Liberdade e o Direito de Expressão

Neste blog praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão, próprios de Sociedades Avançadas !

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Até 2008



UM ÓPTIMO NATAL E FELIZ ANO NOVO !

A CRISE CHEGOU AOS GATUNOS


... E OS POBRES QUE PAGUEM!

A crise é tal que os ladrões até já roubam os "sem-abrigo": Comidinha, agasalhos, meias para os pés...
O Governo esclareceu o "povo", com as suas estatísticas (em que só eles acreditam), que a criminalidade está a descer.
Mas o "povo" sabe bem que os ladrões andam por aí e sabe – aliás, sente – a realidade em que vive, ou melhor, sobrevive: maior criminalidade, mais sofisticada, mais violenta. Mais assaltos, mais "carjacking", mais tudo. Fomos mesmo os que mais subimos na Europa…


A notícia do ‘Público PT’ - 09.12.2007, é elucidativa:


Lisboa: assaltado armazém que reunia géneros para Jantar de Natal dos "sem-abrigo". Comunidade «Vida e Paz» promete realizar a iniciativa.

O armazém onde a Comunidade Vida e Paz, associação de apoio aos sem abrigo de Lisboa, tinha guardado alimentos e bens a distribuir no Jantar de Natal do próximo fim-de-semana foi assaltado. Em declarações, Elisabete Cardoso, voluntária daquela associação, revelou que o armazém terá sido assaltado "durante várias horas da noite, a julgar pelo volume" dos bens roubados. Entre os bens roubados contam-se comida embalada recolhida pela associação para confeccionar as 4500 refeições que prevê distribuir durante os dias 14, 15 e 16, nos jantares organizados na Cantina 1 da Universidade de Lisboa.

Elisabete Cardoso lamenta também o desaparecimento de inúmera roupa que seria distribuída durante a acção de solidariedade, nomeadamente "centenas de pares de meias novas" recolhidas durante uma campanha que decorreu a nível nacional. No seu sítio na Internet, a Comunidade Vida e Paz revelava que até ao final de Novembro tinham sido recolhidos 12 mil pares de meias.
A voluntária garante que a associação pretende levar por diante o Jantar de Natal, apelando, por isso, à solidariedade dos lisboetas, para que nos próximos dias seja possível recolher os bens alimentares para confeccionar as refeições previstas. "Precisamos da ajuda de toda a gente", afirmou.
A Comunidade Vida e Paz é uma instituição particular de solidariedade social, tutelada pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, e tem por objectivo apoiar os sem abrigo da capital.

sábado, 8 de dezembro de 2007

REGIÕES, SIM!

Os “novos” e os velhos regionalistas

Manuel Porto, Mendes Bota, Adriano Pimpão, Carlos Brito, Paulo Neves e Desidério Silva dão a “cara” pelo recém criado, Movimento Cívico “Regiões, Sim!”, o qual constituiu – além de outras coisas – o regresso do tema da Regionalização à agenda política em Portugal, quebrando o longo silêncio que se abateu desde o falhado referendo de 1998 até aos nossos dias.


Afinal “temos movimento cívico para os próximos anos”.

Na inauguração da sede do Movimento “REGIÕES, SIM”, no Algarve, Mendes Bota, líder do PSD/Algarve, fez a pergunta mais pertinente deste processo: “se um Tratado Europeu que implica transferências e perdas de soberania, não carece de referendo vinculativo, podendo ser aprovado por simples ratificação parlamentar, porque razão a Regionalização, que tem um mero carácter administrativo, não autonómico e muito menos poder legislativo, há-de ser obrigada a submeter-se a um conjunto de obrigações e de obstáculos que visam, única e exclusivamente, a sua inviabilização?”
O Movimento entregará, oportunamente, a todos os partidos políticos com assento parlamentar, as suas propostas e pontos de vista sobre a próxima revisão constitucional, que se iniciará em 2009, em tudo o que diga respeito ao desarmadilhar dos caminhos jurídico-constitucionais que, propositada e ardilosamente, foram colocados à concretização da Regionalização Administrativa de Portugal. Na ausência de coragem de propor a erradicação da Regionalização da Constituição da República, as forças centralistas lograram impor ao objectivo da Regionalização um conjunto de limitações altamente discriminatório e condicionador.

"O Movimento 'Regiões, Sim' defende, por imperativo estatutário, a criação de cinco regiões em Portugal, Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve, na base das actuais cinco regiões-plano. Por princípio, entende que é desejável que esse processo decorra simultaneamente em todo o país. Mas, qualquer passo que contribua para encetar o caminho da Regionalização será bem-vindo, incluindo a possibilidade de recuperar as regiões-piloto ou a retirada da obrigatoriedade de um referendo para a sua concretização. E será bem-vindo, porque qualquer dessas alterações só será possível na base de um consenso político alargado entre as principais forças partidárias.
O Movimento 'Regiões, Sim!' defende a realização de um novo referendo à Regionalização, porque ele ainda é uma imposição legal e constitucional. Mas, entende que uma solução de nível parlamentar terá igual legitimidade democrática, desde que saída de um processo eleitoral onde as diferentes forças políticas expressamente declarem o seu compromisso de implementar a Regionalização por essa via e de reverem a Constituição em conformidade."

No jantar que se seguiu, o Prof. Manuel Porto dissertou sobre “os avanços e recuos que a Regionalização tem merecido”. Carlos Brito, assume-se como reserva cultural e tradicional na reivindicação da Regionalização como a “salvação para o Algarve”. O Prof. Adriano Pimpão, ‘não querendo adormecer os presentes’, deixou o recado do PS: “Isto vai ser uma questão para ser bem debatida na próxima campanha eleitoral.” Até lá, vai ser tempo para se aprofundar todo o processo.

Mas, e há sempre um ‘mas’ nestas coisas, tal como fora revelado ser o 'cerne' deste Movimento, e prometido aquando da criação – obrigar o PS a usar a maioria que tem no Parlamento para utilizar o Referendo nesta Legislatura – percebe-se que isso não vai acontecer. Mais, o próprio Movimento já ‘arrefeceu’ esse entusiasmo, e tudo volta ao seu trampolim esperando melhor oportunidade.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

REFLEXÃO

A partir de hoje vou entrar em reflexão. Voltarei aqui, não sei quando, de vez em quando, talvez, aqui, ou em qualquer outra parte, se a tanto me ajudar o engenho e a arte...

Mas por falar em reflexão, desculpem lá, e com a devida vénia, por favor leiam uma prosa da socialista Ana Benavente, publicada à dias num jornal. Vale mesmo a pena, reflectir.

Será Este o País que Queremos?

Por Ana Benavente*

Não sou certamente a única socialista descontente com os tempos que vivemos e com o actual Governo

1. Não sou certamente a única socialista descontente com os tempos que vivemos e com o actual governo. Não pertenço a qualquer estrutura nacional e, na secção em que estou inscrita, não reconheço competência à sua presidência para aí debater, discutir, reflectir, apresentar propostas. Seria um mero ritual.
Em política não há divórcios. Há afastamentos. Não me revejo neste partido calado e reverente que não tem, segundo os jornais, uma única pergunta a fazer ao secretário-geral na última comissão política. Uma parte dos seus actuais dirigentes são tão socialistas como qualquer neoliberal; outra parte, outrora ocupada com o debate político e com a acção, ficou esmagada por mais de um milhão de votos nas últimas presidenciais e, sem saber que fazer com tal abundância, continuou na sua individualidade privilegiada. Outra parte, enfim, recebendo mais ou menos migalhas de poder, sente que ganhou uma maioria absoluta e considera, portanto, que só tem que ouvir os cidadãos (perdão, os eleitores ou os consumidores, como queiram) no final do mandato. Umas raríssimas vozes (raras, mesmo) vão ensaiando críticas ocasionais.

2. Para resolver o défice das contas públicas teria sido necessário adoptar as políticas económicas e sociais e a atitude governativa fechada e arrogante que temos vivido? Teria sido necessário pôr os professores de joelhos num pelourinho? Impor um estatuto baseado apenas nos últimos sete anos de carreira? Foi o que aconteceu com os "titulares" e "não titulares", uma nova casta que ainda não tinha sido inventada até hoje. E premiar "o melhor" professor ou professora? Não éverdade que "ninguém é professor sozinho" e que são necessárias equipas de docentes coesas e competentes, com metas claras, com estratégias bem definidas para alcançar o sucesso (a saber, a aprendizagem efectiva dos alunos)?
Teria sido necessário aumentar as diferenças entre ricos e pobres? Criar mais
desemprego? Enviar a GNR contra grevistas no seu direito constitucional?
Penalizar as pequenas reformas com impostos? Criar tanto desacerto na justiça? Confirmar aqueles velhos mitos de que "quem paga é sempre o mais pequeno"? Continuar a ser preciso "apanhar" uma consulta e, não, "marcar" uma consulta? Ouvir o senhor ministro das Finanças (os exemplos são tantos que é difícil escolher um, de um homem reservado, aliás) afirmar que "nós não entramos nesses jogos", sendo os tais "jogos" as negociações salariais e de condições de trabalho entre Governo e sindicatos. Um "jogo"? Pensava eu que era um mecanismo de regulação que fazia parte dos regimes
democráticos.

3. Na sua presidência europeia (são seis meses, não se esqueça), o senhor primeiro-ministro mostra-se eufórico e diz que somos um país feliz. Será? Será que vivemos a Europa como um assunto para especialistas europeus ou como uma questão que nos diz respeito a todos? Que sabemos nós desta presidência? Que se fazem muitas reuniões, conferências e declarações, cujos vagos conteúdos escapam ao comum dos mortais. O que é afinal o Tratado de Lisboa? Como se estrutura o poder na Europa? Quais os centros de decisão? Que novas cidadanias? Porque nos continuamos a afastar dos recém-chegados e dos antigos membros da Europa? Porque ocupamos sempre (nas estatísticas de salários, de poder de compra, na qualidade das prestações dos serviços públicos, no pessimismo quanto ao futuro, etc., etc.) os piores lugares?
Porque temos tantos milhares de portugueses a viver no limiar da pobreza?
Que bom seria se o senhor primeiro-ministro pudesse explicar, com palavras simples, a importância do Tratado de Lisboa para o bem-estar individual e colectivo dos cidadãos portugueses, económica, social e civicamente.

4. Quando os debates da Assembleia da República são traduzidos em termos
futebolísticos, fico muito preocupada. A propósito do Orçamento do Estado para 2008, ouviu-se: "Quem ganha? Quem perde? Que espectáculo!" "No primeiro debate perdi", dizia o actual líder do grupo parlamentar do PSD, "mas no segundo ganhei" (mais ou menos assim). "Devolvam os bilhetes...", acrescentava outro líder, este de esquerda. E o país, onde fica? Que informação asseguram os deputados aos seus eleitores? De todos os partidos, aliás. Obrigada à TV Parlamento; só é pena ser tão maçadora. Órgão cujo presidente é eleito na Assembleia, o Conselho Nacional de Educação festeja 20 anos de existência. Criado como um órgão de participação crítica quanto às políticas educativas, os seus pareceres têm-se tornado cada vez mais raros. Para mim, que trabalho em educação, parece-me cada vez mais o palácio da bela adormecida (a bela é a participação democrática, claro). E que dizer do orçamento para a cultura, que se torna ainda menos relevante? É assim que
se investe "nas pessoas" ou o PS já não considera que "as pessoas estão primeiro"?

5. Sinto-me num país tristonho e cabisbaixo, com o PS a substituir as políticas eventuais do PSD (que não sabe, por isso, para que lado se virar). Quanto mais circo, menos pão. Diante dos espectáculos oficiais bem orquestrados que a TV mostra, dos anúncios de um bem-estar sem fim que um dia virá (quanto
sebastianismo!), apetece-me muitas vezes dizer: "Aqui há palhaços." E os palhaços somos nós. As únicas críticas sistemáticas às agressões quotidianas à liberdade de expressão são as do Gato Fedorento.
Já agora, ficava tão bem a um governo do PS acabar com os abusos da EDP,
empresa pública, que manda o "homem do alicate" cortar a luz se o cidadão se atrasa uns dias no seu pagamento, consumidor regular e cumpridor... Quando há avarias, nós cortamos-lhes o quê? Somos cidadãos castigados!
O país cansa!
Os partidos são necessários à democracia mas temos que ser mais exigentes.
Movimentos cívicos... procuram-se (já há alguns, são precisos mais).
As anedotas e brincadeiras com o "olhe que agora é perigoso criticar o primeiro-ministro" não me fazem rir. Pela liberdade muitos deram a vida. Pela liberdade muitos demos o nosso trabalho, a nossa vontade, o nosso entusiasmo. Com certeza somos muitos os que não gostamos de brincar
com coisas tão sérias, sobretudo com um governo do Partido Socialista!

(*Professora universitária, militante do PS)

Jornal Público de 02 de Dezembro de 2007

REFLEXÃO II

... E depois, escrever para quê? Se há outros que escrevem tão bem! Os meus amigos(as) socialistas que me desculpem, mas vou mesmo reflectir!

Eles estão doidos!

Por António Barreto*

A MEIA DÚZIA DE LAVRADORES que comercializam directamente os seus produtos e que sobreviveram aos centros comerciais ou às grandes superfícies vai agora ser eliminada sumariamente. Os proprietários de restaurantes caseiros que sobram, e vivem no mesmo prédio em que trabalham, preparam-se, depois da chegada da "fast food", para fechar portas e mudar de vida. Os cozinheiros que faziam a domicílio pratos e "petiscos", a fim de os vender no café ao lado e que resistiram a toneladas de batatas fritas e de gordura reciclada, podem rezar as últimas orações. Todos os que cozinhavam em casa e forneciam diariamente, aos cafés e restaurantes do bairro, sopas, doces, compotas, rissóis e croquetes, podem sonhar com outros negócios. Os artesãos que comercializam produtos confeccionados à sua maneira vão ser liquidados.

A SOLUÇÃO FINAL vem aí. Com a lei, as políticas, as polícias, os inspectores, os fiscais, a imprensa e a televisão. Ninguém, deste velho mundo, sobrará. Quem não quer funcionar como uma empresa, quem não usa os computadores tão generosamente distribuídos pelo país, quem não aceita as receitas harmonizadas, quem recusa fornecer-se de produtos e matérias-primas industriais e quem não quer ser igual a toda a gente está condenado. Estes exércitos de liquidação são poderosíssimos: têm Estado-maior em Bruxelas e regulam-se pelas directivas europeias elaboradas pelos mais qualificados cientistas do mundo; organizam-se no governo nacional, sob tutela carismática do Ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho; e agem através do pessoal da ASAE, a organização mais falada e odiada do país, mas certamente a mais amada pelas multinacionais da gordura, pelo cartel da ração e pelos impérios do açúcar.

EM FRENTE À FACULDADE onde dou aulas, há dois ou três cafés onde os estudantes, nos intervalos, bebem uns copos, conversam, namoram e jogam às cartas ou ao dominó. Acabou! É proibido jogar!
Nas esplanadas, a partir de Janeiro, é proibido beber café em chávenas de louça, ou vinho, águas, refrigerantes e cerveja em copos de vidro. Tem de ser em copos de plástico.
Vender, nas praias ou nas romarias, bolas de Berlim ou pastéis de nata que não sejam industriais e embalados? Proibido.
Nas feiras e nos mercados, tanto em Lisboa e Porto, como em Vinhais ou Estremoz, os exércitos dos zeladores da nossa saúde e da nossa virtude fazem razias semanais e levam tudo quanto é artesanal: azeitonas, queijos, compotas, pão e enchidos.
Na província, um restaurante artesanal é gerido por uma família que tem, ao lado, a sua horta, donde retira produtos como alfaces, feijão verde, coentros, galinhas e ovos? Acabou. É proibido.
Embrulhar castanhas assadas em papel de jornal? Proibido.
Trazer da terra, na estação, cerejas e morangos? Proibido.
Usar, na mesa do restaurante, um galheteiro para o azeite e o vinagre é proibido. Tem de ser garrafas especialmente preparadas.
Vender, no seu restaurante, produtos da sua quinta, azeite e azeitonas, alfaces e tomate, ovos e queijos, acabou. Está proibido.
Comprar um bolo-rei com fava e brinde porque os miúdos acham graça? Acabou. É proibido.
Ir a casa buscar duas folhas de alface, um prato de sopa e umas fatias de fiambre para servir uma refeição ligeira a um cliente apressado? Proibido.
Vender bolos, empadas, rissóis, merendas e croquetes caseiros é proibido. Só industriais.
É proibido ter pão congelado para uma emergência: só em arcas especiais e com fornos de descongelação especiais, aliás caríssimos.
Servir areias, biscoitos, queijinhos de amêndoa e brigadeiros feitos pela vizinha, uma excelente cozinheira que faz isto há trinta anos? Proibido.

AS REGRAS, cujo não cumprimento leva a multas pesadas e ao encerramento do estabelecimento, são tantas que centenas de páginas não chegam para as descrever.
Nas prateleiras, diante das garrafas de Coca-Cola e de vinho tinto tem de haver etiquetas a dizer Coca-Cola e vinho tinto.
Na cozinha, tem de haver uma faca de cor diferente para cada género.
Não pode haver cruzamento de circuitos e de géneros: não se pode cortar cebola na mesma mesa em que se fazem tostas mistas.
No frigorífico, tem de haver sempre uma caixa com uma etiqueta "produto não válido", mesmo que esteja vazia.
Cada vez que se corta uma fatia de fiambre ou de queijo para uma sanduíche, tem de se colar uma etiqueta e inscrever a data e a hora dessa operação.
Não se pode guardar pão para, ao fim de vários dias, fazer torradas ou açorda.
Aproveitar outras sobras para confeccionar rissóis ou croquetes? Proibido.
Flores naturais nas mesas ou no balcão? Proibido. Têm de ser de plástico, papel ou tecido.
Torneiras de abrir e fechar à mão, como sempre se fizeram? Proibido. As torneiras nas cozinhas devem ser de abrir ao pé, ao cotovelo ou com célula fotoeléctrica.
As temperaturas do ambiente, no café, têm de ser medidas duas vezes por dia e devidamente registadas.
As temperaturas dos frigoríficos e das arcas têm de ser medidas três vezes por dia, registadas em folhas especiais e assinadas pelo funcionário certificado.
Usar colheres de pau para cozinhar, tratar da sopa ou dos fritos? Proibido. Tem de ser de plástico ou de aço.
Cortar tomate, couve, batata e outros legumes? Sim, pode ser. Desde que seja com facas de cores diferentes, em locais apropriados das mesas e das bancas, tendo o cuidado de fazer sempre uma etiqueta com a data e a hora do corte.
O dono do restaurante vai de vez em quando abastecer-se aos mercados e leva o seu próprio carro para transportar uns queijos, uns pacotes de leite e uns ovos? Proibido. Tem de ser em carros refrigerados.

TUDO ISTO, como é evidente, para nosso bem. Para proteger a nossa saúde. Para modernizar a economia. Para apostar no futuro. Para estarmos na linha da frente. E não tenhamos dúvidas: um dia destes, as brigadas vêm, com estas regras, fiscalizar e ordenar as nossas casas. Para nosso bem, pois claro.

*Ex-militante socialista
«Retrato da Semana» - «Público» de 25 de Novembro de 2007

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Refinaria espanhola «ameaça» Guadiana

A instalação de uma refinaria em Badajoz (Espanha) está a preocupar associações ecologistas portuguesas, que alertam para os «riscos de contaminação» das águas do Guadiana e «ameaças» às valências agrícola, de abastecimento público e turística do Alqueva.

A refinaria «poderá contaminar com hidrocarbonetos as águas superficiais e subterrâneas do Guadiana, incluindo a albufeira do Alqueva, os solos do leito e as margens do rio», alertou o presidente do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), Carlos Costa. «Porque a água necessária para o funcionamento da refinaria será captada na albufeira de Alange e, depois, despejada no rio Guadajira, um afluente do Guadiana situado a nordeste de Mérida [Espanha]», explicou.
Uma situação que, disse, «vai contaminar, em especial, a água, os solos e a biodiversidade do Guadiana», além de «prejudicar ainda mais a qualidade deficitária das águas do Alqueva, devido à falta de tratamento das águas residuais a montante e que drenam para o Guadiana. «Tudo isto poderá condenar os avultados investimentos nas valências agrícola e de abastecimento público de água do projecto Alqueva» e «ameaçar a atractividade do turismo e dos empreendimentos previstos para a região», alertou o também geólogo e professor na Faculdade de Ciências da Universidade Nova de Lisboa.
«É criticável que o Governo espanhol possa fazer esta concessão e, muito menos, sem consultar o Governo português», lamentou o geólogo, explicando «trata-se de uma quantidade de água, que vai deixar de ser usada para outros fins, sobretudo para recarregar o caudal do Guadiana». A refinaria Balboa, um projecto liderado pelo grupo industrial espanhol Alfonso Gallardo e apoiado pela Junta da Estremadura, poderá «nascer» na Serra de São Jorge, província de Badajoz, a cerca de 50 quilómetros da fronteira com Portugal. Até ao momento, o governo português ainda não se pronunciou sobre a instalação da refinaria junto à fronteira com Portugal.
Como sempre!

domingo, 2 de dezembro de 2007

Hoje é Dia Internacional do Deficiente

Todos os dias são Dia do Deficiente. Só é preciso que ele exista e sinta dificuldade de se integrar. As leis também já existem, mas não são cumpridas na sua maioria dos casos de acessibilidades e integração social. Falta a ‘nossa’ integração entre os deficientes.


Marginalização está no subconsciente

Um jornal avançava com uma notícia bombástica; Inovador - hotel para deficientes. O Centro de Paralisia Cerebral de Beja vai avançar com a construção de um complexo turístico para deficientes.
A discórdia entre associações de deficientes prende-se com o facto de haver quem entenda que a iniciativa é um retrocesso na integração social.
Este pioneirismo e inovação vêm instituir uma discriminação, até à data proibida por lei, contra as pessoas portadoras de deficiência.
Já que é tão complicado fazer cumprir a lei que define acessibilidades e direitos iguais para todos os seres humanos, vamos consentir em fazer um pequeno paraíso à parte para as pessoas com dificuldades especiais?
Aquilo de que as pessoas portadoras de deficiência mais necessitam é de aceder a uma vida normal. Mas entre nós. No nosso meio.

Por que motivo hão-de os deficientes ir passar férias uns com os outros?
São uma tribo?
Uma comunidade místico-religiosa?
Um clube de futebol?



Qualquer Português, sem deficiência tem mais em comum com um qualquer Português tetraplégico do que com um atleta olímpico dos Emirados Árabes Unidos - e deve ser impedido de passar férias com o tetraplégico, só porque ele se move numa cadeira de rodas?
Não deveriam todos os hotéis e locais públicos, estar arquitectados para que as cadeiras de rodas pudessem percorrê-los?
Deficientes somos todos nós, não o esqueçamos - frágeis, inseguros, aterrados, perecíveis como fósforos numa lixa.
É preciso pensarem nisto:
Visitem o cemitério mais próximo e demorem-se a estudar os escritos das lápides, depressa percebem a brevidade do tempo que nos é dado, o pó em que rapidamente se esfumam as presunções de uma efémera existência.
Entretanto os supostos ‘não-deficientes’ continuam a considerar os deficientes como seres diminuídos, sem direito à sexualidade ou, simplesmente, à privacidade, para não falar no Amor.
Os namorados(as) ‘normais’ dos deficientes terão lugar, nesse ‘clean’ hotel que promete ser um perfeito hospital disfarçado de festa? Ou ficarão à porta?
Àqueles que repetem que lhes faz ‘impressão’ ver uma pessoa deficiente, só posso responder que a mim, me faz muita impressão, em Portugal que haja tantos acidentes, e todos os dias seja atirada imensa gente para hospitais, muitas delas acabando em cadeiras de rodas, e ver tão poucas dessas pessoas nas ruas e nos cafés.

Quem os esconde?
Onde estarão?
O que farão?

Os Euromitos e a curvatura da banana


Regras, regras e mais regras...
A obsessão reguladora da Comissão Europeia já serve de anedota.


A União Europeia é uma forma inédita das nações cooperarem entre si na economia, na política, na cultura e na área social. Os 27 países que fazem parte do bloco europeu continuam a ser soberanos e independentes(aparentemente), mas delegam parte dos seus poderes nalgumas questões de interesse comum a um governo supranacional, a Comissão Europeia. Há quem diga que essa complexa forma de administração funciona surpreendentemente bem - mas tem lá seus efeitos colaterais. O que está a ser mais notável é a grande burocracia criada para garantir padrões únicos de higiene, saúde e segurança aos cidadãos europeus. Com sede em Bruxelas, a Comissão Europeia tornou-se um monstro cuspidor de papéis, com compulsão por regulamentar cada aspecto da vida de seu quase meio bilião de habitantes. Os técnicos da comissão pecam pelo excesso de zelo. Um exemplo: entre 1998 e 2004, os 40.000 bem-intencionados funcionários do governo europeu produziram 18.000 leis para definir desde os tipos de pepino (classificados pelo tamanho), até o nível de ruído ao qual um músico de orquestra pode ser exposto durante um concerto.


A fúria regulamentária fez surgir entre os críticos europeus um tipo de anedota, os euromitos, para satirizar os burocratas de Bruxelas. Para evitarem confusões na opinião pública, os dedicados funcionários reuniram, na página da Comissão Europeia na internet, 166 euromitos, devidamente organizados por ordem alfabética. Dessa forma, fica-se a saber que não é verdade que esteja nos planos da comissão padronizar o tamanho dos preservativos, proibir bananas de formato demasiadamente curvo ou substituir a denominação iogurte por "pudim fermentado de leite". A lista acabou por ajudar a difundir as piadas e deu destaque ao absurdo de algumas resoluções verdadeiras. Uma medida de 1994, por exemplo, estabeleceu que, para serem vendidas no continente, as bananas devem ser "livres de malformações ou curvaturas anormais". A discussão sobre a padronização do iogurte foi realmente iniciada em 2003, mas logo descartada.



HÁ dois anos atrás, a Comissão Europeia elaborou um plano para suprimir leis inúteis e reduzir a burocracia. Desde então, foram descartados setenta projectos de lei há muito paralisados ou esquecidos devido a sua inutilidade. Entre eles existiam normas que regulamentavam (além do tamanho do pepino) o peso das embalagens de café e uma que levava o pomposo nome de Directrizes de Harmonização das Determinações sobre a Limitação do Transporte de Mercadorias Através de Fronteiras. O seu objectivo: permitir o tráfego de camiões aos domingos.
Exageros e aberrações à parte, as decisões tomadas em Bruxelas em geral são eficazes. Alguns membros do Parlamento europeu propuseram recentemente um plano para reduzir em 25% as despesas administrativas causadas pela burocracia, mas não consta que isso tenha acontecido durante a presidência portuguesa. É que, nos próximos seis anos, isso resultaria numa economia de 1,3 bilião de euros. Nem tudo, no entanto, depende só de Bruxelas. Calcula-se que metade dos custos da Comissão Europeia com burocracia se deva a medidas tomadas pelos próprios países-membros.

De todo o exposto fica-se com uma certeza: Portugal aprendeu bem a lição, e está afinal, muito bem integrado!

Internacional

Paris em fogo outra vez

Nos últimos dias, o vandalismo social regressou ás ruas dos subúrbios de Paris.

Tenho seguido com atenção os noticiários da RTF, e constacto que não correspondem às notícias que saem em Portugal. Embora a situação continue tensa no município de Villiers-le-Bel, faísca dos distúrbios a 18 quilómetros norte de Paris, houve agora a primeira noite sem confrontos com as forças policiais. O vandalismo resumiu-se a deitar fogo a meia dúzia de caixotes de lixo público e na tentativa de incendiar um pequeno estabelecimento comercial. Comparado com as noites anteriores, não se pode dizer que a violência continue. Há também um erro de avaliação. O governo reforçou massiçamente o efectivo de policiais. Colocou mil homens onde moram 22.000 habitantes, e as ruas ficaram desertas. Evidente que a medida contribuiu para quase aniquilar a acção dos vândalos. O governo francês não tem titubeado em responder. Além do reforço policial, o primeiro-ministro François Fillon foi a Villiers-le-Bel, e disse: “Quem disparar conta um policia é criminoso.” Em menos de 72 horas, a Justiça condenou oito acusados. Nicolas Sarkozy desembarcou em Paris vindo da China. A primeira atitude do presidente foi visitar os policiais feridos nos hospitais. Sarkozy não tdesarmou: "Quem atira contra um policia deve responder em tribunal. Isso tem nome: tentativa de homicídio." O presidente deixou claro que “vamos encontrar os atiradores, empregaremos os meios e o tempo que for necessário, mas vamos acha-los para responder pelos atos diante da Justiça,” disse Sarkozy. Pelos títulos dos jornais a violência vai de vento em popa, a reacção do governo ainda não teve efeito e haverá uma reunião urgente do Governo para “estudar” uma resposta. Ora é exactamente o contrário do que está acontecer. A quem interessa este tipo de manipulação nos jornais portugueses? Responda quem souber.

sábado, 1 de dezembro de 2007

MAGIA NEGRA - Ontem e hoje


É nos tempos de crise que a magia tem o seu apogeu.
Populações aflitas com escasso poder de compra consultam mágicos, astrólogos e cartomantes para os ajudar a sair da miséria.
Ao contrário de outros períodos da história, nos quais se verificou uma perseguição aos magos e bruxos, no Egipto dos faraós essa função era considerada importante, tal como nos tempos presentes em Portugal. Eles até beneficiam do fisco e das autoridades (veja-se o caso do bruxo ‘Sou Zé' e da 'endiabrada' Linda Reis).

O mago era um sacerdote, e tinha a capacidade de ler e escrever na escrita dos deuses (hieroglifos) e de interpretar as escrituras sagradas. Não está claro se tal profissão seria exclusivamente masculina. Em Portugal, por exemplo, temos a ‘tia’ Maya, que além de ler cartas, dela e dos outros, sabe da vida das estrelas.
Supostamente, o mago possuía a habilidade de controlar a natureza e as forças sobrenaturais. Assim, os magos tinham uma relação estreita com certas divindades, tais como Heka. Entre nós, têm relações específicas com políticos, e algumas videntes são chamadas para dar assistência em campanhas eleitorais. Além disso, antigamente eles usava ferramentas mágicas, materiais como argila e conheciam os textos mágicos que eram conservados nos arquivos reais. Agora basta abrir a boca e lançar umas tantas mentiras e atoardas para fazer o efeito desejado.

Já podemos perceber que a função desses bruxos era importante para o Estado, e supomos que eles deveriam ser consultados quanto se tratavam de expedições, tratados, doenças, obras, eventos e guerras. Logo, não eram considerados anormais, ou seres estranhos e perigosos. Tal como os de hoje, vivem em liberdade total.
O treinamento dos magos não era trivial, e provavelmente levava muitos anos de estudos e práticas. Ao que tudo indica, havia áreas dos templos preparadas para a sua formação. Actualmente, basta passarem a livre fronteira vindos do Sudão, de Angola ou Senegal.

Esses sábios(as) ‘bambos’ das artes mágicas e magia negra, entretanto, não serviam somente o Estado, eram procurado por pessoas comuns, com necessidades e desejos básicos como as nossas. Imagino que eles responderiam ou providenciariam amuletos ou poções para uma doença, a impossibilidade de gravidez, ou auxilio num problema financeiro etc. Ou seja, coisas que muitos de nós costumamos fazer segundo o seu sistema de crenças.
Actualmente, para os pobres, as poções mágicas deixaram de fazer efeito bastante. Os amuletos ‘viraram’ adornos.

Restam os mágicos bancos, Millenium, Santander, Barclay... os nossos e Deuses.

INTERNACIONAL

Das bananas ao petróleo...

Hugo Chávez, o ‘Fidel do petróleo, quer usar o seu terceiro mandato para arrastar o país até ao ‘socialismo do século XXI’. Quem não gostar, e não aceitar será esmagado pela máquina. (da repressão, é claro)



Na Venezuela, o coronel tem o poder total. E avisa que é socialismo ou morte!

Originalmente militar, Hugo Chávez era coronel pára-quedista quando entrou na política. Primeiro, tentou um golpe de Estado, em 1992, mas acabou preso. Em 1998, chegou à Presidência pelo voto, sendo duas vezes reeleito.
Fã incondicional e seguidor fervoroso de Fidel Castro, Chávez imita o líder cubano nos pronunciamentos intermináveis e no uso constante da rádio e da TV para defender a sua popularidade. Tem um programa diário na TV onde aparece discursando entre camponeses e operários.

Censura e Leis á medida

Nos últimos anos, Chávez trabalhou para reduzir a influência da oposição: lançou mão de plebiscitos para enfraquecer o Congresso, sufocou adversários políticos, aparelhou o Executivo e o Judiciário com colaboradores e intimidou a imprensa, usando artifícios mascarados de censura - como cancelar concessões de canais de TV. Em 2007, recebeu do Congresso poderes para governar por decreto, o que lhe garante o direito de concentrar em si ainda mais poder na Presidência e de estatizar os sectores eléctrico e das comunicações.

Ameaças à Comunidade Internacional

Com o dinheiro do petróleo e da exportação de bananas, ele tem planos para exportar a sua revolução. O caudilho venezuelano financiou recentemente insurreições nos países vizinhos como a Bolívia, Equador e Nicarágua. Mas foi derrotado no México e no Peru. Como inimigo declarado da globalização e do livre-comércio, conseguiu dificultar as negociações comerciais do Mercosul com blocos importantes, como União Europeia e os Estados Unidos.
Com excepção das pequenas repúblicas latino-americanas, as medidas de Chávez são irrelevantes para os vizinhos. O seu projecto contra a modernidade e a integração económica acabará por isolar a Venezuela no cenário mundial. Internamente, os efeitos disso já podem ser vistos: nos últimos anos, os investimentos estrangeiros directos caíram pela metade, e a insegurança reina na república.