Liberdade e o Direito de Expressão

Neste blog praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão, próprios de Sociedades Avançadas !

segunda-feira, 28 de abril de 2008

A nova ordem mundial

O Crime é a nova forma de funcionamento da sociedade

O delito tem-se convertido numa das formas de funcionamento da sociedade global, e requer a utilização de uma tecnologia de ponta para que tenha êxito. Os delinquentes das altas esferas utilizam com maestria os meios que a sociedade lhes dispõe para se infiltrarem nas estruturas legais da economia e das finanças mundiais. Nunca vão parar à prisão ou são condenados. O Estado de Direito, que acreditávamos estar assente e destinado a avançar ao mesmo ritmo que o crescimento económico e os avanços tecnológicos, titubeia e enfraquece.


É uma evidência salta aos olhos, ainda que o seu enunciado seja um tabu: as finanças modernas e o crime organizado sustentam-se mutuamente. Tanto uma como o outro necessitam para expandir-se que se suprimam os regulamentos e os controles estatais. Em 1990, o Gafi, organismo criado pelo G7 para lutar contra a lavagem de dinheiro a nível internacional, fez as primeiras previsões do fluxo financeiro, estimando a cifra de 122 bilhões de dólares o volume total de negócios. Entretanto, há quem avance esta cifra até aos 500 bilhões de dólares por ano.
Os mercados ilegais têm muito em comum com o resto das indústrias legais.
Existem compradores e vendedores, majoritários e minoritários, intermediários e distribuidores. Têm uma estrutura de preços, balanças, ganhos e, raramente, perdas. Ocorre uma terrível contaminação de toda a economia.
Estamos, portanto, perante uma mudança de perspectiva. Como existe uma esfera financeira desconectada da economia real, tudo o que ocorre nesse planeta virtual escapa por completo ao estrabismo convergente, ajudado, ademais, por uma forte miopia das policiais, juízes, políticos, banqueiros, empresários. Este universo incorpóreo navega pelos mercados financeiros burlando-se no espaço e no tempo, dos Estados e das suas polícias, do Fisco e dos seus juízes. Logo, estarão os demais, os honestos sobreviventes, com os meios insuficientes para escapar das duras leis da gravidade fiscal dentro da economia e da vida ordinária terrena.
Com os pés na terra, os que vivem no mundo real, e dentro da realidade da vida dura, estes últimos sempre têm quer prestar contas de algo, ou têm algo a temer, perante a polícia, o fisco ou os juízes, que todavia, podem sempre encontrar um remoto motivo para os interpelar e deter. Neste reduzido e pequeno mundo, onde sobrevivem os simples mortais, vítimas de um sistema perverso e implacável, a policia persegue os pequenos delinquentes porque são ao mais fáceis de se denunciar e apanhar. O mesmo já não acontece com a grande delinquência e o crime organizado, que vai aparecendo nalgumas acções policiais e tribunais para fazer a excepção e se mantenha a regra anterior.
No grande universo das finanças virtuais, pelo contrário, já não há policiais, e os ladrões são tão ou muito mais criminosos que os demais. Entretanto, não há promotores de Justiça com um discurso maniqueísta e simplório para os perseguir e encarcerar.

Em quase todo o mundo o processo de lavagem de dinheiro obedece a características muito peculiares. Entretanto, em Portugal, talvez por motivos da sua herança político-cultural e acentuada disciplina das camadas mais pobres, oferece algumas características próprias.
Desta forma, existem incontáveis maneiras de lavagem de dinheiro e as mais comuns são as conhecidas aplicação no mercado imobiliário, "apostas" em casinos, apólices de seguros, o empréstimo endossado, o stand ou revendedor de carros usados, o "ferro-velho" e, uma das mais bizarras e ainda hoje pouco faladas, através de instituições religiosas (igrejas).
É incrivelmente surpreendente como, em Portugal, as instituições religiosas, ou igrejas, prosperam vertiginosamente, superando os sectores produtivos que trabalham arduamente. Soa também curioso como é atractivo ao poder político aos chamados "pastores", "bispos", "apóstolos", tanto participando activamente na vida política, como em estreita relação com os políticos mais influentes.
Ressalte-se que essa "bênção" não é um privilégio dos mercadores da fé só neste país. Também em Espanha, na Aldeia Sevilhana de "Palmar de Troya", despontou, de um simples casebre, um colossal castelo, tendo à frente um indivíduo que se autodenominou "Papa Gregório" ou o "Papa de Palmar de Troya". As recentes investigações policiais noticiadas pelos jornais, dão conta da descoberta de que esta Igreja servia para lavagem de dinheiro. Vultosas somas eram "doadas" à igreja e depois era feita a inversão mediante o pagamento de comissão de, em média, vinte por cento.

A lavagem de dinheiro através dos mercados imobiliários, tal qual virou uma praga na cidade de Marbella, no litoral Sul de Espanha, também constitui uma atractiva forma de despistagem de dinheiro em Portugal, nomeadamente no Algarve. Entretanto, as instituições precisam de sobreviver, o poder político precisa de se manter para adestrar e conservar resignada uma grande legião de menos favorecidos, os que vivem à margem da cidadania. Para isso, defendem e instituem sanções penais mais severas e perseguem cruel e implacavelmente os suspeitos e autores de delitos pequenos, para meros efeitos de estatísticas criminais. Atacam os efeitos ignorando ou fingindo ignorar as causas.
Este é o cenário detestável do mundo real, oposto ao mundo virtual e paradisíaco dos afortunados criminosos insuspeitos e "honrados homens de bem". A lei, com todo o seu rigor, a implacabilidade de alguns cegos promotores de Justiça, do engodo do adágio "dura lex sede lex", do qual se valem verdugos juízes (que mandam para a prisão e nela mantêm indivíduos de pequeno furto, etc), só existe para os sobreviventes do mundo real, dos que têm os pés no chão.
Os detentores do poder económico, receosos do risco de alguma insurgência popular contra a ordem estabelecida ou contra o "Estado Democrático de Direito" (como tão profanamente usam esta expressão durante as recentes descobertas no mundo do futebol, pervertendo o seu sentido), apelam pela instituição de penas mais severas, pela política da "tolerância zero", pela indisfarçável "criminalização da pobreza".
Enquanto reinar essa hipocrisia, que nos conduz a todos ao lamaçal do caos, onde até mesmo nos lugares mais insuspeitos, aqueles que deveriam representar o último refúgio na busca de esperança aos oprimidos, as igrejas, passam a ser meros instrumentos de cooperação para com as ideias políticas dominantes, e para com o crime organizado, onde a avareza afiada obtém generosos lucros à custa da fé cega, o resultado é que - não restam dúvidas, a paz para todos infalivelmente virá.
Será a paz dos cemitérios.

domingo, 27 de abril de 2008

Um algarvio na corrida para líder do PSD

Patinha Antão

Pode chamar-se o “candidato da diferença”, porque saiu à liça sem apoios nem negociações, unicamente defendendo um projecto para a unidade do Partido laranja.

"Não há fome que não dê em fartura", diz o povo e tem razão. A corrida à liderança do PSD está muito participada. A saída de cena de Luís Filipe de Menezes precipitada por uma entrevista de Aguiar Branco à revista Visão, onde este se apresentava como alternativa, teve o seu epicentro numa outra reportagem saída no Correio da Manhã, onde dava a saber os problemas que o líder enfrentou a partir do momento que, a troco de algum investimento mediático, abriu as portas de sua casa à SIC, misturando vida familiar com política. A partir daí, o PSD entrou em crise aberta.
Aguiar Branco já não está em jogo, pois deu o seu apoio a Manuela Ferreira Leite, que se candidata à liderança - uma opção bem aceite por uns, mas que inquietou outros sociais-democratas, alguns até históricos, como Mira Amaral. Pretendia-se que a candidatura de Ferreira Leite fosse, de alguma forma, federativa, unificando o partido de forma a poder fazer frente a José Sócrates nas eleições legislativas de 2009. Também Pedro Passos Coelho, Patinha Antão e Neto da Silva têm «vontade de poder» e, por agora, dizem levar as suas candidaturas até ao fim. Com tantos candidatos em jogo, essa unificação parece que não foi conseguida, pelo menos para já.


Santana Lopes "diz que não disse" e acabou também por avançar para o «combate» depois do nome de Alberto João Jardim ter sido apoiado pelas maiores distritais do país: Lisboa e Porto, com a indecisão do Algarve e Mendes Bota à espera do desenrolar dos acontecimentos. Com a inesperada e permatura "pirueta" de Santana, deu-se assim um volte-face e Jardim não avançou, apesar das «tropas» que pediu estarem, por assim dizer, prontas.
Antes do Conselho Nacional ser realizado, já o Deputado algarvio Mário Patinha Antão, tinha anunciado na sede do PSD a sua candidatura a presidente do partido, nas eleições directas a efectuar em 31 de Maio, com o objectivo de enfrentar José Sócrates nas legislativas de 2009. Na altura, o vice-presidente da bancada social-democrata deixou críticas ao presidente demissionário, Luís Filipe Menezes, considerando que «não liderar significa demitir-se por causa da oposição interna».
Em conferência de imprensa, na sede do PSD, Patinha Antão apontou como dois os «pontos fortes» da sua candidatura «a irreversibilidade - vou até ao fim - e a independência» - porque não depende de quaisquer outras candidaturas. «Em nenhuma circunstância eu retirarei a minha candidatura», salientou, assegurando que terá mais do que as 1500 assinaturas necessárias para formalizar a sua candidatura seja qual for a data em que tiver de as apresentar. Questionado sobre a sua meta eleitoral interna, respondeu: «Vencer. A minha missão é levar o PSD a vencer as eleições de 2009», adiantou.
Mário Patinha Antão disse não ter falado com o presidente do partido, Luís Filipe Menezes, nem com o líder parlamentar do PSD, Pedro Santana Lopes, antes de anunciar a sua candidatura. «Não falei com ninguém. Agradeço ao professor Marcelo Rebelo de Sousa ter-me referido como uma lebre. Procurei correr tão depressa que não tive tempo para falar com ninguém», declarou ironicamente o deputado e vice-presidente do grupo parlamentar do PSD. «A lebre é reconhecidamente quem vai mais depressa, mais longe».



Patinha Antão criticou a decisão de Luís Filipe Menezes de interromper o seu mandato e propor a convocação de eleições directas antecipadas e também os militantes que esperam que passe o ano eleitoral de 2009 para tentar liderar o PSD. «Não liderar significa demitir-se por causa da oposição interna, significa desistir porque se sabe que se vai perder, voltar as costas ao PSD para pretender liderar depois o partido depois de uma eventual derrota».
Patinha Antão sustenta que «a liderança é sempre uma afirmação de integridade, e jamais renunciar quando se pode perder». Por outro lado, o ex-secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde distanciou-se de Luís Filipe Menezes ao contestar «a dicotomia entre bases e elites» do partido. «Repudio a dicotomia entre bases e partidos». Patinha Antão defende que as eleições directas do PSD devem ter «concorrência tão intensa quanto possível», obrigando «cada um a dar o seu melhor», e voltou a defender que Manuela Ferreira Leite seja candidata «para que tudo fique clarificado de uma vez por todas».
A quantidade de nomes propostos à liderança do PSD merece do Deputado algarvio o melhor comentário: «Será uma belíssima ocasião de prazer pessoal, de uma responsabilidade acrescida, de uma motivação ainda maior e sobretudo significa o PSD em busca do melhor».

Contas feitas, a corrida poderá ter de cinco a seis candidatos. Mas qual deles consegue tirar José Sócrates do poder? Quem tem perfil para melhor primeiro-ministro?
A novela segue dentro de meses...

quarta-feira, 23 de abril de 2008

AQUECIMENTO GLOBAL

Opções, virtudes e defeitos do Etanol de cana do açúcar

O biocombustível está hoje, no mundo, a ser considerado cada vez com maior seriedade como uma alternativa viável aos combustíveis fósseis.

Em França a Beterraba é a fonte, e nos EUA, é o milho. Agora, no Brasil começou a produção de Etanol, feita a partir da transformação da cana do açúcar.
De todas estas alternativas (e outras que se preparam como a batata doce ou outros tipos de produtos agrícolas) é a chamada “opção brasileira” a única que parece ser capaz de subsistir fora da cultura de subsídio-dependência que alimenta as opções francesa e americana desta alternativa biocombustível.
É que o Brasil, nas palavras de Sérgio Thompsom Flores, da empresa britânica Infinity Bioenergy - citado pela NBC americana - tem “em termos de tecnologia, engenharia genética, clima e solos, uma vantagem comparativa monumental em Etanol”.
E de facto, o Etanol produzido a partir da cana brasileira emite menos dióxido de carbono para a atmosfera que a produção a partir do milho ou da beterraba e logo, contribui menos para o Aquecimento Global. Os seus subprodutos podem ser usados na agricultura como fertilizantes ou até nas próprias destilarias de etanol, reduzindo o consumo destas em combustíveis fósseis para menos de 1/5 do consumo em destilarias de milho.
O grande problema do etanol de cana continua a ser a reutilização de campos agrícolas que deixam de produzir alimentos, substituindo-os pela muito mais rentável cana e o ímpeto acrescido para o desmatamento da Amazónia e da sua vida selvagem.
Ou seja, Não há motivos para alterar opções: Etanol, sim, mas só se for produzido a partir de cana de açúcar, mas somente como solução de transição para uma alternativa mais viável e de fundo que o Etanol. Nomeadamente o hidrogénio (como métodos de produção diferentes dos actuais, é claro…)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

ARRIBAS ASSASSINAS

Saber andar pelas falésias, e à beira-mar também é preciso

Elas não são propriamente "umas assassinas", mas são perigosas. E o descuido exige agora uma campanha de sensibilização para uso adequado das falésias.

“Vou ali pescar e já volto para jantar” é o slogan da campanha de informação e sensibilização com que o Governo Civil de Faro pretende alertar os pescadores desportivos para os riscos da actividade nas falésias da região. A iniciativa, que será lançada até Junho, desdobra-se numa segunda vertente bilingue, dirigida aos turistas nacionais e estrangeiros, com indicações sobre os locais de interesse a visitar com segurança. A campanha genérica, foi apresentada pela Governadora Civil de Faro aos presidentes de câmara, e outros parceiros, pretendendo sensibilizar residentes e visitantes para a necessidade do uso adequado de praias com falésias, albufeiras e outros pontos de interesse da região, nomeadamente na zona do interior.

A campanha dirigida aos pescadores integrará informações sobre o código de comportamento dos pescadores desportivos, e apelos para o uso de meios de segurança como o colete salva-vidas, para que a actividade seja exercida sem riscos desnecessários. “A pesca lúdica é uma questão cultural. As pessoas pescam no mesmo local há gerações e não podemos prevenir os riscos associados apenas com medidas de repressão. Podem e devem continuar a pescar, mas em segurança”, referiu Isilda Gomes, que aposta “na via educativa e da sensibilização para mudar as mentalidades”.

A campanha bilingue (português e inglês) aconselha os turistas a recolherem informação nos postos de turismo, câmaras municipais e hotéis, sobre os locais mais seguros para apreciar as belezas naturais da região, sendo complementada pelas câmaras municipais, com orientações específicas sobre cada município. A segunda fase da campanha, visa a colocação de sinalética, no âmbito da qual será feita um levantamento da região. “O Algarve não tem locais perigosos desde que as pessoas os utilizem em condições de segurança. Se houver uma morte, é uma morte a mais e se com esta campanha conseguirmos salvar uma vida, já valeu a pena o investimento”, considera a Governadora Civil.

MULHERES NA POLÍTICA I

E se...
As mulheres não precisassem dos homens para a reprodução?

Em janeiro deste ano a Science and Nature publicava uma notícia sobre um grupo de cientistas britânicos da Universidade de Newcastle, que mostraram como é possível fabricar um espermatozóide a partir de uma célula-tronco adulta feminina (a medula, por exemplo). Por esse método, via inseminação artificial, por exemplo, um casal de lésbicas poderia procriar. Imaginem agora se metade das lésbicas de todo o mundo optasse por esse método para ter filhos. Ou melhor, filhas: homens têm um par de cromossomos XY e mulheres, XX; a união de dois gametas femininos só pode resultar no nascimento de uma fêmea. Mesmo assim, é natural que "eles" comecem a ficar preocupados.
Fazendo bem as contas, em apenas 350 anos, haveria logo um desequilíbrio significativo, com dois terços das pessoas no mundo a ser mulheres. “Com o aumento da população feminina, poderíamos ter o relacionamento entre mulheres como uma regra social mais tranquila”, especulava Déborah Dinlop, professora de bioética da Universidade de Newcastle.
Para tudo isso fazer sentido, a fertilização in vitro precisaria de ser uma realidade acessível. Isso já começou a acontecer nalguns países. “Em muitos países europeus, o tratamento ainda tem de ser pago pelos pacientes, mas em França, por exemplo, ele é coberto pelos planos de saúde”, afirma na Science and Nature o médico Roger Abdelmassih, dono de uma clínica de inseminação artificial em Londres, que pesquisa a criação de espermatozóides a partir de células-tronco. Na Inglaterra, onde uma em cada 100 crianças nasce por inseminação artificial, a procura de casais de lésbicas por esse método está a crescer mais rapidamente que entre heterossexuais. É uma procura inesperada que os médicos não calculavam acontecer. A superioridade numérica das mulheres significaria também uma humanidade mais sadia, pelo menos no que diz respeito a doenças hereditárias cuja manifestação está relacionada ao cromossomo Y.
Do ponto de vista sociológico, é provável que os postos de liderança começassem a ser ocupados por mulheres, reflectindo a nova composição populacional. Isso significaria, para começar, governos menos autoritários e belicosos. As pesquisas apontam que as mulheres gostam mais da colaboração e do consenso do que os homens. “Elas têm grande predisposição para prevenir e fazer parar a tempo os conflitos por serem motivadas a proteger os seus filhos”, afirma uma activista americana, Marie Wilson, autora de "Closing the Leadership Gap”: (“Acabe com a Diferença na Liderança: Adicione Mulheres, e Mude Tudo”, sem tradução para o português).

domingo, 20 de abril de 2008

Mulheres na política II

“Elas” não fazem nada sem ordem “deles”

Face à situação que o PSD enfrenta, um grupo de mulheres algarvias demonstra desejo de constituir um “Grupo de Trabalho de Mulheres Social Democratas”. Mas a 'luz verde' não aparece.

As recentes sondagens publicadas na Comunicação Social, revelaram a liderança de um PSD “a pique”, colocada muito particularmente em causa pelas mais recentes tomadas de posição de ex-líders partidários face ao método de liderança escolhido por Luis Filipe Menezes. Ainda recentemente as declarações do dirigente do PSD, Ângelo Correia, espalharam a confusão nas bases. Ângelo Correia disse que estava «insatisfeito» com a situação no PSD, o que motivou dúvidas, dado que se tratou de um dos maiores apoiantes de Luís Filipe Menezes. Mas um dia depois, esclareceu que nada tem contra o actual líder, considerando contudo «totalmente insatisfatória a situação» não só do seu partido como da política em geral, afirmando que não sabe ainda se o seu regresso à vida política activa valeu a pena. Ângelo Correia apontou dois objectivos para o PSD: «Refazer a qualidade do partido, que foi perdida nos últimos anos, e refazer a necessidade de pensar».
No último Congresso do PSD que elevou Luis Filipe de Menezes à liderança, há apenas seis meses, o Algarve foi a região que registou maior apoio ao novo líder, em parte pelo esforço e concertação de acção do líder do PSD/Algarve, o deputado Mendes Bota. Face aos mais recentes desenvolvimentos e dificuldades que o PSD está a enfrentar, um grupo de simpatizantes e mulheres militantes desta área política, têm demonstrado desejo de se constituírem num “Grupo de Trabalho de Mulheres Social Democratas” com a finalidade de apoiarem o Partido a nível regional e também passar mensagem de aderência a outras, o que não é inédito como vem acontecendo com as acções de implantação do “Grupo de Mulheres Socialistas”.
Sabe-se que, depois de alguns encontros entre “elas”, algumas sociais democratas delegaram na ex-vereadora albufeirense Ana Vidigal, advogada de profissão, tarefas para sondar o líder regional no sentido de terem luz verde para a sua constituição, uma vez que não desejariam, nem o deviam fazer à revelia da direcção distrital, para que não fosse considerado como qualquer tipo de “grupo de pressão”. Porém, a resposta do deputado do PSD, Mendes Bota, aos desejos “delas”, as mulheres militantes e simpatizantes social democratas, não foi aquela que todas esperavam: apoio e incentivo. Estranhamente ou não, Mendes Bota mandou dizer à ex-vereadora social democrata (na foto em cima) que o momento não era oportuno para a criação de um Grupo de Mulheres Social Democratas Algarvias, «porque o Partido estava a definir estratégia nessa área». O que se estranha, porque as directrizes no sentido de apoios e critérios na matéria descrita partem sempre das distritais, para mais numa altura em que o PSD dá mostras de estar a ficar esfrangalhado.

É verdade que os interesses partidários nem sempre se coadunam com as vontades dos militantes, nos seus aproveitamentos e contributos, particularmente no que diz respeito à actividade das mulheres na política, apesar da famigeradas "quotas" nalguns partidos parecem mais folclore do que orientação partidária. Por isso se estranha que no Algarve, e face à força demonstrada no terreno pelas “Mulheres Socialistas”, nomeadamente as acções levadas a efeito por Aldemira Pinho ou Jovita Ladeira (foto ao lado), se rejeite e não se estimule uma formação que poderia levar, em curto prazo, a uma maior implantação entre as mulheres que ainda acreditam nos ideais da social democracia. Ainda mais, numa região onde não abundam muitos “talentos femininos” na área da política laranja, levada na maior parte das vezes por “arranjos de capelinhas”, salvando neste caso a honra do convento a eleição da autarca de Silves, Isabel Soares, muito mais pelo mérito pessoal da mulher e ex-professora, do que pelo do Partido.
Tal como nas declarações à SIC Notícias, o líder do Conselho Nacional do PSD frisou que se referia a uma «insatisfação» em relação à «política em geral» também “elas” as mulheres social democratas algarvias sentem que, a nível interno partidário existe alguma insatisfação, porque as grandes decisões continuam sempre nas mão “deles”.
Para Angelo Correia, o qual foi questionado se estava satisfeito com a liderança do seu Partido, ele respondeu: «Ainda não. Para mim, é totalmente insatisfatória a situação. É preciso o partido dedicar-se muito mais a pensar, a reflectir e a falar com o país. Sem isso, estaremos longe de criar as condições para os portugueses sentirem que somos melhores. Ninguém se intitula melhor do que outros. O que é essencial é provarmos, no trabalho, no estudo, na dedicação, na inteligência, na inovação». Premonitório, porque o resto já se sabe como aconteceu.
Palavras sabias de um "barão" a serem escutadas pela musculada e plebeia liderança do PSD/Algarve.

sábado, 19 de abril de 2008

Mulheres na política III

História: Carlota Joaquina

Tal mãe, tal filha... A sede de poder e o gosto pelas intrigas moveram a jovem princesa Carlota Joaquina até ao fim. Uma coisa de sangue.

Pode uma mulher pretender fazer política? Governar, tramar, conspirar, conquistar, corromper e, acima de tudo, desejar ardorosamente o poder, da mesma maneira como fazem os homens? De um modo geral, a resposta conhecida é: não. Mas o modo geral da actualidade não se aplica, porém, a algumas cabeças coroadas no antigamente e seduzidas pelas intrigas políticas na História de Portugal, nem, menos ainda, a duas das mulheres mais mandonas do mundo naquela época: Maria Luísa, a rainha consorte de Espanha, e a sua filha, Carlota Joaquina, que passou por Portugal e chegou a princesa do Brasil. Idênticas em tudo – na aparência, na personalidade forte e no desejo de manipular maridos fracos –, elas também enfrentaram desafios excepcionais. Maria Luísa, a mãe, poderia ter perdido tudo: a coroa da Espanha e o poder a que sempre ambicionou, através do marido, o rei Carlos IV, ou do amante, o primeiro-ministro Manuel de Godoy. Carlota, a filha, perdeu logo. Teve de acompanhar o marido, o príncipe Dom João, na fuga de Portugal para o Brasil, e todas as suas conspirações contra ele fracassaram. Chegou muito jovem a Portugal mas, talvez por causa disso, viveu em permanente estado de animosidade conjugal e de impopularidade junto de todos os círculos leais ao príncipe. No entanto, jamais desistiu dos seus propósitos conspirativos e de ânsia pelo poder.
É difícil estabelecer como a má fama da princesa de 32 anos se deveu a comportamentos condenáveis e qual a parcela debitada à rejeição despertada por mulheres ambiciosas. A coluna das virtudes reconhecidas praticamente limita-se ao facto de que era a mãe dedicada de dois meninos, Pedro e Miguel, e das seis filhas, todos príncipes. Os cuidados maternais eram contrabalançados pelo facto de que o futuro e a quantidade de poder das consortes reais dependiam do destino dos filhos. A princesa sabia o que era nascer numa família real e ser usada para fins políticos. Era uma menina de apenas 10 anos quando os pais a encaminharam para um destino fatídico, quase obrigatório de tantas infantas espanholas: casar-se com um herdeiro do trono de Portugal. Antes de partir para nunca mais ver a família, fez uma apresentação pública, como uma espécie de teste de qualidade. Respondeu a perguntas sobre religião, geografia, história, gramática e línguas, e provou a sua habilidade em etiqueta, dança, canto, pintura e equitação.
Na época, a Gazeta de Lisboa derramou-se em elogios: "Tudo satisfez tão completamente que não se pode expressar a admiração que deve causar uma instrução tão vasta numa idade tão tenra".
Transplantada para o seio da austera família real portuguesa enquanto aguardava a idade adequada para consumar o casamento (15 anos), Carlota comportou-se, como seria lógico, como criança mimada e rebelde. "Ela não faz o que lhe mandam", queixou-se muitas vezes a sua ama, Anna Miquelina, em cartas a amigos em Madrid. "Acorda tarde e leva horas para se vestir"; à mesa, "come com as mãos e atira comida ao rosto do infante e dos criados". Dom João, oito anos mais velho, fazia o possível para contê-la, ao mesmo tempo em que se embevecia com a sua vivacidade. "Ela é muito esperta e tem bastante bom senso para alguém que é tão criança", escreveu. "É muito desinibida, não tem vergonha alguma."
A princesa gosta de dançar e de andar a cavalo, actividade em que demonstra a incomparável fidalguia dos castelhanos. Quando contrariada, não mede as palavras (inclusive as mais impublicáveis). Quis o destino que não fosse agraciada com a beleza, como era comum na dinastia dos Bourbon, mas, mais do que exagero, há um verdadeiro preconceito nos venenosos comentários feitos por madame Jean-Andoche Junot, a snobe Laure, nos breves meses em que o seu marido, antes de se tornar o conquistador de Portugal, foi embaixador de França, em Lisboa. Na sua descrição, a princesa é "o mais horrível exemplo de feiúra", com estatura de anã, corpo assimétrico (Carlota coxeava, resultado de um acidente de caça) e "peito inexistente"; tem "olhos injectados, pele cor de vegetal e cabelo grosso, armado, com aparência de sujo". Apreciou as suas roupas e enfeites, mas ressaltou, no mesmo tom ferino: "A beleza das jóias, junto com a extrema feiúra da pessoa que as usa, produz um efeito incrivelmente estranho, e faz com que a princesa mal pareça um ser da nossa espécie". Pior elogio não se podia fazer de uma princesa!
Desprovida de formosura, a sua força estava no seu interior: Carlota Joaquina tinha plena convicção de que estava destinada ao comando. Foi Infanta da Espanha, princesa do Brasil, futura rainha de Portugal – e, ao pé de ouvidos aliados, garantia que tinha muito mais talento para administrar os assuntos do Estado do que o seu marido. Esse sentimento, aliás, arruinou o seu casamento de maneira irreparável: príncipe e princesa viveram separados, viam-se só em ocasiões oficiais, raramente se falavam e disputavam palmo a palmo todo o tipo de questão, desde as regras de etiqueta aos cargos na corte.
A crise conjugal precipitou-se quando o adoentado João se recolheu no distante Palácio de Mafra, deixando Carlota em Lisboa. Foi uma péssima ideia. Ela enredou-se logo numa conspiração de cortesãos insatisfeitos, que alegavam estar o príncipe acometido da mesma loucura de sua mãe e propunham afastá-lo. Quem ficaria no seu lugar? Carlota, pois claro. O plano foi descoberto, o príncipe João ordenou uma investigação e Carlota Joaquina entrou em 1806 como uma espécie de pária na corte. Pediu socorro ao pai, usando a carinhosa mas oficial saudação: "Papá do meu coração, da minha vida e da minha alma. Venho aos pés de Vossa Majestade na maior consternação para dizer a Vossa Majestade que o Príncipe está cada vez pior da cabeça e que em consequência disso está tudo perdido (...) e que é chegada a ocasião de Vossa Majestade me acudir a mim, e aos seus netinhos". Envolvido nos seus próprios problemas, o rei de Espanha não moveu uma palha. Enquanto planeavam a partida para o Brasil, começou a ficar evidente que a princesa ouviu que só o marido iria com os meninos e entrou em desespero. "Mãezinha do meu coração, da minha vida e da minha alma, livra-me a mim de morrer, e às inocentes filhinhas, e também livra-me de algum insulto, porque os meus filhos estão por ir e ter tudo embarcado", escreveu no fim de setembro à rainha Maria Luísa de Espanha. Outra vez em vão. "Minha querida filha, quisera eu dar-te os auxílios que em tua situação necessitam as almas, mas a distância e as relações políticas reduzem a acção dos nossos desejos", esquivou-se a mãe, esperta. Se há dúvidas sobre se Carlota realmente traíu o marido no sentido conjugal do termo, sobre sua mãe, a rainha Maria Luísa, todos concordam: além de aliada política, ela era amante do odiado Manuel de Godoy.
Mulheres fortes de reis fracos muitas vezes não têm outra opção a não ser em se envolverem em assuntos políticos. Até Luísa, a rainha da Prússia, em tudo o oposto da sua homónima espanhola, precisou de intervir em nome da salvação nacional. Com a Prússia destroçada no campo de batalha por Napoleão Bonaparte, Luísa, que era lindíssima, inteligente e adorada pelos súbditos, apelou. Colocou as melhores roupas e as jóias mais reluzentes e foi até junto de Napoleão pedir pelo seu país. O imperador francês trocou por elogios as críticas que lhe fazia por se meter em política e insuflar o marido indeciso (parecia epidemia da época...). "A rainha da Prússia é uma mulher encantadora; mostrou-se bastante coquete", escreveu Napoleão, brincando, mas se o marido dela, Frederico, não entrasse no salão em seguida, ele acabaria cedendo a Luísa. Não o fez, claro - e a Prússia ficou menor, mais fraca e mais pobre. A Espanha podia ter seguido por caminho igual ou pior: as tropas francesas avançam sobre o país, os reis saíram de Madrid e havia rumores de uma revolta popular.
Mal desembarcou no Rio de Janeiro, a princesa Carlota Joaquina (na foto) foi colocada a par da situação no seu país natal e os seus olhos negros brilharam com a ambição de sempre. Se os seus pais perdessem o trono, quem sabe não existiria espaço para a filha mais velha do rei, mesmo do outro lado do oceano, ao assumir a regência, se não da distante Espanha, pelo menos das suas colónias - Perú, Bolívia, Venezuela ali, tão perto?
Sendo esperta, Carlota demonstrou não ser inteligente, como outras mulheres da sua época. Talvez tudo isso estivesse irremediavelmente associado ao trauma da sua falta de beleza. Quem sabe...

sexta-feira, 18 de abril de 2008

E a “barraca” abanou...

PSD esfragalhado

Chegou a hora, não dos salvadores da pátria, mas de alguém com autoridade e longe do trauliteirismo reinante no seio laranja, reunificar o que resta deste Partido.

Foi aqui previsto há uma semana: os “barões” assinalados que não apoiavam a nova Direcção do PSD, resolveram começar a descer dos pedestais. Luis Filipe Menezes não aguentou a pressão do restolho, e bateu com a porta. Prova provada da falta de estrutura política e psicológica necessária para encabeçar uma chefia de Governo. Se não conseguiu unir o Partido conforme prometera após ser eleito, nada mais lhe restava - para conseguir manter alguma dignidade sem sair arrastado, senão fazer o que acabou por fazer: demitir-se. Garantindo que não se recandidatava. E quem é que acredita nisso? Mas para quê? Mesmo que com a tal vaga de fundo “a pedido de várias famílias”...
No dia em que saiu uma entrevista na Visão com Aguiar Branco disponibilizando-se para líder através de um Congresso Nacional extraordinário, e meia hora depois de acabada a Grande Entrevista “em directo” na RTP feita por Judite de Sousa a António Borges, Menezes - solitário, pedia a sua demissão, após uma reunião da Comissão Política do PSD. Em política, nada acontece por acaso.
«Para mim, chega!». Foi com esta frase, que Luís Filipe Menezes anunciou que vai abandonar a liderança do PSD, dizendo também que não se recandidataria às eleições directas, que ficaram marcadas para 24 de Maio, após uma reunião da Comissão Política. Menezes garantiu estar farto de uma «oposição interna permanente. Como líder do PSD enfrentei a maior campanha destrutiva de sempre», sublinhou, (depois de Santana Lopes - dizemos nós), garantindo não estar seguro que esta sua atitude de abandonar a liderança resolva «os problemas do partido, porque o está doente».

Peão de brega

Luís Filipe Menezes garantiu continuar na autarquia de Vila Nova de Gaia, onde gosta de estar e diz ser muito estimado.
Esta atitude do ex-líder do PSD fica a dever-se à posição pública assumida pelo social-democrata e ex-Ministro da Justiça José Aguiar Branco (na foto), que, qual peão de brega, diz querer mudar o partido a que pertence e prepará-lo para vencer o PS e governar o país. Em entrevista à edição da revista Visão publicada esta semana, Aguiar Branco afirmou estar «disponível para tentar derrotar Sócrates». O ex-ministro do governo de Santana Lopes mostrou-se disponível para recolher as 2.500 quinhentas assinaturas necessárias para convocar um congresso extraordinário do PSD, onde se candidataria à liderança do partido. O advogado deixava ainda claro que se Menezes for a eleições (legislativas em 2009), não se candidatará a deputado pelo PSD. José Pedro Aguiar Branco justificou esta sua disponibilidade para desafiar "saudávelmente" a liderança de Luís Filipe Menezes com a «situação séria e grave» em que se vive, do Partido e do País. «Eu acho que a situação do país e do partido é suficientemente séria e grave para justificar a entrevista que eu dei», afirmou Aguiar Branco, em declarações aos jornalistas, no final da assembleia geral da Impresa, que decorreu num hotel em Lisboa.

Fora com a burguesia

O líder do PSD-Madeira e do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim (na foto), declarou igualmente hoje, que o presidente da assembleia municipal do Porto, Aguiar Branco, «não tem perfil» para liderar o partido a nível nacional. Jardim, que acompanhava a visita do Presidente da República à Madeira, comentava o anúncio da disponibilidade de Aguiar Branco para desafiar a liderança de Luís Filipe Menezes. «Obviamente que esse senhor não tem hipótese nenhuma de chegar a líder do PSD porque o PSD é um partido do povo profundo e não um partido da burguesia», afirmou. Para o líder madeirense, «entregar o partido à alta burguesia do Porto era pior emenda que o soneto». Jardim apontou as «as péssimas relações do PSD/M com esse senhor», acrescentando que «se querem que o PSD/Madeira, que é de facto o grande triunfador do PSD a nível nacional se afaste, então ponham lá esse senhor a líder». Quando interrogado sobre se Aguiar-Branco tinha perfil para líder do partido, Jardim foi peremptório: «obviamente que não».
Pacheco Pereira é daqueles que prefere elogiar a atitude de Aguiar Branco, que assumiu a sua vontade de candidatar-se à presidência do PSD em congresso extraordinário. No programa Quadratura do Círculo, na SIC-Notícias, Pacheco Pereira não surpreendeu, elogiando a atitude de Aguiar Branco para tentar convocar um congresso extraordinário do partido. «O importante é haver pessoas disponíveis a abrir o processo, disponíveis a irem para o partido, a prepararem um congresso, a apresentar propostas», frisou, declarando abertura para apoiar este projecto, que, necessariamente irá combater o projecto de Luís Filipe Menezes.

“Meneses não respeitou as bases”

Inexplicavelmente (ou talvez não), o líder do PSD Algarve, e Vice presidente do Partido, Mendes Bota, manteve um silêncio ensurdecedor sobre todo o desenrolar dos acontecimentos. Para quem vê Bota estár sempre em cima da agenda, é no mínimo de estranhar... Mas o mesmo já não aconteceu com outros algarvios. Nuno Marques, presidente do PSD/Lagos, num acto estratégico e de coragem, classificou o pedido de demissão de Luis Filipe Meneses como “o culminar de uma sucessão injustificada de cedências à estratégia de desgaste dos críticos internos” e “um acto de desconsideração dos militantes sociais-democratas que há seis meses atrás o elegeram, conscientemente e de modo expressivo, para a liderança do Partido.”
Para Nuno Marques, Meneses não interiorizou que não devia ceder às (esperadas) pressões dos críticos mas sim cumprir o seu compromisso de atender à vontade das bases militantes de romper com o passado e democratizar o Partido contra todos aqueles que se acostumaram a instrumentalizar a militância a favor de projectos pessoais ou jogos de bastidores completamente alheios aos interesses do país. “No limite, a atitude do líder demissionário pode ser colocada em pé de igualdade à daqueles que, com nenhum sentido de responsabilidade, jamais se conformaram com os resultados das últimas eleições directas e sempre olharam com desprezo para a vontade dos militantes expressa nas urnas. Meneses acaba de fazer quase o mesmo ao preferir jogar o mesmo jogo e ignorar a vontade de quem o mandatou para dois anos à frente do Partido e não para seis meses. Provocar a queda da Direcção com tão pouco tempo de mandato decorrido não é solução para o Partido e, muito menos, para o país ”, disse Nuno Marques.
O presidente social-democrata de Lagos espera que Meneses cumpra o compromisso de não entrar na corrida eleitoral interna e lamenta o “triste espectáculo de consequências negativas que o Partido tem oferecido ao País em vésperas de ano eleitoral”. O líder social-democrata e candidato à Câmara Municipal de Lagos em 2009 já comunicou à sua Comissão Política e a Mendes Bota, líder distrital, que vai manter equidistância em relação a qualquer candidatura que se apresente, prometendo para o Congresso, após a eleição do novo líder, a revelação sobre qual será a sua posição face ao candidato e projecto vencedores.

Estratégia de secretaria

Depois da entrevista de Aguiar Branco na Visão, depois das críticas de Rui Rio, Pacheco Pereira e António Capucho, da disponibilidade de Pedro Passos Coelho para uma futura liderança, depois de António Borges (na foto) sugerir Manuela Ferreira Leite como a melhor solução imediatista, e o seu indefectível apoiante Ângelo Correia correr aos zigue-zagues... a Menezes, pouco espaço de manobra resta.
Mesmo assim, e inacreditavelmente, duas horas depois de ter anunciado a sua decisão de apresentar a demissão de líder do PSD e convocar Eleições Directas, logo após à saída de um jantar em Sintra, talvez pensando na tal "vaga de fundo" por que espera, Luis Filipe Menezes declarava às TV’s que não excluía a possibilidade de se voltar a recandidatar... «É que isto agora já não é como dantes. Não há D. Sebastiões... Eu vou andar por todas as Distritais a explicar o que se passa aos militantes. Quem quiser tem de aparecer», disse o ex-e-possível futuro líder laranja. O ex-ministro da Justiça do PSD, Aguiar Branco, não foi apenas mais uma voz que contestou a liderança de Luís Filipe de Menezes no PSD: ele afirmou que é melhor líder do que ele. O advogado do Porto está a reunir as assinaturas necessárias para convocar um congresso extraordinário porque acha que tem melhores condições de derrubar o socialista José Sócrates nas eleições. Também Passos Coelho e Patinha Antão responderam que se canditariam, embora o tempo diminuto de pouco mais de um mês a prepararem candidaturas para "as directas" não lhes permita concorrer em igualdade de circunstâncias com o actual líder do PSD.
Chegou então a hora, não dos salvadores da pátria, mas de alguém com autoridade e longe do trauliteirismo reinante no seio laranja nos últimos tempos, reunificar o que resta deste Partido. Alguém como António Borges finalmente “aparecer” disponível para “recolher os cacos laranja” e edificar o real espírito da social democracia em detrimento de golpismos frouxos de secretaria. Com tempo e medida, que a ser bem gerido poderá ainda, se não fazer ‘oposição’, enfrentar com a douta argumentação, e frontalidade do conhecimento económico de que é possuidor, o candidato do PS e actual Primeiro Ministro, José Sócrates, nas Eleições Legislativas de 2009 como o candidato do segundo maior Partido em Portugal.

terça-feira, 15 de abril de 2008

FARSA MERIDIONAL

Um pesadelo algarvio

Surpreende que pessoas de créditos firmados acima de quaisquer suspeitas, emprestem o seu nome credenciando uma farsa sem representatividade só por estilo democrático e generosidade.

É que até isso tem limites.

Supersticioso, acredito na materialização dos sonhos... Sonhei à dias que um “espertalhaço” amigo meu, tipo vendedor de banha-da-cobra, tinha decidido voltar ao ataque no assédio aos políticos algarvios, através dos pasquins que - sei lá eu como, faz publicar periodicamente com Editais camarários de cinco páginas. Um expert em passar certidões de incompetência a gente sedenta de fama (sem proveito) e ávidos de notoriedade que recebe nas suas páginas jornaleiras. Para baralhar (viciar) os dados, juntou alguns figurões como ele, com gente inofensiva e decorativa respaldadas por figuras respeitáveis, “elegendo” ao melhor estilo montanheiro e sem qualquer tipo de representatividade, autarcas algarvios para sancionar a sua (in)credibilidade. Todos ao molho e fé na facturação da publicidade, foi o objectivo... porque o meu amigo sabe que, o que está a dar é masturbar os egos em tempo de crise. Prestígio para o Algarve, é que não resta nada: nicles! Mas eu conto.

A noite estava calma e fria, quando me deixei adormecer... O encontro da turba estava aprazado para um Convento do reino ao som de melódica orquestra com opíparo jantar pago com o dinheiro de todos nós. Dos muitos convidados, alguns ocuparam os seus lugares, por se verem envolvidos naquela farsa em segunda edição. Possivelmente, conscientemente desmotivados, pois a finalidade da reunião revertia a favor da promoção pessoal da ASORGAL, (Associação Surrealista e Obscena de Refinados Gabarolas e Labregos).
A noite dava pelo pomposo nome de “Os Prémios do Ano”, e tanto podia ser de camiões tir, champôs, preservativos ou papel higiénico. Mas o alvo era outro bem mais apetitoso: atrair as Câmaras Municipais, aquelas que gerem os fundos orçamentais que nem sempre dão para pagar aos fornecedores, às vezes muito mal geridos, ou com pessoas de alguma consciência que nunca aprenderam a dizer “Não!”

Tratava-se de entregar com critério algo duvidoso, galardões que no futuro possam garantir e orientar uns cobres aos artistas do circo mediático em que se transformou certo tipo de “Imprensa algarvia” (entre aspas). Só compareceram mesmo aqueles que estavam envolvidos na meridional farsa, parte ínfima dos jornalistas mais representativos da Região, o que poderá ser apelidado correctamente de “Os Mais” (ou menos) os mesmos... Alguns nem queriam dar a cara, pois não morrem de amores pelo figurão-mor do meu amigo. Mas como estavam envolvidas pessoas dignas de crédito, lá se foram, e... Que se salvasse quem pudesse. Um regabofe com pano para mangas!
Como era de esperar, houve quem não tivesse tido salvação possível, ainda para mais caindo numa bem urdida cilada pela segunda vez, ao acreditar no vendedor dos impossíveis, qual avezinha ingénua que não sabe distinguir ao longe um velho e manhoso abutre de um papagaio amestrado.

Havia prémios e homenagens para todos. Verdadeiros (uns) de consolação (outros). Os mais pequenos (para iniciados), os outros (titulares) para melhor defesa do orçamento anual. Três vítimas foram usadas pela razão de ser na escolha. Os mais desportistas, encontraram nisso o motivo de tanta lata para a cretinize. Outros, achavam que só se podia desopilar o fígado perante este tipo de festarola. E alguns, os mais crentes recolheram-se em oração no Convento, ou fumando o proibido cigarrito, esperando o fim da feira de vaidades. Os mais charmosos, esses mesmo, nervosos vendedores de ilusões, davam a entender que disso dependia a sua sobrevivência. E nalguns casos é verdade.

Quando começaram os discursos, o meu sonho tomou proporções fantasmagóricas de um pesadelo, ao ouvir pronunciar nomes que me eram familiares. Não podia ser, era demais... Mas o meu amigo tinha mesmo razão, era verdade. Todos estavam condenados, e eram figurantes cabotinos mergulhados numa farsa que por ser repetida vezes demais, corre o risco de se tornar verdadeira. Sem crédito para o Algarve, nem qualquer tipo de representatividade associativa de uma classe que se pretende séria e imparcial. (Mas isso é outra coisa).

Todos nós sabemos que quaisquer grupos de gente se pode associar. Para isso até foi criado a figura jurídica de “associação de malfeitores”. Neste caso, e habituado a cenas hilariantes, consolava-me em assistir ao corrupio do meu amigo meridional figurão-mor entre os convivas da selecta plateia, qual arcanjo brejeiro diplomado nos maléficos ensaios em nome do mal. Subiam uns, desciam outros, sempre os mesmos... Que se aplaudiam entre si, dolorosamente. Parecia o Natal dos Hospitais... Mas à moda do “Coiro da Burra”, porque as imagens apareciam-me distorcidas e aceleradas qual filme mudo de Buster Keaton...

O meu sonho resvalava à beira dum manicómio... Ronquei e mudei de posição. Já respirando fundo pelas duas narinas, e bufando de gozo húmido, apercebi-me que o Concelho anfitrião e organizador, tinha direito ao prémio maior (nem podia ser outra coisa), ouvindo agradecimentos e elogios daquele expert na arte de fazer aparecer títulos de pasquins ao metro quadrado sem deixar rasto. Depois da oferta do jantar... era chegada a hora da indigestão para outros: Havia um pobre convidado que recebera carta-aviso de que seria um dos homenageados mas, inesperadamente, acabaria por ficar esquecido e humilhado a um canto da sala ao som da debandada geral. Saltou-me a tampa: Como era possível que aquela gente, qual “eleitoreiros” sem credibilidade intentassem ofender a massa cinzenta algarvia, conspurcando aqueles que dizem “eleger” a troco do tráfico de influências? E isso tem um nome: crime.

De facto, ainda me surpreende que pessoas de créditos firmados e acima de quaisquer suspeitas, credenciem com suas presenças um acto destes, só por estilo democrático e generosidade.É que até isso tem limites.
No fim do repasto, e com tanta mostra de solidariedade noctívaga dada pelo meu amigo expert, acordei sobressaltado. Não era vulgar entre os rapazes dos jornais tanta safadeza... Fora um pesadelo (à moda de Boliqueime) e pêras. Que só acabou quando, estremunhado, fui acordado timidamente, mas aos safanões, por voz amiga que me perguntava com ar doce e ingenuamente: “Estavas a sonhar com ladrões?”.

C. Ferreira

domingo, 13 de abril de 2008

SILVES e LOULÉ

Alta tensão: lei é «obsoleta»
Os movimentos cívicos exigem a intervenção do Governo para alterar quadro legal


Os problemas ocasionados pela instalação das linhas de alta tensão em todo o país, particularmente nos concelhos de Silves e Loulé são por demais conhecidos.
A REN tem feito ‘orelhas moucas’, mas os protestos vão continuar, até que o Governo defina uma estratégia que agrade e proteja as populações.
Agora, os movimentos cívicos contra as linhas de alta tensão vão mais longe: acusam a REN de ser «muito irresponsável» e exigiram a intervenção do Governo na alteração da lei «obsoleta» para que Portugal reduza 500 vezes os valores dos campos electromagnéticos. «O nosso objectivo é mudar a lei, a nossa lei é obsoleta, é muito antiga, está desadequada com as experiências vividas pelas populações e muitos estudos indicativos pelo mundo fora mostram cada vez mais que os valores legalmente atribuídos são completamente desadequados», disse Helena Carmo, porta-voz do Movimento contra a Alta Tensão em Zonas Urbanas Habitadas.
E «é preciso reduzir muito esses valores e nós queremos que, relativamente à legislação portuguesa, eles sejam reduzidos 500 vezes porque é esse o valor que nos pode deixar descansados relativamente à nossa saúde e à saúde dos nosso filhos».

A porta-voz do movimento deixou a promessa de que a Rede Eléctrica nacional (REN) não terá descanso «enquanto todas as situações que afectam directamente as habitações não forem resolvidas». «Essa é uma primeira deliberação: vamos continuar a lutar contra esta prepotência da REN enquanto não houver ou enterramentos ou afastamentos das populações», assegurou Helena Carmo.
Quanto às formas de luta, estas poderão passar por concentrações e mobilizações das populações. Questionada sobre a possibilidade de voltar às negociações com a REN, Helena Carmo admitiu fazê-lo. «Continuaremos a sentar-nos com a REN, evidentemente, mas temos consciência de que se não houver deliberações do poder político, tanto autárquico como nacional, a REN não abdicará daquela arrogância a que habitou o país», disse.
Vários movimentos nacionais contra as linhas de alta tensão nas zonas urbanas decidiram juntar-se hoje à tarde no Cacém com o propósito de formar o «Movimento Nacional Contra as Linhas de Alta Tensão nas Zonas Urbanas».

sábado, 12 de abril de 2008

CASO McCANN

Pequena Maddie «queixava-se» dos pais

Televisão espanhola divulga relatos confidenciais e irrita casal McCann, que faz apelo a governo português.

Mais uma notícia a irritar os McCann. Segundo o canal espanhol Telecinco, a pequena Maddie já se tinha queixado de ficar sozinha no quarto e de chorar, sem que os pais lhe ligassem. A informação foi fornecida com base num relatório policial e foi alvo de duras críticas por parte do casal, que se sentiu indignado com a divulgação destes dados confidenciais. O relato feito pelo jornalista Nacho Abad aponta para as queixas de Maddie, relatadas por Katie à PJ. A mãe falava sobre uma conversa que teve com a filha na manhã do desaparecimento: «Enquanto tomávamos o pequeno almoço, Madeleine disse: "Mãe, porque é que não vieram quando estávamos a chorar ontem à noite". Falei com o Gerry sobre isso durante alguns minutos e decidimos ter mais cuidado».
As informações fornecidas pelo canal espanhol também apontam para uma dúvida surgida dois dias antes do desaparecimento, altura em que as persianas do quarto onde as crianças dormiam foram arranjadas por dois trabalhadores. No dia em que Maddie desapareceu, Gerry diz ter regressado ao quarto pelo percurso habitual, depois da sua mulher ter lançado o alarme: «Olhei para todos os lados, regressei ao quarto dos miúdos e comecei a pensar no que poderia ter acontecido. Para minha surpresa, percebi que podia levantar as persianas sem qualquer esforço e quase sem fazer barulho», referiu Gerry no mesmo testemunho policial.

McCann regressam a Portugal

Reconstituição do desaparecimento deverá realizar-se a 15 e 16 Maio. Os McCann querem a acção com transmissão directa pela TV.

Estas notícias chegaram rapidamente a Inglaterra, suscitando uma reacção do casal. «Esperamos que haja um inquérito ao sucedido, não só no interior da polícia portuguesa, mas também do sistema judicial e da própria polícia de Leicestershire, que tem vindo a ajudar as autoridades portuguesas», referiu o porta-voz dos McCann. Na opinião de Clarence Mitchell, as informações confidenciais avançadas pela Telecinco só podem ter sido fornecidas pela polícia portuguesa. «O governo deve tentar encontrar o elemento responsável por esta fuga de informação. Esta estratégia persiste deste o passado Verão, mas tem de parar», frisou, em declarações à Sky News.

Na sua estada em Inglaterra, a Polícia Judiciária informou a defesa do casal McCann de que pretende fazer a reconstituição da noite do desaparecimento de Madeleine e questionou a disponibilidade de Kate e Gerry para participarem na diligência. De acordo com as informações o casal acedeu e a reconstituição deverá ocorrer nos próximos dias 15 e 16 de Maio. As autoridades sondaram a disponibilidade do casal para regressar a Portugal por sua livre iniciativa, de modo a contornar a morosidade que uma notificação oficial necessariamente acarretaria. Os McCann estão dispostos a regressar.
«Basicamente, perguntaram a Kate e Gerry se considerariam voltar [a Portugal] para participar», disse à Lusa uma porta-voz do Fundo para encontrar Madeleine, acrescentando que a ideia «está a ser analisada pela família». Contudo, negou as notícias avançadas pela imprensa britânica de que foi feito um pedido formal e garantiu que actualmente não passa de uma proposta feita pela polícia portuguesa aos advogados dos McCann.
«Kate e Gerry saúdam a ideia de qualquer reconstrução que seja filmada... para que possa gerar novos telefonemas e novas pistas na busca de Madeleine», disse o porta-voz oficial do casal, Clarence Mitchell, à Sky News.
Acidente: Trucidado pelo comboio

Um homem caiu na linha na estação de Almancil-Nexe, e foi colhido mortalmente pelo Alfa

Um homem morreu após ter caído na via férrea, na estação de Almancil-Nexe, Algarve, causando uma interrupção na circulação da linha do Sul de cerca de duas horas, disse à Lusa fonte da REFER.
Segundo fonte da CP, o acidente ocorreu cerca das 07:20, envolvendo o comboio alfa-pendular que partiu de Faro em direcção a Lisboa e que acabou por registar um atraso de trinta minutos.
A circulação ferroviária na linha do Sul foi restabelecida cerca das 09:20, tendo vários comboios regionais sido afectados pela interrupção.
Os comboios mais afectados foram os que circulavam entre Almancil e Faro, com atrasos cujo máximo atingiu uma hora de duração. De acordo com a mesma fonte da CP, o homem caiu numa zona situada «em plena via» ferroviária e onde é proibida a passagem de pessoas.
Segundo fonte do Centro de Orientação para Doentes Urgentes (CODU), o homem, cuja idade se desconhece, teve morte imediata. No local estiveram dois veículos dos bombeiros apoiados por cinco homens.

JUSTIÇA

Albufeira: condenada a 20 anos de prisão

Mulher acusada de homicídio qualificado da filha recém-nascida, que atirou ao mar na praia de Olhos d’Água.

O Tribunal de Albufeira condenou uma cidadã francesa a 20 anos de prisão pelo homicídio qualificado da sua filha recém-nascida, que atirou ao mar no Verão do ano passado. Os factos remontam a 20 de Agosto de 2007, quando Audrey Villegente, de 26 anos, funcionária do Clube MED, na Praia da Balaia, nos Olhos d’Água, em Albufeira, atirou ao mar a sua filha envolta em plásticos e dentro de um saco de desporto, logo após o parto. O colectivo presidido pelo juiz Rui Dias considerou que a arguida, que engravidou em consequência de uma relação sexual ocasional, agiu «com dolo» e com plena consciência da gravidade do acto, insistindo na tese da premeditação do crime.
Segundo o acórdão, os actos praticados pela arguida não derivaram de qualquer perturbação pós-parto, mas antes de um planeamento fruto de «uma inteligência viva e arguta, com atenção ao detalhe». Procurando desmontar a tese da defesa, segundo a qual se tratou de um infanticídio em consequência de uma perturbação pós-parto, o colectivo chamou a atenção para a frieza do crime e a deliberada falta de indícios após a sua consumação.

De acordo com a sentença, só o acaso de um outro funcionário do hotel ter ouvido o choro da bebé logo seguido do remexer de plásticos traiu as intenções de Audrey, pois as provas materiais encontradas não seriam, só por si, suficientes para a indiciação sem sombra de dúvidas.
O juiz considerou que a arguida foi «insensível» e «indiferente» ao sofrimento da filha e não relevou quaisquer atenuantes no seu comportamento, como a ausência de antecedentes criminais e os traumas de infância aduzidos pela defesa. «Impõe-se agora que a arguida mergulhe profundamente na monstruosidade do seu acto», sustentou o colectivo de juízes, considerando que Audrey agiu com «dolo directo e excepcionalmente intenso».
O advogado de defesa, João Grade, anunciou que vai recorrer da sentença e revelou que a arguida, que ouviu impassível a leitura do acórdão, está em «estado de choque», pois esperava a aceitação da tese de infanticídio.

Um bom desafio!

As condições são exigentes, mas para boa parte dos algarvios, que anda com a cabeça noutro planeta... Ora aí está um bom desafio: Quer ser astronauta?

A Agência Espacial Europeia (ESA) lançou uma campanha para recrutamento de quatro astronautas a que poderão concorrer jovens portugueses dispostos a participar em futuras missões tripuladas à Estação Espacial Internacional (ISS) e «mais além». O anúncio não surgirá na imprensa, já que a campanha será feita através da Internet e de uma série de eventos promocionais nos 17 países membros da ESA. «Não procuramos super-homens, mas pessoas sãs e com um perfil psicológico muito determinado, com capacidade de adaptação, abertas e que gostem de trabalhar em equipa», explica Jean Coisne, do gabinete de comunicação do Centro Europeu de Astronautas da ESA. Os quatro escolhidos irão juntar-se aos oito que actualmente integram o Corpo de Astronautas da ESA.
Mas para entrar nesta reduzida elite, os candidatos deverão superar um rigoroso processo de selecção que terá início a 19 de Maio. A candidatura será feita pela Internet no site www.esa.int/astronautselection e terá de ser acompanhada de uma certificação médica idêntica à requerida aos pilotos da aviação comercial. A ESA procura jovens com estudos científicos, médicos ou de pilotagem, com dois anos de experiência profissional e muita curiosidade pelo espaço.

Os candidatos terão de enfrentar vários patamares de selecção, com testes de aptidão profissional e psicológica que incluirão exames de avaliação da capacidade cognitiva, seguidos de testes clínicos por peritos em medicina aeronáutica, testes de laboratório e de processos espaciais. Só os que passarem estes crivos poderão ser considerados membros «potenciais» do pessoal da ESA, com condições para serem submetidos à comissão de exame das candidaturas. Essa será a última barreira na corrida para a sua nomeação oficial, prevista para o princípio de 2009, que lhes abrirá a porta do centro de formação da ESA em Colónia, na Alemanha, onde se converterão em verdadeiros astronautas.
Portugal é membro de pleno direito da ESA desde 14 de Novembro de 2000.
Arriscando pouco, esta é uma boa oportunidade para quem está no desemprego...

sexta-feira, 11 de abril de 2008

SOCIEDADE

Hipocrisia à Americana



As mulheres que "perdoam" o marido e continuam com ele – a não ser quando há um recíproco e real desejo de refazer a relação – têm no olhar uma tristeza como aquela de uma viuvez precoce que não se apaga.

Cada país tem os seus espantalhos. Aqui, os figurões do futebol esbaldam-se contratando bailarinas como prémio dos seus triunfos desportivos, e os políticos dão escapadelas à estranja – sabe-se lá com que utilidade, com cartões pagos por nós, os trouxas. Simplesmente assim. Nos Estados Unidos, quando são flagrados em algo imoral (para eles), batem no peito em público, com a "santa esposa" ao lado. Porque será que essas mulheres reprimem a dor e a vergonha, apoiando o malandreco diante de todos? Pressões políticas das quais não se sabem esquivar? Medo da solidão? É melhor ser infeliz, mas casada? A gente fecha o olho, e ela fica amargurada para sempre? O casamento pode ser uma doença a dois.
"A minha mulher é uma santa", dizem alguns machistas desde o tempo das cavernas. Essa figura da tal "santa" em casa é um mito a ser removido do nosso imaginário: quase sempre elas são acumuladoras de ressentimento e mágoa, que um dia, ou no dia-a-dia, se vingam até sem se aperceberem. Com exigências, com acusações, ridicularizando o maridinho diante dos outros ou virando os filhos contra ele. E, se um dia houver uma separação, pobre homem: sobre ele serão lançadas todas as furiosas injúrias possíveis.
Essa figura constrange tanto como aquela "santa" mulher exposta à violação do privado pelo público diante do seu país, o que acontece especialmente nos Estados Unidos. Diante das câmeras sôfregas da TV, ou no segredo da sua casa, a mulher naturalmente perdoa, deve perdoar? Ainda é o que se espera dela? Consegue eventualmente perdoar e seguir a vida com esse parceiro, sem ressentimentos, corroendo a vida por baixo do tapete? E por que razões permanece com ele?
Há muita mulher que, sabendo-se traída, argumenta a grosso modo: "É pelo bem dos meus filhos que eu aguento isto" (eles exigem sempre o martírio materno).


As mulheres que "perdoam" o marido e continuam com ele – a não ser quando há um recíproco e real desejo de refazer a relação – têm no olhar uma tristeza como aquela de uma viuvez precoce que não se apaga. E o parceiro, confiante numa hipotética impunidade, já ocupado em novas aventuras, nem se dá conta disso, enquanto a mulher segue em frente, remoendo sabe-se lá que dúvidas, passando sabe-se lá que valores aos filhos, e que modelo às filhas. A mãe vítima é um peso do qual dificilmente se hão de livrar.
E quando esse drama vem a público, com mulheres firmes ao lado de quem as enxovalhou no seu amor próprio, na confiança e na família, mas por apego a um cargo ou poder bate com a mãozinha no peito, assistimos talvez ao último degrau na descida ao Inferno pessoal no feminino. Todo o esforço para que na nossa cultura a mulher se valorize, anula-se no rosto devastado junto ao atrapalhado dom-juan americano, campeão da hipocrisia, que ganhou fama na imprensa semanas atrás: ele fazia do combate à prostituição a sua bandeira política, mas era um bom freguês com ficha cinco estrelas, de um caríssimo clube de alegres moças para fazerem “companhia”. Nem o seu nome, ele precisava de lhes dar: era simplesmente o Cliente Número Nove. Ou como aquele outro presidencial safado que penitenciava a colaboradora no Salão Oval...
Quando apanhados em flagrante, estes (ir)responsáveis TSsss descendentes do Tio Sam, pedem desculpas e prometem comportar-se bem, como aqueles rapazolas que roubam as maçãs do quintal da vizinha. "A minha mulher é mesmo uma santa", hão-de eles dizer mais tarde na roda de amigos, com aquela hipocrisia e falso pudonor tão característica dos americanos.
Afinal, foi só mais um ser humano ferido de morte.
Tão simples como isso.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Algarvios “jogam” à Democracia

Cavaco Silva recebeu jovens de Loulé

Cerca de 35 alunos de quatro escolas do Concelho de Loulé, acompanhados pelo presidente da Câmara Municipal, Seruca Emídio, foram recebidos no Palácio de Belém, pelo Presidente da República.

O Chefe de Estado deu as boas-vindas aos jovens participantes no Jogo da Democracia e ao autarca louletano, no Salão dos Embaixadores, felicitando a Câmara por esta iniciativa que se realiza há já sete anos. De seguida, falou do papel do Presidente da República num Estado democrático, quais as suas funções e a sua área de acção. Cavaco Silva explicou ainda aos seus conterrâneos a história do Palácio de Belém, a residência oficial do representante máximo da Nação. Como não podia deixar de ser, o Concelho de Loulé, terra natal de Cavaco Silva, também foi tema de conversa com os alunos.
Neste dia tão especial, os estudantes tiveram ainda a oportunidade de fazer uma visita guiada ao Palácio e ao Museu da Presidência, tendo-lhes sido servido um lanche no final da visita. Seruca Emídio, que viajou até Lisboa no autocarro com o grupo de jovens, mostrou-se bastante satisfeito com a recepção que vem mostrar, mais uma vez, a excelente relação institucional entre o Município e a Presidência da República.
Recorde-se que a edição deste ano do Jogo da Democracia realiza-se a 23 de Abril, com o tema “Cultura: Presente e Futuro”. Esta iniciativa enquadra-se no âmbito das comemorações do 25 de Abril e tem em vista a simulação de uma Assembleia Municipal, na qual os alunos vão representar os deputados do Concelho, debatendo as suas ideias sobre o tema lançado. No final, as propostas apresentadas pelos grupos parlamentares são submetidas a votação.
Proporcionar aos estudantes o contacto com a vida política, debater os problemas do Concelho de Loulé, desenvolver o espírito crítico e o poder argumentativo dos jovens, sensibilizar os alunos para a vida política e promover a Cidadania são os principais objectivos deste Jogo. Que se espera e deseja ponham em prática...

terça-feira, 8 de abril de 2008

O inferno do Hospital de Faro


Domingo, Março 02, 2008

Uma noite nas Urgências do Hospital de Faro

Sou hemofílico, uma condição física que me coloca em risco acrescido permanente e que aprendi a relativizar de modo a viver uma existência não condicionada pela ameaça da doença. Ontem de manhã tive uma hemorragia. O sabor férreo do sangue na boca começou de manhã, pelas 8horas, após o pequeno-almoço. Como estava a mais de 100 km de distância do Hospital Distrital de Faro e porque já sabia o que me esperava (este verbo é o verbo certo – esperar), tomei precauções e adiei o inevitável: bebidas geladas, gelo triturado, repouso e a esperança que os 20% de Factor VIII que a genética me concedeu fizesse o seu trabalho de coagulação. Não fez. Pelas 17 horas, já farto de me sentir um Drácula de mim mesmo, fiz-me ao caminho, sozinho de carro, até ao Hospital Distrital de Faro. Durante a viagem, pela Via do Infante, telefonei para o Hospital e pedi para falar com a Hematologia, porque sei que geralmente nestas situações o especialista administra 1000 unidades de factor VIII: "ah, Hematologia não temos, só Serviço de Sangue. Vai ter que vir até às urgências."… Senti um arrepio, agradeci e desliguei o telefone. Continuei a viagem temeroso do tormento antecipado. No atendimento inicial, às 19 horas, tudo foi muito bem. Explicado ao funcionário do guiché a minha condição e estado, fui encaminhado para o atendimento de triagem dentro da Urgência. E pronto, havia chegado ao purgatório. A enfermeira da triagem, criatura inexpressiva perante a minha informação de que era hemofílico e sangrava desde das 8 horas da manhã, atribuiu-me uma fita amarela (Método de Triagem de Manchester – do menos grave para o mais grave: verde-amarelo-laranja-vermelho) e fui para uma sala denominada apropriadamente de "Sala de Espera". Lá dentro as pessoas sofriam, o que é espectável num hospital. E sofriam com dores? Sim, também, mas não só. Desesperavam com a espera e a ausência de informações. No final de tudo, às 00:15 minutos do dia seguinte, conclui que a espera desesperante, desde a cor verde até à cor laranja inclusive, não foi para todos eles inferior a 5 horas. Assisti, entre o purgatório da sala e o inferno da Urgência própriamente dita, a algumas cenas verdadeiramente deploráveis e inaceitáveis.
Os corredores estavam apinhados de macas com doentes, dezenas, quase todos idosos. Vários gritavam e choravam sem que lhes fosse dada qualquer atenção digna desse nome. O cheiro a fezes e urina era impressionante. Da sala de (des)espera até à sala de atendimento havia apenas uma estreitíssima passagem por entre as macas amontoadas de doentes. São cerca de 50 ou 60 metros que percorri 8 vezes, ida e volta: às 20 horas, perplexo, quando fui atendido por um médico extenuado que estava de banco desde o dia anterior; depois, horrorizado, às 21horas quando me fizeram análises ao sangue entre macas e uma confusão de gente; novamente às 22:00 quando me administraram o Factor VIII; e às 00:15, quando finalmente me foi dada alta sem quaisquer outras recomendações. A brutalidade das condições físicas do espaço e principalmente a desumanidade com que alguns dos funcionários se dirigem aos doentes merece este comentário: observei gritos de funcionários para com alguns doentes perante o olhar impávido dos médicos presentes, vi gestos de humilhação pública - entre outros, a prática da mudança das fraldas aos incontinentes à vista de toda a gente. Também assisti, como todos os utentes que passam pelo longo corredor por entre as macas até ao balcão de atendimento, ao banho sem condições de privacidade e reserva da intimidade, tudo desnudadamente feito entre discursos de contenção pseudo-técnicos que infantilizam os enfermos que se queixam, uns entre gritos lancinantes, outros entre queixumes ininterruptos. Um horror inaceitável. Faz-me recordar, infelizmente, os meus tempos de estágio em Coimbra, quando numa visita da então Ministra da Saúde - de má memória para os cidadãos com hemofilia e para as famílias dos hemofílicos contaminados com VIH – os doentes que estavam depositados como meros objectos nos corredores das urgências foram retirados pelos elevadores para os pisos superiores de modo a esvaziar o Serviço até passar sua Excelência e a comitiva de jornalistas que a acompanhavam, tudo para efeitos de propaganda. Ninguém me contou, eu assisti. Ontem, tal como outrora, ninguém me relatou seja o que for, eu vi e sobrevivi à situação, não sem sair dela outra vez com desgosto profundo e memórias visuais do absoluto sofrimento e da miséria.


WWW.MENDESBOTA.COM

"Nada na manga"
Mendes Bota com um site na Internet pelo Algarve

"Algarvio de gema" como ele se diz, o deputado eleito à Assembleia da República pelo círculo do Algarve, José Mendes Bota, lançou no Clube Farense um site colocado na internet, onde divulga todo o seu percurso político e as acções desenvolvidas em prol do desenvolvimento algarvio. Um projecto que tem dois anos de amadurecimento e muitas horas de trabalho, já que a autoria do projecto é do próprio deputado e líder do PSD/Algarve.
Mas Mendes Bota quer ir mais do que um site político, o que na prática é quase impossível, pois desde muito cedo a sua actividade se iniciou na política, tendo sido o mais jovem presidente eleito para um Município, o de Loulé, em 1983, tendo posteriormente exercido as funções de Deputado em seis Legislaturas.
Já antes, Bota evidenciara dotes com acentuada acção no associativismo, a par de outros conhecidos na área cultural, nomeadamente nas letras. Economista de formação, Mendes Bota não se poupa ao trabalho, é um workohlic inveterado. Levanta-se às seis da manhã, e deita-se às dez, sete dias por semana, dedicados à actividade política com alguns momentos de permeio dedicados à família, tudo pela terra que o elegeu, com diversos cargos a desempenhar entre eles o de membro do Conselho da Europa. A sua mais recente batalha prende-se com a criação do movimento “Regiões, Sim!”, a implantar-se um pouco por todo o País.
Mas se a regionalização ainda não é um dado adquirido mesmo dentro do seu Partido, Mendes Bota tem a partir de agora uma nova arma de arremesso como forma de divulgação das suas ideias e projectos políticos (Câmara de Faro estará no percurso?), mas sobretudo de se defender dos muitos ataques caluniosos que lhe são desferidos (o mais recente no jornal ‘O Sol’), uma vez que uma acção em tribunal nunca leva menos de cinco a sete anos para julgar uma difamação. Bota não tem tempo para isso, prefere passar ao ataque já, e nada melhor do que, transparentemente, como afirmou, colocar na net um site onde se pode bisbilhotar toda a vida pública do deputado, e este responder publicamente a quem muito bem lhe apetecer. Com a vantagem de se conhecerem as muitas acções que tem desenvolvido durante o seu percurso político, clicando nas várias pastas, sempre com a preocupação constante do desenvolvimento sustentável desta região.
No www.mendesbota.com qualquer pessoa que queira ou precise, pode facilmente fazer chegar ao deputado a sua sugestão ou o seu protesto "em directo". Mendes Bota promete - e tem de cumprir, analisar o conteúdo da mensagem, e dar-lhe o devido tratamento, como homem responsavelmente eleito pelos algarvios. E tudo isso com uma justificação de peso: “É uma grande injustiça quando dizem que os deputados não fazem nada”, desabafou.
Tal como todos os mortais, o deputado também se reconhece com defeitos. Não fuma, não bebe, não usa seringas, nem estupfacientes ou estimulantes, mas... é um "bom garfo". No site, até aconselha alguns dos restaurantes dos amigos... Uma injustiça para quem ficou de fora.