OU... A VIGARICE DESAVERGONHADA
Sempre que escrevo algo sobre jornais ou jornalistas, cai-me uma quantidade inusitada de ‘emails’ alguns deles curiosamente insultuosos. Eles devem ter razão. A “classe” não suporta ver-se criticada na praça pública, como se detivesse o dom e mérito da exemplar magistratura desta profissão. Como se não houvesse jornais de má qualidade como há fruta podre num belo cabaz de laranjas. Como se não houvesse revistas porcas como há sanitários públicos, como se não houvesse jornalistas miseravelmente imbecis e desonestos como há vigaristas nas mais variadas profissões. Nada é exclusivo de ninguém. É que eu penso assim: há determinados elementos da “classe jornaleira” algarvia que se protegem debaixo da capa de iniquidade como auto-protecção corporativa. Outros, os jornalistas mais profissionais - e sérios, calam-se ou, dão-me razão. Essoutros, porém, decidiram que me falta sensibilidade para estas matérias e que, em última instância, detesto a concorrência. Têm razão no último ponto: odeio a concorrência chunga e ordinária. Mesmo assim, não percebo a disparatada dedução. Se bem me lembro, os meus artigos sobre a matéria criticam sempre justamente a falta de profissionalismo, os falsos jornalistas, e os maus jornais, que preferem viver das mordomias inerentes ao estatuto da profissão, e das regalias que o Estado equivocadamente lhes confere a, digamos, trabalharem um pouco mais. Suar e colocar os neurónios a funcionar não é com eles. Mas não ignoro que, a par destes oportunistas da dita divulgação da notícia como informação, conceito lírico e pouco fiscalizado pelo Estado, existem criaturas constrangidas pela idade ou outra limitação qualquer, a quem a oferta de um jantar, uma viagem e a concessão de ajudas diversas resgataram de um futuro miserável e, admito mesmo, sem alternativas. Muitos seriam chulos, proxenetas, outros paraquedistas ou vendedores da “banha da cobra”, mas nunca meros directores de uma publicação (porque respeitáveis não são).
Essa mais valia só o Algarve lhes confere.
A questão está em descobrir a norma e a excepção. Não me parece fácil. Para os defensores de uma intervenção reforçada do Estado junto da Comunicação Social regional, os vigaristas que se aproveitam das benesses constituem uma minoria irrisória e, logo, um escasso preço por uma sociedade mais equilibrada. Para os menos crentes nas propriedades redentoras do Estado, a vigarice é suficiente para minar o referido equilíbrio. Daí que, devesse haver menos estultos "jornaleiros" encartados, mas mais jornalistas bem diplomados e documentados, menos pasquins regionais, mas melhores jornais algarvios. Porque a maior parte deles ninguém lê. São lixo!
De que lado está a razão? Se vamos pela fezada, a discussão não se resolve. Por sorte, quem está no meio, conhece os números. Grande parte dos jornais regionais não vendem e são distribuidos panfletariamente, transformados em correias de transmissão do que se passa nas Autarquias, e só por acção destas conseguem ter existência. Não fazem investigação, não procuram a notícia exclusiva, não fazem reportagem. São parasitas que se encobrem sob a capa de um pseudo-jornalismo, e que se limitam a transcrever comunicados e notas recebidas das mais variadas agências de comunicação e serviços de relações públicas, a maior parte deles cheios de erros ortográficos e péssima redacção, revelando uma ignorância confrangedora. Por isso ninguém os lê. Vivem da extrusão de publicidade às Autarquias e da a cumplicidade de alguns membros destas, na expectativa de que só digam muito bem deles. Outros, os mais atrevidos e cheios de lábia, chegam a insinuar deter informações negativas sobre A ou B, para que as ditas lhes aumentem os “editais” e outras coisas mais. Aqui, a esperteza nunca morre solteira.
Não se percebe também, como lhes é permitido que se acoitem debaixo da capa de Associações Jornalisticas fantasmas sem qualquer representatividade de uma classe, indivíduos sem o mínimo de preparação académica, alcoólatras sem desejo de tratamento, oportunistas contumases que ainda por cima beneficiam de apoios do Governo, dinheiro de todos nós, sem que as autoridades algarvias - Autarquias e organismos do Estado - tenham a coragem de separar o ‘trigo do joio’. Talvez por isso, a curto prazo a maioria dos jornais semanários regionais tenham o seu fim anunciado. E entre os muito maus de que ninguém terá saudade, a onda levará inexoravelmente alguns dos bons.
Claro que, somadas estas fraudes, obtém-se sempre um valor inferior aos dos milhões subtraídos pela dupla contabilidade que a maior parte dos negociantes algarvios exerce. Resta que os eficientes métodos do Governo permitam a curto prazo inventariar os indigentes da Comunicação Social regional, e os muitos outros que polulam por aí. E resta ainda que, mesmo assim, se inclua no pacote a classe alegadamente profissional e honesta que sustenta por reflexo a parasitagem, incluindo os fictícios, e que, também por causa disso, terminam normalmente o mês numa penúria para cumprir com aquilo de que os “outros” fogem. Mas de certeza exercendo uma profissão mais digna da classe que representam.
Era de vigaristas e de justiça que estávamos a falar, não era?
Não se percebe também, como lhes é permitido que se acoitem debaixo da capa de Associações Jornalisticas fantasmas sem qualquer representatividade de uma classe, indivíduos sem o mínimo de preparação académica, alcoólatras sem desejo de tratamento, oportunistas contumases que ainda por cima beneficiam de apoios do Governo, dinheiro de todos nós, sem que as autoridades algarvias - Autarquias e organismos do Estado - tenham a coragem de separar o ‘trigo do joio’. Talvez por isso, a curto prazo a maioria dos jornais semanários regionais tenham o seu fim anunciado. E entre os muito maus de que ninguém terá saudade, a onda levará inexoravelmente alguns dos bons.
Claro que, somadas estas fraudes, obtém-se sempre um valor inferior aos dos milhões subtraídos pela dupla contabilidade que a maior parte dos negociantes algarvios exerce. Resta que os eficientes métodos do Governo permitam a curto prazo inventariar os indigentes da Comunicação Social regional, e os muitos outros que polulam por aí. E resta ainda que, mesmo assim, se inclua no pacote a classe alegadamente profissional e honesta que sustenta por reflexo a parasitagem, incluindo os fictícios, e que, também por causa disso, terminam normalmente o mês numa penúria para cumprir com aquilo de que os “outros” fogem. Mas de certeza exercendo uma profissão mais digna da classe que representam.
Era de vigaristas e de justiça que estávamos a falar, não era?