários acontecimentos. Destaco pela positiva o lançamento do portal Divórcio na Hora.Com, dando início a uma nova era de divórcios amigáveis por ocasião da entrada em vigor da nova e polémica Lei de Divórcio - a Lei 61/2008, contemplando não só os divórcios complexos (com casa, bens, alimentos ou menores), mas ainda aqueles que envolvam estrangeiros, caso alguma das partes não possua cartão do cidadão, ou ainda divórcios já decretados no estrangeiro. Facilitar os divórcios, está tudo muito certo, mas o que é preciso, se querem acabar com esse problema, é dificultar os casamentos. É a nova tendência. Porque é obscena a facilidade com que uma pessoa hoje se casa. Ninguém pergunta nada a ninguém. E deviam criar dificuldades ao casamento. Já haveria menos divórcios. Um professor para dar aulas, precisa de ter um curso, uma enfermeira para dar injecções precisa de licenciatura, um cidadão para trabalhar precisa ter número de contribuinte. Para alguém casar, basta que apareça outra pessoa interessada... Onde é que está a lógica disso?
Sem ironia: na minha opinião, o que faz falta neste País, é reaprender onde estão os verdadeiros valores e lealdade que constituem uma sociedade sólida, pluralista e civilizada.
É mesmo verdade que vai por aí uma crise terrível, que impôs um clima de enterro pelo país fora. Menospresado na Madeira e incapaz de interagir, o Presidente da República reagiu tardiamente ao episódio de força sofrido por aquele deputado regional que num acto grotesco usou a bandeira suástica para acirrar os ânimos daquela Assembleia Regional. Afinal, ele não fez mais do que plagiar o método de chamariz mediático usado por Alberto João Jardim. Foi um xico-esperto.
Na semana que passou, Cavaco Silva, falou mais do que é seu costume. Emitiu um desnecessário comunicado sobre “boatos” que pretensamente o ligavam ao BPN, e disse que não lhe pertence destituir os seus Conselheiros de Estado. Por fim, deixou passar despercebida a data do 25 de Novembro. Hoje, nem se compreende porque Cavaco Silva aproveitou o Dia da Liberdade, para nos comunicar que andou a gastar tempo, dinheiro e energia num estudo sobre a juvenil ignorância do 25 de Abril. Como se fosse necessário um estudo para o efeito. Como se não fosse já conhecido que os jovens não gastam um neurónio dos seus cérebros a saber o que foi o 11 de Março e o 25 de Abril, ou a saber quem foi Salgueiro Maia, Carlos Fabião ou Correia Jesuíno, Spínola e Ramalho Eanes. Será que até o Presidente dá sinais de desnorte? Não quero acreditar.
Dernorteado anda também, desde há muito, o PSD. Ainda na semana passada, os notáveis social-democratas algarvios (alguns deles bem contrariados, por sinal) correram a apoiar uma líder mal amada, que em tempos anunciou, em tom fúnebre, a sua disponibilidade para se sacrificar e restaurar a credibilidade do partido laranja, enfrentando a garotada que dele se apoderou. Para o efeito, a senhora propunha-se, entre outras coisas, exibir por aí a sua autoridade e currículo cavaquista como principal trunfo. Ninguém sabia se resultava. Foi pouco! É nada!
A verdade é que Manuela Ferreira Leite não é nada do que alguns esperavam, e pouco para uma oposição credível. Impõe respeito pela cara austera de madre-superiora de um antigo colégio de freiras. Sem ar de piedade, é pouco. Reriro-me ao estilo político, nunca à cidadã. É um cadáver adiado igual a todos os cadáveres que Cavaco Silva deixou atrás de si, ao largar a presidência do Conselho de Ministros. Como todos, Ferreira Leite não apresenta outras credenciais de credibilidade que não as de ter sido um dia uma séria ajudante de um primeiro ministro que deixou saudades, porque lhe calhou a hora de, antes dos outros, aplicar os milhões que em 1986 começaram a chover da Europa.
É muito para o grupelho irresponsável do aparelho. É pouco, é nada, para o país. O PSD e o país não precisam de uma glória aposentada do passado, disposta a discutir e a fazer campanha contra as nulidades do presente. Precisa de quem seja capaz de perspectivar com seriedade e confiança uma oposição com alternativas e futuro. Precisa de tudo, menos daquilo que o Partido tem mostrado ter. Uma tremenda crise de valores e lealdade.
José Sócrates vai poder continuar a sorrir vitorioso, distribuindo os seus “magalhães” e a anunciar eufórico - de cada vez que o Eurostat revir em baixa as previsões para a economia nacional - que se trata de uma grande notícia para os portugueses, porque as mesmas previsões dão um resultado ainda pior para a Macedónia e para a Valáquia. Consola-nos a esperança da repetição do passado. Que fez sempre anteceder de clima de enterro a alegria de uma Revolução. Não por acaso, todos os astrólogos, futorólogos, bruxos, adivinhos, leitores de entranhas, búzios, cartas e folhas de alface que vejo na televisão possuem, sem excepção, um discurso completamente idiota e parecido com o de alguns políticos da nossa praça. Caducos, bolorentos e trapaceiros. Na verdade, é difícil imaginar actividade mais estúpida e votada ao fracasso do que a de tentar prever o futuro. Para não destoar, como toda a gente, caio na tentação e lá vou bisbilhotando o tema. Mas sem resultados práticos.
Só tenho certezas do que vejo. E aquilo que vejo e oiço pelo Algarve já me chega. Para não falar dos emails anónimos que caiem no meu correio electrónico aos quais nunca dou a menor importância. Venham mais cinco...
Porque um mal, nunca vem só!